Profanidades
Uma das mais interessantes características de um blogue é a possibilidade que existe de uma profícua interacção entre quem escreve e quem lê, resultante da utilização da caixa de comentários. Essa interacção, se cultivada, permite a quem escreve ter uma melhor noção dos interesses de quem lê, permite a quem comenta, para além de exprimir a sua opinião, inquirir, sugerir, afinal influenciar o que se escreve no blogue. No limite, uma profícua interacção entre autores de textos e comentadores faz de um blogue um espaço comum de interesse intelectual, evoluindo, não apenas ao sabor da vontade do(s) seu(s) autor(es), mas no percurso dos caminhos desbravados, em conjunção, por quem escreve e por quem lê e comenta.
Pessoalmente, sempre que um comentário me estimula o interesse pela referência a qualquer assunto, prefiro, em vez de responder, sucintamente, na própria caixa de comentários, elaborar e publicar um ou mais textos sobre o tema. O que tem a consequência de, por vezes, alterar o rumo da publicação de textos.
Vem isto a propósito de um comentário que nuno_r (que anteriormente se identificava como o profano) produziu relativamente ao texto O maçon e as luvas. Nele, nuno_r escreveu, designadamente:
Já foi abordado em post anterior o Avental e agora as Luvas.
Como estamos a falar de "peças de vestuário", gostava, se possível, saber como faz um Maçon para adquirir estas peças.
É fácil comprá-las no mundo profano ou é a Loja (ou Grande-Loja) que fornece ou as vende aos Maçons?
Antes do mais, é justo referir que o "culpado" (no sentido de ter sido ele o catalisador de tal facto) de ultimamente eu ter escrito dois textos sobre "peças de vestuário" (O maçon e as luvas e O avental do Aprendiz) foi precisamente o nuno_r que, então ainda como o profano, perguntou, num comentário ao texto A integração do Aprendiz (II), a razão porque o Aprendiz usa a aba do seu avental levantada. Essa questão despertou a minha tendência para a associação livre e, da resposta à pergunta, saltei para o avental e deste para as luvas. Hoje, tencionava escrever mais um texto sobre vestuário, mas a nova questão do nuno_r leva-me a mais uma deriva. Assim, o projectado texto sobre vestuário fica para um dia destes e... vamos então às profanidades (em jeito de homenagem ao interesse do nuno_r e, já agora, aproveitando para um titulozito jeitoso...) de onde e como se adquirem luvas e aventais de maçons.
Adquirir luvas brancas é fácil: qualquer boa luvaria ou estabelecimento de peças de vestuário com secção de luvaria as tem disponíveis.
Já para adquirir luvas enfeitadas com o esquadro e o compasso, bem como para adquirir aventais de maçon, a coisa fia mais fino: o mercado de interessados é muito pequeno em Portugal e não se compram luvas e aventais todos os dias, nem sequer todos os anos, e portanto o interesse comercial nesses artefactos tem a mesma dimensão.
Não sei o que se passa noutras estruturas mas, quanto à GLLP/GLRP, esta dispõe de um fornecedor importador de artefactos maçónicos que lhe garante o fornecimento do que é necessário. Qualquer maçon da GLLP/GLRP pode, consequentemente, através da sua Loja ou dirigindo-se directamente aos serviços da GLLP/GLRP, adquirir o que precisa.
Quando alguém é iniciado, a sua Loja fornece-lhe o avental de Aprendiz e as luvas. O custo destes objectos está já integrado na jóia de iniciação que o candidato pagou. Também quando o maçon é passado ao grau de Companheiro e elevado ao grau de Mestre a Loja lhe fornece os respectivos aventais. E também os respectivos custos estão incluídos no pagamento a que o maçon procede aquando desses actos.
Nenhum maçon é, porém, obrigado a adquirir os seus artefactos através da sua Loja ou Grande Loja. Pode adquiri-los onde lhe der jeito ou onde pretenda. E qualquer Loja pode obter os artefactos para disponibilizar aos seus obreiros onde pretender. Não tem qualquer obrigação de os adquirir na Grande Loja ou ao fornecedor desta. Por exemplo, a Loja Mestre Affonso Domingues adquiriu parte dos artefactos que a ela, Loja, pertencem, a um fornecedor no estrangeiro, mediante encomenda efectuada por Internet e os seus obreiros estão também a habituar-se a fazer o mesmo, pois consegue-se artefactos de boa qualidade a preços favoráveis. Normalmente, quando alguém projecta efectuar uma encomenda, inquire se mais alguém quer aproveitar para encomendar e vem tudo ao mesmo tempo. Sempre se poupa nos custos de transporte...
Sítios na Internet dedicados à comercialização de objectos e artefactos maçónicos, há vários. Basta efectuar uma pesquisa num motor de busca. Mas atenção à língua em que se faz a pesquisa... Se for em português, provavelmente aparecem páginas de fornecedores no Brasil (por exemplo, o Triângulo Atelier Maçónico); se pesquisar em francês, muito provavelmente vai deparar com páginas de fornecedores franceses (por exemplo, Arts et Symboles), em inglês, obtém páginas de fornecedores ingleses ou americanos (por exemplo, Central Regalia ou The Freemason Masonic Supplies), etc..
O mercado é grande...
Rui Bandeira