Mostrar mensagens com a etiqueta País. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta País. Mostrar todas as mensagens

15 dezembro 2006

Mãos Limpas

Mãos limpas foi o nome dado a uma operação anti corrupção e anti máfia levado a cabo no final da decada de 80 inicio da decada de 90 do seculo XX, em Itália

Os rostos mais emblemáticos desta operação foram os Magistrados Falcone e Borsellino, ambos assassinados pela Mafia em 1992 com 2 meses de intervalo e da mesma maneira - bomba na estrada que explodiu à passagem dos respectivos carros.

Nesta operação ( mais detalhes aqui ) foram investigados politicos, empresarios, etc.
Não exactamente igual a esta coisa que cá temos que se chama Apito Dourado mas respeitadas as escalas ...
Na ultima semana e fruto de uma biografia de uma tal de Carolina surgem factos e revelações relacionados com este caso do Apito que dura vai para mais de 2 anos, e que nem as mais aturadas investigaçoes da PJ e do DIAP de Gondomar conseguiram deslindar.

Eis que, qual D. Sebastião ( bem talvez Sebastiã), nos aparece das brumas a Procuradora Maria Jose Morgado para combater a Máfia Portuense ( tal como já ficou demonstrado em post anterior).
Será que é desta ?
Ou caberá aqui uma celebre frase de Eça, devidamente adaptada ao Procurador Pinto Monteiro,
- Eis mais um pinto aos pés de uma que se disputa.

JoseSR

11 dezembro 2006

Há Máfias e Máfias

É verdade !

Quem julgava que a a verdadeira Máfia era um produto Italiano pois que se desengane. Não é. É um produto Portuense ( não confundir com português) com duas variantes - em Italia há a Camorra e a Siciliana - que são a Portista e a Gondomarense.

Em Italia durante o ano de 2006 foi julgado o caso Calcio Caos que envolvia clubes de Futebol e dirigentes. Os pobres coitados não fizeram nada de muito grave, compraram uns arbitros viciaram uns resultados, ganharam uns dinheiritos numas apostas, enfim o trivial para uma situação análoga e veja-se lá o desplante das autoridades foram condenados.

É indamissivel que o tivessem sido, coitados foram despromovidos, começaram os campeonatos com pontos negativos, tiveram que vender uns jogadores a preço de saldo, etc....

Cá no nosso canto - mais propriamente na região da Naçon Portista ( que fique aqui claro que eu sou da Nação Portuguesa) - andam as investigaçoes a correr ha mais de 2 anos com Nomes muito mais poeticos - Apito Dourado ( Calcio CAOS é muito mais objectivo) - e até agora nada.

Ficamos inclusivamente a saber de fonte aparentemente segura e publica , resultado de um livro publicado por Uma Senhora de publicos vicios e eventuais virtudes privadas que privou intimamamente com o Chefe da Familia Portista ( e talvez com mais um ou outro membro da mesma familia) como eram as coisas feitas.

Na verdade eu entendo que não haja punição, pois se em Italia foi uma injustiça o que fizeram à Juventus e ao Milan, aqui por se comprarem uns arbitros, viciarem uns jogos, ganhar uns dinheiritos nas apostas, dar ensaios de porrada ( se fosse mesmo um enxerto de porrada, mas foi só um ensaio) nos vereadores, vigiar Magistrados não pode haver castigo.

Aliás não vai haver castigo, o que sustenta a minha tese que a verdadeira Mafia é Portuense e não Italiana.

Ou então estou enganado e aos agentes da justiça cá do burgo, falta-lhes as bolas para jogarem e por isso é que ainda estão nos balnearios a mudar de equipamento e a pensar na melhor estrategia ALTERNativa.

Mas enfim, as vezes nos meus momentos de Delirio, sonho que a equipa da justiça entra em campo com as bolas e que arrasa a Naçon Portista e a Gondomarense por inequivoco resultado.

Mas pronto todos nós temos o direito de sonhar com um Mundo melhor.


JoseSR

11 outubro 2006

Primavera no Outono

Como muitos dos urbanos dos tempos actuais, o meu primeiro contacto diário com as notícias do dia ocorre através do rádio do automóvel, durante o percurso matinal casa-escola da criança-trabalho. Muitas vezes, é um hábito que me deixa um sabor amargo, pois vou ouvindo má notícia atrás de má notícia, num deprimente encadeado das feridas que a Humanidade se vai inflingindo pelo globo fora.
Mas hoje foi a excepção que confirma a regra! De uma assentada, uma sucessão de boas notícias carregou-me as baterias do moral para o dia todo, espero.
I - Assinatura do protocolo MIT - Universidades e Politécnicos portugueses
Para além da boa notícia em si, a estação de rádio passou declarações do Ministro da Ciência e do Ensino Superior, centradas exclusivamente na exposição das possibilidades de evolução, melhoria e qualificação das instituições de Ensino Superior portuguesas, e de dois responsáveis de Escolas Superiores, expondo os projectos que iam desenvolver nas suas escolas, os objectivos fixados e a melhoria qualitativa procurada. Ou seja, nem um, nem outros, se puseram em bicos de pés, ninguém se pôs com lamúrias, todos mostraram a sua confiança na capacidade para evoluir, a saudável e realista humildade de reconhecer o benefício da cooperação com um dos expoentes do avanço científico e tecnológico no planeta. Discursos optimistas, mas realçando que o Futuro se ganha com Dedicação, Trabalho e Competência.
1 a 0!
II - Empresa de consultoria divulga estudo de reestruturação da PSP, em que propõe a redução do número de Comandos para metade.
Um jornalista da estação de rádio anuncia que vai passar o comentário de um responsável da Associação Sindical dos Oficiais da Polícia. Encolho-me todo no carro! Lá vem a cassette sindicalista do costume... Receio infundado: sim senhor, todos reconhecem que é necessária uma reorganização da PSP, no quadro da reorganização das Forças de Segurança, ainda não conhecem o projecto em concreto, mas, logo que a ele tenham acesso vão estudá-lo e colaborar com os responsáveis políticos, no sentido de ser encontrada e fixada a melhor organização estrutural da PSP, que possa corresponder às necessidades das populações que a PSP serve, aos interesses da PSP e expectativas dos seus elementos. Mais uma vez sem lamúrias e com uma postura de realismo, interesse e cooperação. Olho para o painel do rádio: a estação emissora é portuguesa, as palavras foram ditas em português.
2 a 0!
III - Escola António Sérgio no Cacém integra alunos de 18 nacionalidades
Diz o jornalista que a escola é exemplar na integração de estudantes de todas as proveniências. Presentemente, tem alunos de 18 nacionalidades. Todos falam portugês. Entrevistam alguns, vários africanos dos PALOP, um chinês, um romeno, uma ucraniana. Reconhecem-se diferenças nos sotaques, mas... todos falam português escorreito. A jornalista pergunta à estudante ucraniana como aprendeu a falar tão bem português. Resposta: "com a ajuda dos professores e dos colegas". Simples... A jornalista entrevista uma professora, que refere ser a integração de alunos de todas as proveniências uma das prioridades da escola, que se faz essa integração evitando encapsulamentos de grupos da mesma origem, distribuindo os alunos das diferentes origens pelas turmas, que o sucesso da integração permite que todos se enriqueçam, através do contacto com as diversas experiências, usos e tradições, e realça os bons resultados escolares conseguidos. Outra vez sem lamúrias, todos orgulhosos do trabalho que vão fazendo.
3 a 0!
Há dias assim! Nem parecia que estava em Portugal. Ou melhor, afinal, a pouco e pouco, talvez Portugal se vá, finalmente, convencendo que não é a lamúria, a estreiteza de espírito, a mesquinhez, o medo e a inércia que resolvem os nossos problemas: são o Trabalho, a Visão, a Cooperação, a Disciplina e a Grandeza de Espírito que nos levarão aonde queremos!
Talvez três andorinhas não cheguem para fazer uma Primavera. Mas estas três notícias positivas, todas seguidas num noticiário radiofónico, deram-me um libertador e perfumado ar de Primavera neste Outono.
E, afinal, 3 a0 já dá para ir à fase final e discutir o título. Viu-se ontem...
Um bem disposto e optimista abraço do
Rui Bandeira

29 agosto 2006

Subsidios Agricolas - retomando o tema

Aqui há uns tempos escrevi sobre os subsídios dados à Agricultura.

Um distinto leitor, e permitam o aparte - para um novel escritor de blogs como eu, aliás novel escritor de blogs ou mesmo de outra coisa qualquer, é uma sensação simpática saber que sou lido.

Dizia eu um distinto leitor escreveu um comentário apoiando a minha visão, e um outro não menos distinto leitor um comentário com opinião diversa.

Sabe quem me conhece, que gosto de dizer coisas que causem polémica e que gosto de uma boa discussão.Sobretudo digo o que penso, e por isso respeito quem diz o que pensa.

Mas voltando ao comentário assinado por HCORTES leitor anónimo e que não faço a menor ideia quem seja.
Quero evidentemente agradecer o trabalho de me ter lido e o trabalho de me ter respondido.
Bem, responder responder não o fez. Respondeu ao lado manifestando uma série de outras preocupações, mais Zoológicas que agrícolas.

Mas não faz mal.

Caro amigo, creio que não entendeu bem o que escrevi, ou se entendeu quis dizer de sua justiça (o que acho muito bem) e a única forma era comentar o Post.

Posta esta introdução, volto hoje ao tema da agricultura, para em parte responder ao meu comentador e para desenvolver o tema.

A PAC e a reforma da PAC - Politica Agricola Comum - afectou Portugal mas também a Grécia, a Espanha, a França, a Alemanha, a Itália ........
Sem ir mais longe, passemos a fronteira para a vizinha Espanha

Os nossos vizinhos receberam os Fundos da CEE e agora da UE e o que fizeram?

Pensaram! E pensar faz falta!

E perceberam que esses dinheiros eram muito melhor empregues se fossem usados para investir em modelos de produção rentáveis. Hoje exportam os seus produtos agrícolas para a Europa inteira - incluindo Portugal.

"FRESA DE LEPE" ; " NARANJA DE ANDALUCIA"; " ACEITUNAS DE SEVILLA".

Pensar que as Fresas são melhores que os Morangos ou que as Naranjas são melhores que as Laranjas ou que as de Sevilha são melhores que as Elvas.

Na verdade são e não são.

No sabor na qualidade o mais provável é não serem melhores que as Nossas PORTUGUESAS.
Mas na performance de mercado estão a Anos Luz.
Eles vendem e nós não.
Vendem porque perceberam que os fundos europeus eram para Investir.

E nós? Também recebemos os fundos. Mas achámos que era o Maná dos Céus, e que quando aquele acabasse havia mais. E por isso, o melhor é gastar enquanto há e depois logo se vê.

O que se esqueceram foi de ir ler a Bíblia e perceber o que era o Maná dos Céus, e para quem não sabe era mais ou menos assim:
Deus providenciava o suficiente para o sustento de cada pessoa, e cada pessoa apanhava apenas o que precisava para esse dia. Se tentasse guardar para o dia seguinte, tudo o que guardasse estragava-se.
Quando não foi mais necessário o Maná, porque o povo já tinha formas de produzir, Deus parou a dadiva.

A título de exemplo de mentalidades aqui vai uma historia.

A minha avó era de educação espanhola e apesar de ter vivido em Portugal mais de 60 anos nunca falou bem português. Um dia cheguei a casa cansado e preocupado e libertei um AI ! AI ! . A Senhora já de idade muito avançada respondeu :

“ Si Hay guarda para cuando no Hay ! “

A mentalidade de viver hoje e amanha logo se vê, fez com que a agricultura que hoje existe neste País seja absolutamente marginal.

Com o risco de cometer algumas imprecisões, deixo aqui uns números.

A Produção de Trigo forrageiro em Portugal é suficiente para abastecer o consumo português durante 6 a 8 semanas. O Gado pode viver do ar nas restantes 44 a 46.

A Produção de Trigo de Moagem (qualidade para pão) é uma Miragem.

A Produção de Milho abastece o mercado em cerca de 3 a 4 meses, os demais podemos comer pipocas importadas.

Uma grande parte do Azeite que consumimos é Made in SPAIN.

Evidentemente que o nosso gado, e a nossa produção animal, e mesmo nós os humanos temos que comer todos os dias, e por isso não nos sobra outra alternativa que a de comprar estes produtos básicos no estrangeiro. E Pasmem se quiserem, mas trazer Milho do outro lado do Atlântico ( USA ou Argentina ) é muitas vezes mais barato que produzi-lo em Portugal, só que há que pagar uns direitos aduaneiros ( outra perversão ao Mercado) para que fique com um custo nivelado.

Quanto aos hortícolas basta ir aos supermercados e perceber que na generalidade as frutas e os legumes são importados ( não sabem a nada mas são bonitos)

E por aí a fora.

Hoje por acaso o Ministro da Agricultura veio anunciar as produções de Trigo Forrageiro e de Milho e os números que estão acima (escritos há já algum tempo) estão perfeitamente consonantes.

Ora face ao acima, e à insistência dos agentes agrícolas em insistir em subsídios, reafirmo o que já tinha escrito.

Dar subsídios à agricultura portuguesa serve apenas para continuarmos com a noção dos anos 40 e 50 (do Séc. XX) que somos uma potência agrícola, quando na verdade somos uma impotência de pensamento.

Mas admito que alguns subsectores merecem uma ajuda, e falo especificamente do sector vinícola, que tem progredido tecnologicamente e que actualmente é tão bom quanto o francês ou italiano.

Imaginem o que poderia ser se os subsídios fossem canalizados para a Enologia, com a criação de escolas e a continuação de investimento em estruturas produtivas modernas e num marketing internacional em maior escala.

Aí sim haveria retorno económico ao subsídio.

Agora Subsídio porque chove, ou porque não chove, ou porque nem chove nem seca, ou porque ….. isso é que não.

JoseSR

24 agosto 2006

Camara de Setubal - a afirmação da genuinidade do produto

A proposito da renuncia de Mandato do Pres. Camara de Setubal, e num artigo na TSF online o Sec. Geral do PCP é citado como tendo dito que " havia a necessidade de novas energias e dinamicas".

Novas energias e dinamicas podem acho eu ser interpretadas como REGENERAÇÃO e vai daí não resisti em a colocar num anagrama e concluir facilmente que nos ultimos 30 anos nada mudou no PCP ( continua a ser o produto genuino), vejamos

A mudança em Setubal no fundo foi feita

Para
Regenerar
Esta
Camara

Ainda bem que há sectores da vida publica que nunca mudam, porque assim pelo menos sabemos o que podemos contar.

JoseSR

22 agosto 2006

A Co-Incineração e o Caciquismo Local

Ora aqui vai mais uma.

A Camara Municipal de Coimbra no exercicio dos poderes que lhe estão atribuidos aprovou uma Postura Municipal a regulamentar o direito de circulação de matérias e materiais perigosos na freguesia de Souselas.

Acho muito bem que as Camaras Municipais emitam Posturas e outras directivas, e que sejam empenhadas na gestão dos seus municipios e que zelem pelo interesse dos Municipes.

Mas sou franco esta Postura ( o documento) e a postura ( atitude) eu não entendo.

Na verdade o que é regulamentado é que só dentro da freguesia de Souselas é que os Materiais e Matérias são perigosos. Nas outras freguesias do Concelho não.

Bizarra esta forma "cientifico-legal" de determinar a perigosidade das coisas !

Eu cá se fosse da freguesia ao lado da de Souselas, barrava a estrada, fazia greve e invectivava o Sr. Presidente da Camara por acto discriminatorio.

Este o primeiro "pecado" da dita postura.

As verdadeiras razões todos sabemos que são politicas e que o que C. M. Coimbra está a querer fazer é oposição ao Governo. Acho que o está a fazer apenas por dever politico.

Dediquei uns minutos a pesquisar a NET e facilmente encontrei as directivas e normas Europeias e apenas por curiosidade a respectiva transposiçao ( da directiva) para a vida real na Escócia.

http://www.eurits.org/pages/coincineration.asp

http://www.scotland.gov.uk/Publications/2002/08/15285/10401

A Directiva é de 2000 a Escocia transpos em 2002.

Nós em Portugal somos muito melhores, o Governo de Guterres estudou o assunto e Decidiu, o Governo de Barroso (e o desgoverno de Santana Lopes) arrumou o assunto na gaveta, vem agora Sócrates e retoma o assunto.

E a seguir vem um Presidente da Camara com uma Postura ( discriminatoria ) e tenta parar o processo.

E o de Setubal só nao fez a mesma coisa porque anda muito ocupado com outros problemas de reformas de pessoal etc, que lhe vao custar a reforma a ele.

E com isto estamos em 2006 ( quase 2007) e ainda nao fizemos nada. Continuamos a deixar que se acumulem lixos e desperdicios, ou a pagar a terceiros no estrangeiro para fazerem o que nós não fazemos.

Para a Camara Municipal de Coimbra a Co-incineração desde que fora do Municipio, ou no estrangeiro é um bom metodo.....

Como pode este País progredir se mentes brilhantes se dedicam a encontrar formas de meter areia na engrenagem.

Eu cá se mandasse, despedia todos esses "caciques" que pensam que podem manietar o País, e na leva incluia também o Alberto João !!!

JoseSR

21 agosto 2006

A Carris e a Electronica

Hoje um dos titulos da imprensa é que a Carris vai abandonar em definitivo os bilhetes em suporte papel e passar a usar um sistema de bilhética electronica.

Há muito que que já não havia Revisor e que os bilhetes não eram furados assinalando a zona de entrada e a zona de saída.

http://bilhetes.no.sapo.pt/carris.htm

( uma pagina fascinante com fotos de todos os bilhetes da Carris - desde sempre )


Há muito que já só havia uma máquina obliteradora e que os "modulos" se chamavam BUC - Bilhete Unico de Coroa ( eu acho que deviam ser Bilhete de Coroa Unica mas a lingua portuguesa é muito traiçoeira ....!!!! ).

E Agora pomposamente passa a haver o cartão " Sete Colinas" que custa 50 cent, e é recarregavel e reutilizavel.

Assim é só passar o cartão na maquina que esta bordo e o passageiro está apto a andar UMA HORA em qualquer transporte da Carris, até o conceito de ZONA e de COROA UNICA acaba.

Por curiosidade simulei no site da Carris um percurso da Praça do Comercio até Telheiras e o tempo de viagem indicado é de 56 Min.

Que acontece se houver um engarrafamento e passar a ser mais que uma hora ? Será que o bom do viajante tem que ir passar o seu cartanito na máquina e comprar mais uma horita de viagem. ?

E no caso do dito viajante morar no Lumiar e lhe apetecer um Pastel de Belém - situaçao que requer um percurso de 81 Min ?

Estas coisas da electronica são muito boas, mas têm que ser muito bem pensadas !!!


Com estas reflexões de "grande profundidade", vos deixo até uma proxima oportunidade

JoseSR

08 agosto 2006

O alfaiate no Luxemburgo


Hoje almocei no Cortiço, na antiga Rua Nova, em Viseu.
O Cortiço é daqueles (poucos, muito poucos) restaurantes que, se os inspectores do Guia Michelin não fossem de uma snobeira inaturável, tinha direito, pelo menos, a duas estrelas no dito guia. Na minha classificação privada, encontra-se no grupo do topo, que intitulo de "vale um desvio de 100 Km ou mais".
Mas não é do Cortiço (nem dos rojões ou das feijocas com todos que mais do que satisfizeram o frugal apetite meu e da minha família - roam-se de inveja, vá lá...) que hoje quero escrever. É do casal da mesa ao lado.
Ambos cinquentões bem a caminho das seis décadas, manifestamente de férias (como eu e os meus), com a simplicidade de modos e de postura que caracteriza as gentes de trabalho. Emigrantes na visita anual ao torrão. Ela, com recente batalha contra mal ruim, visível no lenço que lhe cobria a cabeça e escondia as sequelas do duro tratamento. Simpática, como ele. Ele, mais falador.
O almoço ia já descansadamente longo em ambas as mesas, como convém ao sereno consumo de vitualhas de qualidade. Os arrancos da fome estavam já saciados e o bem-estar daí decorrente convidava já à cavaqueira. O pretexto foi o vinho da casa (de estalo - quem disse que não há excelentes Dãos? É só encontrá-los...). Breve conciliábulo com fácil acordo sobre as virtudes do néctar e, com simplicidade, logo ele nos vai dando conta da sua vida.
Alfaiate no Luxemburgo. Trabalhou para um patrão 15 anos, depois de este se reformar abriu negócio por conta própria e não se tem dado mal. Faz fatos por medida, mas a base do seu negócio é a confecção de fardas para a companhia de aviação do Luxemburgo e para a polícia local. Já sabem, os flics do Grão-Ducado vestem portuga...
No desenrolar da conversa, vai contando que só usa tecidos ingleses ou italianos, que são os melhores (na Áustria parece que também já fabricam material bom, mas ele ainda não testou...), que também tem um pronto-a-vestir e... que tudo o que aí vende É FABRICADO EM PORTUGAL.
Não por ele ser daqui oriundo, mas por ser - de longe, disse ele - o que é confeccionado com melhor qualidade e ao melhor preço. Compra ele e compra muita marca de alto gabarito e igualmente altos preços.
Conclusão? Já sabíamos que o português fora do País tem produtividade e qualidade. Agora este companheiro de refeição, do alto da sua simples bonomia veio-me informar que também no nosso País se produz em qualidade e com produtividade que permite preços concorrenciais. Porventura o que nos faltará é desenvolver e projectar marcas associadas internacionalmente a Qualidade e que projectem a produção portuguesa com base nessa noção.
Não será já tempo de deixarmos a nossa ancestral choraminguice e o nosso atávico fatalismo pessimista e de prosseguirmos na senda do trabalho com qualidade e - já agora - exibindo e publicitando essa qualidade?
O alfaiate no Luxemburgo, na sua simplicidade, não parece ter quaisquer dúvidas...
Rui Bandeira

07 agosto 2006

O caso Júdice


Em férias, aproveito a estada em local com acesso à Net para colocar um texto.

Normalmente, esta ocasião de descanso apela a temas ligeiros, mas hoje apetece-me fazer uma referência a propósito do caso do processo disciplinar que a Ordem dos Advogados instaurou a José Miguel Júdice, anterior Bastonário daquela instituição. Sendo eu próprio Advogado, não podia deixar de ter estado atento à questão, que foi muito comentada, quer pelo insólito do procedimento disciplinar contra a anterior figura cimeira da Ordem, quer pelas vicissitudes que rodearam o assunto.

A referência que me apetece fazer é apenas um alerta para quem viu o assunto de fora e com ele contactou apenas através das notícias e comentários que o mesmo suscitou. Não se enganem, as declarações de Júdice que deram origem aos processos disciplinares foram apenas um pretexto e tudo o que rodeou a questão não passou do manto diáfano da fantasia que cobre a nudez forte da Verdade, que ficou encoberta: o que naquele episódio esteve em causa foi apenas e tão só um afloramento - quiçá o primeiro com repercussão pública - de algo muito mais prosaico, a guerra cada vez menos surda entre as mais poderosas Sociedades de Advogados existentes neste País.
Júdice é sócio daquela que é talvez a maior Sociedade de Advogados de Portugal. Nos órgãos da Ordem, designadamente no seu Conselho Superior, têm assento elementos de outras poderosas Sociedades de Advogados.
Júdice utiliza com mestria o seu acesso privilegiado à Comunicação Social e, com isso, mantém sempre brilhante a sua imagem, do que, obviamente, beneficia a sua Sociedade de Advogados. Júdice terá efectivamente sido imprudente nas declarações que fez, mas as mesmas foram de imediato aproveitadas para lhe darem. claramente, o recado de que não era bem tolerada pela concorrência a sua mestria no contacto com a Comunicação Social.
Isto - e só isto - o que esteve em causa neste episódio. O resto, foram apenas cortinas de fumo...
Lição a tirar? Apenas a constatação de que as Sociedades de Advogados estão a ganhar cada vez mais influência na Ordem, em detrimento dos Advogados em prática isolada (os Advogados "tradicionais"). Não o considero bom, mas também não sei se e como é possível inverter o processo: é uma questão de Poder, não de voluntarismo...
Não se pense, porém, que este é mais um sintoma do por vezes apregoado desaparecimento dos Advogados em prática isolada, que muitos vêem forçosamente a prazo extintos pela concorrência e alegada eficiência das Sociedades de Advogados. Que ninguém aqui se engane também: as Sociedades de Advogados serão muito lucrativas, razoavelmente eficientes, mas NUNCA conseguirão substituir os Advogados em prática isolada, devido à sua mais pesada estrutura de custos. A sua "eficiência" paga-se, e bem! Às grandes Sociedades de Advogados só as grandes empresas ou os grandes negócios podem pagar. Ao comum cidadão continua a ser imprescindível a Advocacia tradicional. Sem sequer tocar no "pormenor" da independência, que entendo muito melhor garantida pelo Advogado tradicional do que pelo que trabalha para uma empresa de prestação de serviços jurídicos...
Rui Bandeira

26 julho 2006

Momentos da Vida Portuguesa II

Pois não me espanta nada o sucedido com o Sindicalista da PSP.

Hoje de manhã ouvindo a TSF, o reporter fazia um alarido monstruoso sobre um bloqueio que os pescadores estavam a fazer na lota de Matosinhos.

Os ditos pescadores acusavam a marinha de guerra portuguesa de perseguição. Eu sei que a Marinha de Guerra Portuguesa com os meios que tem à disposição apenas consegue perseguir traineiras, mas não é por aí.

O reporter entrevista então um dos circunstantes ( que se identificou como pescador) que acusou a MArinha de perseguição e de os estar sempre a multar. Juntou então que de facto usam Artes Ilegais na malhagem e no comprimento e mais nao sei o quê, mas que isso ( o uso de artes ilegais) não era razão para serem multados.

Que querem que vos diga....

Roube-se, delapide-se, porque segundo o dito pescador podemos sempre acusar a autoridade de perseguição.

E mais nada !!

JoseSR

18 julho 2006

Cada macaco no seu galho!

Está em voga na nossa imprensa a publicação de citações de frases ditas ou escritas por figuras mais ou menos públicas, mais ou menos conhecidas e publicadas na concorrência.

Trata-se normalmente de secções ligeiras e daí não vem mal ao Mundo, até porque, mesmo nas publicações mais sérias, espaços mais descontraídos também têm o seu lugar.

Na "Visão" n.º 696, de 13/7/06, p. 28, secção “Os outros”, deparei com uma dessas citações, atribuída a "Rui Santos, comentador desportivo", um jornalista - e, pelos vistos, agora também "comentador" - desportivo que, desde há vários anos, trabalha num conhecido jornal da especialidade.

Reza assim essa citação:

Se hoje houvesse um referendo entre a liderança de Sócrates e a de Scolari, os portugueses votariam Scolari.

Com todo o respeito, só por blague posso entender esta frase...

Independentemente do que se pense da actuação de Sócrates (o José, não o filósofo grego), não há comparação possível entre o trabalho de um primeiro ministro e o de um seleccionador e treinador de futebol, por muito bom que este seja ou por muito bons resultados que este obtenha.

Eu bem sei que está na moda denegrir a política e os políticos, mas, quand même, dirigir um País ainda tem uma dimensão e uma responsabilidade diferentes de dirigir um, ainda que talentoso, ainda que bem sucedido, grupo de profissionais do pontapé na bola!

Pessoalmente, até penso que Sócrates (o José) tem feito o que é preciso fazer, designadamente quanto à indispensável cura de emagrecimento do Estado. Uns pensarão que ainda deveria fazer mais e mais depressa, outros porventura entenderão que, pelo contrário, deveria fazer menos ou, pelo menos, não tão depressa. Isso faz parte da discussão política. Cada um que pense o que quiser.

Agora, tratar no mesmo plano responsabilidades que pertencem, manifestamente, a planos diferentes é que penso não ser correcto.

Assim, o meu comentário à blague citada só poderá ser que nunca votaria em Scolari para primeiro ministro e que também nunca votaria em Sócrates (nem o José, nem o filósofo...) para seleccionador nacional de futebol!

Rui Bandeira

12 julho 2006

Interrogações depois da tragédia



Há assuntos em que é melhor deixar passar uns dias antes de emitir opinião, para que a Emoção não obnubile a Razão.

É o caso da morte dos cinco sapadores chilenos e de um bombeiro beirão, ocorrida quando estes procuravam combater um incêndio que, desgraçadamente, os venceu!

Como é habitual nestas circunstâncias, a par da emoção e do luto é sempre anunciado o inquérito que, como habitualmente, é sempre rigoroso... Acho bem, há que procurar descobrir o que correu mal, para procurar evitar que a tragédia se repita. Ponto é que se resista à tentação de apontar culpas e culpados, até porque, quase sempre, o ponteiro dos julgadores de culpas é lesto em apontar quem já não se pode defender (é muito mais fácil fazê-lo...) e isso equivale a somar à perda da Vida a agressão da culpa apontada.

Espero assim que o inquérito sirva para indicar o que devia ter sido feito, e não foi, para que nunca mais deixe ser feito, e o que foi mal feito e deve passar a ser bem feito, para procurar evitar a repetição de tragédias destas.

Por mim, tenho algumas perguntas que gostaria de ver respondidas:

1. Quando, no ano passado, foi anunciada a criação dos grupos de primeira intervenção em fogos florestais, os nossos sapadores aerotransportados, foi divulgado que uma peça essencial do seu equipamento individual, que sempre trariam consigo, era uma peça desdobrável, incombustível ou quase, isolante do calor, que serviria para a eventualidade de um sapador se ver cercado pelo fogo poder deitar-se no solo e cobrir-se com essa capa de protecção, para que o fogo passasse por ele sem o vitimar. Porque não estavam os sapadores chilenos equipados com tal peça, que porventura os poderia ter salvo? Que medidas serão tomadas para que tal omissão não mais ocorra?

2. Se estavam e tal não os salvou, que se tenciona fazer para obter melhor equipamento que proteja os nossos sapadores com eficácia?

3. Sabe-se que a missão dos sapadores aerotransportados - serem largados perto do incêndio, para limparem o terreno e abrirem aceiros, com o objectivo de travar a progressão do incêndio - é arriscada; por isso, esse pessoal é suposto ser treinado e comandado por gente experimentada. Quem decide e quais os critérios de decisão para definir o local onde são largados os sapadores e que melhorias há a fazer nesse processo de decisão (necessariamente rápido, em cada caso concreto) para melhor compatibilizar a eficácia de actuação com a segurança de quem actua?

4. Os sapadores no terreno têm uma visibilidade reduzida, trabalham num ambiente difícil e obviamente em stresse; estão à mercê de caprichosas mudanças de direcção e intensidade do vento. Que meios de auxílio e de prevenção são utilizados para apoiar quem está no terreno e avisar das alterações de circunstâncias que ponham em risco a sua segurança? Porque falharam, no caso concreto? Se não existiram ou foram insuficientes, que há que fazer para que, ao nível do apoio operacional a quem está no terreno, nada falhe quando é preciso que assim seja?

5. O que há a treinar, fora da época de incêndios, para evitar desenlaces destes? O que se aprendeu com esta tragédia para melhorar o treino e a preparação dos demais sapadores?

Estas são, na minha modesta opinião as perguntas a que o rigoroso inquérito deve dar resposta.

Porque o combate ao fogo é uma luta em que o objectivo é vencer o inimigo, sem sofrer quaisquer baixas.

As minhas homenagens aos seis combatentes mortos e o meu desejo que, por muito tempo, se possível para sempre, sejam os últimos a tombar.

Rui Bandeira

09 junho 2006

A PJ e a sua "defesa do território"


Segundo o "Diário de Notícias" de ontem, o Director Nacional da PJ considerou "inopinada" e que reflecte "uma preocupante falta de coordenação" a actuação da PSP, ao prender o militante de extrema-direita que dera uma entrevista à RTP exibindo uma espingarda e declarando que ele e os seus companheiros estavam prontos a "tomar as ruas", e declarou que essa detenção ocorreu sem conhecimento prévio da PJ, que teria em curso "investigações sobre a extrema direita". Fonte da DCCB da PJ teria ainda referido ao DN que a mencionada detenção prejudicou uma investigação que "pretendia entrar no "coração" do movimento, isto é, no seu financiamento".

Periodicamente, assistimos a reacções destas por parte de responsáveis e elementos da PJ, que cada vez mais se vai mostrando uma polícia extremamente "territorial", isto é, que entende que há zonas de actuação que são dela e só dela e que, quando uma outra polícia "invade" o que a PJ considera o seu "território de caça exclusivo" motiva sempre comentários deste género, sendo curioso como sempre as actuações de outras polícias prejudicam importantes investigações em curso da PJ...

Que a PJ se considera a si própria a nata, "la crème de la crème" das polícias, já se sabia e não vem daí mal ao mundo. Presunção e água benta, cada qual toma a que quer... Mas que a "defesa do território" da PJ use sempre o mesmo e já ruço de tanto uso argumento, já começa a cansar...

Quanto a este incidente e à costumeira reacção da PJ, só três notas:

1. Como é que a PSP poderia saber que iria prejudicar investigação da PJ se não tinha conhecimento de que essa investigação existia? Se houve "preocupante falta de coordenação", isso deveu-se a quê? À actuação da PSP ou à "caixinha" que a PJ faz das suas investigações, mesmo em relação às demais Forças de Segurança? Ou será que o entendimento da PJ é que a PSP e a GNR tenham sempre de pedir prévia autorização à PJ para fazer uma detenção ou efectuar uma investigação?

2.Será talvez do meu mau feitio, mas parece-me que quem prejudicou - e muito!- a investigação que pretendia entrar no "coração" do movimento, isto é, no seu financiamento, foi a fonte da DCCB que terá falado do assunto ao jornalista do DN: é que, até aí, não se sabia que essa investigação existia e a detenção do dirigente de extrema-direita pela PSP, até porque na sequência da entrevista dele a uma televisão, nada indiciava sobre essa investigação (pelo contrário, até podia ajudar as desviar as atenções dela...); se eu fosse má-língua até poderia dizer que a tal fonte da DCCB é que aproveitou para informar os militantes de extrema-direita dessa investigação, não fosse dar-se o caso de eles ainda não se terem apercebido dela...

3. Pode ser impressão minha, mas parece-me que, de cada vez que há uma reacção destas dos responsáveis da PJ, esta dá mais um passo para sair da tutela do Ministério da Justiça e para ingressar na do MAI: afinal, que melhor forma haverá para acabar com preocupantes faltas de coordenação do que ter todas as polícias na mesma casa e coordenadinhas pelo mesmo responsável político?

Quando será que esta gente deixa de dar tiros no próprio pé???

Rui Bandeira

07 junho 2006

Do Quotidiano da nossa Mundialização

O JoséSR exibiu-nos um exemplo do seu humor levemente sarcástico com o post anterior. Mas, humor à parte, a frase inicial ("Pois é, Mundial de futebol à porta e não se fala em mais coisa alguma") espelha uma realidade que se vem mostrando praticamente incontornável e que até num blogue com as características deste se impõe.

Mas se o tema do momento é o Mundial de futebol, nada nos obriga a ficarmo-nos pelos comentários sobre jogadores ou seleccionadores, pela bola que entra ou bate no poste, pela vitória destes, a derrota daqueles ou o empate de aqueloutros.

Por exemplo, a propósito da participação da Selecção Nacional Portuguesa na competição, assistimos a um renascer de manifestações (bandeiras nas janelas, as autênticas romarias junto da Selecção, quer quando a mesma estagiou em Évora, quer no Luxemburgo e agora na Alemanha) que os intelectuais do costume se apressam a apelidar de patriotismo bacoco.

Este (recorrente - recordemos 2004) fenómeno de massas será tão primário assim? Será, como os tais intelectuais do costume afirmam ou deixam entrever, tão indesejavelmente negativo e simplista assim? Porque (res)surge este fenómeno associado ao futebol e não a outras manifestações da vida em sociedade?

Não alinho com os que diabolizam ou menorizam estas ditas manifestações de patriotismo. Pelo contrário, entendo-as, aceito-as e acho-as saudáveis.

É inerente à condição humana o gregarismo, a integração em grupo e a socialização em círculos sucessivamente alargados. Cada um de nós define a sua individualidade também em função da sua família, da sua terra, da sua profissão ou empresa, da sua nacionalidade. Esta intrínseca necessidade de integração em grupos, mais ou menos vastos (mas que implica sempre a divisão entre nós e os outros) não se lamenta nem aplaude - reconhece-se. Essa necessidade de integração existe por evidente imperativo da Natureza: garantir segurança! Integramo-nos porque com essa integração nos sentimos mais seguros.

Só que, no caso do nosso grupo nacional, os Portugueses, essa necessidade de segurança é mais problemática, atendendo à nossa dimensão enquanto Povo (apenas dez milhóes no nosso território e mais uns quantos por esse Mundo fora) e, nos tempos que vão correndo, às nossas evidentes dificuldades de acertar o passo neste Mundo em que impera o Mercado Global e em que o Lucro é Rei e a Produtividade a sua Dama.

Estamos ficando cientes de que o guarda-chuva da União Europeia, embora ajude, não nos livra de nos molharmos quando sujeitos às tempestades da globalização. E, pese embora a nossa tendência para nos desvalorizarmos, que nos empurra para irmos rosnando "que o que devíamos era ser espanhóis" (mas sempre com a reserva mental de que se trata de frase mandada da boca para fora, sem consonância com o que verdadeiramente sentimos e queremos), enquanto Povo, enquanto grupo, fazemos aquilo que qualquer grupo faz quando se sente ameaçado e inseguro: cerrar fileiras!

Entendo, pois, que o ressurgir do patriotismo e das suas manifestações simbólicas resulta essencialmente deste verdadeiro REFLEXO DE DEFESA de um Povo que, de modo mais ou menos difuso, se sente ameaçado e inseguro. E, assim sendo, entendo que não é um mal em si, antes pelo contrário, é um bem e uma necessidade, um instrumento destinado a ajudar-nos a ultrapassar as nossas actuais dificuldades e reganharmos a confiança em nós próprios (altura em que poderemos recomeçar prazenteiramente a digladiarmo-nos uns com os outros e a afirmar a individualidade de cada qual...).

Mas, se esta necessidade de cerrar fileiras e de nos afirmarmos enquanto Povo usando os nossos símbolos nacionais existe e tem explicação racional, porquê a sua expressão precisamente através do futebol?

A meu ver, por duas razões: a mais simples é porque é o que está mais à mão de semear, está aí e agora; a mais complexa é porque podemos sentir-nos inseguros, mas temos a nossa memória colectiva intacta e, lá no fundo, sabemos bem que o nacionalismo em excesso pode causar grandes males; no fundo, o nosso instinto recomenda-nos que o usemos como se usa um medicamento: com conta, peso e medida, que o excesso em vez de curar, mata! E, assim sendo, darmos largas ao nosso patriotismo através do futebol, é o ideal: afaga-nos o ego, mas porque o futebol tem a importância que tem e não mais do que essa, não há perigo de abusarmos!

Continuo a entender que, enquanto Povo, podemos não ser os melhores, os mais produtivos, os mais fortes ou os mais poderosos. Mas, com o nosso lastro de mais de oitocentos anos, em Sabedoria Colectiva e, em especial, em Manha, ninguém nos bate!

E agora vejam lá até onde o Mundial de futebol já levou a conversa!

Rui Bandeira