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03 novembro 2011

A pequena idade do gelo



A segunda metade do primeiro milénio da nossa era foi uma época de crescente prosperidade, que culminou no período entre os século XI e XIII. No seu apogeu, a vimos surgir na Europa as primeiras universidades, as primeiras cruzadas e a Magna Carta. Contudo, logo no século XIV a peste negra devassa a Europa, e durante cerca de quatro séculos viveu-se um período mais difícil. Sabemos o que se passou depois: entre 1775 e 1848 surge a "Idade das Revoluções", que alteraram o paradigma de governação, dando as monarquias absolutistas lugar às repúblicas e estados constitucionais. Era o tempo do Iluminismo, o século das Luzes, que iniciou um ciclo de permanentes e aceleradas transformações que não se fechou ainda.

Na figura acima podemos ver um gráfico estimado das temperaturas médias no hemisfério Norte no último milénio. É clara a diminuição de temperatura que se verificou especialmente entre 1500 e 1700. A figura não tem escala, mas estamos a falar de uma diferença da temperatura média, entre o máximo verificado por volta do ano 1300 e o mínimo por volta do ano 1600, de cerca de um grau Celsius. Muito pouco, dir-se-á.  Todavia, esse pouco foi o suficiente para a Gronelândia, povoada pelos Viquingues por volta do século XIV, viesse a ser praticamente abandonada trezentos anos depois, e o rio Tamisa gelasse no inverno durante o período mais frio, o que não sucedia antes nem sucede agora. Também causou, como se poderia esperar, visíveis e apreciáveis revezes nas colheitas agrícolas.

Não se sabe quais as causas desta diminuição de temperatura, mas supõe-se que possa ter sido causada por  uma diminuição da atividade solar que igualmente se constatou nesse período. Também não se pode demonstrar que a diminuição da temperatura esteve na origem de um aumento da fome e da pobreza, e por isso de maior instabilidade social, que veio a culminar nas revoluções dos séculos XVIII e XIX. Mas é credível que assim tenha sucedido.

Temos uma enorme tendência para ver o mundo pelos olhos da nossa própria espécie. Todavia, se virmos o que sucede a uma cultura de bactérias quando é objeto de aumentos ou diminuições de temperatura, constataremos que os efeitos são bastante semelhantes aos efeitos das mesmas alterações sobre os humanos. Nesta placa de Petri que habitamos, basta uma pequena flutuação de temperatura para causar aumentos ou diminuições da população, períodos de carestia ou prosperidade, ou alternância entre estabilidade política e revoluções.

Paulo M.

http://en.wikipedia.org/wiki/Little_Ice_Age
http://en.wikipedia.org/wiki/Causes_of_the_French_Revolution
http://stepwilh.blogspot.com/2010/07/hockey-stick-graph.html

06 março 2009

6ª feira X fim de Semana

Hoje é 6ª feira, dia de Euromilhões...

Se fosse a Vocês não falharia, jogava mesmo, e forte, a ver se sai o Euromilhões e se também conseguem ficar "excêntricos".

Eu é o que farei, pois então !!!

E se ficar excêntrico vão ter que me aturar (é uma ameaça, não é uma promessa !)

Bem, excêntrico já eu estou, com o centro de gravidade deslocado para uma zona impensável há uns anos (!), mas não é essa excentricidade que me entusiasma, é a outra, aquela que, a acontecer, me vai permitir comprar este blog e pô-lo só com folclore... de Trás-os-Montes pois claro !

Entretanto, e até porque essas cabecinhas pensadoras andam muito à boa vida, aqui vai um "boneco" para entreter... e pensar.

Já em pequenino me tinham que fazer bonecos para eu perceber, mas não estou só, não. E esse é o mal, porque um só ainda se come, mas começando a ser muitos é uma chatice. E a precisar de bonecos para perceber, de facto, há muitos. Há mesmo muitos... muitos... E se um já é demais, o que acontece quando são muitos ? E se se juntam todos ? É outra chatice muito maior !

Vá lá, vejam o boneco a ver se percebem, e depois vão tomar banho... porcalhões... ao menos no fim de semana !

Grande abraço a todos e façam o favor de ser felizes. Limpinhos, já agora....

JPSetúbal

06 março 2008

Caldeirada (poluição)

Há tempos escrevi uma série de artigos sobre Maçonaria e Ambiente. Dois conceitos que aparentemente nada têm a ver um com o outro. Procurei mostrara alguns pontos de contacto possíveis. Hoje, numa escala bem mais ligeira, proponho-me demonstrar uma ligação ainda mais difícil de conceber: FADO E MEIO AMBIENTE!

A Antena 1 apresenta, um pouco antes das 13 horas, de segunda a sexta-feira, uma rubrica que genericamente se intitula Alma lusa. Nela, é transmitido, após um breve comentário do autor da rubrica, um fado - o género musical que o autor da rubrica entende (e eu concordo!) mais bem retratar a alma da lusa gente. Há dias, foi transmitido um fado, cantado pela grande Amália Rodrigues, que foi editado originalmente em 1977 e se encontra integrado em algumas colectâneas de fados por ela cantados.

Ora vejam lá como a preocupação pela conservação do Meio Ambiente e pela acção depredatória do mesmo pelo Homem também pode ser objecto de um Fado. Da autoria de Alberto Janes (autor também do muito mais conhecido fado "Foi Deus"), apreciem então a letra deste

CALDEIRADA (POLUIÇÃO)

Em vésperas de caldeirada, o outro dia,
Já que o peixe estava todo reunido,
Teve o guraz a ideia de falar à assembleia,
No que foi muito aplaudido

Camaradas: principia a ordem do dia!
É tudo aquilo que for poluição,
Porque o homem, que é um tipo cabeçudo,
Resolveu destruir tudo, pois então!

E com tal habilidade e intensidade
Nas fulguranças do génio,
Que transforma a água pura numa espécie de mistura,
Que nem tem oxigénio

E diz ele que é o rei da criação!
As coisas que a gente lhe ouve e tem que ser!
Mas a minha opinião, diz o pargo capatão,
Gostava de lha dizer!

Pois se a gente até se afoga!
Grita a moga, por o homem ter estragado o ambiente!
Dar cabo da criação, esse pimpão,
Isso não é decente!

Diz do seu lugar: tá mal!, o carapau,
Porque, por estes caminhos,
Certo vamos mais ou menos ficando todos pequenos,
Assim como “jaquinzinhos”

Diz então o camarão, a certa altura:
Mas o que é que nós ganhamos por falar?
Ó seu grande camarão, pergunta então o cação,
Você nem quer refilar?

Se quer morrer, diz a lula toda fula,
Com a mania da cerveja e dos cafézes,
Morra lá à sua vontade, que assim seja!,
Para agradar aos fregueses!

Diz nessa altura a sardinha prá taínha:
Sabe a última do dia? A pescadinha, já louca,
Meteu o rabo na boca,
O que é uma porcaria!

Peço a palavra! gritou o caranguejo,
Eu, que tenho por mania observar,
Tenho estudado a questão e vejo a poluição
Dia e noite a aumentar

Cai do céu a água pura
E a criatura pensa que aquilo que é dele é monopólio.
Vai a gente beber dela e a goela
Fica cheia de petróleo!

A terra e o mar são para o cidadão
Assim como o seu palácio.
Se um dia lhe deito o dente
Pago tudo de repente ou eu não seja crustáceo!

É um tipo irresponsável, grita o sável,
O homem que tal aquele!
Vai a proposta prá mesa: ou respeita a natureza,
Ou vamos todos a ele!

A preocupação com a conservação do meio ambiente não é de hoje. Há trinta anos já havia - imagine-se! - um fado que chamava a atenção para o tema. Quem disse que a alma lusa só acorda para os problemas tarde e a más horas?

Rui Bandeira

21 janeiro 2008

MAÇONARIA E AMBIENTE- Conclusão: Fazer diferença

Apelar às boas práticas de poupança e protecção do ambiente há muito quem faça. Ele é o grupo que trata das espécies ameaçadas, ele é a associação que denuncia as duzentas e cinquenta e sete mil e quinhentas maneiras de poluir a água, o ar, o solo e as mentalidades, ele é a organização que pugna pelos parques naturais...

Para chamar a atenção sobre a causa da protecção do ambiente existem muitas e variadas associações, organizações, comissões. Uns mais fundamentalistas, outros mais pragmáticos. Uns pugnando pelas energias renováveis, entre as quais a energia hídrica, outros lutando contra a construção de barragens produtoras de energia hídrica, em nome da preservação da Natureza mais natural, verde mais verde não há...

A conservação do ambiente está na moda! O aquecimento global parece que está aí e agora todos acordaram, despertados pelo toque do despertador da urgência do aqui-del-rei que o efeito de estufa vai estragar isto tudo, somos todos uns inconscientes que estamos a dar cabo dos futuros dos nossos netos e dos netos deles e o pior de tudo é que até mesmo o nosso futuro parece que não é brilhante...

A protecção do ambiente já está, mesmo, a servir de pretexto para grandes novos negócios, que a seu tempo irão substituir o declínio dos velhos negócios poluidores do ambiente. O ambiente, sua protecção e conservação é hoje pretexto para tudo e mais alguma coisa, disto e do seu contrário, daquilo e das perspectivas que aqueloutro abre. Reconhecê-lo não é minimizar o tema, é simplesmente ser realista.

No entanto, o certo é que, com ou sem fundamentalismos, com ou sem exageros, com ou sem negócios, com ou sem modas, é efectivamente necessário proteger o ambiente, propiciar a manutenção da maior diversidade biológica possível, procurando evitar a extinção de espécies, tentar não agravar e, se possível, diminuir o efeito de estufa, trabalhar para não agravar e, de preferência, diminuir a poluição aérea, aquática, dos solos e, sobretudo, das mentes. Não por causa do lince da serra da Malcata ou do tigre siberiano, mas por causa de um bicho muito mais problemático: o Homem! Não por causa da defesa da floresta pela floresta, mas pelo que ela representa para a manutenção possível do nosso modo de vida e da Civilização Humana. Não porque a Natureza é bonita e a Terra é um Planeta Azul, mas porque a Natureza é o nosso meio natural de sobrevivência e a Terra o nosso único porto de abrigo em todo o Universo - pelo menos por enquanto e por muito mais tempo, tanto quanto podemos prever.

A protecção e conservação do ambiente é, pois, mais do que a moda ou o negócio, uma necessidade.

Muitos - cada vez mais - vão disso estando conscientes e, por isso, muitas associações, fundações, comissões, organizações, grupos, comités, enfim, todo este mundo e mais um par de botas, tudo e todos, estão despertos e actuantes (ou, pelo menos, falantes...) sobre o tema.

Estando o tema na ordem do dia, havendo tantos e tão variados contributos sobre ele, que mais-valia neste campo pode afinal trazer a Maçonaria?

O que procurei demonstrar foi que, no meu entender, o contributo que a Maçonaria pode utilmente dar não é engrossar o caudal dos voluntarismos, das actuações avulsas ou organizadas, dos activismos. Esse caudal é já importante e importa, aliás, que não se transforme, por causa dos fundamentalismos militantes que aqui e ali nele flutuam, em torrente destruidora de tudo e de todos, em homenagem a um bacoco bucolismo.

O contributo que a Maçonaria pode dar é procurar identificar os grandes temas enformadores dos principais problemas ambientais, procurar para eles chamar a atenção, propiciar a investigação das soluções possíveis para a sua resolução.

Na minha muitíssimo modesta opinião, os três reais campos em que se impõe que a Humanidade trabalhe e encontre as soluções para a doença de que as alterações ambientais são apenas sintomas são a Demografia, a Energia e a Economia. Sem resolvermos o problema demográfico, sem resolvermos a dificuldade de suprir as necessidades energéticas da nossa civilização sem delapidarmos os recursos naturais, sem cumprirmos o verdadeiro objectivo da economia, que é o de suprir as necessidades de todos, podemos fazer todas as campanhas que quisermos, ter todos os voluntarismos de que formos capazes, mas não resolvemos o problema do Equilíbrio Ambiental.

Em meu entender, o papel da Maçonaria, neste como noutros planos, é o de deixar campo livre e aberto a quem olha, analisa, vê, cuida, protege e acarinha as árvores, dedicando-se antes a olhar para a floresta e a cuidar da sua preservação global.

Que os muitos outros que se preocupam com o ambiente cuidem dos detalhes, das minudências, das urgências, que também se impõe sejam cuidados. A Maçonaria deve congregar à identificação, estudo e resolução dos problemas que estão a montante da questão do ambiente e que, por isso, são a verdadeira causa da existência de um problema de Equilíbrio Ambiental

Assim se ganhará o Futuro. O Futuro que começa já amanhã!

Rui Bandeira

15 janeiro 2008

A Maçonaria X Ambiente

Estive estes últimos dias completamente fora do A-Partir-Pedra (claro, já sei que bem podia continuar, obrigado !) mas como o tema Maçonaria versus Ambiente se mantém resolvi incluir mais um apontamento.
De facto tenho mais algumas coisas que gostaria de preparar para ajudar à discussão, mas as coisas têm estado demasiadamente animadas cá pró meu lado, fazendo com que não tenha tido nem disposição, nem concentração, para acompanhar os nossos queridos colaborantes blogueiros (o Rui, o Bandeira, o R.Bandeira, o RB, … uma data deles!).

Entretanto apanhei alguns vídeos sobre a participação dos Maçons brasileiros na defesa da Amazónia.

A Maçonaria Regular do Brasil, organizada sob o Grande Oriente do Brasil não é de capinar sentada no que se refere à participação política e todos os dias recebo notícias sobre intervenções do GOB e/ou de Lojas estaduais (como eles dizem) em assembleias, comissões de estudo, participação em iniciativas legislativas, sendo que na maioria dos casos a participação é por convite como conselheiros.

As iniciativas de carácter filantrópico são mais que muitas, no ensino, na saúde, no apoio social de toda a ordem sendo responsáveis pela recuperação e manutenção de muitas pequenas povoações onde a vida seria degradante, não fosse a intervenção daqueles nossos Irmãos organizando e mantendo escolas, postos de saúde, pequenas indústrias e pólos de desenvolvimento artesanal.

A intervenção na defesa da Amazónia, que os vídeos retratam, tem uma face de defesa ambiental mas tem, também, uma clara e confessada faceta de defesa da independência territorial.
Para nós e para o tema presente interessa-me a luta declarada pela manutenção da selva amazónica, pulmão de um mundo que está com uma tosse cada vez mais cavernosa e com os pulmões todos infectados.
Vamos a ver se este “antibiótico” ainda vai a tempo.

JPSetúbal

14 janeiro 2008

MAÇONARIA E AMBIENTE: O paradigma do Valor

Para se trocar um bem por outro, há que calcular quanto vale cada um. Para facilitar o processo de troca, criou-se a moeda. A moeda é a referência do valor de todos os bens. A moeda, a troca, o mercado são os pés do tripé que sustenta a economia global.

Mas não é a moeda que estabelece o valor de um bem. É suposto que uma dada quantidade de moeda represente o valor de um bem. O Valor dos bens é intrínseco e logicamente anterior à sua expressão monetária.

O problema é que a nossa Civilização criou um paradigma de Valor que não é perfeito. O paradigma do valor que estabelecemos respeita à QUANTIDADE de algo que nele está inserido: quantidade de matéria, quantidade de trabalho nele introduzida, quantidade de custos necessários para o produzir e comercializar. Exemplificando: o valor de uma jarra corresponde ao valor da quantidade de material de que ela é composta, mais o valor do trabalho necessário para a fabricar, mais os custos de produção e comercialização da mesma (lucro dos diversos intervenientes no processo incluído). Por sua vez, o valor do material que compõe a jarra depende do valor unitário que é atribuído à respectiva substância: o ouro vale mais do que a prata, esta mais do que o cristal e este mais do que o vidro. Mais uma vez, a atribuição deste valor intrínseco depende da QUANTIDADE do material disponível. Há menos ouro do que prata, daí que aquele valha mais do que esta; o cristal incorpora mais substâncias (chumbo, designadamente) que o vidro e, portanto vale mais do que este, mas pode-se fabricar muito mais quantidade de cristal do que é possível obter de prata e muitíssimo mais do que existe de ouro, daí que o cristal valha menos do que a prata e muito menos do que o ouro.

Toda a economia se baseia no conceito de valor e o paradigma deste presta tributo essencialmente à QUANTIDADE, não tanto à QUALIDADE.

Mesmo nos campos em que aparentemente o valor das coisas depende da sua qualidade, se analisarmos bem, assim não é. O quadro dos Girassóis de Van Gogh vale o preço absurdo que vale não propriamente pela sua qualidade intrínseca, mas pela raridade de telas pintadas por Van Gogh e pela enorme desproporção entre a quantidade de pessoas que gostaria de ser proprietária desse quadro (eu incluído!) e o número de exemplares do mesmo: UM! Mas, se fosse apenas uma questão da QUALIDADE da imagem, então não se justificaria a enormíssima diferença de valor entre o original, cópias e reproduções...

Similarmente, assim se entende porque, quando morre um pintor famoso, aumenta exponencialmente o valor dos seus trabalhos. É que, enquanto o artista está vivo, pode continuar a produzir trabalhos e não se sabe quantos mais irá criar; quando morre, fica certo o número exacto de obras que produziu, que será sempre inferior ao número de pessoas que gostaria de possuir uma dessas obras. E, previsivelmente, no futuro, ocorrerá o fenómeno inverso: aumentará o número dos que almejam a possuir uma obra do artista e o número destas só pode variar no sentido da diminuição, na medida em que ocorra a destruição de algum trabalho. A QUANTIDADE de potenciais compradores é superior e aumenta; a QUANTIDADE de obras é inferior e é estável ou diminui; o VALOR das obras aumenta!

Ao basear-se o paradigma do Valor na QUANTIDADE, negligencia-se na incorporação do valor dos bens elementos que vamos colectivamente verificando que deveriam ser considerados. Qual a sustentabilidade, em termos ambientais, da produção desse bem? Quais os custos, em termos de poluição, de gasto energético, de biodiversidade, de..., de..., de..., que a produção e comercialização desse bem acarreta?

Ou, por outra via: QUANTO VALE O AR PURO?

Nem o valor do ar puro, nem o da biodiversidade, nem o da sustentabilidade energética, nem, de forma geral, os componentes, eminentemente QUALITATIVOS, dos valores ambientais incorporam o paradigma do Valor dos bens.

Para bem da saúde ambiental do planeta, convém que o paradigma do Valor mude, de forma a incorporar também estes elementos.

Também aqui a Maçonaria e os maçons podem ajudar. Os maçons interessam-se precisamente por temas e assuntos e matérias que não têm valor económico, mas apenas racional, moral ou espiritual. E prezam muito estes valores. E estão habituados a ponderá-los em todos os actos da sua vida. E devem procurar transmiti-los aos demais membros da Sociedade e, por essa via, contribuir para a melhoria desta. É também tempo de nos habituarmos a considerar também os valores ambientais, a apreciá-los, a ponderá-los em todos os actos da nossa vida, em transmiti-los aos outros membros da Sociedade.

Por essa via, ajudaremos à necessária mudança do paradigma do Valor. E esta mudança será uma das mais profundas que a Humanidade conseguirá. E vale um tesouro incalculável: a sobrevivência das espécies - no limite, a sobrevivência da NOSSA ESPÉCIE - em ambiente saudável e equilibrado.

Claro, um tesouro QUALITATIVAMENTE muito valioso! Mas, em bom rigor, só poderemos determinar exactamente quanto depois da mudança do paradigma do Valor...

Rui Bandeira

07 janeiro 2008

Variações sobre e=mc2

O simple elaborou um comentário ao textoMAÇONARIA E AMBIENTE: e=mc2 que merece ser puxado para o corpo principal do blogue, quer pelo seu interesse intrínseco, quer por suscitar várias questões. É algo longo e, com as considerações que o comentário me suscita, vai resultar num texto maior do que o habitual, mas acho que vale a pena ler.

O Rui, como nos tem habituado, começou bem e acabou melhor. De facto, estamos em plena fase de transição de uma forma de energia (o petróleo) para outra (sabe-se lá qual...) e temos que ser cautelosos com o rumo que tomarmos. Pelo meio, contudo, o Rui vacilou um bocadinho - não é a sua área, e não tem obrigação de a dominar com precisão. Vou tentar, já que o Rui abordou o assunto - que, reconheça-se, não é nada simples - aclarar um ou outro ponto.

Como descobriu Lavoisier, "nada se cria, nada se perde, tudo se transforma". Contrariamente ao que parece empiricamente, na combustão não há transformação de matéria em energia; o que há é libertação de energia por se passar de matéria de um estado "mais energético" para um outro "menos energético". Mas o que é que isso quer dizer? Queimar algo é como que deixar cair um peso de uma certa altura; a queda do peso liberta energia (que pode ser usada para gerar movimento, por exemplo) mas o peso não se transforma em energia; continua a pesar e a ser feito precisamente do mesmo. Para voltar a colocar o peso na posição inicial temos que dispender energia - pelo menos tanta, mas normalmente mais, do que aquela que ganhámos ao deixá-lo cair.

Do mesmo modo, a lenha, o carvão ou o petróleo (mais energéticos) decompõem-se em cinza, em água e em CO2 (menos energéticos), e pelo caminho libertam a energia que consubstancia a diferença entre os dois estados. Se pegarmos numa semente, água, cinza e CO2 podemos reverter o processo, fazendo uma árvore outra vez - desde que forneçamos energia, concretamente energia solar. Essa energia permitirá elevar, de novo, o potencial energético. A matéria envolvida é, contudo, sempre a mesma; é sempre a mesma quantidade de oxigénio, carbono e hidrogénio; esses átomos não são criados nem destruídos, antes se recombinando sob a forma de substâncias diferentes. Podemos, por isso, dizer sem errar que a lenha, o carvão e o petróleo têm energia solar acumulada. Os combustíveis fósseis e a biomassa (lenha, carvão vegetal e afins) apenas "devolvem" a energia que as plantas que lhes deram origem receberam do Sol.

Já Einstein foi um pouco além de Lavoisier: descobriu que a matéria pode, de facto, ser destruída, e que essa destruição liberta uma enorme quantidade de energia (e daí vem a famosa equaçãozinha referida pelo Rui). É esse o princípio de funcionamento dos reactores nucleares: pega-se numa pequena quantidade de matéria instável e, nas condições propícias, parte desta transforma-se em energia; no processo, a matéria desaparece. É, de resto, esse o processo que se dá no interior do Sol, que é um enorme reactor nuclear. Curiosamente, até aqui Lavoisier tinha alguma razão: podemos, desde que disponhamos de uma colossal quantidade de energia, criar matéria a partir do nada - bom, do nada, não: a partir da energia que fornecemos.

Os combustíveis fósseis, o vento (fruto das diferenças causadas pelas diferenças de calor na Terra aquecida pelo Sol), as centrais hidro-eléctricas (baseadas no ciclo da água, de que faz parte a evaporação causada pelo calor do Sol), são formas indirectas de energia solar. O Sol é, incontornavelmente, a fonte de energia a que, de uma forma ou de outra, mais vezes recorremos. Já uma que nada parece ter que ver com o Sol é a proveniente de centrais nucleares. Na verdade não temos grande alternativa: ou usamos, directamente, a energia de uma central nuclear pequena e feita por nós - com o problema da escassez de recursos naturais e da poluição dos resíduos resultantes do processo - ou usamos, de forma mais ou menos indirecta, a energia que emana dessa enorme central nuclear que é o Sol. Há ainda a energia geo-térmica, mas é ainda pouco explorada. Quem sabe...

Seria desejável que a "nova fonte de energia" que substitua o petróleo fosse o menos poluente possível. Contudo, procurar o mais barato, através da "lei do menor esforço", sempre foi um grande motor de desenvolvimento, e poderá impedir que isso aconteça. O que irá, no fim, determinar a escolha será, estritamente, o factor económico. É possível que a próxima fonte seja, por exemplo, a energia nuclear. O petróleo é o mais usado porque, até agora, tem sido barato. Ao aumentar a escassez não diminuindo a procura, ensina a Economia que o preço sobe - o que tem acontecido. A partir de certo ponto, será mais barato produzir energia a partir de qualquer outra coisa; nesse ponto, a procura de petróleo declinará - como declinou a procura de locomotivas a carvão - mas não antes. Pretender que o mais barato seja o melhor e o menos poluente... bom... isso é já wishful thinking... pode ser que sim, mas pode ser que não.

Subscrevo o voto que faz o Rui: saibamos escolher bem. É que o tal "aquecimento global", longe de ser o fim da Terra, seria não obstante, e como bem o diz o Rui, o fim do mundo tal como o conhecemos. Ao mesmo tempo que levaria ao florescimento de uma infinidade de espécies que achariam o clima quente mais propício - como as nossas amigas melgas - levaria, eventualmente, à extinção (ou forte declínio) de muitas espécies - nomeadamente da nossa. E, com o devido respeito pelas melgas, prefiro que estas sucumbam e deixem a Terra para os nossos filhos.

Genericamente, concordo com o que o simple escreveu. Mas tenho pontuais discordâncias, pelo que julgo ser ajustado complementar com duas observações e um desenvolvimento explicativo.

A primeira observação é que, no comentário do simple, noto uma confusão entre os conceitos de "peso" e de "massa". O peso é a força gravitacional sofrida por um corpo na vizinhança de um planeta ou outro grande corpo. Também pode ser definido como a medida da aceleração que um corpo exerce sobre outro, através da força gravitacional (definições retiradas da wikipedia).Massa é uma grandeza fundamental da física, que, antigamente,correspondia à ideia intuitiva de "quantidade de matéria existente em um corpo" (idem). Um objecto tem uma determinada massa e um específico peso. A confusão entre os dois conceitos é frequente e resulta de, para a medição de ambos, ser utilizada a mesma unidade de medida, o quilograma. Daqui decorre que o peso é energia, enquanto que a massa é matéria. E é esta precisamente a relação estabelecida na célebre equação de Einstein! Daí ser importante distinguir os dois conceitos. E, nesta parte, entendo que o raciocínio exposto pelo simple está viciado.

A segunda observação, que de alguma forma decorre da primeira é que, quando simple afirma que é possível ocorrer a reversão da decomposição da lenha, carvão, petróleo em cinza, água, CO2, mediante o fornecimento de energia, nomeadamente a solar, para além de não ser exacto (para "recriar" a árvore não bastam as suas cinzas, é necessária uma semente...), deixa de lado um outro indispensável elemento estrutural: o TEMPO.

O tempo, que varia desde os anos que demora a nova árvore a crescer até atingir o porte da anterior, aos milhares de anos que demora o processo de transformação da madeira em carvão, até aos milhões de anos necessários para a criação de petróleo. E precisamente o busílis da questão, quando, nos dias de hoje se reflecte sobre a questão energética, está no TEMPO, mais precisamente na rapidez com que a Humanidade consome o que demorou milhares ou milhões de anos a ser criado e a falta de tempo que começamos a antever para mudarmos o nosso paradigma energético para um outro que seja ambiental e planetariamente sustentável.

O desenvolvimento explicativo é que, na sua (valiosa) contribuição, escapou ao simple que a minha utilização da equação einsteiniana só podia ser realizada figurativamente e como tal apreendida. Com efeito, o raciocínio lógico-científico permite facilmente concluir que não é possível extrair correctamente da dita equação a conclusão que eu extraí no texto...

Ao contrário do que aparenta, a famosa equação de Einstein não é constituída por três variáveis, mas apenas por DUAS variáveis (e=energia; m=massa) e UMA constante. A medida de c não é variável. É fixa e determinada. O valor de c (velocidade da luz no vazio) é de 299792458 metros por segundo. Porque se popularizou a fórmula como e=mc2? Porque, obviamente, é muito mais simples de fixar, e logo, muito mais apelativa, do que se se utilizasse e = m x (299792458 m/s)2...

Ora, sendo c uma constante determinada, não é lógica nem matematicamente correcto efectuar a modificação que, após a referência à dita fórmula, eu fiz no texto MAÇONARIA E AMBIENTE: e=mc2 : passar do conceito de "velocidade da luz no vazio" para o conceito de "velocidade" (sem mais), daí para "medida de movimento" e daqui para "movimento", no espaço de três frases. Ao fazê-lo, passei a, como dizia a minha professora da escola primária, somar bananas com laranjas...

Mas, se não podia, porque o fiz? Para malevolamente enganar aqueles que me lêem, em geral, e o simple, em particular? Claro que não! O texto deve ser entendido figurativamente e não precisamente. Pensava eu que facilmente seria assim entendido. Pelo comentário do simple apercebo-me que o objectivo do texto ficou mais escondido do que eu pensava. Aproveito, então, para clarificar.

Relacionar Maçonaria e Ambiente é um pouco como efectuar a quadratura do círculo - o que, como se sabe, ainda ninguém, até hoje, conseguiu, mais uma vez porque a área de um quadrado é certa e medida com certeza (lado vezes lado) e a área do círculo só pode ser medida por aproximação, porque depende de um factor, o pi, que é um número irracional, isto é, que não tem um valor preciso, apenas um valor aproximado, pois para a ele se chegar são necessárias aproximações através de séries infinitas de somas. A transcendência de pi estabelece a impossibilidade de se resolver o problema da quadratura do círculo: é impossível construir, somente com uma régua e um compasso, um quadrado cuja área seja rigorosamente igual à área de uma determinada circunferência (dados retirados, de novo, da Wikipedia), ou, com maior precisão, a área circunscrita por uma determinada circunferência. A Maçonaria é uma filosofia e uma ética de vida adquiridas através de um método específico. O Ambiente é uma envolvente da vida de cujas complexidade e fragilidade só agora começamos a tomar consciência.

Por outro lado, como acertadamente pontuou o simple, eu não sou, de forma alguma, um conhecedor profundo das questões do ambiente, nem sequer da Ciência, pura ou aplicada. A minha formação é a das Humanidades. A minha profissão é a de Advogado. Sou, digamos assim, um especialista em ideias gerais, alguém que sabe um pouco de tudo e a fundo de nada, excepto talvez da aridez dos artigos, alíneas e parágrafos dos diplomas legais cá da terra... Não tenho, assim, a pretensão, de "debitar postas de pescada" sobre o tema do Ambiente e sua Conservação. Decidido a escrever sobre ele, optei por procurar relacioná-lo, na medida do possível, com a Maçonaria, ou melhor, com o papel que a Maçonaria e os maçons podem ter na indispensável empreitada da Humanidade na Conservação do Ambiente. Ao fazê-lo, opto pela abordagem que é mais confortável aos maçons: a especulação, o livre pensamento, até mesmo a utopia.

e=mc2, neste contexto, foi, para além de um título jeitoso, um pretexto. Um pretexto, para, figurativamente, procurar enfatizar a necessidade de substituir o consumo de combustíveis fósseis por energias renováveis, ou seja, substituir a produção de energia através da massa pela sua obtenção através do movimento. Daí a imediata referência à energia eólica (resultante do movimento do ar) e à energia das ondas (resultante do movimento do mar), a que se pode acrescentar a energia hídrica (resultante do movimento gerado pela passagem da água de um rio nos artefactos geradores de electricidade). Em termos de utopia, vou ainda mais longe. E foi por isso que me lembrei de Einstein e da sua conhecida equação: há forças, formas de energia, no Universo, que a Humanidade ainda não aprendeu a utilizar e - talvez - nem sequer tenha ainda concebido ser possível utilizar. Mas são forças imensas, é uma incomensurável energia, ao pé das quais a energia solar faz figura de vela em palco iluminado por potentes projectores. Pensemos na Força Magnética (da Terra, do Sol, de todos os Corpos Celestes, do Universo). Consideremos a Força da Gravidade, tão poderosa que gere a maravilhosa dança de todos os Corpos Celestes de todo o Universo. Domesticar e utilizar essas energias é impossível? Sonhar com essa possibilidade é utopia inatingível? Será... Tão inatingível como, há apenas dois séculos, o Homem imaginar voar, ir do Continente Europeu ao Americano em poucas horas, ou pôr pé e bandeira na Lua... Tão impossível como conceber a fácil cura da Peste Negra, antes de se terem descoberto os antibióticos...

Poupar é, obviamente, necessário. Reciclar é, evidentemente, indispensável. Mas não chegam. O problema energético só se resolve com a descoberta de novos meios de dominar, aplicar, conservar e transportar as infinitas energias que o Criador colocou no Universo e que à Humanidade cabe aprender a aproveitar.

Para dizer a todos que há que poupar e há que reciclar, já há para aí muita gente, muitas organizações, até alguns fundamentalistas do Ambiente...

Mas para o resto, o indispensável, o que falta fazer, há ainda muito trabalho pela frente, muita imaginação que tem de trabalhar, muita investigação que tem de acontecer. Mas é também preciso convocar as forças e as vontades e os meios para fazer esse trabalho, puxar pela imaginação, efectuar a investigação. É aí que, a meu ver, a Maçonaria pode ser útil: no convocar da Utopia, no congregar para, pouco a pouco, transformar a utopia em realidade. Como quando, há mais de duzentos anos, a maçonaria gritava Liberdade quando havia opressão, clamava Igualdade, quando havia estratificação social, pregava Fraternidade quando havia apenas egoísmo, praticava Tolerância, quando havia fundamentalismo religioso. E como continua hoje a fazer, quando, onde e como é preciso.

Para mim, e=mc2 é bem mais do que uma mera equação que Einstein deixou ao Mundo: é o símbolo do Visionário. Foi com essa dimensão simbólica que a congreguei e a ela apelei naquele texto. E agora o expliquei. Façam o favor de ir reler esse texto à luz desta explicação e vejam lá se agora não vos faz mais sentido...

Rui Bandeira

03 janeiro 2008

MAÇONARIA E AMBIENTE: e=mc2

A civilização humana actual baseia-se no consumo de energia. Usa-se energia para produzir. Usa-se energia para transportar. Usa-se energia para consumir. A energia é tão vital para a civilização humana, tal como a entendemos nos tempos actuais, como o ar para uma pessoa.
O problema é que a energia que existe em abundância (por exemplo, a solar) não é fácil de utilizar. Não é fácil pegar num pouco de energia solar e colocá-la dentro do reservatório do nosso automóvel, para a utilizar como combustível... O problema é que a civilização humana tem tendência para se desenvolver sempre através da solução mais fácil. Durante séculos, a necessidade de aquecimento foi suprida com o recurso à queima de madeira, recurso abundante e de fácil obtenção e utilização. Com a descoberta das potencialidades da energia do vapor de água, a obtenção deste fez-se à custa da queima de carvão. Com a descoberta do motor de explosão, a obtenção da energia necessária para movimentar o veículo fez-se à custa da ignição de produtos petrolíferos.
Em suma, ao longo do tempo a obtenção de energia fez-se à custa do consumo de meios naturais relativamente abundantes. Mas este paradigma tem dois custos, que cada vez mais se revelam mais preocupantes e penosos: a extracção de energia de recursos naturais gera resíduos; os recursos, ainda que abundantes, são finitos.
A civilização baseada na obtenção de energia através da queima de carbono (madeira, carvão, petróleo, no fundo são apresentações diferentes da mesma substância: o carbono) deixa como resíduo, além do mais o dióxido de carbono. Este, na medida em que não seja consumido pelas plantas, acumula-se e, segundo parece, gera um efeito de estufa susceptível de conduzir a um aquecimento global potencialmente catastrófico para a civilização humana, tal como ela está organizada.
Por outro lado, o mais eficiente dos recursos fósseis é, consabidamente, finito. Um dia, mais cedo do que mais tarde, não existirá matéria-prima suficiente para a gulodice energética dos nossos tempos.
Parece estar-se perante um problema insolúvel.
Que podemos nós, maçons, fazer para ajudar? O que sabemos fazer: especular, pensar, racionalizar. Bem sabemos que não há soluções mágicas, que a resolução de problemas complexos se obtém por pequenos passos, pelo solucionar paulatino de cada um dos pequenos problemas em que conseguimos dividir o imenso problema de que vamos tendo consciência.
Por mim, proponho que não esqueçamos a ciência pura, a física básica. Proponho que recordemos a equação popularizada por Einstein: e = mc2.
e = energia; m = massa; c = velocidade da luz no vazio.
Portanto, a energia é igual ao produto da massa pelo quadrado da velocidade da luz do vazio. Energia, massa, velocidade, os três termos da equação.
Velocidade é a medida do movimento. A equação pode, assim, ser referenciada aos três termos energia, massa, movimento.
O meio mais comum de obtenção de energia é extraindo-a da massa, isto é, de diversas substâncias, designadamente do carbono. Talvez a solução do problema energético da nossa civilização passe pela obtenção de energia extraindo-a do outro factor ínsito na equação popularizada por Einstein: o movimento.
Afinal de contas, se pensarmos bem, isso é o que está na base de algumas das que nós chamamos energias renováveis. A energia eólica deriva do vento, isto é, do movimento do ar. A energia das marés deriva do movimento do oceano.
Talvez seja tempo de substituir o paradigma da massa pelo do movimento, no que à obtenção de energia respeita. A Ciência e a Técnica têm a palavra. É que, quer queiramos, quer não, não resolvemos o problema do Ambiente sem obter uma razoável resolução do problema da obtenção de energia.
Rui Bandeira

10 novembro 2007

A Terra, 4600 milhões de anos depois... (HOJE)

Meus Caros, se puderem não deixem de acompanhar esta iniciativa.
Aviso mesmo em cima da hora mas também só tive a notícia agora, e como "vem mesmo a calhar" relativamente a várias intervenções feitas aqui nestes últimos dias, entendi que pode e deve ser do interesse geral.

A Terra, 4600 milhões de anos depois...

Caro (a) amigo (a),
como utilizar os recursos da Terra? Haverá diferenças entre a qualidade do ar que respiramos em casa e na rua? Sabia que o óleo que usa para fritar batatas pode ser reutilizado para fabricar sabão?
No próximo Sábado, dia 10 de Novembro, os especialistas que o vão esclarecer sobre estes temas no Pavilhão do Conhecimento - Ciência Viva não têm mais de dezoito anos.
Vêm de diferentes pontos do país para apresentar os seus projectos Ciência Viva perante um painel de cientistas e animar o debate com o público.
Às 16 horas, decorre a sessão oficial de lançamento do Ano Internacional do Planeta Terra (AIPT) em Portugal, com a participação do Director Executivo do AIPT junto da UNESCO-IUGS, Eduardo de Mulder, e do Presidente da Comissão Nacional da UNESCO, Fernando Andresen Guimarães.
Para além de colóquios com investigadores em que poderá ficar a saber se há petróleo em Portugal e conhecer quem nos protege dos riscos sísmicos, o programa inclui ainda exposições, stands de projectos realizados por escolas dos ensinos básico e secundário, módulos interactivos e ateliês.
Os momentos musicais do evento estarão a cargo de Pedro Abrunhosa e de Luísa Amaro, a partir das 18 horas.
O lançamento do AIPT em Portugal será um evento CarbonoZero, pelo que irão ser contabilizadas as emissões de gases com efeitos de estufa para posterior compensação em reflorestação.
Se quiser começar desde já a contribuir para um planeta verde, deixe o carro em casa e no Sábado vá a pé ou de bicicleta até ao Pavilhão do Conhecimento - Ciência Viva.
E se quiser pôr a sua condição física ainda mais à prova, experimente escalar a parede com dez metros de altura que nesse dia estará no exterior deste centro de ciência.
A entrada é livre e todo o evento será transmitido em directo pela Internet em http://www.cienciaviva.pt/.
A Assembleia-geral das Nações Unidas proclamou o ano de 2008 como o Ano Internacional do Planeta Terra.
Durante doze meses, o conhecimento sobre o potencial das Ciências da Terra e o seu contributo na vida dos cidadãos e na salvaguarda do nosso planeta estará por isso na ordem do dia em todo o mundo.Tudo para que possamos continuar a contar com o Planeta Terra por mais uns milhões de anos.
Programa completo em http://www.cienciaviva.pt
JPSetúbal

07 novembro 2007

MAÇONARIA E AMBIENTE - Demografia: Infecção ou nem por isso?


Existe um sítio na Rede, em inglês, que mostra, de maneira particularmente impressiva, o ritmo de crescimento da população humana no Mundo e todo um conjunto de dados, quer inerentes à população (número de infectados por HIV, número de doentes com cancro, quantidade de pessoas que passam fome), quer inerentes ao estado do planeta, poluição e exploração dos seus recursos (temperatura média global, emissão de CO2, espécies extintas, área de floresta perdida e área de floresta replantada, área desertificada, petróleo extraído, petróleo derramado nos oceanos, reservas de petróleo, sua duração, resíduos nucleares). É o Relógio da Terra.


A consulta dos dados deste sítio é elucidativa. No que a este texto respeita, fiquemo-nos pelos dados demográficos: existem presentemente mais de seis mil, seiscentos e trinta milhões de seres humanos à face da Terra, dos quais mais de quarenta e cinco milhões infectados com o vírus HIV e mais de sete milhões sofrendo de cancro. Só desde o princípio do corrente ano de 2007, a população mundial foi aumentada em mais de sessenta e cinco milhões de indivíduos.

A questão demográfica pode ser vista por dois modos, o catastrofista e o optimista.

Quem segue a via de análise catastrofista, antevê para depois de amanhã o caos, o apocalipse. Para esses, a espécie humana está para o planeta como a bactéria para o corpo humano: prolifera tão desregradamente que acabará por o destruir e, com ele, destruir-se-á a si própria.

Para os optimistas não há crise: naturalmente tudo se comporá, o planeta tem capacidade para albergar mais gente do que se julga e a Natureza é mais perfeita do que a julgamos e saberá desencadear o mecanismo de contenção do crescimento da espécie quando a capacidade do planeta estiver a ser atingida.

Para os catastrofistas, a Humanidade é uma infecção que só não destruirá o planeta se este não a destruir primeiro, com um qualquer equivalente cósmico do antibiótico.

Para os optimistas, a Natureza é mãe que acomodará seus filhos até ao limite do possível e, entretanto, providenciará a estes os meios de se auto-regularem e não ultrapassarem o limite da capacidade do planeta.

Para os catastrofistas, a infecção está já actuando e o aquecimento global é o planeta em febre, primeiro sintoma de doença que, se não for rapidamente debelada, levará à morte da doença (a Humanidade) ou do doente (o planeta), com a consequente destruição também daquela.

Para os optimistas, a responsabilidade humana no aquecimento global é uma treta (conferir a posição, aliás com fundamentação que impressiona, que Rui G. Moura apresenta no seu interessante blogue Mitos Climáticos).

Que o crescimento demográfico é um problema, parece que ninguém põe isso em causa. Que não pode ou não deve ser atalhado com medidas de força ou restritivas dos direitos e da dignidade humanas é um princípio que a Maçonaria não pode deixar de proclamar. Como não deve ceder à tentação de se deixar instrumentalizar por uma das teses.

É evidente que o acelerado crescimento da Humanidade coloca problemas cada vez mais urgentes e ingentes. Mas não se deve cair nas tentações dos presságios de catástrofe mais ou menos iminente, caucionando pretensas medidas correctivas que não respeitem a dignidade da pessoa humana.

Por outro lado, não devem também os maçons enfiar a cabeça na areia e pensar e agir como se nenhum problema houvesse, infantilmente confiantes que a Mamã-Natureza resolverá por nós o problema. Porque assim proceder pode levar a que a Mãe-Natureza efectivamente resolva o problema, quiçá por modo menos agradável...

A sobrepopulação deve ser por nós entendida como um problema sério, com que se deve lidar com seriedade, mas também ponderação.

Duas pistas penso que, para já, podemos apontar.

Verifica-se que, nos países economicamente mais desenvolvidos, a taxa de natalidade decresce. Dir-se-ia que o desenvolvimento económico é um bom meio de controlo populacional. Onde não há já grande taxa de mortalidade infantil, as pessoas não sentem a necessidade de ter mais filhos, para garantir que não fiquem sem nenhum. Onde as necessidades básicas são consideradas como asseguradas, as pessoas não sentem a necessidade de ter filhos para auxiliar na obtenção do sustento da família. Devemos, creio, defender o desenvolvimento económico EQUILIBRADO E AMBIENTALMENTE SUSTENTÁVEL também como meio de controlo do excesso de população.

Por outro lado, não devemos deixar passar em claro os receios contrários: a quebra da natalidade, dizem alguns, deve ser atalhada, porque causa envelhecimento da população, sobrecarrega os sistemas de protecção social, faz definhar as sociedades. Devemos ajudar a manter os nossos concidadãos e os nossos decisores com a cabeça fria. Primeiro, apontando que o envelhecimento da população nos países mais desenvolvidos não resulta só da quebra de natalidade, resulta também do facto de os frutos da explosão de nascimentos que ocorreu após o fim da II Guerra Mundial estarem agora no declinar da vida, conjugado com o sucesso das técnicas da medicina moderna no prolongar do tempo médio de vida. Mais vivem mais tempo e portanto daí resulta a alteração da relação entre o número de idosos e o de jovens. Aqui, estamos a ser aparentemente vítimas do nosso sucesso... Mas este é, creio, um problema que naturalmente se resolverá com o tempo: o tempo de vida, mesmo aumentado, dos frutos da explosão de nascimentos chegará ao fim e, tão naturalmente como a relação idosos-jovens se alterou, paulatinamente retomará o sentido da normalidade.

Acresce que o problema conjuntural da alteração do envelhecimento da população nos países economicamente mais desenvolvidos se resolve facilmente com uma medida que, simultaneamente, ajudará a debelar alguns dos problemas resultantes do excesso de natalidade dos países mais pobres: regular os fluxos migratórios, não "fechando portas", mas permitindo um adequado fluxo migratório, que permita manter a quantidade de força de trabalho adequada para o normal funcionamento de cada sociedade, melhorar a relação idosos-jovens e aliviar a pressão sobre os sistemas de segurança social.

É também devido ao facto de ser, ao longo do tempo, um país de imigração que os Estados Unidos são uma potência económica...

Simplesmente, tolerar o Outro, o Diferente, o Imigrante, é, por vezes, difícil. Conviver com culturas diferentes, costumes diversos, não é fácil.

É aqui que a Maçonaria deve intervir: Tolerância é algo de que sabemos muito bem o significado!

Rui Bandeira

02 novembro 2007

Reincidência... reincidente



Tive 2 dias muito complicados em termos de ocupação de tempo e tive que desleixar a atenção ao nosso “A-Partir-Pedra”.
Agora que recuperei o “estado do blog” li o comentário do nosso Amigo e atento Simple Aureole.
Bem, meu caro, obviamente que Lhe devo uma explicação.
Tentarei, pois…

1- Não fiz, ou pelo menos não quis fazer, qualquer comparação entre coisas que, para mim, são incomparáveis, como sejam “um Pai”, ou candidato a tal, e os monstros que referi no post.
Trata-se, meu caro Simple, de uma ilação que não tem qualquer correspondência com a minha cabeça e se o que escrevi o levou àquela conclusão, então peço-lhe desculpa pela falta de capacidade na expressão das ideias.

2- Não faço qualquer confusão entre controlo da natalidade, solidariedade e truques para obtenção de apoios sociais.

3- Os Pais têm, entre outros, o direito inalienável de decidir sobre ter ou não ter filhos, quantos e quando, competindo aos políticos de serviço a decisão sobre os apoios à natalidade que, do ponto de vista exclusivamente político, deve ser orientada no sentido de incentivar ou não o aumento da natalidade de acordo com critérios de manutenção do nível etário da população e suas consequências na economia do país.

4- Não aceito a intromissão de quaisquer normas, de carácter religioso, político, ou outro, que não sejam dependentes da vontade dos principais e mais directos interessados, que são os Pais. E estes saberão que procedimentos adoptar de acordo com as suas próprias escolhas e essas sim, poderão ser de carácter religioso ou outro qualquer.

5- Os Pais deverão saber quais as obrigações para com os seus descendentes, de carácter educativo, económico, social,… e decidir ter ou não filhos de acordo com a sua capacidade de cumprir aquelas obrigações. De resto penso ter percebido que são essas as preocupações que atrapalham o “pai preocupado” a que se refere.

6- Quanto à solidariedade também não me parece que se possa concluir, do que eu escrevi, qualquer confusão com os apoios sociais aos mais “desfavorecidos”.

7- Não, não tem nada a ver uma coisa com a outra. O que eu refiro tem a ver apenas com atitudes pessoais e não com o que quer que seja de institucional. Ser solidário tem de ser uma atitude interior em cada um de nós. Não se inventa, não se compra e não se impõe, ou se é ou não se é ! E é a esse sentimento que recorro quando insisto em que o bem estar da humanidade não é conseguido pela diminuição da natalidade, muito menos ainda se imposta justamente com esse objectivo.

8- Os apoios sociais institucionais poderão ser entendidos, também, como uma atitude solidária, mas apenas dentro do conceito do Estado Social que é tão só uma das variantes de organização social das nações. A Solidariedade a que recorro é pessoal e, existindo, não está dependente da organização do Estado. E não vejo nenhuma possibilidade de ser confundida com qualquer “direito à asneira”. Ela tomará o seu lugar com o acordo do Estado, ou sem ele. Não é o subsídio de sobrevivência (rendimento mínimo ou outra denominação qualquer) que alguns recebem e que outros dizem que não deve existir, talvez por causa do direito à asneira. Mas não é a dessa solidariedade que falo.

9- Meu Caro Simple, pelo menos uma coisa importante temos em comum. É a ideia de que o grande responsável pelos problemas com o “verde” é o homem. Pois o grande e único ! Que outro responsável poderia haver ? E é o homem porque no seu incomensurável egoísmo partiu do princípio que é dono e senhor do universo, usando-o sem critério, sem regras e sem limites, explorando sem controlo tudo o que há a explorar, desequilibrando o sistema natural e provocando as rupturas cujas consequências estão à vista e que todos estamos a sofrer.

10- E, desculpe a insistência, não é com a diminuição pura e simples dos nascimento nem com o fim da solidariedade (nem que seja apenas a institucional), que o Homem recupera as condições equilibradas do meio-ambiente.

11- É assim que penso.

12- Quando à discussão política a que se refere no “P.S.” (não confundir com Paiva Setúbal…) também só posso falar pelo que vai na minha cabeça. A discussão dos assuntos da humanidade, a procura de soluções para as dificuldades que se nos deparam, tanto pode ser feita por políticos, como por técnicos, como… por Amigos.
JPSetúbal

31 outubro 2007

Reincidência abelhuda

HANDBAG € 32.- / Food for a week € 4.-

A culpa não é minha !
Obrigam-me a isto…
Quero estar sossegado a pensar em coisas simpáticas e vêm pôr-me debaixo do nariz artigos ou a expressão de opiniões que me fazem “comichão”.
Não chegava o caríssimo “Simple Aureole” quando aparece o Expresso e o seu colaborador Fernando Madrinha, a moer-me o juízo com “fotografias” da realidade mais triste, brutal e incompreensível que podemos encontrar no nosso dia a dia.
E vêm mesmo a propósito do tema que o R.B. pôs em foco no blog.

Bom, mas antes de me virar para o outro lado deixem-me terminar o meu ponto do post passado.
Não estou, nem um bocadinho, de acordo com aquela cena do pessoal deixar de ter filhos !
Meus Caros, deixem lá esse controlo dos excedentários para aqueles que se dedicam por inteiro a essas tarefas.
Ao longo do tempo muito tem sido feito pelo “controlo dos excedentes humanos”, desde o tempo dos gregos e dos romanos, dos suecos que invadiram quase toda a Europa à espadeirada, ao Hitler, Mussolini, Lenine e Estaline, japoneses e americanos, indianos e paquistaneses, árabes e israelitas, iraquianos e iranianos, Pinochet, Franco, e … e… e…

Deixem para eles esses cuidados, porque na verdade são profissionais da matança, bem ciosos das suas capacidades e que não gostam de deixar os créditos por mãos alheias.
Tratemos de dividir bem o que está mal dividido e vamos ter a surpresa do tanto que vai sobrar !

PINT OF BEER € 4,50 / 50 liters of fresh water € 1,50

E quanto a este "pormaior" estou conversado.

JPSetúbal

30 outubro 2007

Meter o bedelho

Procurava eu uma boa razão para trazer ao blog algumas imagens que tenho em reserva, e eis que o nosso bom Amigo “Simple Aureole” a proporciona com o comentário que nos deixou à última intervenção do Rui.

E aqui estou eu a meter o bedelho no post/comentário do Rui/Simple !



AFTERSHAVE € 35.- Basics for a new home € 6.50

Caro “Simple”, o seu pensamento final, deixou-me com uma certa “comichão” espiritual.
Indiscutivelmente parece haver falta de muita coisa (de tudo, diz o “Simple”) só que interessa analisar se de facto as coisas faltam ou se apenas estão mal distribuídas.
Uma coisa é haver falta de muita coisa e outra é haver falta de muita coisa (tudo ?)… a alguns !

E estou de acordo que esta questão é, absolutamente, uma questão de ambiente.

Meu Caro, ambiente é tudo, tudo o que produzimos e não produzimos, aproveitamos e não aproveitamos, usamos ou não usamos.
Tudo isso é ambiente porque é disso tudo que o ambiente é feito.
E não só da chuva, do vento ou do Sol.

Mesmo mais, a influência (boa hoje, má amanhã) da chuva, do vento e do sol até está condicionada exactamente pela maneira como utilizamos as tais coisas que “parece” faltarem.

Ora bem, acontece que não acredito que resolvamos o problema produzindo menos filhos.

Se há zonas do globo onde a população é excedentária, a verdade é que noutras zonas a população é fortemente deficitária.
E acredito que há meios mais que suficientes para alimentar e vestir toda a gente.
Teremos certamente que rever toda a distribuição da riqueza mundial, mas seguramente chega para todos.
Não há falta de tudo… o que há é uma péssima distribuição de tudo.
E pouca vontade de resolver esta questão.
O egoísmo individual impede-nos de deitar mãos à obra da distribuição.
A questão é que teríamos de dispensar também algumas das nossas próprias “coisas” e isso é uma chatice.


SUNGLASSES € 24.- Access to water € 8.-

Mas garanto-lhe meu Amigo que o que há chega para todos, e talvez sobre.

JPSetúbal

29 outubro 2007

MAÇONARIA E AMBIENTE - Intróito: desculpem lá, mas...

O Muito Respeitável Grão-Mestre da GLLP/GLRP solicitou aos Irmãos da Obediência que procurassem reflectir e elaborar trabalhos sobre a temática do ambiente. A Maçonaria Regular não discute opções políticas, mas não ignora os grandes temas da Civilização e da Sociedade e procura ajudar a reflectir sobre eles, estejam ou não na ordem do dia, sejam ou não objecto de controvérsia. O Homem que se insere no seu tempo, que procura compreender-se a si próprio, compreender os demais, o Mundo, e busca descortinar o significado da Vida, da Criação e do relacionamento do Material com o Imaterial não pode deixar de reflectir sobre os grandes temas do seu tempo. E o Ambiente e sua defesa são, indubitavelmente, nesta fase da Civilização, temas candentes, urgentes, incontornáveis. A Maçonaria, que é Tradição na Modernidade, não deve, pois, abstrair-se de neles reflectir também.

Sou, no entanto, obrigado a confessar que a temática ambiental não é uma das minhas preferidas. Até por deficiências - que a lucidez me impele a desde já reconhecer - da minha formação. A minha formação assentou naquilo a que dantes se chamava de "Humanidades", tudo o relacionado com o Homem, a Sociedade e as Civilizações: Línguas, Literatura, História, Direito, Relações Sociais, etc.. As disciplinas mais directamente tidas como "científicas" apenas foram por mim visitadas na medida em que contribuíam ou eram indispensáveis para o interesse central da minha atenção: a Humanidade!

Resultado: por vocação e por profissão (advogado) sou aquilo a que costumo designar por ESPECIALISTA EM IDEIAS GERAIS. Sei um poucochinho de tudo, sei a fundo de muito pouco, quase nada.

Nestas circunstâncias, interroguei-me brevemente que contributo válido poderia este primata de meia-idade dar com uma amadora reflexão sobre a temática do ambiente e sua defesa e, com uma velocidade digna do Obikwelo, logo concluí que nada de jeito! Portanto, o melhor que tinha a fazer era assobiar para o lado, fingir que a minha profunda concentração nos longínquos objectos de minhas usuais locubrações me impedira de dar conta da instância do Grão-Mestre e, diafanamente, sair discretamente pela esquerda baixa, de forma a que o especialista de ideias gerais deixasse o palco todo à disposição dos gerais especialistas com ideias sobre o tema.

Pois, só não contei com três pequenos detalhes: 1. Sou incomensuravelmente menos rápido que o Obikwelo; 2. Assobio muitíssimo pior que o Danny Kaye (e suspeito mesmo que o próprio Obikwelo...); 3. O meu querido Grão-Mestre é uma velha raposa da Maratona que deixa os candidatos a relapsos procurarem escapar à sua máxima velocidade e, devagarinho, devagarinho, vai calmamente ter com eles e apanha-os à mão com suave sorriso e indefectível persistência...

Andava, portanto, eu entretido a assobiar para o lado para aí já há uns três meses e lá tive que perder o pio: o Grão-Mestre não só não se esqueceu do seu propósito, como insiste com todos e - pior - o meu não menos querido Venerável Mestre resolveu aliar-se à autoridade máxima e reforçou o pedido!

É claro que ainda dava para dar um pouco de luta, ir deixando escapar que na Loja até temos um Irmão que é engenheiro do ambiente e tal, esse é que deve saber tudo sobre o assunto, prolegómenos, entretantos e finalmentes incluídos, estão a ver?, ele é que é bom para fazer uns textos sobre o assunto, ficamos todos contentinhos e de consciência tranquila e não se fala mais do assunto, e se fôssemos comer um preguinho e beber uma cervejinha, não era boa ideia?

Lá boa ideia era... e foi... Mas cá o meu Venerável Mestre parece-me que é da mesma escola que o Grão-Mestre, acho que ainda jogaram ao berlinde juntos quando eram miúdos e tudo, e estou feito ao bife. Nem vale a pena armar-me em mete-nojo e tentar chutar para canto, que estou mesmo a ver que a resposta viria direita e certeira: se temos cabecinha é para pensar, todos os ângulos são importantes, o ambiente e a sua defesa são assuntos demasiado sérios para serem deixados aos especialistas (ai, que esta é tão certeira, que até dói!) e tu é que quiseste esta coisa do blogue, agora aguenta-te à bronca, que também tens de participar, e porque torna, e porque deixa...

Já estão mesmo a ver, nem vou a jogo, cobardemente capitulo sem luta. Portanto, está decidido, é assim: correspondendo de bom grado e facies faceiro ao gentil pedido do meu Muito Respeitável e Respeitado Grão-Mestre, que a mim e a todos na Loja foi dado conhecimento pelo meu Venerável e Venerado Mestre, este modesto especialista de ideias gerais, que tem a audácia de escrevinhar umas coisas neste cantinho da blogosfera que dá pelo nome de A Partir Pedra, resolveu alinhavar algumas ideias, certamente coxas, sobre o tema Maçonaria e Ambiente. Para tornar a coisa menos dolorosa e pungente para as almas benfazejas que ainda vão tendo a paciência de passar seus olhos pelos arrazoados a que ele ousa chamar textos, as poucas luzes que seu torturado cérebro conseguir reunir (certamente apagadas...) serão servidas em doses, prestações ou pinguinhas (cada um escolhe o que lhe agradar mais), que serão depositadas neste espaço com a periodicidade habitual, isto é, quando calhar, me apetecer, estiver para aí virado, mas procurando que, no final, constituam um conjunto de textos (lá estou eu com a mania das grandezas...) com alguma coerência.

Suspeito que esta é uma decisão que vai piorar sensivelmente o ambiente deste blogue, mas - já viram, com certeza! - limito-me a respeitosamente aceder a sugestão das instâncias superiores da GLLP/GLRP, Ilustre Obediência da Augusta Ordem Maçónica, e a culpa não é minha (fartei-me de gritar: agarrem-me, senão eu escrevo - e ninguém me agarrou... ainda...). Mas vocês é que vão sofrer!

Rui Bandeira

16 outubro 2007

15001 blogues aderem ao Dia de Acção pelo Ambiente

O anúncio da entrega do Prémio Nobel da Paz a um americano só se explica pelas razões que acompanham essa decisão.
De facto a grande maioria das expectativas estiveram bem longe deste premiado, mas é preciso reparar atentamente no americano que foi premiado e as razões aduzidas.
Não se trata de um americano qualquer, mas de um homem que tem feito da defesa do ambiente uma cruzada (bem paga, mas cruzada !) de esclarecimento pela necessidade de protecção do ambiente, percorrendo o mundo (esteve em Portugal há poucos meses) ensinando, divulgando o que está mal e e apontando a maneira de fazer bem.
É claro que todas as questões relacionadas com o ambiente têm a ver com todos nós, com a manutenção da vida terrestre (pelo menos no formato que conhecemos e em que existimos) e com o futuro dessa mesma vida, qualquer que seja o modelo que se considere.
Também é claro que esta decisão não é completamente inocente, sabemos que os Estados Unidos estão em plena corrida eleitoral, que a administração americana actual se está nas tintas para a saúde ambiental do planeta e que a arma do ambiente, quando usada a preceito, rende votos.

Bom, mas mesmo depois de tudo isto espremido, continuo a pensar que toda a visibilidade que seja dada a esta questão é ponto a favor da humanidade.
E sendo uma questão que tem a ver com o Homem, é certamente uma questão que tem a ver com os Maçons e a Maçonaria.
São muitos, felizmente, os maçons envolvidos em causas ambientais, na criação e gestão dos parques naturais, onde muitas espécies animais encontram maneira de se salvarem da destruição do seu meio de sobrevivência natural.

No estado actual da humanidade todos somos chamados à protecção da vida e nesse aspecto esta designação para o Nobel da Paz tem um efeito de marketing que é bem vindo.
Não será o mais desinteressado, mas desta vez o fim é capaz de justificar este meio.

Repito a chamada de atenção para as declarações da jovem Severn Suzuki durante a ECO92, Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento.
Repito… não percam.

http://www.youtube.com/watch?v=y80zyIuJz28

E, porque procuramos um mundo perfeito aproveito também para uma notinha um pouco à margem, e se calhar nem tão à margem assim…, e que tem a ver com o estado desgraçado da condução nas estradas portuguesas.
E aí temos outro ponto de contacto com a causa ambiental, porque a reciclagem dos restos dos automóveis não consegue ainda ser completa.

É só uma estorinha para dispor… (como vocês entenderem) :



Era uma vez um homem perfeito que conheceu uma mulher perfeita.

Namoraram e um dia casaram. Formavam um casal perfeito. Numa noite de Natal,
ía o casal perfeito por uma estrada deserta quando viram alguém na berma
pedindo ajuda. Como eram pessoas perfeitas pararam para ajudar.


Essa pessoa era nada menos do que o Pai Natal, cujo trenó estava avariado.
Não querendo deixar milhões de crianças decepcionadas, o casal perfeito
ofereceu-se para ajudá-lo a distribuir os presentes. O bom velhinho entrou
no carro e lá foram eles.
Infelizmente, o carro envolveu-se num acidente e somente um dos três ocupantes sobreviveu.

Pergunta: quem foi o sobrevivente do trágico acidente?
A mulher perfeita o homem perfeito ou o Pai Natal?

(Leia abaixo)

































A mulher perfeita sobreviveu.

Na verdade ela era a única personagem real desta história. Toda a gente sabe
que o Pai Natal e o homem perfeito não existem.


(Se você for mulher pode ficar por aqui, assim toda contente, a piada acaba aqui.
Os homens podem continuar a ler)





















Agora, se o Pai Natal não existe, nem o homem perfeito, fica claro que quem
conduzia era a mulher perfeita, o que explica o acidente.


Se você é mulher e leu até aqui, fica provada mais uma teoria: as mulheres
são muito curiosas e nunca ouvem o que se lhes diz.




A curiosidade é inimiga do ambiente !


JPSetúbal

18 julho 2007

Ambiente e Maçonaria


Em posts anteriores todos os 3 habituais ocupantes deste espaço se referiram à deslocação que fizemos a Bragança, a “casa” dos nossos Irmãos da Respeitável Loja Rigor.
Retorno ao assunto porque uma das surpresas que nos foram proporcionadas por aqueles nossos Irmãos foi um passeio pelo Douro internacional, com Portugal de um lado e Espanha do outro, dividindo (ou unindo ?) 2 partes de uma área ecológica, protegida como Parque Nacional, um lado de Portugal e o outro lado de Espanha.
Tivemos a possibilidade de ser acompanhados por um antigo director daquele parque que com toda a paciência e saber, foi explicando, em complemento das explicações da guia oficial, os segredos do local, mostrando as aves, várias por cuja continuidade de existência se luta pois estão em vias de extinção, assim como espécies florestais raras que por estas paragens sobrevivem em condições de grande precaridade, enfiadas nas rochas que bordejam o Douro em alturas que atingem os 300 metros.
Uma preocupação claramente dominante por aqui, é a que respeita o ambiente e a sua manutenção, trabalhando muita gente para que as condições de vida natural se não percam de forma a permitir a manutenção das espécies animais naturais na zona.

Trago aqui esta conversa porque nestes dias me chegou às “mãos” um vídeo cuja oportunidade, dureza e verdade são (têm de ser !) um murro no estômago de todos os “distraídos” do universo.
É a intervenção de uma jovem, muito jovem (Severn Suzuki), que durante a ECO92, Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, pôs bem claro a situação do ambiente universal e as responsabilidades que todos (TODOS…) temos na situação pré-trágica que vivemos neste momento.

Trata-se de uma questão que tem a ver com a humanidade e com a felicidade dos humanos e como tal, é uma questão que preocupa todos os Maçons.

Não deixem de ouvir, com atenção, este vídeo. Cliquem no “start” para carregar e arrancar.






JPSetúbal