25 de Abril... uma singela reflexão
Comemora-se hoje mais um feriado referente ao 25 de Abril.
Como todos bem sabemos, este
feriado celebra o fim da ditadura do Estado Novo, época durante a qual as liberdades e
direitos da maioria do povo se encontravam cerceados.
O
25 de Abril, ou a revolução efetuada nesse dia e mais tarde conhecida com o
sugestivo epíteto de “revolução dos cravos”, independentemente de muitos
concordarem ou não com os seus fins programáticos, numa coisa todos terão de
concordar, trouxe alguma da liberdade de expressão que antes não existiria.
Liberdade de expressão esta que me permite neste momento estar a debitar estas
singelas linhas,” liberdade de expressão” que me autoriza a que eu o possa
assim fazer apenas por me apetecer tal.
Para
além disso, consignou o “direito à livre reunião entre pessoas”, direito esse eu
que orgulhosamente usufruo na sua plenitude. Permitindo-me estar com quem eu quero quando o assim desejo ou posso.
Trouxe
também o “direito à livre circulação”, que a todos dará muito
jeito. Qualquer pessoa pode circular por onde quiser e principalmente às horas que desejar.
Com
estes não tão singelos direitos outorgados pela “revolução dos cravos”, que não
são tão simples assim como poderão aparentar pela forma de como os descrevi, é
permitido que a Maçonaria possa subsistir -
e perseverar, digo eu! – nos dias que correm.
Se
tal “revolução” não tivesse acontecido, nem maçons nem o povo na sua
generalidade poderiam vivenciar tais direitos, mas saberiam pelo menos dar-lhe o
valor que os mesmos teriam, porque simplesmente não os poderiam experienciar. E como quase tudo na vida, normalmente só damos valor a algo quando tal é inalcançável ou que se o tenha perdido. Singularidades da vida, é o que me apraz dizer...
Hoje
em dia e passados já mais de quatro décadas desta revolução começa a por-se em questão esta
dita revolução, seja pelo espaço temporal a que aconteceu seja porque uma grande
parte da população já ter nascido depois desta insurreição e não ter “sentido na
pele” o estado retrógrado em que se vivia então, no sentido de que estas ditas “liberdades”
serão mesmo liberdades ou garantias básicas para a evolução da sociedade ou meramente algo que se pode prescindir em detrimento de outra coisa qualquer e a qualquer custo também...
O
povo ou os seus “mandatários”, libertaram-se de um sistema anti-democrático
para se submeterem a um jugo financeiro atual, tal a dependência que temos dos
sistemas bancários e instituições económico-financeiras. Poderes estes não
controlados pela “força do voto”. - O que se pode tornar perigoso a curto e médio prazo para as "liberdades" da generalidade -.
Naturalmente
que nos primeiros tempos em “liberdade” muitas coisas erradas aconteceram fruto
da inebriação coletiva do recente fim da ditadura. Aconteceram coisas positivas
outras nem tanto, mas foram essas coisas que nos trouxeram até aqui e que nos
desenvolveram a nossa identidade atual.
O
que somos atualmente?
Passámos
de uma sociedade em que a grande parte dos seus cidadãos viveria com salários
pequenos e condições de trabalho limitadas para uma sociedade contemporânea
consumista e excessivamente materialista e capitalista.
Quantos
de nós, principalmente os da minha geração (que nasceram entre 1975 e 1990)
souberam dar valor ou reconhecer algum mérito à liberdade que temos e que usufruímos?!
Alguns
com certeza. Outros falarão de liberdade apenas como um neologismo criado pelos
tempos vigentes, pois nunca – felizmente!- sentiram ou partilharam dos
sentimentos que os seus pais ou avós partilhavam.
E
falei da minha geração porquê?
Porque
neste momento também já não são somente filhos de uma revolução, mas sim pais e
alguns até mesmo avós, e caberá a esta geração transmitir estes valores e
ideais de Liberdade às gerações atuais.
Primeiro porque as faixas etárias estão muito próximas, depois porque falam uma “linguagem” muito semelhante, e finalmente numa boa parte dos casos, serão os ídolos destas gerações, logo gente que é escutada e observada no seu quotidiano. Logo mais facilmente sob escrutínio das gerações atuais.
Primeiro porque as faixas etárias estão muito próximas, depois porque falam uma “linguagem” muito semelhante, e finalmente numa boa parte dos casos, serão os ídolos destas gerações, logo gente que é escutada e observada no seu quotidiano. Logo mais facilmente sob escrutínio das gerações atuais.
É
que apesar de a Liberdade ser um conceito demasiado amplo, o mesmo não pode ser
vago. Quando se fala em liberdade, convém explicitar depois qual liberdade a
que nos referimos, uma vez que a nossa liberdade termina quando começa a do nosso
semelhante, e se duas “liberdades” colidirem entre si, obviamente que não
haverá qualquer liberdade; existirá sim, a liberdade de um prevalecendo sobre a
do próximo, e isso em última instância não é sequer Liberdade mas outra coisa
qualquer…indigna de lhe ser outorgado esse nome.
Hoje,
25 de Abril de 2015, num ano de eleições legislativas, num ano em que a maioria
dos cidadãos portugueses terá na sua mão o seu destino e o destino dos próximos
anos, convirá que todos façam a sua reflexão, que meçam os prós e os contras,
que metam na “balança” as suas ideias, os seus desígnios, e se preparem para o “grande
dia”.
Já não falta tanto tempo assim…
É
que se alguma liberdade esta revolução nos trouxe foi a liberdade de decisão e
de opção pela agremiação política que melhor poderá nos representar a nós
próprios bem como decidir o destino das nossas vidas e dos nossos concidadãos.
Agora
o que importará é que todos exerçamos esse direito, essa regalia que nos
foi concedida, porque depois e porque vivemos num sistema democrático, teremos
de nos submeter à decisão do coletivo do eleitorado.
Por
ora, que saibamos viver em liberdade e que saibamos partilhar essa liberdade
com o nosso semelhante.
25
de Abril, Sempre!!!
PS: Este texto foi escrito este sábado, dia 25 de Abril, e apenas publicado hoje por opção editorial minha.