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03 julho 2014

O Volume da Lei Sagrada

Nota de Abertura: Neste Blog de vez em quando convidamos um Maçon de outra Loja ou de outro Oriente ou País a publicar textos de sua autoria, tal como acontece com o que agora aqui se publica e que vai devidamente assinado.






21º Landmark da lista de Albert Gallatin Mackey- é indispensável a existência, no Altar, de um Livro da Lei, o Livro que, conforme a crença, se supõe conter a Verdade revelada pelo Grande Arquitecto do Universo. Não cuidando a Maçonaria de intervir nas peculiaridades de fé religiosa dos seus membros, esses Livros podem variar de acordo com os credos. Exige, por isso, este landmark, que um "Livro da Lei" seja parte indispensável dos utensílios da Loja.

Como se infere do landmark citado, não há um livro da lei recomendado ou que tenha preponderância sobre os outros. Porque para o maçon do R\E\A\A\, que é o nosso, nenhuma religião é melhor que outra ou mais digna de respeito que outra. Todas são dignas de respeito, todas são de igual importância. Porque para um homem se tornar maçon no R\E\A\A\ apenas lhe é perguntado se é crente. Qual a sua confissão religiosa, se professando alguma, não é assunto nosso. Ao R\E\A\A\ basta que o homem seja crente e entenda o conceito do G\A\D\U\. O que isso significa no coração de cada um de nós, não interessa nem é para aqui chamado. Nós aqui abordamos todas as questões, sejam elas de que índole for, quando nos encontramos na linha em que todos somos irmãos, sitio esse onde podemos abordar todos os assuntos sem colocar em perigo a harmonia entre os II\. Essa linha existe, um dia chegarão lá todos os que aqui estão se trabalharem para isso e tem um nome, chama-se Nível, e é a Jóia que identifica o I\1º V\. E é o emblema da Igualdade. O Nível maçónico é formado por um Esquadro de hastes iguais, de cujo ângulo desce uma Perpendicular. O Nível simboliza a Igualdade, base do Direito Natural e a Perpendicular significa que o maçom deve e precisa possuir uma rectidão de julgamento que nenhuma afeição – de interesse ou de família – deve impedir. O que pode distinguir os maçons e conduzi-los ao seu lugar na comunidade é o mérito e também as virtudes e o talento. O Nível lembra ao maçom que todas as coisas devem ser consideradas com serenidade igual e que o seu simbolismo tem como corolário noções de Medida, Imparcialidade, Tolerância e Igualdade, bem como o correto emprego dos conhecimentos.
Partindo desta premissa, não há assunto que não possa ser discutido entre nós, pois será sempre uma discussão leal e iluminada.
Assim, concluo que nenhum maçon do R\E\A\A\ se pode ofender com um símbolo religioso, pois entende que todas as opções de crença são legítimas e são escolhas pessoais, que a ninguém dizem respeito. Nós trabalhamos A\G\D\G\A\D\U\ e chega. Esse é o nome que lhe damos e não outro, apesar de existirem sempre tentativas de forças estranhas de introduzir na nossa Augusta Ordem formas de colocar em perigo a Harmonia entre os maçons, minando a Ordem e a sua Força progressista e humanista. Tenho até para mim que a Maçonaria existe hoje muito mais influenciada pelo Renascimento, a descoberta do Mundo e do Homem do século XVI em diante e o Humanismo deísta do século XVIII,  do que às confederações de pedreiros-livres medievais. O nosso ideal é a Verdade, sendo a sua indagação um Dever para todos os maçons.
O R\E\A\A\ respeita todas as religiões, todos os símbolos religiosos, sem nunca se identificar ou se opor a qualquer uma delas, ou mesmo a qualquer governo ou escola filosófica, mantendo sempre como base dos seus ensinamentos a Liberdade de Pensamento, a indagação da Verdade e a busca, constante e pacifica, de uma vida melhor.
A introspecção espiritual potenciada pelo ritual não conduz num determinado sentido religioso, dá espaço a que todos, independentemente do seu credo, confessional ou não, se sintam integrados nesta comunhão espiritual em que a Verdade e a Fraternidade são o cimento que une todas as pedras que fazem parte deste Templo que é a R\L\ Alengarbe.
Disse.

José Eduardo Sousa, V\M\ da R\L\ Alengarbe, a Or\ de Albufeira

6014 A\L\



19 maio 2009

Volume da Lei Sagrada

Num dos comentários ao post Indiferença entre semelhanca e diferença o nosso leitor JPA deixou a seguinte questão, todavia precedida ainda de uma consideração sobre o abandono de irmãos.


"No final do Ritual de Iniciação, o Neófito, faz o seu juramento sobre o VSL. Como escolhem o Livro, se o candidato acreditar sómente no GADU?"

Comecemos pelo assunto mais antigo e que tem a ver com abandonos.

As razões do abandono são distintas consoante ele se produz enquanto aprendiz / companheiro ou já como mestre.

Nos primeiros casos devem-se essencialmente a uma desadequação entre as expectativas e a realidade, e nisso as responsabilidades podem ter várias origens, nomeadamente o perfil, ou o padrinho nao ter explicado correctamente o que era a Ordem, a expectativa quanto ao tipo de trabalho feito, entre outras,

Quando o abandono se dá já enquanto mestre aí as razões tendem a ser resultantes de diferendos, ou muitas vezes apenas de mal entendidos.

Vamos então agora à pergunta de hoje.

A iniciação em si é o culminar de um processo pelo qual um profano se torna maçon. Este processo que dura alguns meses, ou mesmo anos, o processo mais longo que conheço durou 9 anos não necessariamente de conversas mas desde o momento em que houve um primeiro convite, inqueritos, pausa, relançamento do convite, novos inqueritos e finalmente iniciação.

Este processo longo e tentativamente exaustivo permite o conhecimento do profano a iniciar, permite saber das suas crenças, e dos seus desejos.

As Lojas referem sempre o livro como Volume da Lei Sagrada e não como Biblia, Corão, Torá, Bhagavad Gita, etc. Esta generalização permite uma maior abrangencia.

As Lojas não estão obrigadas a ter um exemplar de cada um dos Livros da Lei Sagrada, aliás nalgumas grandes Lojas o unico volume que existe é o Volume da Lei Sagrada editado pela propria Grande Loja e com fim unico de se ser usado nas Lojas.

Nestes casos os candidatos são informados que é assim que está determinado e é-lhes perguntado se isso lhes causa algum problema. Mas mesmo nestes casos nada obriga a que só haja um VLS em Loja



Noutras Grandes Lojas não há um livro unico e as Lojas podem escolher qual o que usam, ou mesmo quais os que usam.



Há assim um grau de liberdade para cada Loja, no que ao VLS diz respeito.

Todavia a pergunta tem mais uma pertinencia, e que é o facto de o candidato sendo crente no Grande Arquitecto, não reconhecer como Volume da Lei Sagrada nenhum dos propostos.
Temos aqui tres soluções:
O Candidato indica o livro que pretende, este é avaliado pela Loja, que deverá contudo solicitar um parecer à Grande Loja, e se tudo estiver certo a cerimonia é feita.
O Candidato aceita prestar os seus juramentos sobre o(s) livro(s) existentes na Loja e o problema deixa de existir.
O Candidato não apresenta alternativa e não aceita o(s) VSL(s) existentes. Caso em que a decisão da Loja só pode ser a de terminar o processo e não proceder à iniciação.
Ao longo dos quase 18 anos que estou na Maçonaria, e tendo assistido a centenas de iniciações directamente, e por via indirecta saber de todas as que acontecem - quanto mais não seja porque nada soube sobre elas o que quer dizer que correram sem problemas - não tenho noticia que similar problema se tenha posto alguma vez.


José Ruah