15 setembro 2014

Ser reconhecido Maçom...


(imagem retirada de Google Images)

Para alguém ser considerado maçom, primeiramente terá de ser reconhecido por outro como tal. Depois terá de passar por uma conjunto de processos após os quais será aceite ( ou não) por uma Respeitável Loja e a sua consequente Iniciação.

Mas não é tão fácil como o parágrafo anterior se apresenta, mas também não será tão difícil como se poderá supor.
Nas Maçonarias tipicamente anglo-saxónicas é usual a célebre afirmação “2B1ASK1” ou seja “ To Be One, ask One” ( Para ser Um, Pergunte a Um; numa tradução literal), o que permitirá mais facilmente atrair mais gente a esta Augusta Ordem.
Mas por norma, qualquer Obediência (Potência Maçónica) tem um domicílio físico, isto é, uma porta onde se poderá bater no caso de que algum potencial candidato que se interesse ou identifique com os princípios e causas maçónicas se puderá dirigir caso não tenha nenhum conhecido que seja maçom na sua lista de contatos ou esfera de influência. Ou também, o que sucede bastantes vezes, não tenha sido reconhecido ainda por algum outro maçom.

Mas que “reconhecimento” é esse que acabei de falar?!
Nada mais nada menos que tal como os maçons afirmam, que se reconheça em alguém que seja uma pessoa “livre e de bons costumes”, com um comportamento probo e honesto; que seja alguém considerado com bom “pai de família” e um bom colega de trabalho pelos seus pares; que esteja inserido na sociedade onde viva e que tenha vontade em aprender e partilhar o que sabe com outrem; bem como ter também a vontade em auxiliar o seu semelhante.

Todavia, e aqui algo que poderá criar confusão na mente de algumas pessoas, o candidato terá de ser alguém com defeitos, ou seja, alguém que identifique e reconheça os seus defeitos pessoais e tenha a vontade e ambição de mudar o seu comportamento para melhor - “vencer os seus vícios e paixões”… - evoluindo como pessoa e ser humano que é, através de uma via espiritual e iniciática que neste caso preciso é a Maçonaria.

Em geral, na minha opinião, não é a simples pertença na Maçonaria que tornará “homens bons” em “homens melhores”, antes pelo contrário, serão os homens que poderão tornar a instituição maçónica em algo melhor; pois as suas atitudes estarão sob o escrutíno da Sociedade. Os maçons são os seus próprios “juízes e carrascos”, o resto é conversa…

A Maçonaria através das suas “ferramentas filosóficas e espirituais” é que pode auxiliar na evolução pessoal de cada um em direção a um aperfeiçoamento moral e comportamental. Por isso é que é hábito em maçonaria se afirmar que “ a Ordem não procura homens perfeitos”, pois esses já trilharam o seu caminho… 
À Maçonaria interessa sim, quem deseja mudar, mas mudar para melhor…
Somente atuando assim, é que alguém pode um dia esperar ser reconhecido como maçom. Mas não lhe bastará apenas ter sido reconhecido, há que continuar nesta senda de perfeição, caso contrário, as palavras, as atitudes, os comportamentos serão vãos e apenas tudo culminará numa perda de tempo para ambas as partes, tanto para a Respeitável Loja e Obediência que o acolha, quanto para o próprio, que será passível de perder um reconhecimento que por regra não é atribuído a qualquer um!
Tanto que por isso, sempre após uma possível “identificação maçónica” num profano ou após a submissão de um pedido de candidatura de adesão a uma Respeitável Loja, é desencadeado um conjunto de diligências, nomeadamente um processo de inquirição, para que se possa averiguar qual a conduta do suposto candidato a iniciar. Seja através de conversas com o próprio ou com seus familiares e/ou amigos, para que se possa aferir quais as reais intenções de quem deseja que “a porta lhe seja aberta”… 

É que fortuitamente e como em qualquer instituição ou associação onde entre o bicho-homem, também por vezes a Maçonaria tem alguns erros de casting que acabam por manchar a reputação dos demais maçons e influenciar negativamente a opinião profana sobre a Maçonaria e os seus membros. E geralmente são estes casos que vêm a público, pois o bem que a Maçonaria faz, apenas fica resguardado para ela…
E, mesmo depois de ter terminado o processo de inquirição respeitante a um candidato, o mesmo ainda terá de ser sufragado pela Respeitável Loja que o irá cooptar no futuro. E somente após essa decisão da loja, será ou não iniciado.

Por isto tudo, é que afirmei no início que não seria difícil entrar na Maçonaria, mas que por sua vez também, não será tão fácil assim como se poderia supor.


Finalizando e em jeito de conclusão, tenho para mim que antes de se entrar na Maçonaria e se obter qualquer tipo de reconhecimento, já a Maçonaria “entrou dentro de nós”…

4 comentários:

Paulo M. disse...

Que sejas muito bem vindo, Nuno!

Leo disse...

Mas se têm de acreditar num GADU!!! "dirigir-se" a ele, professá-lo!!!
Não sei, escandaliza-me que assim seja.
Portanto o homem tem de ser ingénuo, Bom, mas ingénuo, ou melhor, se não for ou não quiser ser ingénuo é apelidado de ateu estúpido e isto em pleno século XXI, impressionante!
As inversões da História que tornaram possível por exemplo que os principais actores de uma carnificina de gente real que não se curvou a um deus feérico seja hoje considerada como uma organização respeitável. falo dos templários que pilharam, torturaram, violaram e mataram milhares de pessoas inocentes, tudo em nome da religião que impunham.
Já é altura de acabar com estas religiões dissimuladas de uma vez por todas e digo "religiões" porque, tal como aquelas, obrigam as pessoas a acreditar no além e em entidades extra-terrestres.
Obrigado e um bem-haja.

Paulo M. disse...

Caro Leo,

Ninguém "tem de" coisa nenhuma. Ninguém é obrigado a acreditar em nada. Nem a professar nada. A este respeito, quando pedimos para ser maçons, apenas nos perguntam uma coisa: "Acredita no Grande Arquiteto do Universo?" A quem tenha dúvidas, é explicado que este nome - G.A.D.U. - é dado à Entidade a que normalmente se chama Deus, Allah, Yahweh ou Brahma, não se limitando a estes, e muito menos implicando que da crença num Ente Superior decorra a pertença a qualquer religião mais ou menos organizada. Como disse, ninguém é obrigado a acreditar - do mesmo modo que ninguém é obrigado a ser maçon.

A Maçonaria Regular tem como base a crença, por cada maçon, numa entidade superior, seja ela qual for. Curiosamente, o Escutismo tem precisamente o mesmo pré-requisito por parte de quem queira pertencer a essa organização; nunca ouvi dizer, por isso, mal dos Escuteiros. A Maçonaria dita Liberal distingue-se da Maçonaria Regular por, nomeadamente, não ter esse pré-requisito, ao mesmo tempo que também não proíbe a discussão política ou religiosa em loja. Como se poderá supor, dessas pequenas diferenças nas regras decorrem enormes diferenças no espírito e nas práticas de uma e outra.

Nós, maçons regulares, sabemos que quando entramos numa loja temos, à partida, determinadas afinidades com todos os presentes, o que nos permite desde logo moldar o nosso discurso às referências, mitos e princípios comuns e comunicarmos de forma mais eficiente e eficaz, sem ter que discutir o eventual mérito de princípios que são já, para todos, inquestionáveis.

Será assim tão estranho procurarmos, dentro da diversidade, congregar-nos com quem partilhemos certos princípios, certas crenças, certas convicções?

Quanto às "inversões da História", é fácil julgá-las - e aos outros - a partir do conforto do nosso sofá, sem consideração pelo contexto cultural, pelas práticas da época e pelos paradigmas morais e éticos vigentes. "Descobrir a pólvora" ou o proverbial "ovo de Colombo" ao fim de vários séculos não é, convenhamos, grande proeza... É certo que se diz que "os que ignoram os erros da História estão condenados a repeti-los". A melhor arma contra o erro é a Luz do conhecimento - e a sua busca individual é precisamente o que a Maçonaria, filha do Iluminismo, pretende propiciar a cada maçon.

Paulo M.

Leo disse...

Caro Sr. Paulo M.,

Grato pelo seu comentário ao meu comentário.
Não quis de forma alguma ofender quem quer que fosse, nem mesmo retirar o mérito a “toda” a Maçonaria enquanto instituição filantrópica, humanista e, felizmente, sempre inacabada na sua obra. E digo inacabada, porque, na minha opinião, falta cumprir aquilo que me parece ter sido iniciado pelos primeiros pedreiros especulativos, ou seja, o esboço possível da mudança que desejaram ver na sociedade - e aí sim o contexto é importante na medida em que a censura da igreja era implacável. Não esqueçamos que os instrumentos mais terríveis de tortura foram inventados e colocados ao serviço da igreja e da “evangelização”-, livre do poder do clero e mais centrada no verdadeiro conhecimento que emanciparia a Humanidade.
Acho que esses primeiros maçons, que eram, reconhecidamente, homens corajosos e de génio que enfrentaram a igreja de então da maneira que lhes foi possível e numa altura em que a igreja mais se confundia com uma associação criminosa, gostariam de ver o seu esforço continuado pelos seus sucessores, e ver essas instituições riscadas da vida das pessoas, mas ao contrário, iriam perceber que tudo se mantém quase na mesma e que, os crimes cometidos a milhares de pessoas continuam por expiar e que a igreja continua a operar, com os seus chefes (Papa e restante quadrilha) a fazerem-se passear como se não fossem eles os atuais responsáveis pela instituição que cometeu uma das maiores carnificinas da História.
Quanto ao “ovo de colombo” não comento pois a minha responsabilidade não vai além dos meus 20 anos de existência e pelo menos há 5 que sou ateu convicto e ativo (não há beata que não se benza na minha presença, porqe sinto que é essa a minha obrigação, denunciar as falácias da religião e os preconceitos do mundo. Se não sou há mais tempo é porque cresci a ver igrejas cheias, a ouvir as histórias do céu e do inferno e da vingança divina que tarda mas não falha. Mas o “descobrir a pólvora” é realmente intrigante. Como é possível que ao fim de todos estes séculos com a “pólvora” descoberta, a “mentira” perdure, bem ativa, a dominar consciências e a fomentar guerras, espalhando morte e sofrimento por todo o lado? Haverá um fim para isto? É complicado. Felizmente para mim já acabou e talvez por isso não consiga ficar calado quando se calhar devia. É que, há não sei quantos séculos atrás - era heresia, actualmente - é uma trivialidade, e com isto a igreja e as seitas vão passando nos intervalos da chuva, e vão arrebanhando os pobres de espírito e os ignorantes, agora com promessas de prazeres terrenos, o que não deixa de ser “a novidade”.
Um bem-haja
Leo.