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13 junho 2016

" A Trolha" (republicação)

Hoje faço a republicação de um texto da autoria do Rui Bandeira que aborda uma das "ferramentas" que considero como das mais importantes a serem usadas pelo maçom: a Trolha.
Aliás, o Rui muito bem que explana na sua opinião alguma da simbólica associada a este tão importante utensílio. Opinião essa que pode ser consultada no seu original aqui e inclusive mais abaixo neste mesmo post.
Depois de o lerem ou até mesmo de o relerem, poderão então perceber porque eu a considero de tal importância...
Por isso apenas irei dizer em jeito de conclusão ao meu raciocínio e até mesmo de introdução ao texto: "Porque  não pomos de lado o nosso orgulho, vícios e paixões e não passamos nós a trolha onde a mesma é necessária?!"

  "A Trolha
A Maçonaria utiliza os artefatos e ferramentas ligados à atividade da construção como símbolos ilustrativos dos ensinamentos que procura transmitir e preservar. É o caso, por exemplo, da trolha.

A trolha, ou colher de pedreiro, é uma ferramenta do ofício da construção utilizada para separar, transportar, projetar ou colocar argamassa, massa ou cimento nas superfícies, paredes ou muros, de uma construção. Serve também para alisar a massa, argamassa ou cimento colocada, por exemplo, numa placa ou na união entre pedras ou tijolos de uma parede ou muro.

Tendo em conta estas utilidades para o ofício da construção, a Maçonaria Especulativa adapta o conceito para simbolizar virtudes ou comportamentos que devem ser adotados pelos maçons e naturais numa Loja maçónica.

Tal como a ferramenta operativa alisa as superfícies, assim também o maçom deve utilizar a trolha da concórdia, da conciliação, para alisar, regularizar, aplainar diferenças ou conflitos entre Irmãos. 

A Fraternidade não é necessariamente um oásis de paz e ausência de conflitos. Tal como os irmãos biológicos, embora mantendo entre si laços fortes de solidariedade e amor fraternal, não obstante têm frequentes desacordos, querelas, conflitos, que aprendem a regular sem pôr em causa a sua relação fraternal, também os Irmãos maçons estão sujeitos á erupção de conflitos e desacordos entre si, que devem regular preservando as suas fraternais relações.

Devem, por isso, sempre ter ao alcance de sua consciência a trolha da conciliação, da boa-vontade, do saber olhar pelo ponto de vista do outro, para alisar as diferenças, conciliar os interesses ou propósitos divergentes.

A trolha simboliza ainda a benevolência, a tolerância, a indulgência, perante as asperezas, os defeitos alheios, espalhando sobre eles a massa do perdão, do esquecimento de injúrias ou agravos, em prol da harmonia da construção. 

O maçom não se deve também esquecer nunca que, tal como se vê na necessidade de utilizar a trolha para alisar as asperezas que vê em outros, também os demais utilizam idêntico instrumento simbólico em relação às suas próprias imperfeições. A tolerância, a fraternidade, funcionam em sentido duplo. Ninguém tem o direito de reclamar para si o perdão ou a complacência em relação aos seus erros sem ele próprio ter idêntica atitude em relação aos demais.

Manejar a trolha simbólica não é fácil. Exige treino, exige habituação, exige bom-senso. Só progressivamente aquele que entra na Maçonaria se habitua a manejar esta ferramenta simbólica. Enquanto as ferramentas por excelência do Aprendiz são o maço e o cinzel, com que desbastam a sua pedra bruta, corrigindo-se das maiores asperezas e dando-se forma adequada para colocação útil no Grande Templo da Harmonia Universal, e que as ferramentas do Companheiro são essencialmente o prumo, o nível e o esquadro, com que colocam a pedra já aparelhada no sítio certo e útil, o Mestre Maçom tem como instrumentos essenciais a Prancha de Traçar, onde traça os planos da construção de si mesmo e do seu comportamento e - precisamente - a trolha, com que espalha o cimento da harmonia, que une definitivamente todos os materiais da sua construção de si. 

Rui Bandeira"

20 novembro 2013

A trolha



A Maçonaria utiliza os artefatos e ferramentas ligados à atividade da construção como símbolos ilustrativos dos ensinamentos que procura transmitir e preservar. É o caso, por exemplo, da trolha.

A trolha, ou colher de pedreiro, é uma ferramenta do ofício da construção utilizada para separar, transportar, projetar ou colocar argamassa, massa ou cimento nas superfícies, paredes ou muros, de uma construção. Serve também para alisar a massa, argamassa ou cimento colocada, por exemplo, numa placa ou na união entre pedras ou tijolos de uma parede ou muro.

Tendo em conta estas utilidades para o ofício da construção, a Maçonaria Especulativa adapta o conceito para simbolizar virtudes ou comportamentos que devem ser adotados pelos maçons e naturais numa Loja maçónica.

Tal como a ferramenta operativa alisa as superfícies, assim também o maçom deve utilizar a trolha da concórdia, da conciliação, para alisar, regularizar, aplainar diferenças ou conflitos entre Irmãos. 

A Fraternidade não é necessariamente um oásis de paz e ausência de conflitos. Tal como os irmãos biológicos, embora mantendo entre si laços fortes de solidariedade e amor fraternal, não obstante têm frequentes desacordos, querelas, conflitos, que aprendem a regular sem pôr em causa a sua relação fraternal, também os Irmãos maçons estão sujeitos á erupção de conflitos e desacordos entre si, que devem regular preservando as suas fraternais relações.

Devem, por isso, sempre ter ao alcance de sua consciência a trolha da conciliação, da boa-vontade, do saber olhar pelo ponto de vista do outro, para alisar as diferenças, conciliar os interesses ou propósitos divergentes.

A trolha simboliza ainda a benevolência, a tolerância, a indulgência, perante as asperezas, os defeitos alheios, espalhando sobre eles a massa do perdão, do esquecimento de injúrias ou agravos, em prol da harmonia da construção. 

O maçom não se deve também esquecer nunca que, tal como se vê na necessidade de utilizar a trolha para alisar as asperezas que vê em outros, também os demais utilizam idêntico instrumento simbólico em relação às suas próprias imperfeições. A tolerância, a fraternidade, funcionam em sentido duplo. Ninguém tem o direito de reclamar para si o perdão ou a complacência em relação aos seus erros sem ele próprio ter idêntica atitude em relação aos demais.

Manejar a trolha simbólica não é fácil. Exige treino, exige habituação, exige bom-senso. Só progressivamente aquele que entra na Maçonaria se habitua a manejar esta ferramenta simbólica. Enquanto as ferramentas por excelência do Aprendiz são o maço e o cinzel, com que desbastam a sua pedra bruta, corrigindo-se das maiores asperezas e dando-se forma adequada para colocação útil no Grande Templo da Harmonia Universal, e que as ferramentas do Companheiro são essencialmente o prumo, o nível e o esquadro, com que colocam a pedra já aparelhada no sítio certo e útil, o Mestre Maçom tem como instrumentos essenciais a Prancha de Traçar, onde traça os planos da construção de si mesmo e do seu comportamento e - precisamente - a trolha, com que espalha o cimento da harmonia, que une definitivamente todos os materiais da sua construção de si. 

Rui Bandeira