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13 setembro 2010

Prioridades


Nunca cansa repeti-lo: nas prioridades de um maçon, os deveres para com a família, os deveres para com os filhos, os deveres religiosos e os deveres civis sobrepõem-se aos deveres para com a Maçonaria. Por isso, uma das perguntas que alguém que pense pedir para ser admitido maçon deve fazer a si mesmo é, precisamente, se a família próxima - especialmente o cônjuge ou, como se diz agora, significant other - o apoiará, ou se, pelo contrário, lhe irá "cobrar" as ausências, as quotas e a disponibilidade mental. É essencial pelo menos a aceitação - e, idealmente, o apoio - do cônjuge para que se possa tirar partido da Maçonaria, sob pena de que os benefícios que esta deveria proporcionar através do melhoramento do maçon - que se tornaria numa pessoa melhor e mais passível de espalhar a felicidade em seu redor - sejam ofuscados pelas querelas conugais.

Do mesmo modo que a Maçonaria Regular não reconhece Grandes Lojas em países que proíbam a Maçonaria - decorrendo isto do facto de a Maçonaria Regular se cingir estritamente ao cumprimento das leis dos países onde está constituída, pelo que não faria sentido reconhecer uma Grande Loja que, para existir, violasse as leis do país que proíbem a sua própria existência - também, por idêntica ordem de razão, não deveria, em princípio, ser admitido à iniciação um profano que ocultasse do cônjuge esse facto, ou cujo cônjuge desaprovasse a sua admissão, uma vez que, devendo prevalecer o auxílio e a harmonia familiares sobre os deveres para com a Maçonaria, estaria a ser esta causa de desavenças e contendas, o que de modo algum é desejável.

Mesmo assim, se se conseguir fazer como defendia um dos comentadores habituais deste blogue - que, entre dois cenários alternativos, escolhia os dois - o ideal será, igualmente, conjugar ambos os deveres sem faltar a nenhum, que foi o que tentei fazer hoje, na medida das escassas possibilidades que tive, escrevendo um texto, apesar de curtinho e publicado para além da hora do costume. Desculpem-me os habituais leitores, mas deveres familiares não permitiram mais; sexta-feira cá estarei com outro texto - que se espera mais disponível e mais inspirado.

Paulo M.

09 novembro 2007

O Maçon e a familia.

Ha muito muito tempo Simple perguntou-me sobre maçons e familia. Eu cá andava ocupado com essas questões - a familia - pois a pergunta é de 23/10 e o meu casamento foi a 31.


O Rui respondeu e muito bem com o exemplo da familia dele.

Aqui há uns meses o assunto ja tinha sido aflorado por mim aqui.

Não creio que se possa ser maçon, em plenitude, se a familia nao souber. Se a familia entende, aceita, rejeita, usa como arma de arremesso quando as coisas correm menos bem, se nao respeita a condição, ou se respeita, isso são outros 500.

Algumas das perguntas que faço a todos os profanos que inquiro são :

A sua familia - mulher/namorada/companheira essencialmente - está ao corrente desta sua pretensão ?

Qual foi a a respectiva reacção quando lhe contou ? ou Qunado pensa dizer-lhe e qual pensa que será a reacçao. ?

AS respostas a estas perguntas permitem-me perceber se aquele candidato está ali de corpo inteiro ou nao.

O mais frequente é que quando nao estão de corpo inteiro a Loja perder aquele maçon para a familia biologica. Não conheço , ou melhor serão poucos os que vao olhar a mulher nos Olhos e lhe vao dizer " Quero lá saber o que tu pensas, mas eu vou à sessão da Loja" ou " Sabes perfeitamente que o 2º Sabado é dia de reuniao da Loja, para que raio foste marcar bilhetes para a sessão de teatro das 18h30, nao podias ter escolhido a das 21h30 ?"


É certo que se podem ( devem mesmo) negociar compromissos.

Por exemplo :

Ele:
" eu vou a todas as sessões de Loja, mais as de grande Loja, as das Lojas sob minha jurisdição e ainda aquelas para onde for convidado, para alem das reunioes administrativas e as de revisao do regulamento, da preparaçao do Orçamento num total de cerca de uma centena e meia de sessões por ano"

Ela:
" Querido com certeza, apenas que nesta casa ha cama todos os dias as 23h. Quem está, está, quem não está ...".


Imaginem que um maçon nao conta nada à mulher e começa a sair regularmente a dias perfeitamente determinados e horas precisas para ir à sua reuniao de Loja.

A Mulher vai começar a pensar que ele anda com outra e um dia decide segui-lo.
Vê-o entrar num edificio, espera um pouco e depois toma a decisao de entrar por ali a dentro, descobrindo:

O Marido junto com uma data de homens e todos de Avental.

O Mais natural é invectivar como segue:

" Malandro a enganares-me e ainda por cima com um quantidade de Maricas todos de avental !!"

Mas o pior é no dia seguinte quando comentar com a vizinha ou com amiga ,

" veja lá o que me aconteceu Descobri o meu Manel ( malandro) nuns preparos esquisitissimos, e ainda por cima tava lá também o Silva do 5º Esq. , o Lopes sabe aquele que vive com a Alzira, mais uma data de gente, até la tava aquele que foi ministro , o dos oculos grossos ta ver .....".

Ou mais racionalmente, tentar envolver a familia num máximo de actividades, e ceder de vez
em quando , nao indo a uma ou outra sessão.


Por tudo isto acho que uma conversa previa à aceitaçao do convite, e uma manutenção da consorte devidamente informada dos compromissos, bem como uma negociação justa sao fundamentais


Por outro lado quando se assumem compromissos com a Loja, como sejam o de aceitar um cargo de oficial para o ano, este assunto deve ser posto à familia para que nesse periodo de tempo, 1 ano, se possa estar presente em todas as sessões.


Enfim, este é um dos temas mais complexos, porque cada Maçon é um caso e cada familia um caso é, pelo que se tivermos um Maçon na familia temos pelo menos dois casos.

Nada que um bom relacionamento familiar nao resolva. E se nao resolver há dois caminhos. Continuar na familia ou COntinuar na Maçonaria. ( neste ultimo caso e passe a publicidade acho que devem arregimentar logo o Rui Bandeira como vosso Advogado porque se for a vossa mulher a fazê-lo é melhor nem pensar na factura que terão que pagar .... )

José Ruah