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28 outubro 2007

A Ordem do Templo em Loures

A relação entre Maçonaria e Ordem do Templo é estabelecida, estudada, detalhada até ao limite em numerosíssimas publicações e muitos… muitos livros que abordam o tema dos mais variados pontos de vista, que vão desde o mais folclórico romance policial até ao mais bem fundado livro histórico, resultado de muito trabalho de investigação, durante anos de pesquisa.
Por outro lado a história Templária tem sido também, ele própria, fruto de muita pesquisa e de muito estudo por historiadores de toda a parte do planeta, que começam a pesquisa em época muito anterior à data historicamente apontada como a da fundação da Ordem (1118) procurando reconhecer os princípios mais remotos da organização que, na altura, mudou o mundo, até 1311, data em que a ganância de Filipe IV, o Belo, de França e a cobardia de Clemente V, Papa de Roma, decretaram a chacina de todos os cavaleiros do Templo, a dissolução da Ordem e a entrega dos bens respectivos à coroa francesa.

Como estes estudos concluem, os Templários sofreram naquela data (1311) um importante revés, mas o fim da Ordem decretada pelo Papa apenas conseguiu um êxito parcial.
Os Cavaleiros que conseguiram fugir à matança, em França, vieram para Portugal, onde as intrigas papais tinham, naquela época, muito pouca audiência.
Aqui foram aceites junto dos seus irmãos que já por cá andavam desde 1125, e apoiados pela inteligência de um “Rei inteligente” (D.Diniz), que sempre reconheceu os muitos e grandes serviços prestados durante a criação da nacionalidade, decretando desde o inicio do seu reinado em 1279 que “inimigo da Ordem, seu inimigo seria”, e com o suporte do Rei puderam reformular a Ordem do Templo numa nova organização que foi então chamada de Ordem Militar de Cristo.
Para que as coisas pudessem ser assim, D.Diniz teve de desobedecer por completo à vontade papal, confirmar que em Portugal manda o Rei de Portugal e que a lei em vigor é a que os portugueses e o seu Rei entenderem como sendo a melhor para os seus interesses.
Isto é, cada macaco no seu galho, como convém e é de direito.
Como bem sabemos, 8 séculos depois destes acontecimentos muitas coisas se passam de sentido exactamente oposto a este.

Quando em 1125 D.Teresa acolhe os primeiros Templários no reino de Portucale (Portucale também sofreu uma enorme alteração no seu significado, ao longo dos séculos, e actualmente é sinónimo de vigarice) começa por lhes doar espaço para se instalarem em Soure e Penafiel, tendo a Ordem começado aí a sua instalação no território que viria a ser, com o seu auxílio, o País/Nação Portugal.

Muitas foram as zonas de Portugal onde os Templários (ou a Ordem de Cristo como ficaram depois de 1318) estiveram instalados e da sua presença ficaram muitos sinais que são “mais ou menos” conhecidos, e estão “mais ou menos” estudados e publicados.
Mais ou menos porque ainda restam muitos sinais da presença Templária por estudar ou cujo estudo ainda não chegou ao fim.
Entretanto os escritos existentes referem-se muito a alguns locais, certamente os mais importantes na sua existência portuguesa (Santarém, Tomar,…) mas quase não encontramos referências à presença destes Cavaleiros e Monges na zona de Odivelas/Loures.
E no entanto também lá estiveram, e deles há vestígios importantes.

Numa pequena excursão que realizei em companhia do historiador Vítor Adrião encontrei alguns desses vestígios que achei bem interessantes e resolvi trazer ao blog.


Estive na Igreja Matriz de Loures (de Sta. Maria de Loures) que é um belo templo do Séc. XVI, construído sobre as ruínas de uma capela templária do Séc. XIII consagrada a Sta.Maria de Loires, que por sua vez se sobrepôs a uma igreja visigótica que remonta ao Séc.V.
Pois aquilo que encontrei dando a volta ao exterior do edifício, e dentro dele, está em fotos que tirei e que junto agora.
Frente à porta principal está uma sepultura de um Cavaleiro Templário, provavelmente pessoa de importância dado que na pedra da sepultura aparece um ábacus, sinal de que pertence a um Mestre Templário.
Sta. Maria de Loures foi designada a 28ª Comenda da Ordem do Templo o que reforça a importância desta zona geográfica na história dos Templários.
A evolução da Ordem do Templo para Ordem de Cristo também é assinalada pela Cruz de Cristo que fecha a cúpula do tecto da Capela –mor.



Outro vestígio interessante está numa outra sepultura, frente à porta lateral da Igreja, pertencente a Manuel Francisco Botelho, Mestre Canteiro da Confraria do Santíssimo Sacramento de Loures que foi encarregado da obra de restauração da Igreja em 1760.
Nesta sepultura também se encontram os sinais decorativos correspondentes à função, esquadro, compasso e outros símbolos operativos da arte da cantaria e como era regra na época, as pedras da construção estão marcadas com os símbolos dos canteiros que ali trabalharam.


Junto ao edifício foram iniciadas pesquisas arqueológicas cujos resultados são ainda incipientes.
Esperemos os resultados destas pesquisas, mas entretanto (conselho meu…) sentemo-nos, porque a espera será longa !
JPSetúbal

12 setembro 2007

“Os Grandes Portugueses” - 2

Após estimulante conversa com o meu Irmão Aprendiz Maçon A. D., também obreiro na minha estimada loja, na qual me deu nota que via no sítio electrónico em tópico, uma estimulante via de aprendizagem, e não dispensava o seu acesso numa base diária.

Tendo já escrito um artigo para o mesmo e sabendo que os escrivães de serviço são poucos (apenas 3), eu solidariamente, proponho-me de quando em vez, dar o meu contributo.


De resto é esta também uma forma de estar ligado, não só espiritualmente, mas pela forma da letra aos meus irmãos.


Terminada a conversa acedi ao sitio e percorri os artigos, por temas, e um, cuja autoria é do Rui Bandeira, que procurou responder a um leitor cuja curiosidade o levou a querer saber quantos, dos grandes portugueses elencados no conhecido programa televisivo, teriam sido Maçons.


Na sua habitual facilidade com que explana os temas, o Rui Bandeira, de forma brilhante teceu os seus considerandos sobre o caso, pese embora, se note que só a custo aceita ter sido o Marquês de Pombal um Maçon, com facilidade vê em Fernando Pessoa um irmão, e com gosto conjectura sobre o preenchimento de requisitos de Aristides Sousa Mendes, para como tal ser reconhecido.


Compreendo isso. Afinal as acções do Marquês de Pombal não se compaginam com os valores maçónicos – perseguiu de forma impiedosa os jesuítas, mandou para a forca a nobreza de quem desconfiava, entre outras atrocidades, de quem o Intendente Geral da Policia – Pina Manique – era o braço direito.


Quanto a Fernando Pessoa, o Rui Bandeira reconhece premissas que sendo válidas para o “fazer” Maçon também o são para o considerar Mágico, pois também estudou esta via esotérica, e não me parece que o tivesse sido, só porque estudou a magia, tendo-se dado até com o conhecido “Mago” Allister Crowlley.


Mas no essencial aquilo que me leva a escrever estas linhas é o facto de o Rui Bandeira ter eliminado, logo á partida, com um bom argumento diga-se, pessoas como D. Afonso Henriques, Infante D. Henrique, D. João II, Vasco da Gama, e Camões.


Não resisto a pensar numa linha, ainda que ténue, não perceptível a “olho nu” ligando estas figuras, entre outras não mencionadas ou retratadas, e cujos pontos de contacto à Maçonaria, são bem defensáveis.


Passo a explicar. Para início de conversa Portugal é um País de génese iniciática e esotérica. Isso está patente pelo seu principal mentor – S. Bernardo de Claraval – figura maior do seu tempo no seio da cristandade, primo do Conde D. Henrique, este pai do nosso primeiro Rei.


Foi Bernardo de Claraval quem, enviando um seu tio para a Palestina, fomenta a criação dos templários, ordem de cavalaria iniciática que haveria de ter em D. Afonso Henriques como frater.


Os Templários criados para a demanda do Santo Graal, enclausuraram-se durante 7 anos no antigo templo do Rei de Salomão, e surgem como um braço armado da cristandade temido em todo o oriente.


O que eles lá encontram não se sabe, supõe-se apenas, como se supõe terem-no trazido para um porto seguro, na Europa, o Porto do Graal, ou como assinava o nosso primeiro Rei, o Portugral, hoje Portugal. Mais tarde, aí uns 400 anos, haveria, digo eu, de ser levado para a terra da Verdadeira Cruz, ou vera cruz como lhe chamou Pedro Alvares Cabral.


É sabido que a arte Gótica surge de repente na Europa, trazida pelos templários da palestina. Os construtores dos templos, isto é a maçonaria operativa, trabalhava para e com os Templários. Os pontos de contacto eram pois muito fortes.


Isto para dizer que D. Afonso Henriques pode não ter sido, e creio que não, um maçon, mas com eles teve próximo contacto, até pela sua condição de frater de uma ordem iniciática, como a dos Templários.


Quanto ao infante D. Henrique, recordo que foi Governador da Ordem de Cristo, logo também ele um iniciado nos mistérios templários, de quem a Ordem de Cristo era a fiel depositária.


Lembremo-nos ainda que esta Ordem foi uma criação do Rei D. Dinis que lutou arduamente durante 7 anos, para obter confirmação Papal, após o papado ter extinto a Ordem dos Templários.


E este Rei é importante, porque também ele era um iniciado. Não na Ordem do Templo não na de Cristo (pelo que se julga saber) mas sim numa Ordem iniciática Trovadoresca, conhecida como “Os Fieis do Amor”. Faz sentido ter sido este nosso Rei Poeta tão ilustre no seu tempo pelas suas “cantigas de amor”.


Acontece que se supõe ter o nosso Luís Vaz de Camões e Fernando Pessoa, ambos pertencido a esta Ordem Iniciática tão pouco conhecida entre nós.


O Rei João II um iniciado, tendo sido um dos mais destacados Grão-Mestres da Ordem de Santiago, e vários dos grandes navegadores foram cavaleiros desta Ordem. De referir ainda que D. Dinis não se limitou a criar a Ordem de Cristo, a ele se deve a desanexação da Comenda Portuguesa da Ordem de Santiago, através de Bula Papal de 1290.


Vasco da Gama tendo sido um ilustre Almirante, obrigatoriamente seria um iniciado, pois só assim possível capitanear uma embarcação Portuguesa.


Portanto, admitindo como boa a argumentação para o facto de todos estes não terem sido Maçons, foram pelo menos iniciados, e tiveram pontos de contacto importantes, com a Ordem Maçónica e a Maçonaria, que no entender de Fernando Pessoa não seriam a mesma coisa … para ele a Ordem Maçónica era ancestral (anterior mesmo à lenda que os portadores do avental com 3 rosas conhecem) e a maçonaria a que ele se refere é a especulativa surgida no XVIII. Quando Fernando Pessoa dá a entender, nos seus escritos, ser “Maçon” a qual das duas se referiria? Penso que à primeira …


Uma última nota para chamar à atenção do logótipo estilizado do Município de Odivelas que ostenta um coração e um curso de água.


Sabendo que o Rei D. Dinis é a principal figura deste município, foi ele o criador do lugar de Odivelas, não deixa de ser uma muito feliz coincidência ter sido adoptado o símbolo do Amor – o coração – fazendo juz ao facto de ter sido um iniciado dos “Fieis do Amor”.


Como sei que o criador do logótipo não sabia disto, não tenho dúvidas que foi o G.:A.:D.:U.: quem guiou a sua mão.


Bem Hajam.


Templuum Petrus

14 março 2007

Convenção do Rito de York Unido de Portugal


O último Sábado foi mais um dia de festa para a Maçonaria Regular de Portugal
Realizaram-se as reuniões magnas dos Altos Graus do Rito de York da Maçonaria Regular, juntando em Lisboa os representantes dos Altos Graus da Maçonaria Regular da Roménia, Grécia, Estados Unidos, Brasil, Áustria e Alemanha.

No Templo de Lisboa reuniram-se o “IV Conclave” dos Cavaleiros
Templários de Portugal, a “IX Assembleia” da Maçonaria Críptica de Portugal (Grande Conselho de Mestres Reais e Escolhidos de Portugal) e a
“XI Convocatória” do Grande Capítulo de Maçons do Arco Real de Portugal.

Encontros de grande significado maçónico que serviram também para os
Maçons Regulares elegerem os novos corpos de oficiais que
orientarão estes órgãos de cúpula do Rito de York Unido no período
que ora se inicia.

Viveram-se momentos de grande solenidade maçónica, nomeadamente quando da homenagem à Bandeira Nacional com o Hino Nacional cantado em uníssono pelas assembleias de pé e em sinal de paz.

Estas reuniões anuais são sempre aproveitadas também para os Maçons portugueses homenagearem as mulheres, como se sabe impedidas de assistir aos trabalhos das sessões rituais e, por isso mesmo, lembradas nesta altura e homenageadas com a atribuição da “Ordem da Rosa”, numa
cerimónia muito bonita e de grande simbolismo.

Também neste fim de semana se comemorou o XXV Aniversário da Grande Loja de Espanha com a presença dos Grão-Mestre instalado e do Grão-Mestre eleito da Maçonaria Regular de Portugal, que se deslocaram a Barcelona de propósito para acompanhar os nossos Irmãos espanhóis nesta Sua festa.
JPSetubal