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08 julho 2008

Escada em caracol

Um Companheiro Maçon do Estado de São Paulo enviou-me uma simpática mensagem de correio electrónico, na qual vinha incluído o seguinte pedido:

Gostaria de ler algum comentário do prezado Irmão, sobre a Escada em Caracol. Pretendo apresentar um trabalho sobre a mesma em Loja, e suas idéias poderiam me auxiliar na sua execução.

A escada em caracol não é propriamente um dos símbolos que tenha chamado a minha atenção. Normalmente é referido como tendo um significado simbólico muito directo, que acaba por ser ofuscado pela primazia do estudo do Homem, das Artes e das Ciências, estádio especialmente recomendado para ser objecto dos esforços do Companheiro maçon.

Este pedido deixou-me, assim, a modos que descalço... Que escrever sobre o tema? Fiz uma busca electrónica e encontrei quatro referências que, sendo parcas, provavelmente abarcam os principais aspectos deste símbolo. Como não gosto de me enfeitar com penas alheias, não vou elaborar um texto com base no que recolhi nesta busca. Em vez disso, é porventura mais útil e seguramente mais transparente publicar aqui citações do que encontrei, obviamente referenciando a origem.

ESCADA CARACOL

Mostra a difícil trajetória do Companheiro. Com seus degraus em espiral ela representa a dificuldade em subir, aprender e auto aperfeiçoar-se, mostrando que a evolução não se desenvolve de uma forma constante e retilínea. Ela tem seus altos e baixos. Sua persistência em busca da luz, será a recompensa, pois atingirá o topo da escada.

(retirado de http://jaburucab.vilabol.uol.com.br/simbolismo.html)

A Escada que vem a continuação é uma Escada de caracol para simbolizar que a ascensão do Maçom não é nada fácil. Lembrando o Salmista, só subirá a Montanha do Senhor quem tiver as mãos limpas e o coração puro. Na página seguinte do Ritual do Comp\ vemos um detalhe da escada que mostra que a subida da escada recurvada é de três lances, respectivamente de três, cinco e sete degraus. Os três primeiros degraus correspondem ao Prumo, Nível e Esquadro e que o Comp\ já conheceu no 1er Gr\

Depois temos os degraus que lembram os cinco sentidos: ouvir, ver, apalpar, cheirar e provar. Ragon fala que as cinco viagens lembram filosoficamente os cinco sentidos, que são fiéis companheiros do homem e seus melhores conselheiros nos julgamentos que ele deve fazer; um sentido pode se enganar; os cinco sentidos, jamais; toda sensação é uma percepção que supõe a existência de uma retidão. Para Luis Umbert Santos é a primeira viagem que está consagrada aos cinco sentidos. Oscar Ortega (Chile) também coincide que a primeira viagem tem relação com o objetivo e o substancial e, por tanto, lhe é assinalado a interpretação dos 5 órgãos dos sentidos. O desenhista colocou nestes 5 degraus um corrimão sustentado por 5 colunas cada uma delas correspondente a uma ordem grega diferente, e assim temos uma coluna toscana, dórica, jónica, corinthia e uma compósita; elas representam as cinco ordens nobres da arquitetura antiga. No primeiro grau foram estudadas em detalhe o referente às colunas jónica, dórica e corínthia. A ordem compósita ou composta, como indica seu nome usa elementos dos capitéis das colunas jónica e corínthia, a coluna compósita lembra o Or\ que reúne as proposições das discussões em L\ conciliando-as e “fechando o triângulo”; a toscana, a diferença das outras quatro, é italiana, originaria da antiga Etruria, que formou na História um grande ducado anexado em 1860 ao reino da Itália; a ordem toscana é reconhecida como a mais simples e sólida das cinco ordens de Arquitetura; o dossel do trono do Ven\ M\ é sustentado por duas colunas toscanas.

O terceiro lance da escada é de sete degraus e cada um deles representa uma das sete artes e ciências do mundo antigo: Gramática, Retórica, Lógica, Aritmética, Geometria, Música e Astronomia; após completar os três lances de 3, 5 e 7 degraus é que o Comp\ chega à C\ do M\

(retirado de http://www.freemasons-freemasonry.com/segundo_grau.html)

Deste modo cada um de nós tenta também, fazer uma “reconstituição” material do Templo de Salomão, pois na Maçonaria, esse Templo é tão apenas e acima de tudo, um símbolo, apesar de ser um símbolo de um alcance magnífico, designadamente “o Templo ideal jamais terminado”, o templo em que cada maçon é uma das sua pedras, preparada sem machado, nem martelo, no silêncio da meditação.
Nele sobe-se aos seus andares por escadas em caracol, por “espirais”, que indicam ao Iniciado que é nele mesmo, é voltando-se sobre si mesmo, que ele poderá atingir o ponto mais alto, que constitui o seu objectivo de evolução.

(retirado de http://gremioestreladalva.blogspot.com/2006/09/o-templo-de-salomo.html)

Contudo rejeitará o mito da existência da Maçonaria ao tempo de Salomão. É lição de Jules Boucher contido na célebre A Simbólica Maçônica – segunda as regras da simbólica esotérica e tradicional (trad. de Frederico O. Pessoa de Barros, Ed. Pensamento, S. Paulo, 9ª. Ed., 1993, p.152): os maçons não tentamos reconstruir materialmente o Templo de Salomão; é um símbolo, nada mais – é o ideal jamais terminado, onde cada maçom é uma pedra, preparada sem machado nem martelo nos silêncio da meditação. Para elevar-se, é necessário que o obreiro suba por uma escada em caracol, símbolo inequívoco da reflexão. Tem por materiais construtivos a pedra (estabilidade), a madeira do cedro (vitalidade) e o ouro (espiritualidade). Para o maçom, ensina Boucher, “o Templo de Salomão não é considerado nem em sua acepção religiosa judaica, mas apenas em sua significação esotérica, tão profunda e tão bela”.

(retirado de http://www.estrela.rudah.com.br/modules/news/print.php?storyid=15)

Destes textos, ressaltam, pois, as noções da dificuldade do trabalho do maçon, das etapas em que este é dividido e desenvolvido, que o que o maçon deve buscar se encontra dentro de si mesmo, da reflexão e da sua indispensabilidade no trabalho de aperfeiçoamento do maçon.

Duas breves notas: a primeira, para frisar que os diferentes lanços das escadas, com 3, 5 e 7 degraus podem ser interpretados conforme a segunda citação supra, mas também pode deles retirar-se outras interpretações, designadamente referentes ao grau de desenvolvimento do maçon em função do seu grau, do seu tempo de estudo, enfim da sua idade na Maçonaria. Como é frequente, os símbolos não são unívocos na sua interpretação. Mais do que receber e apropriar-se das interpretações feitas por outrem, por muito estudioso que seja, deve cada maçon meditar ele próprio no significado de cada símbolo e adoptar o que, segundo a sua mentalidade, o seu desenvolvimento, o seu entendimento, tiver por mais adequado. Os Mestres guiam-nos, não nos impõem caminhos!

A segunda para alertar que a escada em caracol não deve ser confundida com a escada de Jacob, símbolo eminentemente cristão, que pretende figurar a Revelação, a ligação entre os Homens e Deus, através da qual a Terra e o Céu se uniriam e por onde desceriam os dogmas divinos revelados aos homens e ascenderia o espírito humano, no seu anseio de se unir a Deus. Este é um símbolo claramente religioso. Aquele respeita ao trabalho e à acção do homem, na sua busca de aperfeiçoamento.

Rui Bandeira