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26 janeiro 2015

Sugestão Musical para a Coluna da Harmonia “Los Hermanos” de Atahualpa Yupanqui...


A música que hoje publico, “Los Hermanos”, e que em relação à qual poderia ter feito a sua respetiva análise quanto à simbólica maçónica que se pode encontrar nela, não a farei.
E não a farei apenas porque o simbolismo intrincado nela é bastante explícito, bem como quero deixar ao critério de quem a ouve ou mais abaixo lê a sua letra, fazer esse tipo de exercício.

Esta canção pertence a um autor, compositor e músico argentino que nunca foi membro da Maçonaria, tendo sido  inclusive perseguido e encarcerado pelo regime de Juan Domingo Péron (que era maçom) por ter pertencido durante algum tempo ao Partido Comunista Argentino.
O autor desta canção, o argentino Héctor Roberto Chavero (31/01/1908-23/05/1992), mais popularmente conhecido por “Atahualpa Yupanqui”, legou-nos uma música que eu não poderia deixar de salientar neste espaço e também de a enaltecer, dada a beleza e o sentido fraterno contidos  nela.

(Para quem afirmou acima que não faria qualquer análise, expresso aqui uma dica quanto a algum simbolismo que se possa encontrar implícito na canção).

A letra da canção que mais abaixo se encontra publicada, está no seu castelhano original e dada a familiaridade entre a língua portuguesa e a língua espanhola, creio que também será fácil a quem ler a respetiva letra, efetuar a sua tradução e compreender o que está escrito, caso contrário,  tem a possibilidade de aceder a uma tradução desta canção aqui .

Assim, deixo-vos uma das mais bonitas composições que já tive a oportunidade de conhecer e que encerra em si algum tipo de simbolismo maçónico:

“Yo tengo tantos hermanos
Que no los puedo contar
En el valle, la montaña
En la pampa y en el mar
Cada cual con sus trabajos
Con sus sueños, cada cual
Con la esperanza adelante
Con los recuerdos detrás
Yo tengo tantos hermanos
Que no los puedo contar
Gente de mano caliente
Por eso de la amistad
Con uno lloro, pa llorarlo
Con un rezo pa rezar
Con un horizonte abierto
Que siempre está más allá
Y esa fuerza pa buscarlo
Con tesón y voluntad
Cuando parece más cerca
Es cuando se aleja más
Yo tengo tantos hermanos
Que no los puedo contar
Y así seguimos andando
Curtidos de soledad
Nos perdemos por el mundo
Nos volvemos a encontrar
Y así nos reconocemos
Por el lejano mirar
Por la copla que mordemos
Semilla de inmensidad
Y así, seguimos andando
Curtidos de soledad
Y en nosotros nuestros muertos
Pa que nadie quede atrás
Yo tengo tantos hermanos
Que no los puedo contar
Y una novia muy hermosa
Que se llama ¡libertad!”
Também eu, tal como Héctor Roberto Chavero, tenho tantos irmãos que não os conseguirei contar, cada um com o seu trabalho, com o seu feitio, com as suas singularidades pessoais, guardando na lembrança os que já partiram e auxiliando os que ainda por cá se encontram; semeando a fraternidade, caminhamos juntos e livres, alimentados pela esperança de um dia podermos vir a criar um mundo que seja melhor…para todos!

01 dezembro 2014

Sugestão musical para a Coluna da Harmonia: "You’ve got a friend in me" de Randy Newman ...



Hoje venho fazer uma sugestão musical para ser utilizada pela Coluna da Harmonia num momento de descontração em sessão de Loja. E uma vez que estes momentos também existem, penso que esta canção é apropriada para ser ouvida durante a sua ocorrência. E como de vez em quando encontramos a presença da Arte Real onde menos esperamos, decidi partilhar convosco uma canção que apesar de ser bastante simples não o é na realidade, pois exprime alguns dos melhores sentimentos que se pode sentir e partilhar com outrém. E falo-vos da Amizade e do sentimento fraterno que sentimos por quem decidimos que faça parte da nossa “vida ativa”…
Assim, a sugestão musical que tenho o prazer de partilhar com os leitores deste blogue é uma canção que encontrei num filme de animação para crianças.
O que poderá causar alguma estranheza a quem lê este texto.
Uma sugestão musical “maçónica” e logo encontrada numa animação infantil?!
 Pois, não é habitual se encontrar a presença de princípios morais maçónicos em animações feitas para crianças (preferencialmente)  apesar de existirem vários contos infantis e bandas desenhadas onde os mesmos se podem encontrar. Dou como exemplos as “fábulas de La Fontaine”, as estórias protagonizadas por “Corto Maltese” ou o conto infantil “O Pequeno Príncipe” de Saint Exupery, entre outros… Mas numa produção Disney, o que é o caso nesta publicação, e uma vez que o fundador desta empresa, Walter Disney (05/12/1901-15/12/1966) foi maçom, a possibilidade de se encontrarem princípios morais maçónicos nos seus filmes e contos infantis nunca pode ser descartada.
A canção que hoje faço referência, integra a banda sonora original do filme de animação infantil "Toy Story" co-produzido pela Disney e pela Pixar. 
Aqui pode encontrar mais informação sobre este filme infantil. E também durante o visionamento do referido videoclip é  possível encontrar a sua letra original. Mas se preferir uma tradução ligeira desta letra, pode-a encontrar aqui também, apesar de eu traduzir a respetiva letra na análise que irei efetuar a esta música.
O título desta canção é “You’ve got a friend in me - Tú encontras um amigo em mim -“ e foi produzida pelo compositor musical Randy Newman e a sua letra é:
"You've got a friend in me
You've got a friend in me
When the road looks rough ahead
And you're miles and miles from your nice and warm bed.
You just remember what your old pal said
Boy, you've got a friend in me
Yeah, you've got a friend in me
You've got a friend in me
You've got a friend in me
You got troubles, then I got 'em too
There isn't anything I wouldn't do for you
If we stick together we can see it through
'Cause you've got a friend in me
You've got a friend in me
Now some other folks might
Be a little bit smarter than I am
Bigger and stronger too. Maybe
But none of them will ever love you
The way I do
Just me and you, boy
And as the years go by
Our friendship will never die
You're gonna see, it's our destiny
You've got a friend in me
You've got a friend in me
You've got a friend in me"
Assim numa primeira impressão criada pela leitura do título da canção, pudemos reter no imediato é que esta canção trata de Amizade, e por inerência, de Fraternidade; dois dos princípios morais de excelência da Maçonaria. Mas tal como na sugestão musical anterior onde pudémos encontrar também valores morais tais como o “Amor Fraternal” e o “Dever de Auxílio”, também na canção  You’ve got a friend in me” os vamos encontrar apesar de num contexto um pouco diferente.
Enquanto na sugestão musical anterior dava-se ênfase ao auxílio que deve existir entre irmãos, nesta canção a amizade é enfatizada em relação aos restantes valores morais que encontramos. E apesar de não se falar em fraternalismos e nem mesmo em fraternidade de forma explícita, subliminarmente os mesmos estão bem implícitos na letra desta canção. E a frase “you’ve got a friend in meencontras um amigo em mim” é a prova disso.
Quantas vezes existem e conhecemos casos de famílias desavindas onde os seus familiares nem se falam sequer? E nas quais, os seus membros se relacionam apenas com os seus amigos?
Quantas vezes nós preferimos o apoio, o abraço ou o carinho de um amigo em detrimento dos mesmos, efetuados por familiares nossos?
Uma das grandes conquistas que provém da liberdade que nos oferecida pela vida é a liberdade de escolha. A liberdade de escolher com quem queremos conviver e de nos intimamente relacionarmos. A liberdade de decidir com quem queremos partilhar a nossa vida e desejamos fazer o bem. Por certo a nossa  família de sangue não a podemos escolher, é algo que é natural. Mas quanto às nossas amizades e famílias fraternais, a escolha só dependerá da nossa vontade e do desejo dos outros em nos acolherem nas suas vidas.
E voltando à análise desta canção nas frases seguintes, When the road looks rough ahead And you're miles and miles from your nice and warm bed. You just remember what your old pal said Boy, you've got a friend in me”E quando o caminho em frente te parecer difícil e estiveres milhas e milhas longe da tua cama quente. Só tens de te lembrar do que o teu velho amigo disse, Rapaz tú tens um amigo em mim-. Isto bem o percebem, os maçons. Que mesmo longe do seu lar, seja no ar, na terra ou no mar, terão sempre um amigo ao seu dispor, um irmão que os poderão apoiar e auxiliar no que necessitem. Aliás um bom maçom e membro da Respeitável Loja Mestre Affonso Domingues nº5 afirma e bem que “na Maçonaria, a amizade é prêt-à-porter”, isto é, a amizade encontra-se e faz-se em qualquer parte do mundo.
No entanto, também o auxílio mútuo que é devido entre irmãos e amigos se encontra bem patente em “You got troubles, then I got 'em too There isn't anything I wouldn't do for you If we stick together we can see it through 'Cause you've got a friend in me”Tú tens problemas, então eu também os tenho, não haverá nada que eu não farei por ti e se nos mantivermos juntos nós conseguiremos ultrapassar isso porque tens um amigo em mim -. Isto é na verdade, o tal "ombro amigo" de que por vezes tanto se fala no mundo profano. É alguém sentir que deve "estar lá" para todas as ocasiões e não  estar presente apenas nos bons momentos  que a vida proporciona aos seus amigos e irmãos. Geralmente é nos momentos adversos da nossa vida que encontramos ou descobrimos quem realmente são os nossos amigos. O apoio que nos poderão dar nesses momentos menos positivos da nossa vida é crucial para que estes possam ser ultrapassados ou esquecidos.

 E, uma vez mais, a amizade é salientada nesta música novamente em “Now some other folks might Be a little bit smarter than I am Bigger and stronger too. Maybe But none of them will ever love you The way I do”- Agora outros rapazes poderão ser um pouco mais espertos que eu para além de serem maiores e mais fortes. Talvez, mas nenhum deles gostará de ti da maneira como eu o sinto -. Aqui encontra-se representada a pureza e a intemporalidade de uma grande amizade. A qual deverá permanecer inabalada seja pelo tempo ou pela distância que por vezes e por vários motivos pode separar os amigos e irmãos.

Nomeadamente encontramos o eco destas palavras e deste sentimento  na frase “And as the years go by Our friendship will never die You're gonna see, it's our destiny”- E à medida que o tempo passa, a nossa amizade não perecerá, e tú o assim irás observar, é o nosso destino -. E é mesmo esse o nosso destino; pois tal como encontramos no  mote maçónico latino “Virtus junxit mors non separabitAquilo que a Virtude juntou, a morte não o separará…” também assim tal ficou demonstrado nesta última estrofe da canção. Seja neste oriente ou no Grande Oriente Eterno, juntos uma vez, juntos para sempre
Mais uma vez, de algo que inicialmente nada de maçónico poderia conter, mostrou-se que afinal existe muito para refletir e principalmente, para sentir

10 novembro 2014

Sugestão para a "Coluna da Harmonia": “Hey Brother”de Avicci.



O responsável pela Coluna da Harmonia numa loja maçónica deve procurar utilizar nas sessões da loja a que pertence, músicas que sejam de autores maçónicos e/ou que se inspirem em princípios e valores maçónicos.
Assim, hoje trago uma sugestão de um videoclip de uma música que apesar de numa primeira audição parecer não conter nada de maçónico, mas que adentrando na mesma, muito se poderá descortinar… Pois tudo na vida é símbolo e é através da análise dos simbolos que também poderá ser alcançado o conhecimento…
Honestamente, não sei se o autor da letra e da música será maçom ou não, o que me importa realmente neste caso foram os sentimentos que se encontram explanados na letra desta canção, o Amor Fraternal e o Dever de Auxílio entre irmãos. Sentimentos estes tão caros aos maçons, nomeadamente até já foram abordados estes ditos sentimentos em dois textos dedicados em exclusivo a eles, escritos pelo Rui Bandeira, e que podem ser recordados aqui e aqui.
A canção que acima pode ser visionada e/ou ouvida, pertence ao músico sueco e também Disc Jockey Tim Bergling (08/09/1989-….) mais conhecido mundialmente por Avicci, e que tem como título “Hey Brother”( isto é,“Oh Irmão”) e que pertence ao album “True” comercializado apartir de 2013.
E uma música com um título destes, qualquer coisa de simbólico à partida se poderá encontrar nela. Ora vejamos a sua letra:
"Hey Brother"
Hey, brother
There’s an endless road to re-discover
Hey, sister
Know the water's sweet but blood is thicker
Oh, if the sky comes falling down, for you
There’s nothing in this world I wouldn’t do



Hey, brother
Do you still believe in one another?
Hey, sister
Do you still believe in love? I wonder
Oh, if the sky comes falling down, for you
There’s nothing in this world I wouldn’t do

Oh, oh, oh

What if I'm far from home?
Oh, brother, I will hear you call
What if I lose it all?
Oh, sister, I will help you out
Oh, if the sky comes falling down, for you
There’s nothing in this world I wouldn’t do

Hey, brother
There’s an endless road to re-discover
Hey, sister
Do you still believe in love? I wonder
Oh, if the sky comes falling down, for you
There’s nothing in this world I wouldn’t do

Oh, oh, oh

What if I'm far from home?
Oh, brother, I will hear you call
What if I lose it all?
Oh, sister, I will help you out
Oh, if the sky comes falling down, for you
There’s nothing in this world I wouldn’t do

Ao analisar a letra desta música (quem não perceber a língua inglesa encontra uma tradução ligeira aqui), encontro algo que para mim é do mais importante que os maçons poderão fazer pelos seus irmãos, o dever de auxílio, pois na frase if the sky comes falling down, for you There’s nothing in this world I wouldn’t do”Se o ceú cair, por ti não existirá nada que eu não o possa fazer – é demonstrada a vontade que existe em se auxíliar os irmãos que de tal necessitem; pois estes sabem que quando tudo na vida poderá correr mal, existirá sempre alguém para os apoiar, para os reconfortar. E este conforto não tem de ser necessáriamente financeiro, porque a maioria das vezes uma palavra, um incentivo, um conselho ou um abraço, valem muito mais que alguns  milhões
Também nesta canção, encontro o sentimento fraternal que os maçons sentem pelos seus semelhantes, que em qualquer parte do globo terrestre terão quem comungue com eles dos mesmos princípios de vida e forma de estar. Pois até mesmo aqueles que se encontrem longe do seu lar, poderão receber e/ou dar o seu auxílio aos Irmãos que dele precisem, uma vez que a distância física não será  impedimento para nada. O que pode ser confirmado  na frase:” What if I'm far from home? Oh, brother, I will hear you call”E se eu estiver longe, eu escutarei o teu apelo -.
Seja no ar, na terra ou no mar…, os maçons estarão para sempre juntos, uma vez que aquilo que foi unido pela Virtude, nada o poderá separar...
Já na frase: What if I lose it all? Oh, sister, I will help you out” E mesmo se eu perder tudo? Oh Irmã, eu na mesma, te irei ajudar no que for preciso – é possível se verificar que independentemente da situação financeira ou emocional de um maçom, ele deverá sempre na medida que lhe for possível, ajudar o seu Irmão. Nesta frase posso encontrar o verdadeiro cimento que liga a Irmandade Maçónica, o “amor fraternal”, aquele amor em que algo se faz, mesmo sem se esperar qualquer tipo de “reembolso”.
Age-se assim porque sabemos que o nosso Irmão o necessita e porque achamos que é assim que o devemos fazer.  
E nada de imoral se poderá retirar desta minha afirmação, pois qualquer pessoa na sua intimidade,  auxiliará os que forem mais próximos de si, sejam eles seus familiares ou amigos. E nenhum tipo de auxílio poderá derivar em algo criminoso ou ilegal como erradamente e em demasia se supõe. Bastando para isso, cada um fazer a introspeção e a reflexão moral necessária sobre qual é a sua forma de estar e de agir na sociedade em que se insere. Uma coisa é certa, quem necessita de auxílio, deve ser ajudado.
E mesmo na simples frase que encontramos logo no ínicio da canção e novamente a meio desta, “There’s an endless road to re-discover”Existe uma estrada sem fim para redescobrir – , podemos vislumbrar o caminho que um maçom  encontrará após a sua Iniciação, pois ele redescobrirá novas coisas nas mesmas coisas que anteriormente já seriam do seu conhecimento, possibilitando assim outras visões e/ou opiniões de assuntos que anteriormente poderia dar como adquiridos e imutáveis. Para além de que, aprenderá e terá acesso a outros conhecimentos que o ajudarão no seu futuro e no caminho a que se decidir a prosseguir. Ou seja, este caminho que os maçons se propõem a trilhar, só conseguirá ser executado se for feito com paciência, determinação e perserverância, porque ele é longo e sem fim...
Este caminho é a estrada para o auto-aperfeiçoamento… Um caminho solitário mas que não se é feito sozinho…
Aliás essa frase da canção, bem que poderia ser um mote a mostrar a um neófito daquilo que poderá esperar da sua recente Iniciação e em relação ao seu futuro, uma vez que nada lhe parecerá o mesmo... Nada será como dantes...
Afinal, uma canção que numa audição mais ligeira poderia passar íncolume a qualquer um, ao ouvido de um maçom terá muito que lhe diga e lhe toque emocionalmente. E a mim tocou-me e muito…

14 outubro 2014

O trabalho da Coluna da Harmonia...

(imagem proveniente de Google Images)
Durante o decorrer de uma sessão ritual maçónica existe o hábito generalizado de existir música ambiente. Música essa que deverá criar certos estados de espírito aos seus ouvintes para possibilitar uma certa harmonia entre todos os presentes na sessão.
A responsabilidade da condução musical numa loja maçónica é do Mestre da Harmonia, o qual também é designado por Coluna da Harmonia.
A seleção musical a ser utilizada deverá ser preferencialmente escrita e/ou musicada por autores maçónicos, nomeadamente Ludwig van Beethoven, Frédéric Chopin, Wolfgang Amadeus Mozart entre outros,  mas também pode ser utilizada música de qualquer tipo de autor sem prejuízo para os anteriormente citados. O género musical a ser utilizado também dependerá daquilo a que se proponha fazer o Mestre da Harmonia em consonância direta com o programa da respetiva sessão maçónica; sendo que ao conjunto de músicas que integram o seu trabalho se designar por Prancha Musical.
E para a elaboração desta prancha geralmente são utilizadas sonoridades mais clássicas na maioria das lojas, mas na Respeitável Loja Mestre Affonso Domingues nº5, os gostos são muito ecléticos pelo que é habitual, dependendo de quem ocupe a Coluna da Harmonia, se ouvir desde música clássica, passando pelo Rock ao Ambient Lounge ou ChillOut e também às sonoridades new age. Daqui se poderá depreender que tal como ao nível da utilização das novas tecnologias, também ao nível da seleção musical, a Respeitável Loja Mestre Affonso Domingues nº5 é também uma loja que se poderá assumir como p’rá frentex
No entanto, e apesar da liberdade de escolha musical propiciada pela loja ao Mestre da Harmonia, a este apenas lhe é pedido ( aliás, exigido por assim dizer…) que com a sua música proporcione o ambiente ideal ao desenrolar dos trabalhos maçónicos a serem efetuados.
Mas apesar da vasta e ampla seleção musical que pode ser utilizada numa sessão maçónica, não pode a mesma ser usada de qualquer forma nem em qualquer tempo. Existe uma temporização adequada e um tipo de  sonoridade específica que se espera escutar  em determinados momentos da sessão maçónica, sejam eles a Abertura ou o Encerramento dos Trabalhos, seja no momento da execução da Cadeia de União ou na circulação do Tronco da Viúva; a música deverá criar uma sensação própria a cada um que a ouvir em relação ao momento maçónico em concreto. Não devendo o estado de espírito dos maçons se encontrar contrário ao disposto, senão resultaria numa possível quebra da egrégora criada pela harmonia experimentada pelo conjunto dos irmãos presentes na respetiva sessão.
E se no decorrer de uma sessão maçónica existir um momento ritual relevante para a vida de um maçom, tal como uma Iniciação ou um aumento de salário, a música a ser utilizada deverá ser alvo de uma especial atenção pelo Mestre da Harmonia para que esses momentos fiquem marcados na memória de quem por eles passa, pois mesmo aqueles que apenas assistem e não têm uma intervenção direta no cumprimento do ritual, também estes acabam por rever esta mesma situação que anteriormente vivenciaram. E isto também faz parte da formação maçónica, o rever e meditar sobre o que se já viveu e retirar de aí a devida reflexão.
Pelo que aqui expus, já deu para perceber que o trabalho efetuado pela Coluna da Harmonia não é de somenos importância, porque apesar de não ter um papel ritual importante durante a sessão, este é um dos cargos mais ativos da loja; é ele que tem o dever de criar os ambientes específicos e respetivos estados de alma e isso não é tão fácil como se poderia imaginar à primeira vista. E é mesmo um trabalho demorado que ocupa algum do tempo disponível que o Mestre da Harmonia tem na sua vida pessoal, pois ele terá de ouvir bastantes músicas para poder selecionar aquelas que considere como as mais apropriadas para serem utilizadas no decorrer de uma sessão maçónica. Se este mestre for um apaixonado pela música ou inclusivé um melómano até, a sua loja só terá a ganhar dada a riqueza dos conhecimentos que ele terá e que poderá propiciar aos seus irmãos.
Nem todos poderão gostar dos temas musicais que ouviram no decorrer da sessão, fruto das mais variadas preferências musicais de cada um, mas se a energia que brotou da sessão for a ideal, a melhor crítica que o Mestre da Harmonia poderá ouvir dos seus irmãos é que eles sairam contentes e satisfeitos da sessão e que o trabalho que ele desempenhou contribuiu para esse facto.
A Respeitável Loja Mestre Affonso Domingues nº5 sempre teve excelentes responsáveis por "darem música" aos seus irmãos, pelo que se espera que assim o continue a ser...


09 janeiro 2014

Alinhamentos!

Há vários dias que sabia que seria o mestre, ainda que em exercício, da Coluna da Harmonia, na próxima sessão, algo que nada de novo tem, pois é função que já desempenhei enquanto Oficial da Loja e sempre que me é solicitado por quem de direito, mesmo não sendo o titular da “pasta”.

Portanto, tudo normal, mais uma sessão, um novo plano de alinhamento e a “coisa” decorrerá sem problemas de maior, foi este o meu pensamento conseguinte.

A verdade é que fiquei inquieto, diria mesmo um pouco nervoso, havendo algo que não consigo explicar por meras palavras e que me está a atormentar o juízo e a preocupar-me.

Visualizei mentalmente que músicas iria selecionar para este e para aquele momento, afastando possibilidades, suposições e as várias hipóteses que existem para todos os momentos da sessão e fiquei ainda mais inquieto.

Já tive oportunidade de preparar alinhamentos musicais para sessões com enorme simbolismo, exemplo disso são as iniciações, aumentos de salários e elevações, cerimónias de lembrança, sessões conjuntas, um sem fim de escolhas musicais para todas elas, portanto todo este estado de espirito será impensável, mas é real.

Ser mestre da Coluna da Harmonia da RLMAD, é algo peculiar, é algo difícil de transcrever em palavras, pois chega a ser um “lugar” isolado dos demais Ir:., no espaço físico do templo, e ao mesmo tempo estar perto de todos eles a cada acorde que se escolhe para cada momento da sessão, é ler nos olhares cruzados as notas que se fazem ouvir, é compreender que aquele som, aquela música, os conduz ao momento e local certo, ao seu templo interior, é fechar os olhos e ouvir a música, ouvir simplesmente, ouvir até por vezes o silêncio.

Que as minhas escolhas tenham a Sabedoria que espero, a Beleza que a adorne e a Força que a todos trará união.

Nada de nervos, a sessão decorrerá justa e perfeita, assim o GADU o irá permitir, os obreiros irão satisfeitos, pois o conjunto de todos os momentos que decoram a sessão tem apenas e só um nome, Maçonaria.

(artigo escrito durante a preparação do alinhamento musical para a sessão de dia 08-01-6014)


Daniel Martins

02 fevereiro 2012

Harmonia em desafio...

Compete-me, no corrente veneralato, em sessão de Loja, ser o M:. Org:. de serviço, ou seja, "dar" música aos meus I:., mas mais que isso, musicar todo e qualquer momento do ritual, desde que seja musicado.

É em si um desafio. Mas é um desafio, daqueles que nos dão gosto e prazer superar, algo que tento fazer sessão após sessão.

Os meus últimos passos dados enquanto C:. M:., foram caminhados nesse sentido, tanto que preparei sobre a orientação de um Mestre (é sempre assim, até sermos M:. M:.), duas ou três sessões musicais. A experiência revelou-se, em opinião generalizada, positiva, tanto que acabei por apresentar em Loja, a minha prancha e sobre este tema; Música.

Dei a este texto o título de "Harmonia em desafio..." e é assim que o considero, um harmonioso desafio, senão repare-se:

"A Catedral é assimilável a um gigantesco instrumento de música no qual cada coluna é uma corda em tensão. Caixa de ressonância afinada pelas suas proporções, o Templo vibra ao menor estímulo cósmico ou humano, reproduzindo as notas primeiras da sinfonia do Universo.", diz-nos Didier Carrié, em La symbolique dês Cathédrales.

Se Didier Carrié compara a Catedral de cada um de nós, ao nosso Templo interior, a um grande instrumento de música, é necessário que, cada um de nós, individualmente, sem cessar, alimente esse instrumento, com estudo, com busca pela sabedoria, com paz interior e acima de tudo livre e de bons costumes.

A Música é também isso, a nossa libertação pessoal, pois, promove em cada um de nós sentimentos individuais que jamais podem ser repetidos de uns para os outros, o que eu sinto ao ouvir determinada melodia, não é certamente igual ao que outro qualquer I:. sentirá ao escutar a mesma melodia.

A tensão nas cordas, pode ser considerada a nossa paixão, no mundo profano, algo que sempre combatemos, não lhe dando de comer, deixando-a no nosso “escondido interior”, sabendo que ela lá está, mas dando ao nosso espírito a certeza de não a querer alimentar, sob pena de uma paixão se tornar em várias paixões, o que normalmente acontece, sem grande dificuldade.

Ter a nossa “caixa de ressonância” afinada pelas suas proporções, será talvez, e na minha opinião, a forma central de orientar a nossa vida, regendo-a por princípios éticos, que regulam a vida em sociedade, que estimulam o bom senso e ultrapassam quaisquer dificuldades inerentes à vida terrena em simples obstáculos, sempre passíveis de ser vencidos, pois só assim crescemos enquanto homens.

Eu tenho o meu universo, e sem grande ligeireza, cada um de vós, terá o seu, o cliché de “eu vivo no meu mundo”, ou, determinado individuo viver no seu mundo, à parte de todos os outros, é normalmente associado a laivos de loucura e insanidade, mas será mesmo assim? Todos estamos sujeitos a pressões, tensões, motivadores de opinião e às demais situações do dia a dia, faz parte da vida e ainda bem que assim é, mas se eu porventura disser, que vivo no meu mundo, serei insano ou louco? Pode ser o meu mundo, imperfeito, igual ao de tantos outros, porque aqueles que vivem no “seu mundo” e se consideram perfeitos, esses sim, sem dúvida alguma, são loucos e também fracos de espírito.

O meu Templo vibra por tanta coisa e devido aos mais diversos estímulos, vibra, porque está vivo, porque respira, porque observa e consegue, regra geral, pensar por si, mas o meu Templo também é humano, e o quanto eu gosto de ser humano, de rir e de chorar, de estar feliz e por vezes triste, e de…tanta coisa mais.

São todos estes pequenos acordes que compõem o meu universo, mas tenho ainda muitos mais por descobrir em constante harmonioso desafio.

Partilho, com todos os curiosos leitores do A Partir Pedra, algo que já partilhei com todos os I:. presentes em sessão, uma simples música de Dave Brubeck, que podem ouvir aqui.

Daniel Martins

10 julho 2007

Organista, Mestre da Musica ou da Coluna da Harmonia


Tenho vindo nas últimas sessões da minha Loja a desempenhar um cargo que me tem dado um prazer muito grande. O de Organista ou Mestre da Coluna da Harmonia.

A Musica numa sessão de loja é de grande importância, pois completa o ritual dando-lhe um sustentáculo que permite elevar a espiritualidade e a disposição dos presentes e consequentemente da sessão em si.

Engana-se o leitor se pensar que por música numa sessão de Loja é chegar ali e debitar umas músicas, de preferência do Mozart e se forem muito conhecidas melhor.

A Loja Mestre Affonso Domingues sempre primou por ter Organistas de qualidade, e não falo de mim que ainda não me considero Organista nem terei a qualidade dos titulares, e consequentemente sempre teve música de grande nível nas suas sessões. Bastará para tal dizer que foram sempre músicos e melómanos os Organistas, foram e são porque o actual titular do Cargo (já o é desde 1996) é musico tendo na sua juventude gravado Discos e tocado em grandes salas por esse mundo fora.

O nosso Irmão Organista, tem ao longo destes anos vindo a criar para cada sessão um CD com a sequência de músicas com que nos enche a sala e nos delícia. Um Acervo fantástico o que tem vindo a ser produzido, por ele, com o fim único de embelezar e transmitir solenidade às sessões de Loja.

Ora por motivos pessoais e familiares, que queremos ver resolvidos tão brevemente quanto possível, a sua assiduidade tem sido prejudicada este ano, e por isso tenho assegurado a sua substituição.

A primeira vez foi um pouco de improviso, e como fui avisado 30 minutos antes e já ia a caminho usei os CDs que tinha no carro e com um pouco de Mozart aqui, Respighi ali, mais Mozart por acolá, lá me safei.

O bichinho ficou e dei comigo a preparar no meu computador portátil uma playlist com músicas para sessão de Loja. Este exercício, era essencialmente isso um exercício, não tinha na altura nenhum fim específico pois não sabia quando teria que fazer nova substituição. Era por assim dizer um trabalho para meu divertimento pessoal.

Continuei normalmente a aumentar o directório do meu portátil com música, não porque a quisesse por em Loja, mas porque gosto de trabalhar com música. Todavia cada vez que uma peça, um andamento, uma faixa me parecia adequada marcava-a inserindo na lista de música para sessão.

E um dia lá tive que ir fazer uma substituição. Saí de casa com o portátil, um par de colunas de computador, e uma extensão eléctrica. A coisa correu bem e a partir dai passei a assegurar a música sempre que necessário.

Decidi também que sempre que possível fugiria dos autores tradicionais (Mozart, Beethoven, Bach, etc.) e utilizaria outros tipos de musica. Nesta senda já usei músicas interpretadas em ritmo reggae, de grupos como os Queen, Norah Jones, Evanescence, ou ainda música de guitarra portuguesa composta e interpretada por esse Génio que foi Carlos Paredes.

Tenho também aproveitado para testar algumas músicas da minha cultura Judaica, sempre instrumentais e em interpretações para violino, ou de conjuntos de musica Klezmer (Musica Judaica da Europa Central).

Rapidamente percebi que cada sessão é muito diferente da anterior e que, as musicas que resultaram em cheio numa podem não servir para a seguinte. E Aqui surge a necessidade absoluta de improvisar, de escolher uma alternativa que não foi pensada e que tem que substituir o alinhamento pensado com base na ordem de trabalhos previamente distribuída.

Há que conseguir gerir os imprevistos, como sejam um visitante que chega e que se anuncia já com os trabalhos a decorrer. Ou uma decisão de modificação de sequencia dos trabalhos, ou uma alteração de ultima hora ou mesmo como há uns dias atrás a tentativa de reforçar uma alocução (não conhecida) de um Irmão com uma musica apropriada.

A música no meu ponto de vista deve preencher todos os vazios. Deve ser adaptada a cada momento, Grandiosa na abertura dos trabalhos, Alegre no fecho, motivante quando se procede à recolha de fundos para beneficência, espiritual na Cadeia de União, e por aí a fora.

Pode parecer uma sobrevalorização, mas não é. O Mestre da Coluna da Harmonia tem uma importância enorme na qualidade dos trabalhos. Não pode imaginar o leitor (excepto Irmãos que me leiam) a diferença entre um bom acompanhamento musical (não na qualidade das peças musicais usadas mas na cobertura da sessão) e um mau acompanhamento, já para não falar que uma sessão sem música é uma “sessão coxa”.

Já desempenhei muitos cargos em Loja, já fui Venerável (e sobre isso falarei um dia), e sempre os desempenhei com zelo, correcção e gozo pessoal, mas nenhum me deu tanto prazer como o de organista, ainda que só o seja em substituição.

Espero que um dia possa vir a ser o Organista Titular da Loja Mestre Affonso Domingues, e mesmo esperando que esse dia seja só daqui a muitos anos porque o actual Organista é excepcional, sei que nessa altura vou avançar mais um degrau.

José Ruah
P.S. Louis Armstrong foi Maçon e Musico ( evidentemente)