02 março 2009

Cornerstone Lodge #178 - Grand Lodge of New York

Imagem retirada do site da GLNY - Renaissance Room




Estive recentemente em Nova York (NY), por motivos pessoais. Sempre que viajo tento conciliar a agenda para encaixar uma sessão de Loja, qualquer que ela seja, no local de destino.

Desta vez não foi excepção. A primeira coisa que tratei foi de pedir a documentação necessária para me poder identificar junto da Grande Loja de Nova York (GLNY) como pertencente a uma obediência reconhecida.

Recorri para tal aos sempre simpáticos, eficientes e eficazes serviços da Milu e da Sandra e obtive assim um passaporte maçónico e uma carta de apresentação dirigida à Grande Loja a visitar. A estes juntei o cartão de Membro da GLLP/GLRP.

Com tudo isto no bolso dirigi-me, num belo dia de sol mas frio (muito frio) pelas 9h00 da manhã à GLNY a fim de tratar da parte burocrática e solicitar que me referenciassem uma Loja que reunisse nessa noite e que estivesse disposta a receber um visitante.

Cumpridas as formalidades e já com a lista de lojas que reuniam essa noite e conhecedor do “modus faciendi” para assistir a uma sessão, cruzei-me já na saída com um dos Irmãos encarregues de mostrar o edifício a visitantes. Assinei o livro de visitantes e comecei a percorrer uma parte dos 19 andares de um dos prédios que compõe a GLNY.

O Irmão guia, ou melhor Right Worshipful Brother A.J.K. (Respeitável Irmão A.J.K. na versão portuguesa) mostrou-me uma parte dos Templos e informando-se das minhas qualidades passou sempre a tratar-me como Right Worshipful Brother e a convidar-me para me sentar na cadeira do Venerável enquanto me mostrava e explicava as particularidades de cada templo. Passamos por uma das salas de reunião do Grão Mestre, e que por especial deferência me foi mostrada por dentro, uma vez que dados os livros aí existentes (raridades) não está incluída nas visitas.
A visita terminou no Grande Templo, com os seus 1200 lugares. Uma sala impressionante não só pelo tamanho mas especialmente pela acústica, pois o mais leve som proferido no Oriente é audível na sala toda.

Poderão ver uma apresentação dos vários templos aqui

Voltei à minha agenda privada passando o resto da manhã e a tarde em NY. Pelas 17h30 recolhi ao hotel, que por uma coincidência (e não fui eu que o escolhi!!) era apenas 2 ruas da GLNY , onde vesti o fato e a camisa branca colocando logo a gravata apropriada. Pus o avental e as luvas numa pequena mochila e ai fui.

Pontualmente às 18h45 apresentei-me ao segurança, a quem expliquei ao que ia. Imediatamente ele decidiu qual a Loja que eu deveria visitar e depois de verificar se estava vestido de fato ou pelo menos de Blazer e calças de fazenda, solicitou a uma empregada que me acompanhasse ao 6 piso, ao Renaissance Room.

Aí fui recebido pelo Venerável da Loja Cornerstone #178, Irmão R., que numa primeira instancia verificou os meus documentos todos, informando-me no entanto que seria o “brother Tyler” (Irmão telhador, ou guarda Externo) que faria a ultima verificação.

Eis que chega este Irmão e que depois de ver todos os documentos novamente, e estando satisfeito com a parte burocrática, me solicitou que o acompanhasse conjuntamente com outro Irmão para uma sala contigua, uma espécie de sala de espera, na qual fui testado ritualmente, sendo-me pedidas todas as palavras e todos os sinais dos 3 primeiros graus.

Satisfeito com as minhas respostas deu-me então as boas vindas e concedeu-me entrada no templo, para que pudesse assistir a toda a sessão.

É hábito na GLNY a sessões decorrerem em Grau de Mestre, e por isso o extenso interrogatório. A Cornerstone Lodge #178 reúne como aliás quase todas as Lojas da GLNY no Rito de York, rito este que não me sendo totalmente estranho, também não me é muito familiar.

Assisti então a uma sessão de Instrução dada por um dos Assistant Grand Lecturer (o Grand Lecturer é um equivalente do Grande Inspector) da GLNY, sobre desempenho ritual em sessões de Iniciação.

Estava deliciado a ouvir a apresentação, pois o método usado era-me muito familiar, tão familiar que até julguei que quem estava a fazer a apresentação era um tal Grande Inspector da GLLP de nome José Ruah. Eis senão quando que sou convidado para ilustrar como se processava uma determinada parte do ritual de iniciação aqui em Portugal e em especial no Rito Escocês Antigo e Aceite (REAA). Lá fui para o centro do templo e comecei a exemplificar e a debitar matéria.

Pensei, coitados já não lhes bastava um e hoje levam com dois Zé Ruah. Mas a coisa não ficou por ali, porque deu entrada em cena o “Rui Bandeira” local e logo a sessão se animou mais um pouco.

É que a Cornerstone Lodge não é muito diferente da Affonso Domingues, ambas têm nas suas fileiras Maçons muito antigos e outros recentes, têm Irmãos com grande conhecimento e outros ainda em fase inicial de aprendizagem, misturando-se assim experiências e pontos de vista, têm ambas o desígnio de ensinar aos seus membros um correcto desempenho do ritual, e das regras maçónicas.

A Cornerstone Lodge também contribui com o seu esforço na campanha de recolha de Sangue da GLNY, e à semelhança das demais organiza refeições de confraternização com as famílias, tal qual a RLMAD o faz.

Terminada a sessão, e com uma sensação de aceitação muito maior que no início fiquei com pena de não os acompanhar na refeição que se seguiu, mas outros compromissos estavam já agendados para o jantar.

Enquanto arrumava as minhas coisas ia respondendo a Irmãos mais novos que inquiriam sobre os costumes em Portugal e no REAA.

Nunca tinha visto aquelas pessoas, mas fui recebido como se fosse um deles e como se o normal fosse estar presente nas sessões daquela loja. E na verdade senti-me em casa, senti-me com os meus. Foi esta mais uma experiência, que me mostrou que aquela coisa da fraternidade Universal não é só um conceito teórico dos livros, é uma prática entre os Maçons.

Da GLNY só guardo boas recordações, tão boas que numa próxima viagem tudo farei para visitar uma loja novamente e não ficaria nada desagradado se fosse a Cornerstone Lodge #178 a Oriente de Nova York.

Dear Brethren, Worshipful Master Brother R.

It was a great pleasure to visit your Lodge. You have made me feel like home, and among brothers. Participating in your lodge and having the possibility to learn about your way and showing a bit of our way here in Portugal, was most interesting and positive. It was an experience that I’ll keep in my heart forever.

Please feel free to call me if ever you are coming this way.

Frats


José Ruah

7 comentários:

Diogo disse...

Que maravilhosos ensinamentos serão esses, tão segredados, tão rituais, tão misteriosos?

Lindemann disse...

Com meus olhos profanos, vejo que o amigo Diogo tem lido com frequencia este blogue. Qual será sua intenção? Descobrir a sua pedra bruta oculta no fundo do seu coração, curiosidade ou campanha para ridicularizar a Ordem. Acho que não devemos fazer comentários daquilo que não conhecemos. Meu pai sempre diz que o grande segredo da Maçonaria é que não tem segredo nenhum. Se soubermos ler nas entrelinhas todos textos deste blogue ou de outros sites que dizem respeito a Maçonaria, mesmo nós profanos, temos muito à aprender e aplicar na nossa vida.
Um grande abraço!
Josiel

José Carlos Soares disse...

Zé, e que tal a sala secreta onde se entra depois de fazermos a dança da chuva em honra de manitú e de carregarmos no terceiro ladrilho da parede esquerda do lado direito de quem entra de costas??

A. Jorge disse...

Bolas ... então foi por isso que não abriu. Eu carreguei no segundo ladrilho da parede direita. Andam a mudar as coisas de sitio e depois admiram-se...

José,

Vejo que não referes o toque rectal. Foi eliminado da certificação de visitantes???

Diogo disse...

Lindemann: «Se soubermos ler nas entrelinhas»

Porquê nas entrelinhas? Os grandes filósofos da história têm as suas ideias franqueadas. Não há segredo, apenas argumento e racionalidade. Porquê esse fascínio pelo oculto?

Lindemann disse...

Os escritores deste blogue me corrijam se estiver errado. Pelo que sei o "oculto" ou segredo são as formas de reconhecimento. E "nas entrelinhas", nem tudo está "na cara" de quem lê, é preciso ler, reler, ler de novo, pensar, analisar e comparar pensamentos para tirarmos o que soma para nossa vida.
Um grande abraço!
Josiel Lindemann

Jose Ruah disse...

@ Jose Carlos Soares e A. Jorge

Voces falam muito para alem do que seria aceitavel. Terei que pensar se abro um processo de incidente.

@ Lindemann
É de facto verdade o que diz. Tudo o que está escrito seja sobre maçonaria, filosofia, ou mesmo banda desenhada, pode ser lido de duas maneiras.
Pelo valor facial ou pela interpretação.
Pode ser lido isolado ou dentro de contextos e assim somado a outros escritos ou relatos.

É de facto a atitude, o conhecimento e a vontade do leitor que fazem a diferença.

Se o leitor abordar um texto de forma leviana e com intenções de sarcasmo então provavelmente conseguira de lá extrair uma piada facil e futil.

Se o leitor se dedicar a ler e a interpretar, a perceber e a comparar,ou seja aquilo que chamou de "ler nas entrelinhas", então provavelemente retirará as mensagens existentes no que leu e com isso poderá enriquecer-se.

Tudo tem a ver com a atitude.

Mas ainda bem que no mundo existem pessoas que dedicam tempo a aprender e outras futeis. Essa diversidade permite o progresso.