(imagem proveniente de Google Images)
O texto que
hoje publico, vai abordar algo que no meu entendimento será bastante relevante para
a Maçonaria e que é o papel que um padrinho deverá ter na formação do seu afilhado maçom.
Um padrinho deve ter a sensibilidade para poder
analisar quem deve ou não fazer parte da Augusta Ordem Maçónica. E padrinho
pode ser qualquer maçom exaltado à condição de Mestre. O Mestre é o maçom de pleno direito. Logo tem a
responsabilidade de fazer respeitar os princípios da Ordem, auxiliar na
formação dos seus Irmãos, detenham eles o grau que tiverem, e de apesar de não
fazer proselitismo, deve procurar no mundo profano quem tenha qualidades para
ingressar na Maçonaria e que com essa admissão possa desenvolver um trabalho
correto tanto pela Ordem Maçónica bem como pela sociedade civil na sua
generalidade.
O padrinho não tem de ser um guru nem ser um visionário (pois ele será também um eterno
aprendiz), o papel que ele deverá representar
para o seu afilhado é o de um guia, de uma pessoa que o auxílie na sua
integração na Loja bem como o de sendo alguém que o ajude na sua formação
maçónica, principalmente nos primeiros tempos, em complemento com a formação que
é efetuada na loja, auxiliando também o Segundo Vigilante (cargo oficial
desempenhado pelo terceiro elemento da hierárquia de uma loja maçónica) no
cumprimento das suas funções, nomeadamente como formador dos Aprendizes Maçons.
Compete ao padrinho após identificar no mundo
profano alguém com as capacidades intelectuais e morais que são necessárias
para alguém ser reconhecido maçom, abordar o mesmo da forma como achar que será
melhor recebida pelo seu interlocutor. Na maioria das situações, a abordagem é
feita pelo reverso, alguém que é profano e que se identifica com a Maçonaria
intercede junto de um maçom para que lhe seja concedida a entrada na Ordem.
Independente da maneira de como é feita a proposição, cabe ao maçom que irá ser
o padrinho efetuar algumas diligências, ou seja, conhecer os gostos e
preferências do seu futuro afilhado bem como dos hábitos e rotinas que ele
possa ter (se não os conhecer
anteriormente), isto é, tudo aquilo que é habitual num ser humano. Conhece-lo!
E numa fase
posterior, se concluir que o profano detém as qualidades necessárias para entrar na
Maçonaria, deve abordar alguns temas de âmbito maçónico, retirando algumas das
dúvidas que possam persisitir na mente do seu futuro apadrinhado sobre o que a
Ordem Maçónica é e qual o seu papel no mundo. Mas mais que isso, na minha
opinião, o futuro padrinho deve fazer-se acompanhar pelo profano em eventos
maçónicos de cariz aberto (eventos brancos) onde este poderá ter um contato
mais alargado com o que é a Ordem, ou seja, frequentar tertúlias e palestras
onde a Maçonaria seja o tema principal a ser abordado.
Neste caso, admito que
começará aqui, para mim, a formação maçónica do futuro iniciado. Pois se o
mesmo afinal decidir que não se identifica com o que encontra, observa e
escuta, então o processo de candidatura não terá início e o profano aproveitará
apenas para aumentar a sua cultura geral sobre o que à Maçonaria concerne e ter uma opinião mais concreta sobre esta Augusta Ordem. No entanto, e caso o profano se identifique claramente com o que lhe é
mostrado, deverá então ser iniciado o processo de candidatura à admissão numa loja maçónica.
E de preferência que seja na loja que é integrada pelo seu padrinho. Isso é
de extrema importância. E porquê?!
Porque durante o desenrolar do processo de
candidatura, os membros da loja confiarão no zelo que o padrinho se propõe a
cumprir ao apadrinhar a candidatura em avaliação porque o conhecem, e também estes por sua vez,
respeitarão quem vier a ser escolhido para ser acolhido pela loja.
E depois, porque o padrinho deverá acompanhar o seu
afilhado na assistência das sessões da loja a que estes pertencem, para que
este não se sinta desapoiado e nem desintegrado num grupo de gente que à
partida não o conhece bem nem o qual deverá conhecer devidamente.
Acontece
também o contrário, por vezes quem chega a uma loja maçónica já é popular no
mundo profano ou puderá ter relações profanas com alguns membros da loja e
assim a sua integração é mais facilmente consumada.
Mas e apesar de todo o
fraternalismo que existe na Maçonaria em geral, os “primeiros tempos de vida”
de um maçom podem-lhe parecer estranhos porque terá de ser relacionar inclusivé
com gente que talvez, no mundo profano, preferiria evitar. É verdade, tal pode
acontecer e ainda bem que tal assim acontece. Desta forma, é possível um
entendimento que de outra maneira não seria possível acontecer. Porque os irmãos são “obrigados” a confraternizar,
logo, encontrar "pontos de comunhão” e de “convergência”. Também, pelo
facto de se terem de relacionar, isso obrigará a que as pessoas se conheçam
melhor, e com isso, desfazer alguns preconceitos que poderiam ter anteriormente
e que se assumirão posteriormente, como errados e descabidos. Outros quiçá,
manterão a mesma opinião que anteriormente. Tal poderá acontecer, somos humanos
e em relação a isso pouco se pode fazer… A não ser, tolerar e respeitar o
próximo tal como outra pessoa qualquer o deve merecer.
- Os maçons são pessoas como as outras, não são perfeitos; a forma de
como combatem as suas paixões e evitam os
seus vícios é que os difere dos restantes membros da sociedade -.
E ter um padrinho que os
guie corretamente nessas situações, que lhes
dê a mão para os apoiar quando necessitarem disso e que acima de tudo os
critique quando o deve fazer para os manter num bom caminho, marcará de todo a
diferença. Isso é “meio caminho andado” para um crescimento maçónico correto e
que não seja funesto para a Ordem no futuro.
Os casos que normalmente vêm a
público no mundo profano devem-se a erros de
casting ou a gente que foi mal formada ou que não se identificou depois com
os princípios morais que encontrou no interior da Maçonaria. Por isto, é que
não basta a um padrinho convidar ou apadrinhar alguém apenas por ser seu amigo,
por ser seu colega ou por essa pessoa ter alguma influência ou notoriedade no
mundo profano. Esse “alguém” terá mesmo de se identificar com a Maçonaria e
saber um pouco ao que vai, porque caso contrário, criará uma perca de tempo ao
próprio e à loja maçónica que o acolher com as consequências que sabemos que
poderão suceder e que algumas vezes ocorrem mesmo!
E nos casos em que os maçons “derrapam” ou se
desviam do seu caminho na virtude, os
padrinhos deveriam ser também responsabilizados, isto é, serem chamados à
atenção por terem trazido para dentro da Instituição Maçónica quem agiu de
forma errada e que levou a que a imagem desta Augusta Ordem fosse questionada
profanamente. Obviamente que não digo que fossem sancionados, mas que exista uma
conversa para os alertar do perigo que é de apadrinhar gente com este tipo de
conduta para que no futuro sejam mais zelosos nos seus apadrinhamentos e que
também tivessem acompanhado a conduta do seu apadrinhado. Naturalmente que um
padrinho não pode ser culpado, a não ser que seja cúmplice, da atuação do seu
afilhado, mas se puder prever que o mesmo possa se desviar e errar, deve alertar o mesmo dos riscos que este corre,
seja de suspensão ou até mesmo de expulsão da Ordem, com tudo o que isso
acarretará moralmente para ambos. Porque mesmo em surdina, as “orelhas” do
padrinho sofrem sempre as consequências dos atos do seu afilhado. É habitual o
ser humano criticar algo, todos somos “treinadores de bancada”, logo
criticar-se algo que não correu bem é a consequência lógica de tal. Por isso
até mesmo quem entra na Maçonaria deve refletir na sua conduta para que não
ponha a imagem dos outros irmãos em questão.
Porém, e ainda no âmbito da instrução maçónica do seu
afilhado, o padrinho deverá complementar a formação que será concedida pela
loja ao seu apadrinhado; porque ao lhe demonstrar também que a Maçonaria vive de
símbolos, metáforas e alegorias, mas fundamentalmente, da prática de rituais próprios,
também ele (padrinho) ao instruir o seu afilhado, poderá refletir e por em
prática os conhecimentos que já adquiriu até então - o que é sempre uma mais valia pessoal - e que lhe permitirá vivenciar o que também ele aprendeu durante a sua formação até atingir o mestrado.
- Conhecer e ensinar
outrém é do melhor que o ser humano poderá fazer pelo seu semelhante. Tanto
que acredito que o Conhecimento somente é Sabedoria quando compartilhado-.
Mais tarde, quando o seu afilhado já se encontrar na
condição de mestre, já não será tão essencial ter aquela “especial” atenção que
considero como importante na caminhada de um maçom, porque este já atingiu uma
parte importante da sua formação maçónica e concluiu o seu percurso até à mestria. Mas no entanto, nunca o deverá abandonar, pois apesar de este
ser um irmão seu, será sempre o seu afilhado,
logo alguém que um dia reconheceu como tendo capacidades e qualidades maçónicas.
E essa responsabilidade nunca desaparecerá.
E isto é algo que por vezes
acontece e que eu considero como sendo nefasto para a vida interna de uma
Obediência. Não basta convidar alguém, se iniciar alguém, (mal) formar alguém e
depois deixá-lo à mercê dos tempos e vontades… Virar as costas a
um irmão, mesmo que seja inconscientemente, nunca trará resultados frutuosos
para ninguém e principalmente para a Ordem. É na nossa união que reside a nossa
força, é com nosso apoio que conseguimos enfrentar o dia-a-dia. E se isto poderá parecer como demasiado simplista e
inocente, não nos devemos esquecer que é no nosso espírito de corpo que se encontra a fonte da egrégora
que é criada em loja e que é a impulsionadora da nossa fraternidade.
Assim, alguém que queira apadrinhar a candidatura de
um profano, terá de assumir que adquire uma responsabilidade tal, que nunca será
irrelevante e que nos seus “ombros” suportará
o “peso” de uma Ordem iniciática e de cariz fraternal como o é a Maçonaria. E que terá como seus deveres
principais: reconhecer, informar, transmitir/formar e acompanhar
quem ele considerar como sendo um
válido (futuro) membro da Maçonaria.
Não será uma tarefa fácil, esta de se apadrinhar alguém, mas este é um compromisso que os maçons assumem para com a Ordem e a bem da Ordem...