23 outubro 2017

Comunicação do Grão-Mestre por ocasião do equinócio de outono


O ABANDONO DO INTERIOR, O ABANDONO DE PORTUGAL

Queridos II. em todos os vossos graus e qualidades, a todos saúdo, sede bem-vindos à casa dos valores, à casa dos irmãos, à nossa casa.

Celebramos hoje em Grande Loja o Equinócio de Outono. O fenómeno astronómico ligado ao equinócio, define o instante em que o Sol, na sua órbita aparente, cruza o equador celeste, garantindo nesta data, igual duração entre os dias e as noites. Através desta sugestão igualitária cósmica, reavivo os princípios que norteiam a nossa Augusta Ordem: Liberdade, Igualdade, Fraternidade. A partir deles extrapolo deveres para o maçon como o dever de solidariedade, o dever da promoção da igualdade de oportunidades, o dever da compaixão fraternal para com o semelhante, o dever de respeito pela dignidade humana, o dever em defender a democracia plena.

E faço esta introdução, porque queria hoje falar-vos do problema maior de Portugal, ao qual nós todos temos obrigação de prestar socorro:

O ABANDONO DO INTERIOR, O ABANDONO DE PORTUGAL,

problema que tem matado e vai continuar a matar.

O fenómeno dantesco dos fogos deste Verão, que assolaram e exauriram o país, que espalharam terror e morte, deve servir de rastilho para que expluda em Portugal uma “bomba nuclear de mudanças radicais”.

Neste fantástico rectângulo português, as assimetrias territoriais de longitude são cada vez mais colossais e gritantes: ao longo do Atlântico afunda-se uma espécie de restinga litoral que soma à volta de 10% do território, 90% da população, que concentra as actividades económicas, a riqueza e os maiores rendimentos, o desenvolvimento, demografia jovem e vigorosa, a qualidade de vida e as acessibilidades.

Nas costas deste litoral que nunca aparecem ao espelho, temos 90% do território que arde todos os anos: 10% da população, todas as desgraças e calamidades, das quais os fogos de Verão, são apenas um povoador de consequência.

E cito o artigo do “Financial Times” que afirma com clarividência: “os incêndios, que devastam Portugal, reflectem décadas de negligência e afastamento do poder político em relação às regiões do interior”.

E eu sei bem do que falo, porque durante muitos anos, fui autarca nas profundezas do interior dos interiores, por isso vos parafraseio Marcelo Rebelo de Sousa, que numa passagem pelo nordeste transmontano, ao improvisar uma aula de geografia para localizar Trás-os-Montes enfatiza: "O nosso país, está dividido entre a Área Metropolitana de Lisboa e o resto. Depois, entre as outras áreas metropolitanas e o resto. Depois, entre todo o litoral e o resto. Depois, há dentro do interior o interior intermédio e o interior profundo. Dentro do interior profundo há o interior mais profundo. E é no interior mais profundo do interior profundo que encontramos Trás-os-Montes", e eu próprio acrescentaria que Miranda do Douro fica mesmo no confim das profundezas de Trás-os-Montes. E é este um problema que deixamos arrastar desde muito longe. Exceptuando Dom Sancho I o Povoador, segundo rei de Portugal, que no último quartel do século XII promoveu e apadrinhou o povoamento dos territórios do país, tal como a fundação da cidade da Guarda, e a atribuição de várias cartas de foral nas Beiras e em Trás-os-Montes, povoando assim áreas remotas do reino, com imigrantes da Flandres e da Borgonha. E a Lei das Sesmarias promulgada na segunda metade do século XIV por Dom Fernando I, que pretendia fixar os trabalhadores rurais às terras e assim diminuir o despovoamento. Além deste dois, talvez não veja outros estadistas que mereçam relevo à altura nesta causa da democracia territorial Portuguesa. No século XIX, eventualmente Dom Pedro IV, mas o interior que escolheu foi o Império do Brasil.

Depois da lei das Sesmarias, as sucessivas estratégias territoriais passaram sempre por extorquir recursos e população ao interior: foram essas gentes que encheram as naus e as galeras dos descobrimentos, que foram levadas para povoar as ilhas até então desertas, as feitorias na Índia, as colónias africanas, o Brasil.

Foram eles os incentivados a imigrar para a Argentina, para a Venezuela, ou América do Norte.

Foram eles que ajudaram vários países europeus a levantarem-se depois da Primeira e Segunda Grandes Guerras, tal como a França, a Alemanha, a Inglaterra, a Bélgica, a Suíça ou a Espanha. Foi a eles que deslocalizamos para que enchessem Lisboa e o Porto.

Recentemente são os escassos jovens licenciados provenientes das regiões do interior os primeiros a engrossar as fileiras da imigração mestrada e doutorada: eu tenho lá uma filha querida!

Muitos dirão que esta é tarefa hercúlea, titânica: impossível!

Eu respondo com o exemplo recente das Alemanhas, que em 1990 tomaram a decisão de se reunificar.

Estamos a falar de coisas diferentes, claro que estamos, mas a verdade é que precisamos agora de uma grande mobilização nacional para esta urgência. Durante os anos de democracia, Portugal já conseguiu responder à resolução de grandes causas nacionais, como o foram a liberdade, a democracia, a descolonização, a Europa e o desenvolvimento. Precisamos agora reunificar o país.

A Unidade de Missão para a Valorização do Interior, aposta do actual Governo, foi o último redundante fracasso absoluto, e agora as contabilidades eleitoralistas, ou as palavras e os afectos já não bastam.

Este vosso servo Grão-Mestre não manda, mas tem com ele O PODER DA PALAVRA. E já vos tinha contado, quanto tudo era apenas trevas e breu, Deus fez luz e criou o universo apenas com palavras: DIZENDO-O. E é apenas através de palavras justas, que hoje vos queria aqui convocar a todos, a fim que sejais apóstolos e cimento forte neste tão nobre desígnio, porque a cada dia o mundo tem que ser melhor e Portugal tem de sê-lo de sobremaneira. E cito o grande poeta do interior, Miguel Torga «O difícil para cada português não é sê-lo; é compreender-se. Nunca soubemos olhar-nos a frio no espelho da vida. A paixão tolda-nos a vista… mas não somos um povo morto, nem sequer esgotado.»

Há cerca de um mês em Vilar Formoso, o Presidente da República, defendeu que a fronteira de Portugal com Espanha, fosse toda ela declarada Património da Humanidade pela UNESCO. Trata-se da mais antiga fronteira da Europa, uma fronteira onde muitas guerras se travaram, mas sobretudo uma fronteira onde os vizinhos dos dois lados nunca deixaram de relacionar-se cordialmente, mas sobretudo entreajudar-se em tempos de desgraça, porque os governos dos dois lados já os tinham abandonado: essa é uma verdadeira mensagem universal para toda a Humanidade, e talvez seja por aí que devamos começar.

E para bom entendedor, meia palavra deve bastar, por isso nada mais acrescento, pois esta era a mensagem simples que hoje vos queria comunicar, e dela imbuídos, continuaremos o nosso caminho, humildemente, harmoniosamente, assumindo a plenitude universal dos valores maçónicos, a liberdade em Portugal, na Europa, no mundo, para continuar a consolidação e edificação da nossa Augusta Ordem, a bem da Humanidade, à Glória do Grande Arquitecto do Universo.

Júlio Meirinhos
Grão-Mestre

13 outubro 2017

A CÉLULA

Era uma vez uma CÉLULA… era uma vez uma célula pequenininha… muito pequenininha… tão pequenininha que mal se via, mesmo ao microscópio. E para complicar a vida ao observador… ou bisbilhoteiro que é o que os observadores são, esta célula nunca estava quieta. Além de pequenininha… era uma célula viva, posta assim a funcionar pela Mãe. A Mãe Natureza… naturalmente, pois claro. E a Mãe Natureza ao pô-la na vida deixou-a com regras. Todas as células vivas têm regras ! Para poderem conviver umas com as outras.. e esta também tinha regras, naturalmente.

As regras das células são todas mais ou menos iguais, embora as células sejam diferentes umas das outras. As células são diferentes umas das outras, mas as regras são iguais. E a regra base manda que a célula se mantenha viva. Todas as células têm essa regra base. A regra base, como já disse, comum a todas as células implica que têm de se alimentar para continuar a viver. Desta forma a nossa célula, a inicial, a que começou esta história, naturalmente, começou a alimentar-se como lhe tinham dito para fazer. E começou a alimentar-se… e alimentou-se… almocinho para aqui, jantarinho para acolá… deu às tantas porque os números da roupa começavam a apertar. É que a nossa célula (bom, as outras células também, claro !) não andam nuas… longe disso, têm um vestidinho de membrana que lhes aconchega as partes. E começou a sentir que a sua membrana começava a ficar apertada. Ela alimentava-se normalmente, almocinho aqui, jantarinho acolá, e ia engordando. Como tudo tem um limite a nossa célula acabou por ter um problema grave para resolver, que era, naturalmente, a adaptação da sua membrana ao aumento de volume. E a única solução que encontrou foi… sabem qual foi ?... dividir-se em duas. Dividiu-se em duas… de tal maneira que ficaram duas, com metade do tamanho da primeira. E assim voltou a nossa célula a caber, sem dificuldade, na sua membranazinha. E as regras que estavam definidas para aquela célula inicial, foram copiadas inteirinhas para a 2ª célula, saída da divisão que se fizera, naturalmente ! Agora ambas tinham que se alimentar para continuarem vivas… e assim aconteceu… almocinho aqui, jantarinho acolá, e naturalmente, as coisas voltaram a acontecer como previsto. Engordaram, cresceram, tiveram dificuldades com as membranas respetivas e, naturalmente, voltaram a encontrar como solução a sua divisão, cada uma delas em mais 2 células, que continuavam com as mesmas regras… e por aí fora… E, vitória, vitória, acabou a história.
 

Ora bem, MQII:. vem esta história a propósito do nosso último ano e de algumas coisas que tenho ouvido e que não gosto de ouvir.

O último ano desta nossa RLMAD foi tudo menos… fácil. Foi o ano em que vimos sair vários Irmãos, cada um com a sua razão para o fazer. O que aconteceu é que, naturalmente, eles não conheciam a história da célula. Então, e por esse desconhecimento, levantou-se alguma poeira… A verdade porém, é que o ano também foi “muito ventoso” e isso não ajudou nada. É verdade, é !

E entrámos em novo Veneralato com a RLMAD… mais ligeira, talvez mais leve… Talvez cabendo melhor na sua membrana… Melhor ? Pior ? Não sei, e nem sequer faz sentido a dúvida. Entrámos em novo Veneralato com a MAD de sempre. A grande MAD a que nos orgulhamos de pertencer, com as dissonâncias e as concordâncias de sempre, com menos obreiros ? Claro que sim ! Mas qual é o espanto ? Não tem sido assim desde sempre ? Desde sempre a MAD cresceu, desenvolveu-se com o crescimento das suas oficinas, aumentou os seus quadros, até que às tantas é chegada a altura de ver partir alguns dos que “nasceram e cresceram no seu seio”. É a lei da Natureza. As células, todas as células, nascem, alimentam-se, aumentam mais ou menos o seu tamanho e entram, naturalmente, em processo de auto-divisão, originando novas células, que por sua vez se irão alimentar, crescer e subdividir, multiplicando-se, criando novos seres, novos corpos, e isso é a “Mãe Natureza” no seu funcionamento. É a regra dos seres vivos e significa exatamente isso mesmo. A MAD é um ser vivo. Ponto. Três notas finais:

1º -Não gosto de ouvir aquela dos que “só fazem falta os que cá estão”. Meus Irmãos, todos fazemos falta ! Não há Irmãos a menos, mas muito menos há Irmãos a mais. E se julgamos que há, comecemos a seleção por nós próprios, e se concluirmos que estamos a mais, pois saiamos ! Se a conclusão for outra, é nossa obrigação não julgar a legitimidade dos restantes.

2º -Não gosto de ouvir “Somos poucos, mas bons…”. A Célula, as Células que de nós saíram são formadas por maus ? Mas se é assim fomos nós (os bons) que formámos os maus ?

Liberdade, Igualdade, Fraternidade. São a base e não incluem julgamentos destes.
3º -Também percebi que se temeu, e parece-me mesmo que ouvi anunciar a possível não continuidade da MAD. Não acredito que realmente tenha ouvido tal coisa. Naturalmente foi engano meu. A dificuldade de ouvido enganou-me. Meus Irmãos, isto é osso velho, duro de roer, e para esses boatos, se acontecessem o que, naturalmente, não acredito, só vos quero recordar o que a lenda de Herculano pôs na boca do nosso Patrono, “a abóbada não caiu, a abóbada não cairá” !
(apresentado em 11/10/2017)
JPSetúbal

09 outubro 2017

Um Clone para Deus - o caos sobre a ordem


Kennio Ismail é um maçom brasileiro, professor universitário e pesquisador académico, que regularemente escreve sobre temas maçónicos. Mantém o blogue NO ESQUADRO, um dos que regularmente visito, lendo com agrado as lúcidas opiniões e exposições ali expressas.  Mestre Instalado da Loja Flor de Lótus, n.º 38, filiada na Grande Loja Maçónica do Distrito Federal, publicou já vários livros sobre a Maçonaria: Desmistificando a Maçonaria (2012), O Líder Maçom (2014), Debatendo Tabus Maçónicos (2016), Ahiman Rezon - A Constituição dos Antigos, tradução comentada sua da 3.ª edição do original de Laurence Dermott (2016) e História da Maçonaria Brasileira para Adultos (2017).

Kennio Ismail lançou-se agora numa nova, e diferente aventura: a ficção! Acaba de ser publicado pela Chiado Editora, na sua coleção Viagens na Ficção, o livro UM CLONE PARA DEUS - o caos sobre a ordem, interessante novela escrita em escorreita prosa, que prende o leitor de princípio ao fim.

Para não estragar a leitura, indico apenas aqui a breve sinopse constante da contracapa do livro:

A notícia do roubo do Sudário de Turim para fins de clonagem chama a atenção de todo o mundo, em especial da Maçonaria, acusada publicamente de ser responsável pelo crime. O facto desencadeia manifestações em vários países, com a formação de grupos a favor e contra a clonagem de Jesus.

Uma equipa maçónica formada por um professor brasileiro, um lobista americano, um hacker filipino e um mochileiro italiano é criada com a missão de descobrir os verdadeiros responsáveis e entregá-los às autoridades policiais, limpando assim o nome da Maçonaria.

A partir daí, eles iniciam uma busca frenética, uma corrida contra o tempo, com passagens por Kansas City, Turim, Edimburgo, Paris e Lisboa, e envolvendo invaões, sequestros, lutas e perseguições.

Um fim inesperado, que pode mudar o mundo ocidental como o conhecemos, ocorre numa favela do Rio de Janeiro.

Espero que este aperitivo lhe tenha aberto o apetite para a leitura desta primeira ficção de Kennio Ismail. O livro, de 212 páginas, pode ser adquirido, pelo preço de € 12,00, nas livrarias e através do sítio na Internet da Chiado Editora, designadamente utilizando o endereço https://www.chiadoeditora.com/livraria/um-clone-para-deus. Foi assim que o adquiri e, em três dias, sem mais custos ou incómodos, o recebi no meu domicílio.

A única nota negativa que atribuoo é à editora, que necessita urgentemente de melhorar a revisão dos textos que publica, de forma a que não suceda o que se deteta neste livro: um assinalável número de ausência de espaços, juntando-se palavras que foram escritas separadamente... Não impede a leitura e a compreensão do texto, mas.. é aborrecido!

Apesar disso, recomendo que também adquira o seu exemplar e mergulhe na sua leitura. Não se vai, certamente, arrepender!

Rui Bandeira

02 outubro 2017

Um maçon nunca está sozinho


Quando o meu avô morreu, a meio da sua nona década de vida, comentou-me uma das minhas tias: "O avô morreu três vezes. A primeira foi quando a avó morreu. A segunda foi quando se apercebeu de que era o último dos da geração dele que ainda estava vivo. E a terceira foi agora." E continuou: "Sabes, há um par de anos foi ao funeral de um dos amigos de infância, e quando olhou em volta, viu-se sozinho. Aqueles com quem ele cresceu, os que fizeram a escola ao mesmo tempo... já tinham ido todos. A partir daí, limitou-se a ficar à espera." Confesso que senti um arrepio ao imaginar como seria sertir-me assim.

Anos volvidos, estou bastante mais seguro de que tal não me acontecerá. Não porque tencione morrer cedo - nunca se sabe, mas não tenho grande pressa... - mas porque os meus amigos não estão todos na mesma faixa geracional; é certo que tenho uns quantos amigos chegados que são de idade próxima da minha, mas a gama de idades dos que me são próximos é bastante alargada. E tenho, mesmo, alguns amigos que nasceram uma, duas, três ou mesmo quatro décadas antes de mim.

São homens a quem trato por tu, amigos próximos com quem partilho uma piada parva, membros da minha tribo perante quem baixo a guarda. A um ou outro chego a cumprimentar, sem pensar, com um abraço e um beijo na face - tal como sempre fiz e faço ao meu pai ou ao meu irmão de sangue. Alguns nada têm que ver com a maçonaria, mas mais de metade são meus irmãos maçons.

Diz-se que, em maçonaria, "se faz amigos de infância aos quarenta anos". Só posso falar por mim - e confirmar que senti isso mesmo. O que nunca imaginei foi que, aos quarenta anos, fizesse "amigos de infância" de sessenta, e de mais. De facto, das primeiras coisas que notei no dia da minha iniciação foi a variada gama de idades: havia um ou outro que ainda não tinha feito trinta anos, mas a maior parte estava entre os trintas e os quarentas - idade em que é mais frequente ingressar-se a Ordem - mas havia também uma boa quota de cabelo grisalho e branco. Hoje não dou por nada; somos todos irmãos, e todos nos tratamos da mesma forma: por tu, e com um respeito fraternal.

Entre gerações partilha-se histórias na primeira pessoa. Os mais antigos recordam tempos idos, explicam decisões passadas, mostram os erros cometidos permitindo que não tenhamos nós que os repetir. Os mais novos, por seu lado, instilam novo fôlego em assuntos batidos, vestem ideias vetustas com novas roupagens, e por ser novo para eles o que para os demais é já conhecido, mostram-no, por vezes, como se o fora pela primeira vez. A cumplicidade vai-se construindo, ano após ano. E os laços apertam-se, mesmo sem darmos por eles.

Imagino que também alguns dos mais maduros sintam que, aos setenta ou aos oitenta, fizeram amigos de infância que por mero acaso têm metade da idade deles. Especialmente a estes, e principalmente quando sabemos que precisam, fazemos por, mais do que estar apenas disponíveis, estar mesmo presentes - e não os deixar sozinhos; isto se, evidentemente, assim o desejarem, que a liberdade de cada um é princípio absoluto entre nós. Ao contrário do que sucedeu com o meu avô, espero que a nenhum deles demos razão para sentir que o último dos seus acabou de partir e os deixou para trás. E é por isto que sei que, quando estiver no seu lugar, só ficarei sozinho se assim o desejar.

Paulo M.