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23 março 2020

Comunicação do Grão Mestre aos Irmãos por ocasião do Equinócio da Primavera


Meus Queridos Irmãos,

Nesta hora tão difícil que o povo Português atravessa, em consequência da pandemia que afecta milhões de seres humanos em todo o mundo, a Grande Loja Regular de Portugal/Grande Loja Regular de Portugal, fiel às suas tradições deveria estar hoje, dia 21MAR20, a celebrar em Paz, Harmonia e Alegria o Equinócio da Primavera.

Ao assinalar este ano a passagem do Equinócio da Primavera, esta lembrança é mais actual que nunca, porquanto as trevas anunciam-se hora a hora e dia a dia, por toda a Terra, num vendaval ininterrupto e avassalador, sob a forma de um vírus, o Covid 19, afectando a humanidade e pondo em risco a nossa sobrevivência.

Mas as Trevas, que sempre existiram, parecem desconhecer a sagacidade, a ousadia, a inteligência e a temeridade da nossa fraternal ordem, sobretudo nos difíceis tempos de desgraça. Por todo o tempo que nos antecede, quantas lutas os Maçons travaram e ajudaram a vencer.

A Grande Loja criou um Gabinete de Apoio aos Irmãos mais vulneráveis para satisfação das necessidades básicas.

Tenho recebido inúmeras mensagens de apoio de muitos Irmãos que, com verdadeiro amor fraterno, manifestaram vontade de ajudar neste momento de calamidade. A todos agradeço, muito reconhecido.

Tenho ainda mantido estreito contacto com muitos Veneráveis Mestres que procuram encontrar e apoiar as soluções mais adequadas à satisfação das necessidades dos nossos Irmãos e dos seus familiares.

Sempre unidos e prontos a lutar pela segurança os Maçons estão a dar provas em todo o mundo e em todos os lugares e posições.

A Maçonaria a que pertencemos, está em cada canto do nosso planeta e por isso se define como uma Ordem Mundial.

Por isso, tenho ainda mantido contactos com muitas Obediências Internacionais num amplo quadro fraterno e de diplomacia maçónica.

E tudo isto na sustentação moral e material dos mais necessitados, fazendo o bem e contribuindo para a diminuição das imperfeições do mundo.

Desta forma, cada Irmão, no campo da sua actividade, deve colocar em prática todos os ensinamentos a que foi convidado a meditar e a aceitar, no dia da sua iniciação.

Tudo o que assim fizermos, far-nos-á encontrar o âmago da vida - ou das coisas que fazem a vida -, e isso é saber a razão de existir e do porquê de aqui estarmos.

E o que procuramos é o conhecimento, a Luz. Por isso convoco todos os Irmãos a este combate pela Luz, manifestando prontidão, seja onde for e estejam onde estiverem.

Neste tempo particular de dificuldades e de incertezas, precisamos de estar unidos e serenos, para que a razão, alicerçada nos valores que professamos, seja a Luz que ajuda os outros.

Não posso deixar de enviar um abraço forte e fraterno a todos os Irmãos que se encontram doentes, bem como a todos os Irmãos que se mantêm a trabalhar activamente em todas as frentes das necessidades desta luta, bem como às suas famílias, abraço que alargo a todos os Irmãos e famílias que se encontram confinados em casa.

Renovo o agradecimento a todos os cidadãos que em Portugal se empenham em possibilitar a continuidade da nossa vida comunitária, de forma denodada e virtuosa.

Meus Queridos Irmãos,

Precisamos de todos. Apelo, por isso, ao vosso escrupuloso cumprimento das Directivas Governamentais e das Entidades de Saúde.

Convosco, sei que faremos mais e melhor a bem da humanidade e para engrandecimento da nossa Augusta Ordem.

Recebam um fraternal tríplice abraço,

A.G.D..A.D.U..

Armindo Azevedo
Grão Mestre

18 dezembro 2019

Comunicação do Grão Mestre da GLLP/GLRP por ocasião do Solstício de Inverno


Meus Queridos Irmãos, 

TEMOS DE AGIR! 

Estamos prestes a comemorar o Solstício de Inverno, uma efeméride ritual que provém de uma ocorrência astronómica, que assinala o início do Inverno. 

E surge até nós pela ancestralidade de que somos depositários, pois esta data sempre foi importante para as culturas antigas que a associavam a aspectos como o nascimento ou renascimento da vida. 

Por ser o dia com a maior noite no ano, o Solstício de Inverno é associado ao desconhecido ou à escuridão, enquanto o de maior claridade (21 de Junho) é associado à Luz (Solstício de Verão). 

Na antiguidade, as iniciações eram feitas sempre no Solstício de Inverno, porque sendo o último dia da maior noite, significava o início do ciclo de dias de luz cada vez maiores; significava ainda a saída do mundo dos mortos (a noite, a escuridão), e a entrada no mundo dos vivos.

As iniciações tinham assim o significado de renascer, ou nascer de novo para a Luz; o renascimento assume, deste modo, o significado simbólico da vida que eternamente se renova. 

Meus Queridos Irmãos, 

Queria lançar aqui uma palavra de ordem para os próximos seis meses, e ela é: TEMOS DE AGIR! 

Vivemos tempos de uma enorme desconfiança em tudo que nos rodeia. Tempos de extremismos políticos, de desigualdade social, de uma enorme crise ambiental e de guerras e conflitos culturais. 

Neste Séc. XXI em que vivemos, também marcado pelos avanços da ciência, pelas novas tecnologias, pela globalização, pelas viagens rápidas e por um encurtamento das distancias, o Solstício não perdeu a substancia mística que sempre transportou, mas há roupagens novas, sobretudo as que soubermos vestir, de forma a prolongar o encanto que nos trouxe à nossa AO e que por sermos fiéis depositários dela, obriga-nos a levá-la mais longe. E digo novas roupagens porque a essência é imutável, tal como imutável é o G.A.D.U..

O Deus Criador não muda, o que se altera da sua obra deve-se aos homens, e é desta obra – a Criação Universal – de que fazemos parte enquanto criaturas, de que falo quando cito a necessidade de reinventar as roupagens dos solstícios que cada Irmão representa. 

Pois bem, o mundo enfrenta muitos abismos, tal como referi por ocasião do Equinócio do Outono, mas bem sabemos que os problemas são sobretudo questões imateriais, porquanto nascem nas mentes humanas antes de se materializarem no quotidiano das pessoas. Bastas vezes nem sequer se materializam e já se fazem sentir. 

O mundo sempre careceu de mais humanidade, de mais caridade, de mais generosidade, de mais disponibilidade de uns para com os outros, sobretudo para com os necessitados, os explorados, os humilhados, os desprotegidos, os fragilizados, enfim, os pobres e os excluídos.

O enorme impacto no clima e na temperatura da Terra das actividades humanas, nomeadamente a queima de combustíveis fósseis, o abate da floresta tropical e a pecuária é cada vez maior, sendo que as enormes quantidades de gases provenientes destas actividades, juntam-se às presentes na atmosfera, reforçando o efeito de estufa e o aquecimento global.

Já são visíveis os impactos destrutivos das alterações climáticas e as previsões não são animadoras.

Limitar o aquecimento global exigirá a limitação das emissões de dióxido de carbono em todos os sectores da actividade humana. Nunca a destruição foi tanta e tão rápida, e governos e comunidade internacional estão a falhar no combate à crise climática.

As alterações climáticas representam uma emergência sem precedentes, diz a ONU.

A UE cuja divisa é Europa Sustentável- Futuro Sustentável tem como principal prioridade o reforço, como líder mundial, no domínio da acção climática.

Ambiente é a nova arma da Comissão Europeia para pôr a UE a crescer, centrando-se no combate às alterações climáticas como estratégia de crescimento da UE.

Ursula Von der Leyen, Presidente da Comissão Europeia manifestou, no seu recente discurso do passado dia 27 de Novembro deste ano, a sua preocupação sobre as alterações climáticas dizendo: “Temos o dever de agir e o poder de liderar”.

O Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres, apelou na Cimeira sobre as alterações Climáticas, conhecida como COP25, ao aumento da “vontade política” dos líderes mundiais para fazerem o que a comunidade científica lhes pede na luta contra as alterações climáticas: “O que ainda falta é vontade política, sendo fundamental pôr o mundo em linha com o que a comunidade científica definiu”, disse Guterres em conferência de imprensa.

“Durante muitos séculos a espécie humana esteve em guerra com o planeta e o planeta está agora a contra-atacar”; “Temos de parar a nossa guerra contra a natureza e a ciência diz que podemos fazê-lo”, sublinhou ainda Guterres. 

O Papa Francisco criticou, no encerramento do sínodo a propósito da preservação ambiental da Amazónia e do problema provocado pela mineração e desfloramento da bacia amazónica - que os cientistas dizem ser um incremento à ameaça do aquecimento global-, todos aqueles que consideram os povos indígenas “atrasados e de pouco valor”, não reconhecendo o que a cultura deles pode ensinar às outras: “Quanta superioridade presumida, que se transforma mesmo hoje em opressão e exploração”! Disse o Papa Francisco.

Neste momento começa a ser dramático para Portugal o imparável envelhecimento da população e as suas consequências, a todos os níveis da sociedade, da saúde ao crescimento económico. Mantem-se a tendência de envelhecimento demográfico, em resultado da redução da população jovem e em idade activa e do aumento do número de pessoas idosas.

O envelhecimento não só coloca problemas de sustentabilidade dos sistemas sociais, como as sociedades mais envelhecidas tendem a perder o ritmo de crescimento económico, o que agrava tudo ainda mais. A OCDE explica, por outro lado, que este envelhecimento demográfico resulta, por um lado, do reforço da esperança média de vida e, por outro, a redução do número de filhos por casal.

De acordo com os dados divulgados recentemente pela OCDE, Portugal está entre os países onde se prevê que esse envelhecimento aconteça de forma “muito rápida”, que deverá pressionar continuamente o sistema de pensões, e levar a aumentos das contribuições exigidas e resultar na redução dos salários líquidos e no aumento o desemprego, ou em novos cortes nas pensões.

A este problema soma-se o risco de desigualdade na velhice, o desenvolvimento de novas formas de trabalho e o cenário de baixo crescimento económico.

A Maçonaria Regular deve-se manter à margem do debate político e religioso, mas temos o dever de nos juntarmos contra o anti-semitismo que se verifica em algumas cidades francesas, e temos de dizer basta ao crescimento de manifestações de ódio contra a população judaica. Devemos deixar muito claro que o ideal de Fraternidade que nos caracteriza está em total contradição com o anti-semitismo em todas as suas expressões, tal como o “ódio racial” ou qualquer forma de racismo. 

Neste contexto juntemo-nos à maçonaria francesa no apelo à “liberdade e responsabilidade de todos “nas diferentes iniciativas para “parar o aumento do ódio nas relações sociais actuais, um ódio que, no passado, cristalizou tragicamente contra os judeus”. 

Mas hoje, a urgência em acorrer aos carenciados, os da nossa casa, da nossa rua, do nosso bairro, da nossa cidade, do nosso país, também se estende àqueles que nos chegam de fora, os imigrantes e, sobretudo, os refugiados que fogem de todas as guerras, conflitos e tormentas que vamos conhecendo, na procura de uma vida melhor.

As migrações são hoje um problema incontornável a nível mundial. As migrações como fenómeno social, económico e político têm vindo a assumir um papel central na opinião publica e no debate político. 

Meus Queridos Irmãos, 

Hoje, como sempre, devemos celebrar a Vida, a nossa Liberdade e a Democracia, e de fazer tantas coisas que, aparentemente simples e fáceis, foram fruto de árduo trabalho e difíceis conquistas, como a liberdade de falar, de discordar e de votar. 

Não é fácil compreender a complexidade de necessidades e de como a elas acorrer. Mais difícil ainda é ter soluções para essas ocorrências brutais que se multiplicam um pouco por todo o lado, a par das emergências climáticas, ambientais, demográficas e até políticas, algumas delas bem perto ou até dentro da geografia a que pertencemos. 

Ora, todo o Maçon – cada maçon – tem a obrigação de estar atento e reflectir sobre estas questões e, claro, saber agir. Temos de agir! Esta deverá ser a palavra de ordem para o Solstício. E Temos de Agir porquanto sem acção não há obra e sem ela, não realizamos o Templo que está em nós, e impedimos o carente de obter o amparo que precisa. 

Só agindo poderemos proclamar a obra do G.A.D.U., e ela consiste em consumar o nosso juramento como maçons exercendo a solidariedade. E é nesse acto perante o irmão fragilizado, perante a comunidade necessitada ou perante a premência de ajudar a encontrar rumos justos na sociedade, que estaremos a erguer um novo mundo, aquele em que habitarão os filhos que nos sucederem. 

A G.L.L.P./G.L.R.P. tem uma responsabilidade maior, não pelo facto de ser a maior obediência maçónica em Portugal, mas pelo facto de ser a única Obediência Regular, e por isso mantermos laços de amizade e de reconhecimento com as Grandes Lojas Regulares de todo o mundo, e com elas partilharmos os antigos princípios da Fraternidade Maçónica Universal, assim como a tradição iniciática. 

Esta tradição iniciática ancestral torna possível a procura e a construção de valores dentro do respeito, mais absoluto, pelas crenças particulares de cada um de nós, dando um verdadeiro sentido à nossa vida. Esta é a verdadeira e única explicação para a extraordinária vitalidade que a maçonaria conserva e representa nos nossos dias. 

É neste contexto que proponho vivermos com mais alegria, com mais robustez nos bons propósitos de vencer e de ter sucesso, não nas coisas grandes, mas nas mais pequenas ou ínfimas, nas que estão em nós e ao nosso redor. Não é preciso ir para longe para tentar fazer o bem ou melhorar o mundo.

Bem connosco ao nosso lado, em casa, na nossa rua, no nosso bairro, na empresa onde trabalhamos, ou olhando melhor o amigo ou o vizinho que temos, possamos dedicar o esforço em ajudar quem precisa.

Temos de assumir que representamos os Maçons Regulares e que, verdadeiramente, pertencemos a uma comunidade fraterna, independentemente da religião, da origem social ou da raça de cada um dos seus membros.

Devemos estar preocupados com o futuro dos nossos Irmãos sem qualquer discriminação, como um amor que não espera nada em troca, e que se acontecer um infortúnio nas suas vidas devemos estar presentes para lhes dar a força, a esperança e a confiança. Não podemos ficar indiferentes. Devemos estar presentes e agir! Os princípios de solidariedade devem ser a nossa principal preocupação e bandeira. 

A generosidade que juramos sob a forma da caridade, não é mais do que o exercício dos afectos e são estes que transformam o mundo, primeiro em cada um de nós e depois na diferença que fazemos nos outros, que deles carecem para reduzir as suas agruras ou dificuldades. 

Vamos, pois, dedicar algum tempo aos afectos – até porque se aproxima a época do Natal – para que diminua o sofrimento no mundo. Não é preciso buscar batalhas distantes, basta olhar perto e todos perceberemos que podemos fazer a diferença. E olhai bem, quantas vezes só fazendo o bem a outrem é que abrimos a porta para que beneficiemos do bem dos outros. 

Temos de utilizar as ferramentas da esperança, da lucidez e da alegria neste fascinante caminho de renovação. Não podemos desperdiçar os nossos dias, que são poucos, mas que bem contados podem valer uma eternidade. 

Meus Queridos Irmãos, 

Permitam-me que cite, mais uma vez, Albert Pike: “Tudo o que fizermos na vida só para nós, morre connosco, tudo o que fizemos pelos outros e pela humanidade permanece e é imortal”. 

Ou, ainda, um sábio pensamento judaico: “O dia de hoje jamais acontecerá novamente. Mas uma boa acção pode fazê-lo durar para sempre.” 

Ou citando, Mário Martin Guia: “A maior felicidade é a de termos a capacidade de sermos felizes com a felicidade dos outros!” 

Eram estas as palavras simples, mas cheias de emoção, que do fundo do meu coração queria partilhar convosco e que por isso espero que não sejam inúteis e contribuam para um futuro melhor. 

Meus Queridos Irmãos: 

TEMOS DE AGIR! 

Armindo Azevedo 
Grão-Mestre

21 outubro 2019

Comunicação do Grão Mestre da GLLP/GLRP por ocasião do Equinócio de Outono


Meus Queridos Irmãos,

Estamos aqui mais uma vez reunidos na Assembleia da GLLP/GLLRP, para comemorar o Equinócio do Outono, este ano especial, porquanto temos aqui presentes muitos e ilustres visitantes e Irmãos de 34 delegações de 26 países do mundo.

Equinócio

O evento celeste que ocorre hoje torna o dia e a noite quase iguais. Assim, a linha divisória entre o dia e a noite observada do cosmos, torna-se vertical, "ligando" os polos Norte e Sul do nosso planeta. Dá-se o início da mudança das estações do ano.

É nos Equinócios que os maçons recebem as bênçãos do equilíbrio, da igualdade e da justiça, sempre numa contenda para prevenir o desequilibro moral, espiritual e social que quotidianamente nos afetam e prejudicam.

O que move o mundo é a busca constante da felicidade e isso é sobretudo um caminho, um percurso individual e coletivo que nunca tem fim, pois se o tivesse, a obra estaria concluída e tal resultado, bem sabemos, nunca poderá estar terminado, a não ser quando o G:.A:.D:.U:. nos chama para junto dele, fechando-se, então, para cada um de nós, a magnifica Abobada Celeste.

Que consigamos, todos nós, demonstrar por palavras e pelo trabalho que a Maçonaria e os Maçons, estejam onde estiverem e sejam quais forem as condições, continuam a ser, como sempre foram, obreiros de liberdade, de paz, de harmonia, de entendimento, de amabilidade e de amor. Mas também, motivadores de progresso, de desenvolvimento, de ciência, de educação e de solidariedade.

Vivemos tempos desafiantes, inquietantes, estranhos e perigosos. Mas a humanidade, ao longo dos milénios, sempre teve enormes problemas para resolver e agora, não sendo os mesmos, incumbe-nos a nós estar à altura dessas interrogações, desses perigos e receios.

E reflito nisto aqui porque a Maçonaria não vive fora do mundo e das realidades que a cercam e, por isso mesmo, não poderemos nunca ser um corpo indiferente em tão vasto horizonte de eventos com que nos confrontamos.

Num momento em que a maçonaria enferma de uma injusta perceção pública, numa época em que tudo vale para fazer vingar um qualquer fim, mais do que nunca teremos de travar a queda por este declive obscuro e recolocar a Maçonaria no caminho e no patamar que sempre a distinguiu ao longo da História.

A realização de eventos abertos ao mundo profano, com temas importantes, como este das Migrações, deverá ser um caminho na partilha das nossas ideias e das nossas preocupações, que afinal não são tão secretas como nos caracterizam certos grupos.

Nesta fraternidade Maçónica destaco o extraordinário fator de união que se vive, apesar da diversidade de convicções de cada um dos seus membros, no plano político, religioso e étnico como exemplo maior de tolerância e respeito, que nos ajudam a enriquecer enquanto pessoas e maçons.

Ontem realizamos uma Conferência sobre as Migrações, esse enorme problema que vivemos hoje.

As migrações são hoje um problema incontornável a nível mundial. As migrações como fenómeno social, económico e político têm vindo a assumir um papel central na opinião publica e no debate político.

O aumento dos movimentos migratórios internacionais, registados nas últimas décadas, transformaram profundamente as sociedades contemporâneas. Esta realidade provoca um natural impacto na comunidade internacional que precisa de respostas concretas e de soluções adequadas e da implementação de políticas que atendam aos direitos humanos, ao invés, de gerarem discursos estéreis, radicais e xenófobos. As discussões em torno das migrações e dos migrantes têm sido, do nosso ponto de vista, pautadas por intervenções irrealistas e desconexas, sem analisar verdadeiramente a realidade migratória, as suas verdadeiras causas e as suas consequências.

A maçonaria tem contribuído para o bem estar da sociedade e das pessoas, de muitas maneiras, ao longo dos últimos séculos. Uma miríade de instituições, organizações e agremiações, ligadas à maçonaria universal, trabalham arduamente pelo mundo fora trazendo o conforto, a paz, a saúde, a esperança, a dignidade e a vontade de viver. E sempre foi assim para acabar ou minorar o sofrimento, a humilhação, a ditadura, a intolerância e os dogmas.

A GLLP no exercício da sua missão de cidadania tem promovido, com crescente regularidade, ações de reflexão ou campanhas de solidariedade, intervindo diretamente na sociedade em defesa dos superiores valores que professa.

Com base na Carta das Nações Unidas para os Direitos do Homem, documento tão nobre como querido a todos aqueles que reconhecem nos valores da maçonaria o melhor quadro genético para a sociedade atingir a felicidade desejada, encaramos o problema das migrações como um desafio à própria afirmação do Homem como ser justo e solidário.

Cientes dos problemas decorrentes de semelhante fenómeno e das suas naturais reações locais, não deixaremos que nesta reflexão se esqueça a dimensão humana de um problema que a todos afeta, e a ninguém pode deixar indiferente.

Num mundo em permanente evolução, a mudança deve estar ancorada num quadro de valores que, em momento nenhum, esqueça o personalismo e a liberdade individual como principal motor dessa dinâmica e, em última instância, da garantia da própria felicidade humana.

Neste desafio, poucas são as instituições seculares que têm mantido viva a luz. Por vezes na vida somos nós que fazemos a História. Noutras ocasiões é a História que nos faz a nós. A sociedade em que vivemos hoje em acelerada mudança, encerra um conjunto de desafios de proporções ainda desconhecidas e de consequências imprevisíveis. Os riscos da incerteza exigirão firme e determinada intervenção das lideranças das principais instituições que compõe a sociedade.

A nossa Augusta Ordem, ontem como hoje, pela força da sua génese e pela sua responsabilidade histórica, será inevitavelmente chamada a, mais uma vez, constituir-se como farol da evolução, saber de experiência feita sobre o essencial da libertação do Homem, luz sobre os valores que mudança alguma pode colocar em causa.

Nos tempos que correm, a maçonaria é importante na vida de milhões de pessoas e, no decurso de mais de três seculos, a maçonaria tem inspirado e moldado um número incontável de pessoas.

Uma coisa sabemos bem: os maçons foram sempre os primeiros a erguerem-se perante as dificuldades, foram sempre os mais intrépidos face às calamidades, mas também contra às ignomínias e às múltiplas incongruências e barbaridades que o ser humano criou e cria, no seu trajeto de poder e domínio das sociedades temporais, políticas, religiosas, económicas e muitas outras mais.

Consciente destes desafios, ciente da responsabilidade secular que o meu cargo impõe, propus-me a ativamente contribuir para resgatar para a maçonaria o papel central sobre este processo de evolução, recolocando-a como referência maior e escola de vida para os Homens Bons que pretendem apurar-se na relação com os outros, tornando-se Homens Melhores.

Mas foi o crescimento espiritual do homem que nos fez compreender a existência do Deus Criador e com isso, sabermos que o G.A.D.U. tudo vê.

E se assim é, esse poder absoluto do divino tornou-se um bálsamo para a humanidade, já que na sua submissão a uma força maior, se obrigava a estabelecer as leis morais e as regras cívicas que tornaram possível a convivialidade social e a civilidade entre os povos, refreando os instintos e punindo os excessos.

É neste contexto que a maçonaria universal foi “motor” de evolução humana, agindo na educação, no ensino, na reflexão e no estudo, burilando as arestas das imperfeições e elevando o pensamento politico e organizacional das sociedades a um nível nunca antes atingido, forjando lideres e obreiros de enorme gabarito que catapultaram a humanidade para nobres desígnios e belas e frondosas obras que transformaram e melhoraram o mundo.

Fomos e somos factores do progresso, mas também teremos de ser o garante dos valores que suportam esse desenvolvimento e progresso, entre os quais a liberdade, a fraternidade e a igualdade, mas ainda, a solidariedade, a temperança, a tolerância, a compreensão e a cordialidade.

Sem compreender nunca poderemos perdoar, e isso é preciso para gizar planos inclusivos e agregadores da humanidade, que bem necessita de promotores de entendimento e concórdia. A nossa
condição de maçons obriga-nos a nunca deixar de porfiar e resistir perante o desalento, as tribulações, a maldade, o odio, as desavenças e as discórdias.

E tudo isso leva à subalternização da pessoa humana, face a interesses escusos ou duvidosas práticas de superioridade, à condescendência para com a quebra das regras mais elementares do bom senso e da legalidade, como temos ultimamente visto a nível internacional, seja nas disputas politicas e comerciais, ou mesmo no inquietante caminho de uma eventual proliferação da produção armamentista mundial, que depois desembocará em conflitos bélicos nos mais diversos locais.

O mundo está perigoso e caótico, em que os fatores de estabilidade e contenção enfraqueceram e, com isso, subiu a desestabilização dos países, das sociedades e dos povos, em que até movimentar mercadorias ou pessoas, se tornou matéria de contenda injustificável, colocando em risco civis inocentes ou prejudicando normais empresas na sua atividade útil das transações necessárias para o bem de todos.

E à turbulência mais tradicional do mundo, como foi a guerra fria, sucedeu uma crise energética e de preços do crude que fragilizou uma série de países, o que depois levou, também, à polarização dos apetites nucleares em zonas distintas do planeta, criando instabilidade acrescida, como são, a crise dos misseis da Coreia do Norte e o rasgar dos acordos sobre a produção nuclear do Irão, que se repercutiu em persistentes lançamentos de misseis sobre o mar do Japão e em ataques bélicos a navios mercantes no golfo pérsico, inclusive com o seu aprisionamento abusivo.

E a conflitualidade prosseguiu com o erguer de políticas protecionistas quanto às trocas comerciais mundiais, muito focadas na aplicação de tarifas extraordinárias entre os EUA e a China e até entre os EUA e a Europa, ou os EUA e outras regiões do mundo.

Não nos compete a nós maçons, ter outra ação que não seja analisar e avaliar com justeza e retidão todas as causas e circunstâncias destes conflitos, para podermos ponderar na forma como agir, no desiderato dos nossos “landmarks” e no cumprimento dos votos maçónicos que nos obrigam a pelejar pela liberdade, igualdade e fraternidade.

O papel do maçon é intervir, para com bom senso, chamar a atenção dos problemas, inventariar as causas, propor medidas e sensibilizar o mundo para a tolerância, para a justiça, para a harmonia e para o diálogo. Não se pode resolver nada se não formos justos, humildes e razoáveis.

Humilhar o próximo, exacerbar a superioridade, praticar o ódio, demonstrar o preconceito, acicatar as diferenças, ofender e diminuir o outro, explorar a desgraça, ter práticas contra o ambiente, promover a delapidação dos bens naturais, destruir os ecossistemas, fomentar a pobreza pela ausência de planos sociais e enfim, fragilizar a humanização da vida e das sociedades, dos países e do mundo, são crimes que colocam em causa a sobrevivência do homem e destroem o planeta Terra.

Iluminados pelo G.A.D.U., os maçons obrigam-se a refletir a luz divina recebida, e isso traduz-se na iluminação das trevas reportadas aqui, pois de trevas se tratam os problemas citados. E como bem sabemos, nós temos de levar a luz aonde haja escuridão e todos os Irmãos estão convocados para esse trabalho.

Que saiamos daqui motivados para essa necessária tarefa exigente, prolongada e difícil, porquanto o mundo precisa desse nosso papel, até porque se não agirmos, não faremos jus ao passado dos nossos dignos ancestrais e lamentaremos dramaticamente a exigência de não termos agido como era necessário, e com isso, sermos fautores da desgraça que afinal devíamos ter ajudado a evitar.

Prometi, faz hoje um ano, dedicar-me com total empenho, aprimorando o talhe da pedra, cuja beleza não cessará de ser trabalhada, visando a solidificação da Nossa Ordem e o crescimento da Fraternidade, em Paz e Harmonia. Os sinais de carinho e verdadeiro amor fraternal, que me chegam hoje, comprovam isso e são a única e a verdadeira recompensa que pretendo receber.

Não poderemos nunca, como em qualquer outra instituição, obter a plena aceitação ou unanimidade sobre tantos e tão delicados assuntos em que nos envolvemos. Mas podemos e devemos, sempre, aproximar ideias, objetivos e consensos alargados que consubstanciem a nossa vontade generalizada.

Convosco, sei que faremos mais e melhor para a nossa Augusta Ordem.

A.G.D.G.A.D.U.

Armindo Azevedo
Grão Mestre

20 março 2019

Comunicação do Grão Mestre da GLLP/GLRP por ocasião do equinócio da primavera


Meus Queridos Irmãos,

Estamos aqui hoje reunidos para celebrar a Maçonaria Regular neste período que antecede o Equinócio da Primavera.

Foram hoje aprovadas as contas do exercício de 2018 e foram discutidas e aprovadas alterações ao Regulamento da GLLP/GLRP. Foi, sem dúvida uma manhã muito profícua em que foi possível discutir, num ambiente fraterno, as propostas e contributos que algumas Respeitáveis Lojas, com elevado empenho e sentido de responsabilidade, nos fizeram chegar.

Permitam-me, no entanto, que lembre que o nosso Regulamento não é comparável com os estatutos de uma qualquer Associação e que aquele é também o principal garante da nossa regularidade e do nosso reconhecimento internacional, sendo que a Grande Loja, dentro dos limites dos princípios do reconhecimento, ainda que num quadro de independência e autonomia, deve manter a autoridade sobre a maçonaria de base, ou seja, sem partilhar o poder com qualquer outro órgão maçónico.

Por outro lado, fica para mim claro que, independentemente de quem é o Grão Mestre, não devem ser diminuídos os seus poderes e competências e devemos outrossim assumir com muito orgulho que o Grão Mestre é o chefe Supremo da Obediência, de acordo com a Tradição Maçónica e com os nossos juramentos.

A Grande Loja não pode, nem deve ser reduzida a uma mera Associação de Lojas ou a uma Assembleia de Grande Loja.

A Grande Loja tem presentemente cerca de 3.000 obreiros e isso justifica, por si só, o imenso trabalho que todos temos pela frente.

Realizámos no passado dia 23 de fevereiro o dia da Lembrança, em Condeixa, numa cerimónia de homenagem sentida, que nos remeteu para a saudade dos nossos Irmãos que partiram para o Oriente Eterno.

Esta cerimónia teve uma enorme mobilização, em especial dos Grandes Oficiais, que responderam com uma significativa presença. Agradeço a todos aqueles que foram nomeados para trabalharem com dedicação, lealdade e orgulho em prol da nossa Augusta Ordem.

Presentemente, temos 145 Lojas das quais só cerca de 125 estão ativas, sendo que muitas vivem no limiar do quórum, que se pretende ver reforçado, para que todas possam trabalhar de forma justa e perfeita.

Temos todos o dever de contribuir para o reforço do quadro de obreiros, convidando todos aqueles que, pelas suas reconhecidas qualidades humanas, éticas, intelectuais e solidárias, a integrar a nossa Ordem, num processo de rigorosa seleção.

Exorto-vos, mais uma vez, a inquietarem-se sobre o contributo que cada um pode dar, no dia-a-dia, para engrandecimento das vossas Lojas e da nossa Grande Loja.

Não devemos temer os fundamentalistas, os extremistas, os ignorantes e todos aqueles que, em movimentos mais ou menos organizados, optam por criticar a maçonaria, numa fobia coletiva e antimaçónica, ou seja, a “maçofobia”, como manifestação primária de um profundo sentimento antimaçónico.

Não devemos falar de política, mas quando se trata de violação dos direitos humanos e da liberdade não podemos ficar indiferentes. Manifestemos, pois, o nosso repúdio pelas ações antissemitas em França e pelos atos, como aqueles ocorridos em Itália, na qual o governo deliberou impedir os maçons de integrarem a administração pública e o executivo ou como na Sicília, exigindo aos funcionários que declarem ser ou não maçons. 

Mas a intolerância não reside só na Europa! Também na América do Sul, num país que já foi um exemplo de democracia, a Venezuela, o Governo terá mandado incendiar Lojas e Templos maçónicos e declarou todos os maçons venezuelanos traidores ao serviço de interesses externos.

No ano passado um jovem Aprendiz Maçon, Óscar Perez, piloto militar de helicópteros, e mais seis camaradas, foram assassinados sem julgamento, com um tiro. Foram eles os primeiros a revoltarem-se. Hoje é Juan Guaidó, também nosso Irmão, que luta pela reposição da democracia, da liberdade e de eleições gerais.

Ser maçon é pertencer a uma Ordem que utiliza a tradição milenar, e que tem como base ideias como a verdade, a virtude, a igualdade e a justiça. Por isso, a nossa força é enorme, pois temos ao nosso dispor, meios que mais ninguém tem, para influenciar a sociedade de forma muito positiva.

Meus Queridos Irmãos,

No próximo dia 20 de março festejamos o Equinócio da Primavera, que é o que define o instante em que o Sol, na sua órbita aparente, atravessa o equador celeste. Teremos, assim, o primeiro dos quatro grandes momentos de interação astronómica entre o Sol e a Terra.

Há muito que deixamos de ser Maçons Operativos para nos tornarmos em Maçons Especulativos. Deixamos o materialismo e passamos a procurar a Igualdade, a Liberdade e a Fraternidade. Sermos especulativos quer dizer observar, pesquisar, refletir e projetar, fazendo teoria. 

As estações do ano, com suas características, regulam toda a vida da natureza e, também, toda a atividade humana. Estaremos 12 horas sob a égide do Sol e 12 horas sob a égide da Lua, astros que decoram os nossos Templos e que devem inspirar-nos ao estudo dos seus significados simbólicos.

A primavera é a estação das grandes mudanças. A chegada da primavera é um evento sempre muito celebrado em todo o mundo, porque marca o fim do inverno, uma estação sempre associada às noites longas, penumbra, mau tempo, desconforto e em termos históricos à escassez de comida. Para além disso, é a celebração do renascimento da natureza, e historicamente, era a altura em que se celebravam os festivais de fertilidade e abundância.

Os reinos animal e vegetal saem da letargia e tornam-se exuberantes. Para nós, maçons, é tempo de crescer e difundir os nossos princípios na sociedade. Na Primavera, as sementes brotam... e é hora então, da Maçonaria recolher “a boa semente” e plantá-la no campo da nossa Sublime Ordem.

Os Equinócios (Outono e Primavera), explicados cientificamente, são uma coisa, em maçonaria especulativa quer dizer que devemos ver acima das aparências e tentar conhecer com a visão interior e por isso é que os equinócios nos remetem para a equidade, ou seja, igualdade.

Que propósito teria o GADU, em toda a sua glória, para fazer as coisas assim?

É necessário ter em conta que a luta entre a luz e as trevas, nunca termina e que teremos sempre de pelejar para nos libertarmos da matéria e assumirmos a condição do espírito.

A Primavera dá início à vida, à prosperidade, à harmonia e ao equilíbrio e nós, que somos os construtores da sociedade “Justa e Perfeita”, passamos a deixar para trás a hibernação o Inverno escuro e lançamo-nos no erguer das colunas que refletem a Luz do GADU.

Porém, em todos os aspetos, este ritual de luz traz sempre, trabalho com a consciência, a alegria, a esperança, a renovação, a harmonia e o equilíbrio. É o momento de agradecer e celebrar a beleza da vida, da natureza, da mãe-terra e de tudo o que o Grande Arquiteto do Universo nos legou.

Meus Queridos Irmãos
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O universo criado pelo GADU é um vasto e misterioso lugar, abrangendo tudo o que já conhecemos, observamos e ainda o que iremos vir a encontrar. Durante milénios andamos a olhar para o céu, a nossa janela para o cosmos, o que provocava espanto, admiração e uma fascinação para com o desconhecido. 

Graças aos avanços alcançados, entretanto, agora sabemos que os pontos de luz no céu são estrelas, encontradas agrupadas em galáxias que se organizam em escalas maiores e assim sucessivamente.

E nós estamos aqui no nosso planeta, numa pontinha da Via Láctea…

A verdade é que, como maçons, cumpre-nos conhecer a evolução do mundo, o que muitas vezes não sucede.

Este conhecimento é importante para agora, no nosso tempo, intervirmos no mundo em que vivemos e que sabemos estar tão complicado, confuso e perigoso.

Poucos poderão antever o futuro, discorrer sobre as emergências politicas e sociais com que se defronta e defrontará o mundo, seja por questões politicas, económicas, religiosas, militares ou outras, como a sustentabilidade da humanidade enquadrada pelos países, relativamente a problemas como a poluição, a demografia, a produção alimentar, o abastecimento de agua potável, a globalização das pandemias, as alterações climáticas, a militarização das nações, a inteligência artificial, a robotização, etc..

Mas o papel da maçonaria universal é e será sempre o mesmo: defender o homem em todas as suas vertentes dos direitos humanos, da liberdade, da fraternidade, da democracia e do estado de direito.

E neste contexto, embora com as variáveis dos avanços tecnológicos, nunca deveremos ou poderemos fazer cedências. Temos de ser sempre os primeiros, onde estivermos e como estivermos, em sabedoria, nas batalhas dos novos templos de Salomão.

Todavia, hoje como no passado, a maçonaria sempre encontra caminhos para fazer avançar a humanidade e isso assim continuará a ser. 

À maçonaria portuguesa, incumbe em primeiro lugar, olhar para o país e nele cumprir a sua obrigação. Depois, temos de olhar para o mundo da lusofonia, e aí, também, fazer o que lhe compete. Logo a seguir, o nosso espaço europeu, importante por constituir o polo de maior desenvolvimento do planeta. Por último, precisamos de acompanhar o mundo que ajudamos a descobrir desde o século XV - o mundo chamado de novo, onde bem sabemos que apelam pelo nosso contributo.

E o que resta?

Bem, para além da geografia, sobra o ser humano e este não tem fronteiras enquanto ser vivo. Trata-se do nosso irmão, porquanto dúvidas não haverá, que o universo existe e nós nele estamos. Mas para saber que o universo existe, tem de haver uma consciência que dele dê notícias da sua existência. E quem dá esse sinal, somos nós, cada ser humano.

É por isso que a maçonaria é antiga, porque ela é inerente a cada homem desde os primórdios do mundo e é na maçonaria que se consubstancia o progresso da humanidade, pois para que o progresso siga em qualquer direção, torna-se necessário a Luz que a tudo ilumina, o foco que vai adiante.

E se a Luz vem do GADU, fonte de toda a claridade, ela, visa iluminar a mente do homem, se o homem a isso se predispuser.

E só depois o cosmos se alumiará. Afinal, o cosmos só pode ser visto, se for compreendido e para tal nem são precisos os olhos. Para olhar e compreender o cosmos, é necessário apenas que o coração humano seja habitado pelo Grande Arquiteto do Universo.

É isso que peço a todos os Meus Queridos Irmãos: que se deixem visitar pela Luz do GADU.

Obrigado.

Disse.

Armindo Azevedo
Grão Mestre

25 janeiro 2019

Exortação do Grão-Mestre da GLLP/GLRP aos Grandes Oficiais


Muito Respeitáveis e Respeitáveis Irmãos,

Meus Queridos Irmãos e Amigos,

Começo por agradecer a vossa presença, neste momento de fraterno convívio, passados pouco mais  de 100 dias, desde a minha instalação.

Não pretendo fazer um balanço, mas quero que aproveitem este momento para se conhecerem melhor, para partilharem opiniões e experiências e para que se sintam mais próximos uns dos outros.

Aproveito ainda este encontro para definir estratégias e promover o início de um debate importante sobre o nosso verdadeiro papel enquanto maçons:

- Será que o que fazemos enquanto maçons é aquilo que a sociedade espera de nós?

- Será que aquilo que fazemos como maçons nos ajuda a crescer e a ser homens melhores?

- Podemos vencer o imobilismo e ser pró-ativos e interventivos em prol de causas que preencham vazios e necessidades concretas de pessoas que todos conhecem e já identificaram?

Estas são algumas das questões que devem estar sempre presentes e para as quais devemos procurar incessantemente respostas. 

A Grande Loja tem, presentemente, cerca de 3.000 obreiros e isso justifica por si só o imenso trabalho que todos temos pela frente.

As Lojas são e devem ser a base do nosso trabalho e o foco principal da Grande Loja.

A Grande Loja só existe porque existem Lojas, o Grão-Mestre só existe porque existe Grande Loja e os Grandes Oficiais só existem porque foram nomeados. 

A todos os Grandes Oficiais quero agradecer a disponibilidade para trabalharem em prol deste projeto comum que eu assumi encabeçar. Foram nomeados para trabalharem com dedicação, lealdade e zelo em prol da nossa Augusta Ordem.

Deixemo-nos, pois, de vaidades, de egos inflamados. Inquietem-se e questionem-se sobre o contributo que cada um pode dar, em cada uma das vossas funções, no dia-a-dia à Grande Loja, ao vosso Grão-mestre e às Lojas.

Exige-se que sejamos uma verdadeira equipa, que façamos parte de um “governo” responsável,  somando todas as nossas energias de forma positiva.

Visitem as Lojas, contribuindo dessa forma para uma maior aproximação entre estas e a Grande Loja. Aproeitem para passar as nossas mensagens, os nossos anseios, em paz e Harmonia. Assumam-se como verdadeiros representantes do Grão Mestre, sem vaidades e sem prepotências.

Não alimentem querelas estéreis, sejam exemplares nas vossas funções e intervenções.

Sejam ainda arautos de boas notícias, de projetos que toquem cada um de nós e envolvam todas as Lojas. 

Temos cerca de 144 Lojas. É verdade, que só cerca de 127 estão ativas e que muitas vivem no limiar de um quórum, que se pretende ver reforçado, para que todas possam trabalhar o Rito, de forma, a que no final, tudo esteja justo e perfeito.

Todos nós temos o dever de ajudar as Lojas a reforçar o quadro de obreiros, convidando todos aqueles que, pelas suas reconhecidas qualidades humanas, intelectuais e solidárias, a integrar a nossa Ordem, num processo de rigorosa seleção.

Temos ainda, Meus Queridos Irmãos um longo caminho a percorrer em termos esotéricos, espirituais e filosóficos, na constante busca da perfeição, quer pessoal quer coletiva.

Ajudem-me a criar um novo clima de harmonia, de paz e de alegria. Nós maçons, temos ao nosso dispor, meios que mais ninguém tem, para influenciar a sociedade de forma muito positiva.

É verdade que vivemos tempos de incertezas, de ausência de valores, em que vale quase tudo: são as redes sociais que, presentemente, ocupam uma parte significativa do nosso tempo; são as “fake news” e o populismo que levam a comportamentos inaceitáveis numa sociedade moderna, justa e democrática; são tantas e constantes as solicitações que enfraquecem a natural disponibilidade para causas solidárias e fraternas.

Temos assim que, enquanto, principais representantes do Grão Mestre e da Grande Loja ser um exemplo de rigor, de disponibilidade, de conhecimento e de partilha da verdadeira amizade fraterna.

Aqueles que foram nomeados e instalados aceitaram “de livre vontade desempenhar as funções do cargo para os quais foram nomeados” e “desempenhar com zelo e lealdade todas essas funções e “juraram e renovaram a promessa solene de amar todos os Irmãos e socorrê-los e ir em seu auxilio, sempre que for necessário”, e “juraram e prometeram cumprir fielmente e com zelo as missões confiadas pelo Grão-Mestre”.

É isso que eu espero de todos vós. É isso que todos esperam de nós.

Dois projetos devem merecer a nossa especial atenção: a REM e a Academia Maçónica. Destaco estes dois, como podia destacar outros, mas temos que começar por algum lado.

Peço pois, o vosso apoio ao RI Paulo Caetano e ao RI Armando Anacleto, a quem devemos apoiar de forma incondicional e sem regatear esforços. O trabalho por eles desenvolvido e a desenvolver, visa exclusivamente o benefício coletivo e não o individual.

Confio em todos sem exceção. Sozinho não conseguirei passar do plano das boas intenções.

Temos muito trabalho pela frente, mas sei que com a ajuda de todos, o nosso trabalho será no final, coroado de sucesso.

No próximo dia 23 de Fevereiro de 2019 realiza-se a Cerimónia da Lembrança, na qual vamos honrar e recordar todos os Irmãos que partiram para o Oriente Eterno. Conto com a vossa presença!

Recordo com saudade todos aqueles que partiram, mas permitam-me que, de forma muito especial, recorde o R.I. Luís Cardoso, que foi um grande exemplo como Homem, como Maçom e como Grande Correio Mor. Ele, verdadeiramente, não partiu, porque contínua presente nos corações de todos nós.

Por último, renovo o meu agradecimento a todos pela vossa presença e peço-vos que aproveitem este momento para se conhecerem melhor, para uma sã partilha de ideias e de “sonhos” para, no final, tornar a nossa Augusta Ordem mais forte e em que todos sintam um enorme orgulho em serem maçons.

À G.D.G.A.D.U.

Armindo Azevedo
Grão-Mestre

02 outubro 2018

Comunicação do Grão-Mestre da GLLP/GLRP por ocasião da sua Instalação, no equinócio de outono de 2018


Meus queridos Irmãos,

Agradeço a vossa presença e a todos saúdo com um tríplice fraternal abraço.

Começo por saudar tão vasta representação de Representantes das delegações de potências maçónicas estrangeiras, que muito nos honram e sensibilizam com a sua presença.

Permitam-me que saúde de forma muito especial os Antigos Grão-Mestres, aqui presentes: o M. R. I. José Manuel Anes, o M. R. I. José Moreno e o M. R. I. Júlio Meirinhos que acabou de me instalar na cadeira de Salomão, o que muito me honrou.

Recebo das suas mãos uma Ordem mais forte. A Grande Loja teve um enorme incremento nos últimos 4 anos, fortaleceu-se internamente e aumentou significativamente a sua influência internacional. E isso resultou do esforço e empenho no exercício do cargo. Agradeço-te, pois, M. R. I. Júlio Meirinhos o teu empenho e dedicação à nossa Grande Loja.

Mas todos tiveram um papel notável na edificação da nossa Augusta Ordem. Foram o garante da nossa unidade e regularidade. Com o seu entusiasmo e dedicação, foram protagonistas relevantes da nossa história, e muito contribuiram para o crescimento da nossa Fraternidade. A todos eles devemos o que somos hoje. Agradeço em meu nome, em nosso nome, a todos os que me antecederam.  

Permitam-me ainda lembrar, com muita saudade, dois grandes e notáveis Maçons que marcaram, de forma indelével, o meu percurso e maturidade maçónica: Mário Martin Guia e Rui Clemente Lelé. A eles devo, ainda que de forma distinta, grande parte do que sou hoje como maçom.

Ao longo dos últimos anos, tive o privilégio de conhecer muitos Irmãos que enobreceram e enobrecem a nossa Augusta Ordem. Percorri um amplo número de Lojas e ajudei a fundar algumas. Fiz um trajeto que muitos outros Irmãos também fizeram e que muitos mais podem e, com certeza, virão a fazer.

No tempo que considerei certo, apresentei-me como candidato a Grão-Mestre da GLLP/GLRP, apresentei-me com a simplicidade e a normalidade de um qualquer Irmão que assim o desejasse e estivesse conforme à regularidade e aos regulamentos.

As últimas eleições para o cargo de Grão-Mestre reafirmaram a pluralidade e diversidade de opiniões e a enorme vitalidade da nosa Augusta Ordem. Cumprimento por isso todos os RR. II. que comigo as disputaram.

Em democracia as eleições são a pedra angular da liberdade e é sempre salutar que elas ocorram conforme os cânones que se lhe aplicam, com serenidade, igualdade, cordialidade e correção.

Na nossa Augusta Ordem, as eleições, no estrito cumprimento dos Regulamentos e do verdadeiro espírito maçónico assumem, ainda que assentes em princípios democráticos, contornos particulares. No nosso caso, exige-se que tal suceda em fraternidade. Ou seja: porque somos uma obediência fraternal, impõe-se que a disputa seja leal e em irmandade, pois ninguém está, enquanto pessoa e Irmão, acima de quem quer que seja e o "pleito eleitoral", sendo necessário e importante na vida da nossa Augusta Ordem, é apenas um momento de escolha, onde os Irmãos elegem um seu par para assumir a cadeira de Salomão.

Na cadeira de Salomão, o ocupante senta-se para governar o que lhe foi confiado, tentar resolver o insolúvel, preparar-se para o imprevisível, antever o possível, dirimir os conflitos, eliminar o que for injusto e negativo e procurar a harmonia, a paz e a concórdia.

É certo que crescemos muito. Foi meu compromisso "eleitoral" defender a máxima exigência na seleção daqueles que devemos aceitar na nossa Augusta Ordem e a quem possamos verdadeiramente reconhecer como Irmãos. A nossa dificuldade tem de estar em selecionar, não em recrutar. Selecionar, sempre com o intuito de ter connosco os melhores e mais bem preparados, pois só assim poderemos agir com maior significado junto da vida profana onde nos inserimos e só assim manteremos a união e a fraternidade que nos carateriza.

Vivemos um tempo de dificuldades no país, na Europa e no mundo, em que proliferam muitas desavenças políticas, conflitos bélicos, incertezas geoestratégicas e incapacidade para resolver os problemas sociais, como os das minorias e dos refugiados. Internamente, o país regista ambivalências, com esperança numa definitiva mudança, entre certezas e muitas dúvidas.

E reflito nisto aqui porque a Maçonaria náo vive fora do mundo e das realidades que a cercam e, por isso mesmo, não poderemos nunca ser um corpo amorfo e indiferente em tão vasto horizonte de eventos com que nos confrontamos.

Num mundo em permanente evolução, a mudança deve estar ancorada num quadro de valores que, em momento nenhum, esqueça as pessoas e a liberdade individual como principal motor dessa dinâmica e, em última instância, da garantia da própria felicidade humana.

A sociedade em que hoje vivemos encerra, em acelerada mudança, um conjunto de desafios de proporções ainda desconhecidas e de consequências imprevisíveis. Os riscos da incerteza exigirão firme e determinada intervenção das lideranças das principais instituições que compõem a sociedade.

A nossa Augusta Ordem, ontem como hoje, pela força da sua génese e pela sua responsabilidade histórica, será inevitavelmente chamada a, mais uma vez, constituir-se como farol da evolução, saber de experiência feita sobre o essencial da libertação do Homem, luz sobre os valores que mudança alguma pode colocar em causa.

Consciente destes desafios, ciente da responsabilidade secular que o cargo impõe, proponho-me, se soberba, ativamente contribuir para resgatar para a maçonaria o papel central sobre este processo de evolução, recolocando-a como referência maior e escola de vida para os Homens Bons que pretendem apurar-se na relação com os outros, tornando-se Homens Melhores.

Honrando a herança recebida desde o exemplo maior de Jacques de Molay, 704 anos após a sua morte às mãos da tirania de Filipe IV, curiosamente de cognome "O Belo", propomo-nos continuar a combater por uma sociedade mais livre e mais solidária, onde o génio individual liberte todo o seu poder criativo à luz da razão, conquistando a verdadeira beleza que resulta da perfeição.

Quando atendemos à dimensão de todos aqueles que se sacrificaram em nome dos nossos ideais, só podemos ter orgulho na condição de maçons que transportamos em nós.

Por todas estas razões, escolhi como lema do meu Grão-Mestrado "O Orgulho em Ser Maçom".

Quanto maior a alma, maior o desafio. E por tudo isto, liderar o grupo de Homens Bons que integram a nossa Augusta Ordem é, não só um privilégio, uma honra, mas uma enorme responsabilidade. É orgulho, felicidade e ambição, que só a profunda admiração que nutro por cada um me fazem imaginar sequer poder estar à altura.

Num momento, também, em que a maçonaria enferma de uma injusta perceção pública, numa época em que tudo vale, muitas vezes entre nós próprios, para fazer vingar um qualquer fim, mais do que nunca teremos que travar a queda por este declive obscuro e recolocar a Maçonaria no caminho e no patamar que sempre a distinguiu ao longo da História.

A Maçonaria em Portugal esculpiu pela sua ação alguns dos momentos maos épicos dos feitos nacionais. Da democracia à consagração das diferentes liberdades, muitas são as medalhas que podemos exibir com brio e dignidade.

É pois tempo de voltarmos a contribuir ativamente para o apuramento do Homem e da sociedade, é tempo de voltarmos a fazer História.

Para este desígnio, tenho plena consciência que o caminho a que me proponho não será nem fácil nem pacífico. Tenho total certeza das inúmeras tormentas que nos esperam e dos múltiplos ataques que nos aguardam.

A Maçonaria sempre existiu, e existirá, para melhorar o mundo. Mas para isso é preciso, primeiro, melhorar o homem. É essa a função primordial da Maçonaria.

Chegado aqui, cumpre-me, obviamente, refletir sobre o nosso momento, a realidade da nossa fraternidade. O certo é que, sendo uma Fraternidade, somos também uma Ordem onde impera a lealdade e a irmandade. Mas não nos esqueçamos que somos ainda uma Obediência e esta obriga-nos, a todos, a uma sã relação de respeito para com o Grão-Mestre e deste para com os todos os Irmãos.

Ninguém é obrigado a ser Maçom, mas, em o sendo, tem de se conformar com as constituições e as regras da Maçonaria Universal.

E é por isso que, quando prestamos os juramentos, comprometemo-nos a cumpri-los. Podemos não concordar com o que quer que seja, mas temos de cumprir e, sobretudo, em fraternidade, cumprir e agir irmãmente. Nunca por objeções, maledicências, deslealdades ou críticas que atingem a dignidade  de qualquer Irmão.

Não poderemos, nunca, como em qualquer outra instituição, obter a total aceitação ou unanimidade sobre tantos e tão delicados assuntos em que nos envolvemos. Mas podemos e devemos, sempre, aproximar ideias, objetivos e obter consensos alargados que traduzam a vontade generalizada dos Irmãos.

É iso que farei nos próximos 2 anos, com total empenho e dedicação, aprimorando o talhe da pedra, cuja beleza não cessará de ser trabalhada, visando a solidificação da Ordem e o crescimento da Fraternidade.

A condição de Maçom exige que o eleito se convença da sua humildade, pois ela será a sua grandeza, mas humildade em excesso ou pouco sentida não são mais que vícios e vaidades escondidas. Contudo, Humildade não é inação ou falta de determinação, uma vez que não se pode renunciar a governar em plenitude, mas tal apenas o determina no sentido do "Bem da Ordem".

"O Bem da Ordem" não é uma arbitrariedade ou uma aritmética administrativa. É essencialmente agir, garantindo a continuidade provinda de antanho e prossegir adiante, robustecendo a Fraternidade, constituída por Maçons livres que se congregaram para o aperfeiçoamento do homem e a melhoria do mundo. 

São estes os objetivos e os limites da governação. Tudo o mais não interessa, mas sem deixar de agir, liderar e trabalhar, fazendo o que tem de ser feito, antecipando o bom porvir e evitando o que é desajustado.

Afinal, tudo só pode ser feito com o empenho de todos os Irmãos, pois se é verdade que a Grande Loja tem de ser o vértice da Fraternidade, esse vértice tem que assentar numa base que são as Lojas, com proximidade e interação.

Reafirmo, pois, o compromisso assumido de intensificar a aproximação da Grande Loja com as Lojas e destas entre si, fortalecendo dessa forma as nossas relações e estimulando o fortalecimento da nossa Instituição.

Por isso, também, todos os Irmãos devem esforçar-se por trabalhar comigo, ajudando-me na obra comum. Quem, inconformado, passa para uma inorgânica "oposição", se afasta ou evita compromissos e serviços, "nunca será um bom Maçom". Será tão só um "membro da Loja", alguém que assinou uma proposta para ingresso na Maçonaria, como quem subscreve ou participa, anódino, numa associação social, recreativa, desportiva ou cultural.

Não sou dos que defende que haja nas Respeitáveis Lojas e também na Grande Loja portadores de cargos e colares e que apenas deambulam pelas Sessões e festividades, sem conhecimento e dedicação às funções.

Somos todos necessários e assim é inaceitável que, no meio dos "ELEITOS DA LUZ", não haja maçons disponíveis para o trabalho: só pelo trabalho o Maçom elimina as trevas.

A propósito da Luz, recorro-me da poesia do nosso Muito Querido e saudoso Mário Martin Guia e do poema Hino à Harmonia:

"Sendo o homem a sombra do Divino
e sendo também verdade
que a necessidade equilibra a Liberdade
o Espírito a Matéria, a Fé a Razão
e a sabedoria o Poder
para haver Harmonia
e alcançar a Felicidade
é também ponto assente
que a Luz deve vir do Oriente".

Desde o primeiro dia em que entrei para a nossa Augusta Ordem que sei fazer parte de um grupo que veio para ficar, com uma ideia de futuro e um plano para cumprir. É neste quadro que sustentamos a razão da nossa existência. É neste quadro que queremos crescer, ajudando os homens a serem bons e os bons a serem melhores. Ajudando as sociedades a rimarem liberdade com responsabilidade, alma com solidariedade. É este o legado que queremos deixar.

Darei por isso continuidade a tudo o que de bom foi feito, melhorando aquilo que tiver que ser, com o objetivo de cumprir o meu programa, mas respeitando o princípio da pluralidade e diversidade, ouvindo as vossas opiniões e propostas.

Importa criar e semear aqui e agora, olhando para o futuro e para a Augusta Ordem que queremos ter.

A equipa que me acompanhará é aquela que eu entendo ser o resultado da reflexão sobre a renovação das tradições que nos fazem maçons, conjugadas com a realidade, prioridades e objetivos que uma sociedade iniciática requer, num tempo imediatista e desinformado.

Disse sempre que não me candidatava contra ninguém, nem a favor de ninguém. Agora que sou o vosso GM fiquem certos de que não estarei contra ninguém, exceto aqueles cujos comportamentos e ações não respeitem os princípios e juramentos que nos unem.

O GM será o garante que nenum Irmão fica esquecido, que todas as palavras são escutadas, mas igualmente que nenhum outro se arroga de importâncias que não tem, ou de egos que deve, em primeira linha, combater. Este é o espaço da liberdade, da igualdade e da tolerância. 

Comprometi-me e vou demonstrar que somos uma organização virada para a sociedade, aceite e contributiva e onde os maçons são reconhecidos como homens de confiança, livres e de bons costumes.

É tempo de trabalhar muito, com dedicação, ética e entrega a esta causa que é de todos.

Assim, o futuro da GLLP/GLRP será risonho, não tenham dúvidas, porque a quantidade e qualidade dos Irmãos que a constituem assim querem, desejam e tudo farão para que tal suceda.

Para isso preciso de todos. Convosco, sei que chegarei lá. Convosco sei que, em paz e harmonia, todos faremos mais e melhor para a nossa Augusta Ordem.

À Glória do Grande Arquiteto do Universo.

Armindo Azevedo
Grão-Mestre

28 setembro 2018

Assembleia de Grande Loja da GLLP/GLRP no Equinócio de outono: última intervenção como Grão-Mestre do agora Antigo Grão-Mestre Júlio Meirinhos


Queridos Irmãos em todos os vossos graus e qualidades, a todos saúdo: sede bem-vindos à casa dos valores, à casa dos irmãos, à nossa casa.

Hoje celebramos em Grande Loja o quarto e último equinócio de Outono do meu tempo de Grão Mestre. E tal como tenho vindo a instruir, trata-se de uma data em que a inclinação da terra e a incidência dos raios da luz do sol afiançam idêntica duração dos dias e das noites que, traduzindo para linguagem maçónica, significa que tudo está justo e perfeito.

Aqui, perante esta nossa magna assembleia, apresentar antes de tudo as mais calorosas felicitações, não àquele que me vai substituir, mas sim àquele que me vai suceder, e que, de forma tão esclarecedora, foi em quem a imensa maioria dos irmãos desta nossa Augusta Ordem depositamos grande confiança, o irmão Armindo Azevedo.

E, neste momento solene de passagem do gládio testemunhal, alguns irmãos seriam tentados a sugerir: as boas contas fazem sempre os bons irmãos, por isso o mais importante seria fazer-vos aqui a apresentação do rol das promessas concetizadas, assim como o cômputo de outras profanas contabilidades. Mas, tal como proclama o poeta, também eu aqui proclamos: não! Não vou por aí!.

Existe um provérbio mirandês que diz: "solo mius feitos me lhoubaran"! Por isso, fazer tal avaliação não deve ser o meu papel. Essas profanas contabilidades, a ser feitas, sê-lo-ão por outros que não sofram das miopias do umbigo, que não sejam juízes em causa própria. 

Mas posso confessar-vos que, aqui, hoje, convosco, estou sereno, de alma cheia, feliz por haver levado a bom porto desígnios fundadores que sempre quis concretizar:

- Os afetos e o amor pelos irmãos, a plena liberdade, a proximidade e presença para com todas as lojas, para com todos os irmãos, do primeiro ao último dia, fica a sensação de haver tratado a todos os irmãos como iguais, onde, por uma qualquer razão oculta, uns não fossem mais iguais que outros;

-  O rigor administrativo, o rigor na aplicação da nossa justiça, a coerência em cada ação;

- A concretização da plena transferência de conhecimento, a elaboração de Rituais rigorosos, a produção do grande e completo "Livro Verde";

- Conseguir plena satisfação no crescimento do número de lojas, plena satisfação no crescimento do número de obreiros;

- Ter impulsionado as obras que era preciso impulsionar;

- Ter conseguido o pleno reconhecimento e visibilidade internacional.

Por isso, deixo aqui um grande tríplice abraço, em jeito de muito obrigado, a todos os irmãos: Aprendizes, Companheiros e Mestres, a todos os Veneráveis Mestres, a todos os Respeitáveis e Muito Respeitáveis Grandes Oficiais e colaboradores mais diretos.

Este caminho, que durou quatro anos, foi um caminho que percorremos todos juntos, em que eu fui apenas aquele que primeiro sentia o afago das ténues brisas matinais.

E não quero com isto dizer que fui perfeito, longe de mim tal desígnio. Há um grande poeta mirandês, de quem já vos falei em diferentes ocasiões, Amadeu Ferreira, que sabiamente nos esclarece com o seu poema, ao afirmar:

"olha para os teus defeitos como um desafio, um sinal de vida, linha de onde tens de partir em corrida para os conseguir ultrapassar, porque perfeitas são as estátuas, alguns mortos e os deuses, e em nenhum deles a vida floresce".

Eu quero que a vida nos continue a florescer a todos, por isso digo ao querido Irmão Armindo Azevedo que é um sortudo felizardo, porque ainda há muita maçonaria para ele percorrer, muita brisa para sentir na face. Se tudo já tivesse sido concluído por mim, para ti o caminho seria de um terrível tédio, por isso, Armindo, deixando coisas por fazer, apenas quis ser teu amigo.

E, por vezes, nós até nos queremos arrogar muito competentes, quando apresentamos créditos curriculares bombásticos, muito sérios e muito pomposos, mas, nestes quatro anos em que exerci o humilde cargo de Grão Mestre, aprendi que o essencial do nosso currículo é sempre o que não se escreve, porque fica agarrado às pequenas coisas que fazemos no dia a dia, mesmo as mais pequeninas.

São elas que nos revelam e definem, mas não somos capazes de as reproduzir ou descrever: os sorrisos, as ajudas, as causas, o amor, as condutas, atitudes, a cidadania que nos exige de corpo e alma inteiros, sempre e em cada lugar, a defesa plena da liberdade! O que se segue não passa de intervalos, nem sempre muito relevantes, entre estas pequenas coisas que realmente contam para construir felicidade, vidas e sociedades.

Albert Camus escreveu, sobre a passagem dos anos:

"Envelhecer é o único meio de viver muito tempo. Envelhecer é passar da paixão para a compaixão. Aos vinte anos reina o desejo, aos trinta reina a razão, aos quarenta o juízo. O que não é belo aos vinte, forte aos trinta, rico aos quarenta, nem sábio aos cinquenta, nunca será nem belo, nem forte, nem rico, nem sábio... Quando se passa dos sessenta, são poucas as coisas que nos parecem absurdas. Os jovens pensam que os velhos são bobos; os velhos sabem que os jovens o são. A maturidade do homem é voltar a encontrar a serenidade como aquela que se usufruia quando se era menino. Nada passa mais depressa que os anos. Nos olhos dos jovens arde a chama, nos olhos dos velhos brilha a luz, mas é preciso que haja sempre um menino em todos os homens. Os anos é bom vivê-los, mas não tê-los."

Eu procurei viver estes quatro anos ao pleno serviço da nossa Augusta Ordem com a maior intensidade que me foi possível. Espero ter conseguido.

Por isso, meus irmãos, o que quer que façamos só é grande quando, de um ponto de vista nosso, alguém possa dele dizer: não lhe serviu para nada. Apenas aquilo que consegue ascender para lá do umbigo, da barriga, da economia imediata e do utilitarismo é também o que consegue chegar ao patamar mais alto da alma humana.

E nada mais me apraz dizer-vos. Agora resta-me proceder como Catão, velho general romano que, depois de ter sido chamado pelo senado a fazer a guerra pelo seu país, deixou a sua lavoura e respondeu ao chamamento. Foi, conduziu as tropas e ganhou a guerra aos Volcos e aos Equos. Mas no regresso não se atardou a receber honrarias, voltou para a sua lavoura, apertou de novo a rabiça do arado, deu uma palavra mansa à sua junta de bois e continuou de novo a lavrar a terra.

Sou eterno aprendiz, é a minha sina, por isso, aqui me tendes à Ordem do Muito Respeitável Grão Mestre Armindo Azevedo, à Ordem dos meus Irmãos.

E era esta a mensagem simples que neste equinócio queria partilhar convosco, através da força dos afetos, da palavra e dos valores, e, deles imbuídos, continuaremos o nosso caminho, unidos e fortes, humildemente, harmoniosamente, assumindo a plenitude universal da Maçonaria, para continuar a consolidação e edificação da nossa Augusta Ordem, a bem da Humanidade, à Glória do Grande Arquiteto do Universo.

Júlio Meirinhos
Gráo Mestre

28 março 2018

Comunicação do Grão-Mestre por ocasião do equinócio da primavera


Queridos II. em todos os vossos graus e qualidades, a todos saúdo: sede bem-vindos à casa dos valores, à casa dos irmãos, à nossa casa.

Hoje celebramos em Grande Loja um novo equinócio de Primavera. E tal como tenho vindo a instruir, também hoje vos relembro que o vocábulo “equinócio” forma-se a partir de duas palavras latinas: ‘aequus’ que significa ‘igual’ e ‘nox’ que significa noite. Estamos assim, de novo, numa data em que a inclinação da terra e os raios da luz do sol, afiançam idêntica duração dos dias e das noites. Mas num instante, este equilíbrio momentâneo e frágil, irá colapsar, porque iniciaremos hoje a caminhada do aumento dos dias, até que chegue o solstício de Verão!

Por esta razão meus irmãos, em todos os momentos devemos estar alerta para que o desequilíbrio e a desunião não irrompa entre nós, para que a juventude do vigor adolescente da Primavera, não inunde os nossos campos maçónicos apenas de ervas daninhas.

A este respeito, cito-vos um velho camponês mirandês, que todos os anos pelo tempo do equinócio primaveril previne os mais jovens com a sua anciã sabedoria: “por chegar la primavera, nun habemos deixar que todo se buolba an berde, porque todo l que deixarmos tresformar-se an berde, sobretodo las cousas i ls balores mais amportantes, puode siempre benir un burro qualquiera cheno de fame, i pensando que ye yerba: ruobe-los”.

E os maçons já sabem bem do assassinato de Hiram Abif perpetrado por três companheiros desonestos, ciosos de honrarias e poder fácil!

E também todos sabemos da velha máxima atribuída a Júlio César: “à mulher de César não basta ser, terá também que parecer”.

E no fim do século XVI, o maior dos dramaturgos, na sua peça “A tragédia de Hamlet, Príncipe da Dinamarca”, William Shakespeare, indaga: “To be or not to be, that is the question” "Ser ou não ser, eis a questão"!

Não podemos, portanto, ser maçons e ter comportamentos profanos. Por essa razão, este servo que vos fala, vos indaga amiúde com a seguinte afirmação: as “profanisses” são para os profanos! Nós somos uma ordem iniciática com regras bem definidas.

Fomos todos iniciados maçons, e como maçons nos devemos exclusivamente comportar durante todos os instantes, respeitando sempre a nossa Augusta Ordem, as suas regras e os seus valores.

Mas deixai-me recuar ainda mais atrás que William Shakespeare e que Júlio César, para viajar até ao tempo de Esopo, um escritor da antiga Grécia que viveu nos anos 600 antes de Cristo, para vos contar uma das suas fantásticas e didácticas fábulas, que tem como título:

 O pai e os filhos brigões!

“ Certo pai tinha uma família de muitos filhos, que viviam em permanente briga entre si. Já cansado de tentar pôr fim às disputas através de esforço pessoal e muitos conselhos, decidiu mostrar através de um exemplo simples e prático, todos os males que podia acarretar tanta briga e desunião.

Para isso, um dia, pediu aos filhos que fossem à floresta mais próxima e juntassem um feixe de pequenos ramos de árvore. Aportado o dito molho de ramos, colocou-o nas mãos de cada um dos filhos, ordenando-lhe à vez, que cada um deles tentasse quebrar o feixe pelo meio.

Cada um dos filhos, valendo-se de todas as suas forças, bem tentou executar o que o pai lhe ordenou, mas nenhum deles obteve êxito, tendo todos fracassado.

Em seguida, o pai separou do feixe vários dos finos ramos que o compunham, colocando um nas mãos de cada filho, ordenando-lhe para que o tentassem quebrar pelo meio. Os rapazes, um após outro, obedecendo ao pai, mostraram todos como era fácil quebrar o ramo pelo meio.

Perante a evidência, disse aos seus descendentes:

Vede bem meus filhos, se permanecerdes sempre unidos como o feixe destes ramos, ninguém vos poderá quebrar pelo meio, mas se brigarem constantemente e vos mantiverdes desunidos, qualquer um vos poderá aniquilar. Em vez de brigar, ajudai-vos mutuamente uns aos outros meus filhos: contra as dissidências da vida e contra todos os que vos tentarem quebrar. Desunidos, seremos frágeis, unidos seremos fortes e inquebráveis.”

Da mesma forma meus irmãos, se dentro da nossa Augusta Ordem nos mantivermos unidos e coesos, ajudando-nos mutuamente, seremos fortes e robustos, mas se privilegiarmos a intriga e a desunião: seremos apenas frágil sombra de nós mesmos. E nós já falamos aqui tantas vezes do segredo da ‘meligrana’!

Entre este equinócio de Primavera e o próximo solstício de Verão, decorrerão eleições dentro da nossa Augusta Ordem. Apelo a todos os irmãos para que o processo de apresentação de candidaturas decorra com a devida calma e elevação maçónica.

Recordo que em maçonaria não podem existir “campanhas eleitorais”, tal como as que conhecemos dentro do sistema político partidário. Entre nós deve haver: contenção, informação aos irmãos, respeito pelos valores maçónicos, cortesia, educação, e os diferentes opositores, não são adversários entre si, mas apenas irmãos. Existe um ditado popular que diz: “pela aragem, se sabe o que vai na carruagem”. Por isso, na parte que me toca, tudo fazei para haja transparência e para que todos os requisitos e normativas vigentes, sejam estritamente observados e cumpridos. E são estas as garantias que tendes deste vosso servo, para engrandecimento da Nossa Augusta Ordem, e para que neste processo electivo, a aragem da nossa carruagem seja sã, livre e cordial!

Meus irmãos: armai-vos das vossas espadas: não podemos tolerar “maçons profanos” dentro do Templo, cultivando a intriga e a desunião entre nós, desejando apenas o nosso fenecimento e a morte dos valores universais da Maçonaria.

E era esta a mensagem simples que neste equinócio queria partilhar convosco, através da força da palavra e dos valores, e deles imbuídos, continuaremos o nosso caminho unidos e fortes, humildemente, harmoniosamente, assumindo a plenitude universal da Maçonaria, para continuar a consolidação e edificação da nossa Augusta Ordem, a bem da Humanidade, à Glória do Grande Arquitecto do Universo.

Lisboa 24 de Março de 6018 (2018)

Júlio Meirinhos
Grão-Mestre