Passaram já cinco anos, 1.826 dias e 1.826 noites, considerando que um desses anos foi bissexto, mas a recordação do horror permanece tão nítida que nos custa a crer que cinco anos tenham já decorrido.
Hoje, é dia de homenagear as vítimas, mas também de reflectir sobre esta barbárie e as suas consequências.
O 11 de Setembro constituiu o aparecimento de uma até então inexistente estratégia de terrorismo global. Pouco importa quem é vitimado, onde caem as vítimas. O que importa é destruir e matar de forma brutal, mas sobretudo espectacular, fazendo crer a todos a cada um que pode estar entre as próximas vítimas, esteja onde estiver, faça o que fizer. Aos aviões do 11 de Setembro, seguiram-se os comboios de Atocha e o metropolitano e o autocarro de Londres (sempre a dia 11...), só para falar do Ocidente; mas também a discoteca da Indonésia e oa atentatos na Turquia, na Índia, no Paquistão, em Marrocos e por aí fora, em macabra pontuação do mapa do planeta.
Esta estratégia de terrorismo global , seguida por extremistas de que nem sequer conseguimos entender devidamente as linhas de pensamento, se é que estes energúmenos também pensam, obriga-nos a todos a reflectir e a evitar o erro de reagir epidermicamente.
Em primeiro lugar, temos de ter a Lucidez de entender que os Muçulmanos e a religião muçulmana não têm nada a ver com esta patética estratégia de terror. Este Terror deve-se a extremistas que invocam abusivamente a religião islâmica, mas que, ao invés de a seguirem, a atraiçoam e violam os seus princípios. Porque, ao contrário do que estes sectários assassinos invocam, a religião islâmica é uma religião de Paz e Tolerância, não o acervo de violência, terror, intolerância e malvadez que esta cambada de sociopatas proclama. Basta ler o Corão para o perceber.
Em segundo lugar, temos de ter a Firmeza de exigir que as necessidades de Segurança sejam sempre compatibilizadas com a Democracia e a Liberdade. A necessidade de nos defendermos destes bandos de psicopatas pseudo-religiosos pode implicar, e necessariamente que implica, a adopção de medidas de Segurança, de Controlo, de Investigação, que são excepcionais e que, de alguma forma ponham entre parentesis as Liberdades Civis. Mas importa que fique sempre salvaguardado que a Segurança não revoga a Liberdade. Pode ser necessário derrogá-la em situação de emergência, por períodos e por forma limitados. Mas todas as medidas tomadas devem ser, seguidamente, sujeitas ao escrutínio de um Tribunal e por ele validadas ou, se for caso disso, revogadas. Prioridade à Segurança quando tal se mostre necessário. Mas, passada a crise, retomam-se as regras normais de controlo e de garantia das Liberdades Civis (incluindo o direito de defesa, mesmo de quem integre essas cáfilas de trogloditas). Porque nós não somos iguais a eles. Porque entendemos a necessidade de Segurança, mas não prescindimos da Liberdade nem da Democracia. Porque não admitimos, nem nunca admitiremos que, pela via indirecta da nossa capitulação, aquelas quadrilhas de bárbaros vençam!
Em terceiro lugar, não podemos prescindir nunca da Esperança de que, no fim, a Democracia, a Liberdade e o Progresso acabarão por vencer e estes vermes infra-humanos não conseguirão impor as suas grotescas hipóteses de ideias.
Devemos isso às vítimas do Terror e a nós próprios!
Rui Bandeira