18 janeiro 2016
11 janeiro 2016
Os maçons e os filhos (republicação)
O texto que é republicado hoje é datado do "longínquo" ano de 2007 e foi escrito pelo Rui Bandeira e teve como principal motivador uma questão colocada por um leitor de blogue e que pode ser consultado no seu original aqui.
Este texto é de alguma forma relevante porque aborda um assunto pelo qual todos os maçons passam, a sua relação com os seus filhos e com a sua própria condição maçónica.
Esta é sem dúvida algo com que muitos se debatem internamente e que também se aconselham com os seus irmãos que vivem a mesma situação. Naturalmente que cada um vive a sua vida à sua maneira, mas neste ponto, quase todos o sentem mais ou menos da mesma forma.
Como e quando se deve informar um filho ou familiar sobre a vida maçónica de alguém?
O Rui emite a sua opinião, com a qual eu concordo também, e que abaixo transcrevo:
"O simple colocou a questão que se segue:
A minha questão - que não é, certamente, nem nova nem original - é esta: como consegue um maçom manter oculta dos profanos a sua condição, e ao mesmo tempo envolver a família nesses eventos, se tiver filhos ainda pequenos - e naturalmente pouco sensibilizados para a discrição? Recorre-se à grande Instituição que são as baby-sitters?!
A partir de que idade é comum revelar-se à respectiva prole a condição de maçon - especialmente quando se preveja um anátema por parte da família alargada caso tal fosse conhecido?
Ah, e não vale responder "cada pai sabe dos seus"... até aí já eu discorri. :)
Publicado por Nuno Raimundo às 12:00 1 comments
Marcadores: Família
06 julho 2015
Maçonaria - Uma grande Família: Princípios e Deveres
Publicado por Rui Bandeira às 12:00 1 comments
Marcadores: Família, Grande Loja, Grão-Mestre, maçonaria
22 setembro 2014
A importância da Família na Maçonaria...
Publicado por Nuno Raimundo às 12:05 7 comments
Marcadores: amor fraternal, Família, Maçonaria explicada, Processo de candidatura
08 abril 2009
Às Senhoras !
Falo do Brinde às Senhoras, sejam elas a nossa mulher, mãe, irmãs ou amigas.
Este brinde através do qual os Maçons homenageiam as senhoras, e reconhecem a sua importância na estabilidade da vida da família, é talvez o mais significativo de todos.
Os deveres associados à família são muito importantes para a Maçonaria, e sobrepõe-se aos deveres para com a Loja.
Por isso mesmo hoje o meu post é para homenagear a Senhora que faz o favor de ser minha mulher que festeja nesta data aniversário importante.
Requisito assim para mim o 6º Brinde.
“Meus Irmãos, por ordem do Venerável peço-vos que levanteis os vossos copos e me acompanheis neste Brinde:
ÀS SENHORAS !!!!! “
José Ruah
Publicado por Jose Ruah às 00:45 5 comments
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18 dezembro 2007
A Família e o Século XXI
Ele é de origem brasileira, ela de origem beiroa/madeirense, e entre os vários temas que nas nossas conversas sempre saltam com enorme facilidade e fluência um houve que deu origem a um aprofundamento especial.
Falava-se da actualidade da relação homem/mulher, versus casamento, procriação e educação de filhos, constatando-se o divórcio entre a juventude actual e laços da família que nos criou..
Considero tratar-se de uma questão para ser profundamente analisada, criticada e necessitando de uma consciencialização a todos os níveis da sociedade, pelo que trago aqui alguns excertos das várias facetas da questão.
É absolutamente necessário que a discussão do tema se generalize, a fim de que todos tomem consciência de qual a situação, quais as causas e qual a correspondência entre as causas e os efeitos que observamos e dos quais nos queixamos, muitas vezes sem qualquer interesse na procura de uma solução.
Frequentemente apenas por comodismo.
Comodismo relativamente ao trabalho de pensar, comodismo relativamente à procura da solução e à respectiva aplicação prática, se encontrada.
Pertenço à geração que viu nascer a telefonia e depois a televisão, o telefone, o telex, o fax, o telemóvel, a Internet… Tudo isto no tempo de uma geração.
Igualmente vi aparecer o automóvel, o avião, o comboio rápido, os foguetões, a ida à Lua, os passeios fora do globo terrestre.
Numa geração passámos do burro ao foguetão.
Isto é uma revolução tremenda, nos hábitos, nas possibilidades do conhecimento, na diminuição dos tempos de acesso à informação e consequentemente ao mundo.
Hoje assiste-se à guerra em directo, ao vivo e a cores.
Tudo ficou enormemente mais rápido, a necessidade de “ferramentas” para o dia a dia cresceu aceleradamente, descontroladamente.
Quando nos anos de 60 do século passado se estudava a revolução industrial, de facto não sabíamos o que estávamos a estudar nem a dimensão real do fenómeno que alunos e professores procuravam compreender e explicar.
(Um parêntesis para um momento pessoal de recordação a um professor extraordinário que me trouxe discussões profundíssimas sobre o homem e o seu comportamento societário. É a recordação saudosa do meu querido Prof. Adérito Sedas Nunes.)
Esta aceleração descontrolada dos factos da vida diária, a necessidade de dispor de novas e em maior número, ferramentas de defesa para o dia a dia, originou um crescendo de novas necessidades, de facto de novas exigências.
Como as alterações salariais não acompanharam esta aceleração, a situação económica/financeira das famílias ficou com necessidade de responder a situações para as quais os orçamentos familiares não tiveram resposta.
A consequência foi o aumento da participação familiar no esforço produtivo, tentando obter o acréscimo de valor necessário às novas modas e aos novos standards.
Foi assim que a estrutura da família baseada no trabalho externo do homem e interno da mulher, se alterou profundamente.
A mulher teve de sair de casa para trabalhar no exterior, acompanhando o homem nesse esforço, não deixando substituto para as tarefas diárias da casa e do acompanhamento dos filhos.
A mulher como eixo central da família, educadora, aglutinadora dos componentes familiares desapareceu não deixando substituto.
Como até hoje não foi possível encontrar qualquer estrutura de substituição, a sociedade procura uma adaptação à realidade que se tem mostrado bem complexa.
As máquinas são fáceis de substituir. Os sentimentos não, e é de sentimentos que se trata.
Publicado por J.Paiva Setúbal às 01:03 0 comments
05 novembro 2007
O maçon e os filhos
Contaram-me o caso de um maçon que toda a vida ocultou a sua condição à família, e de quem só durante o velório os filhos e os netos souberam, por uns senhores que nunca tinham visto mas que mostraram conhecer muito bem o falecido, que o pai de uns e avô de outros fora maçon a vida toda...
A minha questão - que não é, certamente, nem nova nem original - é esta: como consegue um maçon manter oculta dos profanos a sua condição, e ao mesmo tempo envolver a família nesses eventos, se tiver filhos ainda pequenos - e naturalmente pouco sensibilizados para a discrição? Recorre-se à grande Instituição que são as baby-sitters?!
A partir de que idade é comum revelar-se à respectiva prole a condição de maçon - especialmente quando se preveja um anátema por parte da família alargada caso tal fosse conhecido?
Ah, e não vale responder "cada pai sabe dos seus"... até aí já eu discorri. :)
Nos termos e condições que o simple coloca, a questão é irrespondível, precisamente porque a única resposta correcta é a que ele não quer que lhe seja dada: "cada pai sabe dos seus"...
Mas o desafio foi feito e, mal ou bem, merece resposta. Como todos os problemas de difícil resolução, a melhor abordagem é a sua divisão em pequenas questões, de resposta mais acessível. No final, teremos a resposta possível.
O ponto de partida é o caso - hipotético, lendário ou real - de um maçon que escondeu de sua família chegada essa condição, a ponto de seus filhos e netos só no seu velório virem a ter conhecimento dessa faceta do seu parente, através, retira-se do texto, de maçons que ao velório compareceram.
A situação de partida, nos termos em que está colocada, se bem que não impossível, afigura-se-me de difícil verificação, a não ser que se refira a um indivíduo com um núcleo familiar atípico e com um relacionamento atípico com esse núcleo familiar. Só por notável ausência de intimidade ou por presença de inesperada distância entre ascendente e descendentes se pode entender o absoluto desconhecimento, ao ponto da surpresa, de que o ascendente "fora maçon a vida toda". Porque ser maçon é ter e viver e transmitir princípios. Se um maçon não vive segundo os princípios inerentes à condição de maçon, só de nome poderá sê-lo - mas seguramente não será "maçon a vida toda", pela simples razão de que nem a vida como maçon viveu! Se um maçon não educa os seus filhos nesses princípios, ou é mau maçon ou péssimo educador! Se os filhos de um maçon não são capazes de reconhecer no comportamento de seu pai a aplicação dos princípios de um maçon, ou estavam muito distantes do seu progenitor ao ponto de não o conhecerem verdadeiramente, ou não foram educados por um verdadeiro maçon. Este deve distinguir-se perante os que o rodeiam pelo seu comportamento. E, mesmo que não diga que é maçon, se e quando os que o rodeiam vierem a saber que o é ou o foi, mau será se esse conhecimento não vier a confirmar o juízo que fazem da pessoa - seria sinal de que não fora digno de usar o avental que um dia lhe foi imposto...
A situação descrita, a não ser assim, só podia ocorrer num quadro de - para mim - impensável distância entre um homem e sua família mais chegada. Teria implicado a vivência em dois mundos estanques e absolutamente sem pontos de contacto. Isso não é vida real, é argumento de filme da guerra fria... Aliás, pelo menos um ponto de contacto entre esses dois mundos, um dos quais ignorava o outro, necessariamente tinha que haver: um amigo ou conhecido da família (a quem esta informou do óbito...) teria de ser maçon não menos discreto que o falecido, pois só assim poderia dar conhecimento aos maçons que compareceram no velório do passamento do Irmão...
E, das duas, uma: ou esse amigo ou conhecido levou a sua discrição ao ponto de não comparecer ao velório ou de aí comparecer separado dos maçons que se identificaram como tal, anónimo e secreto, ou, ao fim de tantos anos quebrou abrupta e incompreensivelmente a sua discrição...
Tal como a questão foi contada ao simple, parece-me, pois, mais um mito urbano, no caso, o mito do secretismo absoluto da Maçonaria, que só os anti-maçons alimentam. Contra este mito, em ambiente democrático, no século XXI, devemos combater, mostrando que discrição não é secretismo, esclarecendo e divulgando os nossos princípios.
Com este ponto de partida, pergunta simple como consegue um maçon manter oculta dos profanos a sua condição, e ao mesmo tempo envolver a família nesses eventos. Estando assente que "profano" é todo aquele que não é maçon e que, portanto, a família do maçon necessariamente que inclui profanos, a resposta a esta questão é simples: NÃO CONSEGUE. Ou mantém oculta da sua família a sua condição de maçon, ou não envolve a família nos eventos da Maçonaria... Ser e não ser não pode ser, já na Antiguidade dizia Sócrates, o filósofo...
Comer o bolo e continuar com o bolo não é possível, digo na actualidade eu, despretensioso escrevinhador... Com filhos pequenos ou grandes, discretos ou indiscretos, a dualidade secretismo/envolvimento simplesmente não é possível e, portanto, não é um problema.
Pergunta ainda o simple a partir de que idade é comum revelar-se à respectiva prole a condição de maçon.
A resposta depende, a meu ver, mais do pai do que dos filhos... Depende essencialmente de como o pai vive a sua condição de maçon, do seu grau de envolvimento com a Ordem, do seu relacionamento mais próximo ou mais distante com a sua prole, da sua forma de educar, do seu conceito de transmissão dos seus valores - e também das circunstâncias e das oportunidades.
Eu diria que, mais do que cada um sabe dos seus, a resposta correcta é cada um sabe de si...
Porque a resposta a essa questão só pode ser dada a cada um por si mesmo, o melhor que posso fazer é contar como é que eu fiz.
Sempre eduquei as minhas filhas segundo dois princípios: os valores passam-se primeiro pelo exemplo e só depois pela palavra; as informações devem ser dadas quando quem as recebe está preparado para as receber.
Assim sendo, sempre me comportei como eu próprio, com os meus valores, os meus amigos, os meus Irmãos. A minha filha mais nova nasceu já eu era Mestre Maçon. Desde o berço que conhece os meus Irmãos, e de entre estes, que lida mais assiduamente com aqueles com quem estabeleci mais apertados laços da amizade, que me acompanha nas viagens que a Loja organiza para serem efectuadas pelos maçons e suas famílias, que me acompanha aos jantares brancos. Em toda a sua vida viu, com naturalidade, que havia dias em que o seu pai não estava em casa, porque "ia à reunião".
E, durante vários anos, a bebé cresceu, a menininha medrou, sem se preocupar em catalogar os amigos do pai, sem estranhar almoços e jantares em grupo, mais interessada em saber que outras crianças estariam presentes.
Muitas vezes me viu sair e me perguntou "vais à reunião?" e eu confirmei que sim, sem que houvesse a necessidade de acrescentar que reunião era aquela onde eu ia. Um dia, finalmente, perguntou de que era a reunião a que eu ia. E eu respondi que era da Loja. E, não muito tempo depois, tendo percebido que a Loja de que eu falava, não era uma loja de se ir comprar coisas, um belo dia lá me perguntou de que era essa Loja. E eu respondi que era da Maçonaria. E passaram mais uns tempos até que perguntou o que é que se fazia na Maçonaria - e eu respondi e esclareci...
No fundo, educar é transmitir aos nossos filhos os nossos Valores. e isso não se faz escondendo esses valores deles, ou dando a noção de que esses Valores são para ser vividos clandestinamente. Pelo menos, quando se vive em Liberdade!
Mas também temos que ter a noção de quando é que a criança está preparada para receber e processar uma determinada informação. Não faz sentido dar uma conferência sobre "Simbolismo, Esoterismo, Moralidade e Axiologia da Visão Imanente ao Entendimento do Universo, Criação, Criador e Criaturas na Maçonaria Contemporânea" a uma criança (nem sequer a certos adultos, diga-se de passagem)... Convém antes responder ao que é perguntado, certificando-nos do que é efectivamente perguntado, não vendo nós complexos problemas em questões, por vezes muito simples e básicas, que são o objecto, naquele momento, do interesse da criança.
Rui Bandeira
Publicado por Rui Bandeira às 19:34 1 comments
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31 outubro 2007
A mudança
Costuma-se dizer que um homem pode mudar de emprego, de casa, de camisa, de automóvel, de quase tudo, mas que não muda de clube.
Tenho um amigo que hoje vai demonstrar que a frase anterior não é inteiramente verdadeira: vai formalizar a sua mudança de clube!
A decisão que hoje vai ser levada à prática fora já decidida há uns tempos e era conhecida de um grupo restrito de familiares e amigos. Como todas as decisões importantes da vida, há já algumas semanas que andava a ser preparada, tendo-se tomado todas as cautelas e preparado tudo o que havia a preparar, no sentido de que tudo corra bem com esta mudança.
A preparação necessária para que tudo corra bem determinou mesmo que esse meu amigo tivesse tido que limitar fortemente algumas das suas actividades, designadamente uma de carácter público: a publicação de textos no A Partir Pedra!
Esse meu amigo – já perceberam – é o José Ruah. E não, não muda a sua afeição pelo Glorioso... A mudança decidida e agora formalizada é outra: hoje gloriosamente abandona o clube dos solteiros e vem reforçar o clube dos casados!
A formalização do acto vai ocorrer a partir das 18 horas e dará direito a festa até às tantas!
Neste dia, que auguro benfazejo, para além da expressão da minha alegria, aqui deixo ao José Ruah, com um significado que ele bem entenderá, apenas um voto:
Estrela feliz te acompanhe e te dê merecida felicidade!
Rui Bandeira
Publicado por Rui Bandeira às 10:24 5 comments
Marcadores: Família
30 janeiro 2007
Aproveitando a análise
E estamos satisfeitos.
Primeiro porque o José não perdoa e anda em cima dos acontecimentos;
Segundo porque garantidamente nenhum de nós foi optimista ao ponto de prever que “isto” ia ser a sério (mesmo);
Terceiro porque os comentários, que são “pouquérrimos” (esta inventei eu) são, por outro lado, bem simpáticos e incentivadores.
Como o José, também agradeço a todos que têm tido a paciência de nos ler, e ainda mais aos que têm contribuído com comentários, que são sempre, sempre, bem vindos.
Como diria um “pirata” meu amigo, comentem, digam bem, digam mal, p…, mas digam alguma coisa !
O comentário do nosso leitor “Profano” à última intervenção do José, trouxe-me de novo à primeira linha do consciente a relação da Maçonaria com o “mundo profano”, como nós chamamos ao mundo que não aderiu à organização maçónica, mas que não é menos válido por isso.
E esta preocupação tem a ver com a tradição histórica na qual maçon serve para fritar (ou será grelhar ?), de preferência em lume brando e de preferência ainda com casa cheia (isto é, com lotação esgotada).
A minha referência inicial à lareira quentinha deverá ser apreciada num contexto algo diferente… Nada de confusões nem de ideias esquisitas.
Mas de facto os maçons têm sido frequentemente apontados como um grupo de meliantes, tradicionalmente a abater, acusados dos mais variados malefícios.
Roma então é de um encarniçamento histórico que só se explica pela necessidade de acusar outrém das tropelias, reconhecidamente, próprias.
A Maçonaria só foi interessante nos momentos em que foi utilizada em proveito próprio.
Não é caso único como se sabe, mas como é o nosso caso, é dele que falo.
Nas épocas mais recentes (2ª metade do sec. XX), o Estado Novo, aprendiz do fascismo europeu, elegeu como inimigo directo todas as organizações que teimassem em pensar livremente, associando-se intimamente à Igreja de Roma, e perseguindo tudo o que tivesse um cheirinho de liberdade de pensamento.
O isolamento de Portugal dentro da trilogia Deus, Pátria, Família, sob uma directiva de unicidade de pensamento comandada por uma única mente, ainda por cima mal aconselhada, levou ao apagamento forçado de todas as ideias que se afastassem, 1 mm que fosse, da directiva oficial.
Ao longo de 50 anos Portugal viveu debruçado sobre si mesmo, a modos que um “pensador” como o de Rodin, paralisado e só, e fechando o País fechou-se a cultura, fecharam-se as consciências, desapareceu a informação, com todas as consequências que daí resultaram para a vida dos portugueses.
A falta de liberdade de expressão trouxe a pouco e pouco a anemia das ideias e um retraimento do comportamento, primeiro individual, colectivo a seguir, do qual as famílias foram as primeiras vítimas.
Ao medo de falar seguiu-se o isolamento individual, única forma certa de evitar qualquer possível delação, e num ambiente de insegurança generalizada foi o salve-se quem puder.
A liberdade de expressão apenas subsistiu em pequenos agrupamentos, eles próprios fechados sobre si mesmos, vivendo clandestinamente.
Portugal viveu num mundo diferente de todos os restantes povos, nomeadamente os da Europa, não acompanhando a evolução social e cultural que resultou do fim da 2ª grande guerra e da explosão económica que então se verificou, com a necessidade de reconstruir toda uma Europa que ficara arrasada.
O Poder Político, firmemente instalado na polícia secreta e jogando o jogo da guerra nas colónias africanas, utilizou soberanamente a demagogia da salvação da Pátria para vincar o seu ideal absoluto, transformando em inimigo a abater qualquer um que ousasse questionar o caminho que estava a ser seguido, as organizações independentes do poder desapareceram, mesmo que não políticas, foram apontadas como traidoras e tratadas como tal, sendo acusadas de serem origem de todos os males.
Neste ambiente de medo generalizado apenas a Igreja de Roma se movimentou com todo o à vontade, servindo o, e servindo-se do, sistema implantado.
Encontrou campo fértil para recrutar “fieis”, como sempre acontece quando aos povos apenas lhes resta o sobrenatural.
É, pois, neste ambiente que a Maçonaria se vê acusada de ser uma organização secreta, concorrente da Igreja oficial, politicamente perigosa, agrupamento de interesses insondáveis, capazes de todas as patifarias, especialmente as que melhor servissem para exaltar a bondade do regime e maldade dos maçons.
Neste princípio de século XXI continuamos confrontados com os resquícios desta mentalidade abstrusa, criada e generalizada durante os 50 anos de Estado Novo.
É necessário, é urgente, que os objectivos maçónicos sejam divulgados.
Quanto mais não seja para repor a verdade sobre o que é a Maçonaria e quais os seus interesses, assim como é importante que se divulgue a história da Maçonaria, para que a maioria que ainda teme essa coisa esquisita da qual apenas ousa falar em surdina, possa reconhecer que os maçons são pessoas de bem, preocupados com o bem geral, trabalhando para o aperfeiçoamento social e cultural dos povos.
É urgente que todos entendam que a preocupação central do maçon é a solidariedade entre os homens, e a fraternidade entre os povos.
É urgente que todos percebam que o objectivo maçónico é a Paz, criada e implantada com firmeza sobre o conhecimento e aceitação da diversidade das ideias de todos.
Não há bons de um lado e maus do outro, há homens com todas as suas fraquezas, anseios, limitações e heroicidades, uns que acertam mais, outros menos, mas todos credores do mesmo respeito e do acesso aos mesmos direitos.
E este trabalho ninguém fará por nós.
O “A-PARTIR-PEDRA” também apareceu por causa disso.
JPSetúbal
Publicado por J.Paiva Setúbal às 01:36 0 comments
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