22 janeiro 2018
08 fevereiro 2016
Contradição fundamental
Publicado por Rui Bandeira às 12:00 4 comments
Marcadores: Deus, diversidade, dogma, espiritualidade, Grande Arquiteto do Universo, livre arbítrio, maçonaria, Maçonaria Regular, religião, Religiões, tolerância
16 novembro 2015
Um Maçon e a sua religiosidade (republicação)...
Hoje o texto que republico é da autoria de um Mestre Maçom pertencente ao quadro de obreiros da Respeitável Loja que acolhe este blogue e também ele mesmo, um membro do seu painel de autores, e que tem como confissão religiosa, o Islão.
E dado o que se passou nos últimos dias aqui perto em Paris, será interessante recordar o pensamento de um muçulmano, o Alexandre T..
Até porque não se deve nem se pode confundir a "árvore com a floresta"...
Pode um Maçon ser um Homem praticante de uma fé/crença?
Perguntas que muitos fazem, respostas que poucos as conseguem entender, pois por isso mesmo hoje decidi apresentar-vos a visão de um Maçon, face à sua vivência enquanto Maçon e enquanto Muçulmano.
O que diferencia um Maçon Muçulmano de ou outro qualquer Maçon, seja ele Cristão, Judeu, Deísta, Budista e ou apenas crentes no Grande Arquiteto Do Universo.
Deixo-vos a minha opinião suportada por uma vivência de um momento muito especial no que respeita à pratica Religiosa e a Observância Maçónica daqueles que são os princípios da Maçonaria, falo da Liberdade, da Igualdade, do Direito ao Livre Arbítrio, dos Bons Costumes e da Tolerância e Respeito.
O mês de Ramadão de 1435/2014.
- Um mês de Ramadão terminado!
- O dia de Eid al-Fitr comemorado!
E agora, agora vamos a mais um balanço:
Um mês de reflexão, de observação interior e de avaliação dos limites, limites esses que nem sempre julgamos poderem ser atingidos.
Um mês de auto disciplina física e intelectual, um mês onde acima de tudo a mente esteve, tanto quanto possível, apenas fixada no bem, na família, nos amigos, na partilha, no fazer o bem e deixar de lado todas as intenções e pretensões pessoais, ou seja um mês de trabalho individual para melhorar a minha postura, ação e atitude face ao colectivo e à sociedade.
Pois bem, do ponto de vista pessoal e é isso que interessa, pois cada um deve começar o trabalho por si mesmo e nunca pelos outros, digo-vos que o meu Ramadão foi completado a 100%.
No que respeita à convicção de fé/crença essa sai reforçada, olhando à mesma como um processo de evolução e aperfeiçoamento pessoal, no entanto esclareço que neste tema de fé/crença, cada um tem o direito em optar pelo processo/caminho que bem entender, desde que essa seja a sua vontade e opção feita de forma livre e consciente.
Esta minha escolha é mais um processo, adicionado a outros, com o qual me sinto bem e através do qual tenho vindo a reforçar as minhas convicções, enquanto Homem Livre e de Bons Costumes (assim espero ser reconhecido) o qual me tem ajudado a percorrer esta minha caminhada.
O que me torna diferente dos outros, findo o Ramadão?
Exactamente “NADA”, não consigo encontrar nada que me diferencie de todos os Meus Irmãos Maçons, sejam eles Cristãos, Judeus, Deístas, Budistas e ou apenas crentes no Grande Arquiteto Do Universo.
Em nada e em caso algum tenho o direito, ou posso sentir-me diferente, seja para melhor e ou para pior, apenas porque escolhi este ou aquele caminho, reconheço hoje, tal como sempre fiz, todos os Meus Irmãos de igual forma, sem qualquer diferença originada por qualquer Credo, Estatuto Social, Convicção Ideológica, Clubismo Desportivo e ou Opção Filosófica.
Depois desta caminhada chego à conclusão que na minha fé/crença, bem como todos os rituais e práticas executadas, em nada me tornam diferente e têm apenas os seguintes objetivos:
1 Tornar o Homem mais Humilde e menos Egocêntrico, pois a prática de nos dirigirmos ao Grande Arquiteto Do Universo, tem como principal objectivo tornar-nos mais Humildes aquando lidamos com todas as formas de vida, por Ele criadas.
2 Tornar o Homem totalmente consciente de que esta Caminhada (Vida) é apenas uma etapa de aprendizagem e que por isso mesmo devemos de olhar muito mais para o que está ao nosso lado e não apenas para o reflexo da nossa própria imagem no Espelho, pois quando a Luz se extingue também o nosso reflexo nos abandona e ai só quem está ao nosso lado e DEUS/YHVH/ALLAH, nos pode dar a mão.
3 Tornar o Homem mais consciente daquilo que são as necessidades de todos aqueles que jejuam permanentemente para lá do Ramadão, os quais jejuam infelizmente porque não tem meios para se poder alimentar, vestir e ou ter uma habitação condigna.
4 Tornar o Homem mais “Homem” e menos “Entidade Divina”, POIS neste período todos são elevados à mesma condição, O Rico, O Pobre, O Doutor, O Ignorante, O Inteligente, O sem Curso Superior, O Sacerdote, O Crente, O Homem e A Mulher, todos, mas mesmo todos, são iguais, todos passam pela mesma privação independentemente daquilo que são perante, ou aparentam ser, independentemente dos Rótulos e Medalhas com que se apresentam, ou se possam vir a apresentar no seu dia-a-dia Profano e ou Sagrado.
Por isso findo este processo apenas quero deixar um registo de desejo:
Que O Grande Arquiteto Do Universo nos proteja a todos das Trevas que vamos encontrando ao Longo desta nossa Caminhada (Vida), que a Luz do Sol, direta e ou na Lua refletida, nos Ilumine até que a Meia Noite do nosso Dia chegue e que lá no Oriente Eterno, onde todos nos voltemos a Reconhecer e a Reencontrar, sejamos o reflexo daquilo que aqui fizemos, pois lá seremos apenas mais uma Luz, junto de todas as outras, sem qualquer distinção, diferença e ou diferenciação.
Disse!
Alexandre T.
Publicado por Nuno Raimundo às 12:00 3 comments
Marcadores: liberdade de expressão, religião
29 julho 2014
Um Maçon e a sua religiosidade!
Pode um Maçon ser um Homem praticante de uma fé/crença?
Perguntas que muitos fazem, respostas que poucos as conseguem entender, pois por isso mesmo hoje decidi apresentar-vos a visão de um Maçon, face à sua vivência enquanto Maçon e enquanto Muçulmano.
O que diferencia um Maçon Muçulmano de ou outro qualquer Maçon, seja ele Cristão, Judeu, Deísta, Budista e ou apenas crentes no Grande Arquiteto Do Universo.
Deixo-vos a minha opinião suportada por uma vivencia de um momento muito especial no que respeita à pratica Religiosa e a Observância Maçónica daqueles que são os princípios da Maçonaria, falo da Liberdade, da Igualdade, do Direito ao Livre Arbítrio, dos Bons Costumes e da Tolerância e Respeito.
O mês de Ramadão de 1435/2014.
- Um mês de Ramadão terminado!
- O dia de Eid al-Fitr comemorado!
E agora, agora vamos a mais um balanço:
Um mês de reflexão, de observação interior e de avaliação dos limites, limites esses que nem sempre julgamos poderem ser atingidos.
Um mês de auto disciplina física e intelectual, um mês onde acima de tudo a mente esteve, tanto quanto possível, apenas fixada no bem, na família, nos amigos, na partilha, no fazer o bem e deixar de lado todas as intenções e pretensões pessoais, ou seja um mês de trabalho individual para melhorar a minha postura, ação e atitude face ao colectivo e à sociedade.
Pois bem, do ponto de vista pessoal e é isso que interessa, pois cada um deve começar o trabalho por si mesmo e nunca pelos outros, digo-vos que o meu Ramadão foi completado a 100%.
No que respeita à convicção de fé/crença essa sai reforçada, olhando à mesma como um processo de evolução e aperfeiçoamento pessoal, no entanto esclareço que neste tema de fé/crença, cada um tem o direito em optar pelo processo/caminho que bem entender, desde que essa seja a sua vontade e opção feita de forma livre e consciente.
Esta minha escolha é mais um processo, adicionado a outros, com o qual me sinto bem e através do qual tenho vindo a reforçar as minhas convicções, enquanto Homem Livre e de Bons Costumes (assim espero ser reconhecido) o qual me tem ajudado a percorrer esta minha caminhada.
O que me torna diferente dos outros, findo o Ramadão?
Exactamente “NADA”, não consigo encontrar nada que me diferencie de todos os Meus Irmãos Maçons, sejam eles Cristãos, Judeus, Deístas, Budistas e ou apenas crentes no Grande Arquiteto Do Universo.
Em nada e em caso algum tenho o direito, ou posso sentir-me diferente, seja para melhor e ou para pior, apenas porque escolhi este ou aquele caminho, reconheço hoje, tal como sempre fiz, todos os Meus Irmãos de igual forma, sem qualquer diferença originada por qualquer Credo, Estatuto Social, Convicção Ideológica, Clubismo Desportivo e ou Opção Filosófica.
Depois desta caminhada chego à conclusão que na minha fé/crença, bem como todos os rituais e práticas executadas, em nada me tornam diferente e têm apenas os seguintes objetivos:
1 Tornar o Homem mais Humilde e menos Egocêntrico, pois a prática de nos dirigirmos ao Grande Arquiteto Do Universo, tem como principal objectivo tornar-nos mais Humildes aquando lidamos com todas as formas de vida, por Ele criadas.
2 Tornar o Homem totalmente consciente de que esta Caminhada (Vida) é apenas uma etapa de aprendizagem e que por isso mesmo devemos de olhar muito mais para o que está ao nosso lado e não apenas para o reflexo da nossa própria imagem no Espelho, pois quando a Luz se extingue também o nosso reflexo nos abandona e ai só quem está ao nosso lado e DEUS/YHVH/ALLAH, nos pode dar a mão.
3 Tornar o Homem mais consciente daquilo que são as necessidades de todos aqueles que jejuam permanentemente para lá do Ramadão, os quais jejuam infelizmente porque não tem meios para se poder alimentar, vestir e ou ter uma habitação condigna.
4 Tornar o Homem mais “Homem” e menos “Entidade Divina”, POIS neste período todos são elevados à mesma condição, O Rico, O Pobre, O Doutor, O Ignorante, O Inteligente, O sem Curso Superior, O Sacerdote, O Crente, O Homem e A Mulher, todos, mas mesmo todos, são iguais, todos passam pela mesma privação independentemente daquilo que são perante, ou aparentam ser, independentemente dos Rótulos e Medalhas com que se apresentam, ou se possam vir a apresentar no seu dia-a-dia Profano e ou Sagrado.
Por isso findo este processo apenas quero deixar um registo de desejo:
Que O Grande Arquiteto Do Universo nos proteja a todos das Trevas que vamos encontrando ao Longo desta nossa Caminhada (Vida), que a Luz do Sol, direta e ou na Lua refletida, nos Ilumine até que a Meia Noite do nosso Dia chegue e que lá no Oriente Eterno, onde todos nos voltemos a Reconhecer e a Reencontrar, sejamos o reflexo daquilo que aqui fizemos, pois lá seremos apenas mais uma Luz, junto de todas as outras, sem qualquer distinção, diferença e ou diferenciação.
Disse!
Alexandre T.
Publicado por Anónimo às 17:02 0 comments
Marcadores: liberdade de expressão, religião
01 outubro 2012
Integração e tolerância
Publicado por Paulo M. às 00:51 3 comments
Marcadores: religião, tolerância
18 junho 2012
O que se faz numa sessão maçónica - II
Publicado por Paulo M. às 01:06 4 comments
Marcadores: fraternidade, Maçonaria explicada, política, religião
16 maio 2012
Pode um católico ser maçom?
Lição a tirar desta polémica? O fundamentalismo religioso é tão irrazoável e tão perigoso sendo cristão, católico ou de outra orientação espiritual, como islâmico. Que ninguém disto se esqueça!
Publicado por Rui Bandeira às 12:00 11 comments
Marcadores: espiritualidade, Igreja Católica, maçonaria, religião
19 dezembro 2011
Liberdade e tratamento da doença
Publicado por Paulo M. às 05:18 2 comments
18 outubro 2010
Como se pode - ou não - falar de religião em loja
Publicado por Paulo M. às 23:59 10 comments
Marcadores: Cadeia de união, Grande Arquiteto do Universo, Maçonaria explicada, Maçonaria Liberal, Maçonaria Regular, religião
18 agosto 2010
Religião e espiritualidade
Ocorreu que boa parte dos atletas não saiu do ônibus que os levou.
Entre estes, Robinho (26a), Neymar (18a), Ganso (21a), Fábio Costa (32a), Durval (29a), Léo (24a), Marquinhos (28a) e André (19a), todos ídolos super-aguardados.
O motivo teria sido religioso, a instituição é espírita, o Lar Espírita Mensageiros da Luz, de Santos-SP, cujo lema é Assistência à Paralisia Cerebral
Visivelmente constrangido, o técnico Dorival Jr. tentou convencer o grupo a participar da ação de caridade. Posteriormente, o Santos informou que os jogadores não entraram no local simplesmente porque não quiseram.
Dentro da instituição, os outros jogadores participaram da doação dos 600 ovos, entre eles, Felipe (22a), Edu Dracena (29a), Arouca (23a), Pará (24a) e Wesley (22a), que conversaram e brincaram com as crianças.
Eis que o escritor, conferencista e Pastor (com P maiúsculo) ED RENÉ KIVITZ, da Igreja Batista de Água Branca (São Paulo), fez uma análise profunda sobre o ocorrido e escreveu o texto abaixo que tenho o prazer de compartilhar.
A religião está baseada nos ritos, dogmas e credos, tabus e códigos morais de cada tradição de fé. A espiritualidade está fundamentada nos conteúdos universais de todas e cada uma das tradições de fé.
Quando você começa a discutir quem vai para céu e quem vai para o inferno; ou se Deus é a favor ou contra à prática do homossexualismo; ou mesmo se você tem que subir uma escada de joelhos ou dar o dízimo na igreja para alcançar o favor de Deus, você está discutindo religião. Quando você começa a discutir se o correto é a reencarnação ou a ressurreição, a teoria de Darwin ou a narrativa do Gênesis, e se o livro certo é a Bíblia ou o Corão, você está discutindo religião. Quando você fica perguntando se a instituição social é espírita kardecista, evangélica, ou católica, você está discutindo religião.
O problema é que toda vez que você discute religião você afasta as pessoas umas das outras, promove o sectarismo e a intolerância. A religião coloca de um lado os adoradores de Allá, de outro os adoradores de Yahweh, e de outro os adoradores de Jesus. Isso sem falar nos adoradores de Shiva, de Krishna e devotos do Buda, e por aí vai. E cada grupo de adoradores deseja a extinção dos outros, ou pela conversão à sua religião, o que faz com que os outros deixem de existir enquanto outros e se tornem iguais a nós, ou pelo extermínio através do assassinato em nome de Deus, ou melhor, em nome de um deus, com d minúsculo, isto é, um ídolo que pretende se passar por Deus.
Mas, quando você concentra sua atenção e ação, sua práxis, em valores como reconciliação, perdão, misericórdia, compaixão, solidariedade, amor e caridade, você está no horizonte da espiritualidade, comum a todas as tradições religiosas. E quando você está com o coração cheio de espiritualidade, e não de religião, você promove a justiça e a paz.Os valores espirituais agregam pessoas, aproxima os diferentes, faz com que os discordantes no mundo das crenças se deem as mãos no mundo da busca de superação do sofrimento humano, que a todos nós humilha e iguala, independentemente de raça, gênero, e inclusive religião.
Em síntese, quando você vive no mundo da religião, você fica no ônibus. Quando você vive no mundo da espiritualidade que a sua religião ensina ou pelo menos deveria ensinar, você desce do ônibus e dá um ovo de páscoa para uma criança que sofre a tragédia e miséria de uma paralisia mental.
Publicado por Rui Bandeira às 12:00 16 comments
Marcadores: espiritualidade, religião
23 julho 2010
A Guerra Civil Inglesa (ou porque não se discute política ou religião em Loja)
A Guerra Civil Inglesa, iniciada em 1642 entre Monárquicos, partidários do rei Carlos I de Inglaterra e Parlamentaristas, liderados por Oliver Cromwell foi, na sua essência, uma luta entre a Igreja estabelecida, apoiada pela nobreza (que pretendia ver o seu poder perpetuado) e protestantes puritanos radicais, oriundos de uma classe média emergente, desejosos de se governar a si mesmos. A guerra só terminaria sete anos depois, com a condenação de Carlos I à morte e a tomada do poder por Cromwell e pelos puritanos. Não obstante Carlos I ter sido mal amado pelo seu povo e não ter propriamente deixado saudades, bastou menos de uma década de um estilo tirânico e sangrento de governação com Cromwell à cabeça para que os ingleses quisessem a sua monarquia de volta. Carlos II foi coroado em 1661 e, ao contrário do seu pai, era um homem bem mais interessado na ciência e na razão do que na perseguição religiosa. Abriu, assim, as portas para uma nova era, uma era que iria acolher favoravelmente os novos princípios da Maçonaria Especulativa.
Um dos piores aspetos desta guerra foi ser um conflito de irmão contra irmão, vizinho contra vizinho, amigo contra amigo. Esta terrível circunstância afetaria o futuro e a filosofia da Maçonaria até aos nossos dias. Foi assim que, em 1717, quando a primeira Grande Loja foi formada em Londres, foram estabelecidas regras pouco usuais. Em primeiro lugar, proibiu-se a discussão de religião: as reuniões não seriam interrompidas por argumentos entre católicos, anglicanos, puritanos e protestantes. Enquanto os membros acreditassem em Deus, a sua fé não seria questionada. Em segundo lugar, as batalhas políticas entre monárquicos e parlamentaristas - que tinham dado origem à guerra civil - não seriam toleradas: os maçons estavam determinados a sobreviver às questões que haviam devassado o seu país, e a impedir que quem quer que fosse os pudesse acusar de heresia ou de traição. Em seu lugar, as Lojas insistiam no estabelecimento de laços fraternais entre os seus membros. Ficava, de igual modo, estabelecido um valor muito querido à Maçonaria: a tolerância.
Eis as razões históricas da proibição da discussão de política ou religião em Loja. A Maçonaria Regular tem - muito tradicional e britanicamente, poderíamos dizer - tendência para ser avessa a grandes "inovações", e para se ater àquilo que o tempo confirmou como sendo adequado. Não houve, até agora, razão bastante para se reverter essas proibições - pelo que estas ainda vigoram.
Em muitas Lojas - como na Loja Mestre Affonso Domingues - essa regra não é interpretada no sentido de ser vedada a referência a qualquer tema político ou religioso, mas antes no sentido de proibir qualquer controvérsia ou discussão sectária ou confessional, ideológica ou partidária, que divida a Loja em "lados", em "partidos" e em "partes" que tenham por denominador comum a convicção, a crença ou a ideologia de cada um. Pode, assim, discutir-se se determinada medida política concreta será melhor ou pior, mas sem que nunca se questione - ou se mencione, sequer - partidos ou correntes ideológicas; assim como se pode apresentar um trabalho sobre uma determinada religião, mas sem que seja admissível que a mesma seja criticada. Outras Lojas entendem diversamente, e aplicam uma interpretação mais estrita, abstendo-se de qualquer referência a um e outro tema. Não posso fechar este assunto sem referir a Maçonaria Liberal - de inspiração francesa - em que estas restrições não existem de todo. Saliento, por fim, que estas proibições se referem apenas aos trabalhos em Loja e que, fora destes, qualquer maçon pode pronunciar-se como entenda sobre o que tenha por conveniente.
Paulo M.
Publicado por Paulo M. às 21:00 10 comments
Marcadores: da, Guerra, Maçonaria explicada, política, religião, Silêncio
14 abril 2010
A Maçonaria não é uma religião
Sendo a Respeitável Loja um espaço sagrado, para os maçons, um espaço onde se executam determinados rituais (agora não em causa) e um templo, não será a Maçonaria, ela mesmo, uma religião?
Não será a fusão das várias religiões, profanas, na cultura de um único grande Arquitecto, também um movimento orgânico de criação de uma religião própria, em alternativa às várias confissões, religiões existentes?
Não será esta uma forma de criar uma religião alternativa, agarrada a um lema, “profano”, da necessidade de o homem se tornar livre, honrado e mais culto, uma forma de “angariar novos membros para essa tal e hipotética nova religião?
As perguntas colocadas e as respostas que tenho para elas fazem-me lembrar uma peça processual que há muitos anos vi, escrita por um antigo, patusco e bem-humorado Advogado, uma contestação a uma ação em que eram alegados três factos. Escreveu então o meu bem-humorado Colega:
Art. 1.º: Não.
Art. 2.º: Não.
Art. 3.º: Não.
Art. 4.º: Resumindo: não, não e não!
Já sabe M. A. quais as minhas respostas às três perguntas! Mas, obviamente que não vou ser tão sintético como o meu bem~humorado Colega.
Não, a Maçonaria não é, nem pretende ser, uma religião. Não prega, não detém, não apregoa, não oferece, qualquer Salvação. A Religião é a ligação entre os homens e o Divino. A Maçonaria Regular limita-se - e muito é! - a buscar a melhoria dos homens que crêem no Divino.
A Religião é o conjunto de preceitos seguido por um crente para se ligar, ascender, ao Divino. A Maçonaria não intemedeia entre o Homem e o Divino, destina-se unicamente ao Homem, enquanto tal. É um meio, um método, um ambiente destinado a favorecer o aperfeiçoamento, a melhoria, o crescimento, dos homens crentes. Mas cada um seguindo a sua crença, a sua religião, e nos termos em que entende praticá-la.
A Maçonaria nasce na Europa cristã. É completa e absolutamente teísta e cristã, na sua origem. Perante as lutas, dissensões, querelas, entre católicos e protestantes, fez ressaltar esta simples verdade: uns e outros criam no mesmo Deus, sendo insano matarem-se uns aos aos outros em nome das suas diferentes formas de se relacionarem com o mesmo Deus. Esta base cristã demorou poucos anos a alargar-se ao judaísmo: também o Deus da religião judaica é o mesmo... E seguidamente a lógica impunha o alargamento ao islamismo: o Deus permanece o mesmo, o nome é que muda, as culturas é que divergem. E, partindo-se de uma base monoteísta, em que existe um único Deus, qualquer que seja a sua designação, racionalmente é indiferente que outras religiões (hinduísmo, por exemplo) sejam politeístas: para o monoteísta, o politeísmo mais não é do que diferentes manifestações do mesmo e único Deus...
Sobre a base teísta, acrescenta-se posteriormente e admite-se também o crente deísta, isto é, aquele que prescinde da intermediação da Revelação, da igreja, do sacerdote, na sua relação com o Divino, aquele que crê poder estabelecer essa relação sem necessidade dessa intermediação. A partir do momento em que a maçonaria se alarga até este ponto, admite no seu seio qualquer crente, qualquer que seja a sua crença individual. Deixa portanto de ser essencial qualquer conceção de Criador, do Divino. Porque reconhecida a liberdade individual de crença, é a crença individual que conta. Uma ponte a todos une: a crença de que somos mais do que mera carne e ossos e sangue e miolos, a crença que somos também, ou quiçá principalmente, espírito, que sobreviverá à extinção da chama da vida na carne, nos ossos, no sangue e nos miolos. O que essencialmente conta é portanto a crença na permanência da dimensão espiritual do Ser, chame-se ela vida para além da vida, reencarnação, ressurreição, nirvana - o que for. Assim a tónica se estende à espiritualidade, inclusiva, por exemplo, dos budistas.
Não, a Maçonaria não é uma religião. É um espaço comum de crentes em todas as religiões, organizadas ou individualmente sentidas. É um espaço comum de convívio, de fraternidade e, sobretudo, de instrumento para o aperfeiçoamento de cada um, segundo a sua crença, a sua vontade, o seu caminho.
Rituais não são exclusivos de religião. Rituais existem em muitas Tradições não religiosas (rituais de passagem, de acesso à idade adulta, por exemplo). Templo é apenas designação, nada mais.
Nada se pretende ou cria em alternativa a nada. Acentua-se o que de bom em todas as religiões existe. Mostra-se o que de essencialmente semelhante em todas elas há. Deixa-se as particularidades das diferenças para as práticas particulares de cada um. A Maçonaria não é a religião das religiões. É, se se quiser, o primeiro espaço ecuménico, em que os crentes das diversas religiões desde sempre puderam confraternizar e aperfeiçoar-se, nos aspetos comuns, sem se deixarem perturbar ou afetar pelas diferenças. É portanto um espaço em que a diferença é assumida, apreciada e valorizada. Nada se funde. Tudo se aceita no que contribui para os demais.
Não se pretende criar alternativas a nada. Dentro do quadro do que existe e do que cada um livremente crê e aceita, procura-se aproveitar de cada um o que de útil possa dar aos demais, recebendo cada um dos demais o que para si tenha de útil. Tão simples...
Tão simples afinal como o ovo de Colombo. Só que, conta a historieta, antes de Colombo ninguém se tinha lembrado de tão simples forma de pôr o ovo em pé...
Rui Bandeira
Publicado por Rui Bandeira às 12:00 5 comments