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25 outubro 2007

A indumentária do maçon em Loja

Já aqui no A Partir Pedra deixei referenciada a indispensabilidade do uso, pelo maçon, em Loja, do avental e de luvas brancas. Mas não basta o uso destes acessórios para se poder estar em Loja. Existe um código de vestuário que define como os maçons se devem apresentar em Loja, como devem ir vestidos.

Esse código de vestuário varia de Obediência para Obediência, até de Loja em Loja, pode variar consoante as estações do ano e busca, essencialmente, garantir dois objectivos: o pontuar do decoro e da dignidade da presença do maçon em Loja e a manifestação do princípio, básico da Maçonaria, da Igualdade, pela semelhança da apresentação de todos os seus elementos, qualquer que seja a sua origem, posição social ou fortuna.

A exigência do uso de determinado tipo de vestuário marca, em primeiro lugar, que a presença em Loja deve ser, para o maçon um acto digno, um evento importante, na sua vida. Não se vai à Loja como se vai à praia, ou se está descontraidamente num churrasco com os amigos. Está-se com amigos, entre Irmãos, está-se descontraído, mas não em lazer, antes em trabalho - no mais digno trabalho do Homem, o auto-aperfeiçoamento.

Por outro lado, em Maçonaria todos são Iguais. Iguais perante o Grande Arquitecto do Universo, iguais porque todos imperfeitos, iguais porque buscando o mesmo objectivo, iguais na entreajuda. O uso de vestuário similar ilustra essa igualdade de condição. Em Loja todos se apresentam de forma muito semelhante. Não será pelo que cobre cada maçon em Loja que se distinguirá o pobre do rico, o letrado do trabalhador manual, o bem-nascido do que sobe na vida a pulso.

O código de vestuário varia bastante de Obediência para Obediência, em função da cultura, do meio envolvente, dos hábitos sociais, desde a maior exigência à maior descontracção. Na Loja onde fui iniciado, a minha Loja-mãe, a Loja Miguel de Cervantes y Saavedra, Loja trabalhando (mais ou menos) em língua castelhana, integrada na Grande Loja dos Maçons Antigos Livres e Aceites da Alemanha e reunindo ao Oriente de Bona, o código de vestuário era estrito e exigente: só se podia comparecer em Loja de smoking! Essa era a regra naquela Obediência e é a regra em outras, sobretudo nos países mais ricos (e de climas menos quentes...). Nos Estados Unidos, país grande e diversificado, o código de vestuário varia de Grande Loja para Grande Loja e até de Loja para Loja, muito em função da localização, ambiente e cultura envolventes. Aqui exige-se smoking, ali demanda-se fato escuro, acoli exige-se smoking aos Oficiais da Loja, mas os demais membros podem comparecer apenas trajando fato escuro, acolá basta uma camisa lavada e botas limpas, que o meio é rural e é tudo gente de trabalho no campo, sem tempo nem disposição para grandes aperaltos...

Nas Lojas da GLLP/GLRP, o maçon deve apresentar-se trajando de fato escuro (preto, azul ou cinzento escuro), camisa branca lisa e gravata preta ou laço da mesma cor. É, porém, permitida a utilização de "traje de Verão", constituído por calças escuras (pretas, azuis ou cinzentas escuras), camisa branca e laço preto ou gravata preta. A utilização de traje de Verão ocorre por decisão do Venerável Mestre da Loja e decorre, obviamente, da temperatura ambiente na altura da reunião. Recentemente, foi admitida também a utilização de balandrau negro, cobrindo todo o vestuário, caso em que deixa de existir qualquer especificação quanto ao vestuário coberto. Esta possibilidade foi introduzida em resposta à necessidade de ultrapassar as dificuldades que vários obreiros sentiam quando as reuniões têm lugar em horário imediatamente a seguir ao horário laboral. Efectivamente, muitos Irmãos não tinham tempo para, terminado o seu horário de trabalho, irem a casa mudar de roupa e chegar pontualmente ao local de reunião. Com o uso de balandrau negro, cobrindo a roupa que foi usada no dia de trabalho, qualquer que ela seja, assegura-se as desejadas dignidade e similitude, ultrapassando-se o problema.

Maçonaria é também isto: o respeito pela Tradição com adaptação às exigências do tempo e do lugar.

Rui Bandeira

25 setembro 2007

Dignidade desportiva

São 16 horas de 25/09/2007.
Refiro o momento exacto em que passo estas ideias ao papel (ao ecran…) porque é importante que se relacione com o tempo ainda anterior ao espectáculo desportivo do Portugal-Roménia em râguebi.
Temos, aqui, feito referência aos êxitos de Vanessa Fernandes e Nelson Évora nos campeonatos do mundo de Atletismo, tal como se referiu a participação da Selecção Nacional de Basquetebol, modesta mas a melhor possível face aos meios disponíveis, tal como têm que ser referidas as 7 (SETE) medalhas que os nossos judocas trouxeram de Birmingham e Tallin.
E os heróis do Desporto para Pessoas Diferentes ?
Quantas medalhas, quanta honra, quanta dignidade…
E agora no topo do podium, para nós, a Selecção Nacional de Râguebi.
Verdadeiramente amadores batendo-se de igual para igual (mesmo quando perderam por 101-13 com a Nova Zelândia) com profissionais de um desporto de força, sem dúvida, mas de enorme exigência técnica, também.
E bateram-se de igual para igual porque, quem assistiu aos jogos já disputados, constatou que em muitos momentos dos jogos os nossos foram melhores, mesmo perdendo sempre, viu-se que foram melhores.
Não se trata da apologia das vitórias morais.
Trata-se da verificação de que a Selecção Portuguesa de Râguebi é, de facto, um David a ousar desafiar um Golias, sem medo e com a força anímica dos heróis, quiçá, daqueles ao longo dos quase 900 anos de história justificaram que, como diz o nosso Templuum Petrus, ser português é “muito mais do que em solo pátrio ter nascido. Ser Português é um estado de alma, de espírito, é no fundo vestir a camisola incondicionalmente”.

É neste aspecto que estou 900 por cento de acordo com Templuum Petrus.
Infelizmente só nesse, porque os exemplos dados não têm nada a ver nem com o estado de alma, nem de espírito nem com a camisola incondicional.
Os exemplos do nosso querido Amigo Templuum Petrus confundem, a nosso ver, estado de alma com estado de conta bancária, espírito com Lamborguini, e Ser Português com “o não interessar ser brasileiro”(Deco, Liedson, …).

Adoro o Brasil e os brasileiros, cá e lá !
Quando por lá (Brasil) passei encontrei a minha casa, também.
Mas Scolari na Selecção Nacional de Futebol ainda não justificou os muitos milhares de euros (só Gilberto Madail sabe quantos) que lhe são pagos mensalmente.
Mas a imagem da Fénix é gira. Eu achei piada.
Em Futebol (exceptuando o jogo com a Inglaterra no Europeu) só ganhou o absolutamente indispensável para ir andando, sem brilho, sem classe.
E no entanto o treinador/seleccionador tem tido à disposição alguns dos melhores jogadores do mundo, não um ou dois, vários dos melhores jogadores do mundo, tal como o próprio mundo do futebol os classifica.
Figo, Rui Costa, Cristiano Ronaldo, Deco, Ricardo Quaresma, Ricardo Carvalho, … constituem quase uma equipa completa de melhores jogadores do mundo, dizem.

Em 1964 havia só um (Eusébio) e Portugal conseguiu muito melhor, foi 3º num Campeonato do Mundo.
E por acaso também com um brasileiro à frente, só que esse brasileiro (Otto Glória) antes de ser Seleccionador Nacional fez por merecer a escolha, organizando todo o futebol nacional, dando-lhe estrutura, incutindo profissionalismo a todos os niveis, ensinando o que é jogar futebol e conquistando internamente títulos atrás de títulos, mostrando que era o melhor.
Foi escolhido para Seleccionador Nacional apenas porque era o melhor na altura.

No Europeu (e era só europeu) não conseguimos mais do que o 4º lugar.
Jogadores melhores do mundo são mais que muitos.
Já só faltava mesmo uma cena de pugilato, que o próprio boxeur só reconheceu quando a televisão lhe retirou qualquer possibilidade de fuga.
Não foi uma retratação honrosa como se quer fazer passar (especialmente essa outra Fénix extraordinária que é “presidente” da Federação), foi uma confissão de pobreza de espírito quando a única atitude digna teria sido a demissão.

Honra, dignidade, “vestir a camisola incondicionalmente” sim senhor !
Estou à espera das 19h para ver “OS LOBOS”.
Qualquer que seja o resultado !!!

No futebol, não !
JPSetúbal