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21 fevereiro 2008

Museu virtual Aristides de Sousa Mendes

Meus Caros, este é apenas um adicional ao post do Rui de dia 15 p.p.

A Figura exemplar de Aristides de Sousa Mendes começa a aparecer, para conhecimento dos portugueses e orgulho de Portugal.
Infelizmente continuam a acontecer eventos da maior relevância nacional que passam..., pura e simplesmente passam !
Talvez se perceba porque de facto A.S.Mendes apenas salvou milhares de vidas, e se estudarmos bem a Sua existência constataremos que não foi jogador de futebol, nem bancário vigarista, nem nada dessas coisas importantes.

A casa de A.S.Mendes, em Cabanas de Viriato, está na ruína.

Ali, ele e Sua Mulher Angelina receberam e alimentaram grande parte dos exilados cujas vidas haviam sido salvas pelos vistos consulares passados por ASM à revelia das ordens de Salazar.
Desta vez o Presidente Cavaco Silva tem razão, há outras prioridades à frente do campeonato do mundo de futebol.
A exposição (virtual) está dividida em três corredores: da Guerra, da Fuga e da Liberdade.
Nestes corredores são apresentados documentos/filmes pertencentes a arquivos tais como a Shoah Fundation, o Museu do Holocausto e Cinemateca Portuguesa.
O primeiro corredor dá conta dos factos históricos que antecedem a II Guerra Mundial bem como o seu início.
O segundo corredor narra a fuga de milhares de refugiados, alguns dos quais vêem o seu caminho cruzar-se com Aristides Sousa Mendes.
No último são apresentadas imagens da chegada de refugiados a Portugal, da sua estada e da sua partida rumo a novos destinos.
Em cada corredor há a hipótese de percorrer o filme em capítulos (link ao fundo, do lado esquerdo).
Noutra parte do museu, a base conhecimento, é possível consultar centenas de documentos, fotografias e alguns testemunhos orais de refugiados, na maioria salvos por Sousa Mendes.
O site, para além de muito informativo, está construído duma forma brilhante e parece-me que é fruto duma iniciativa pessoal (Margarida Dantas) depois apoiada pelo Ministério da Cultura.
Não custa nada percorrer este excelente museu, pois é só carregar em http://mvasm.sapo.pt/


J.P.Setúbal

15 fevereiro 2008

Homenagem a Aristides Sousa Mendes

A Respeitável Loja Aristides Sousa Mendes, n.º 32 da GLLP/GLRP, levou a cabo ontem, dia 14 de Fevereiro, uma sessão comemorativa do seu 11.º aniversário e de homenagem ao seu patrono, o Cônsul que, desobedecendo a Salazar, emitiu vistos válidos para entrada em Portugal a cerca de 30.000 refugiados, muitos deles judeus, que fugiam do avanço das tropas de Hitler e do colaboracionismo do regime de Vichy.

A sessão realizou-se numa sala de um hotel de Lisboa, para o efeito preparada e decorada segundo os trâmites do Rito de York, o rito praticado pela Respeitável Loja Aristides Sousa Mendes. Os trabalhos foram ritualmente abertos e posteriormente suspensos, sendo então franqueada a entrada na sala aos convidados, familiares e amigos de Aristides Sousa Mendes, familiares dos obreiros da Loja e maçons visitantes, representante da Fundação Aristides Sousa Mendes, da Comunidade Israelita de Lisboa e da Embaixada de Israel em Lisboa e senhoras da Ordem da Rosa (organização de senhoras esposas e companheiras de maçons, associada aos Altos Graus do Rito de York).

A homenagem a Aristides Sousa Mendes consistiu na apresentação pública de dois trabalhos sobre a vida e obra do homenageado, na entrega à Fundação Aristides Sousa Mendes, na pessoa do seu representante, do diploma de persona grata concedido pelo Muito Respeitável Grão-Mestre da Grande Loja Legal de Portugal/Grande Loja Regular de Portugal e na imposição, na pessoa do neto do homenageado, Major Álvaro Sousa Mendes, do Grande Colar da Ordem General Gomes Freire de Andrade, condecoração maçónica concedida, a título póstumo, a Aristides Sousa Mendes, em reconhecimento da sua conduta de alto significado moral e humanitário, pelo Grão-Mestre da GLLP/GLRP.

Discursaram, relembrando Aristides Sousa Mendes e sua mulher, Angelina, a sua histórica decisão e o alto preço que por ela pagou - o afastamento e o ostracismo imposto por Salazar - e manifestando a sua alegria e reconhecimento pela homenagem prestada, o representante da Fundação Aristides Sousa Mendes, que igualmente divulgou os princípios e objectivos da Fundação, e um neto do homenageado.

Ainda no âmbito das comemorações do aniversário da Respeitável Loja anfitriã, procedeu-se à realização da Cerimónia da Lembrança, sentida forma de recordar e homenagear os maçons da GLLP/GLRP que já passaram ao Oriente Eterno.

Depois de concluídas as cerimónias e homenagens, todos os ilustres convidados abandonaram a sala, após o que os trabalhos da Loja retomaram força e vigor e se procedeu ao seu ritual encerramento.

Os obreiros e ilustres convidados presentes juntaram-se seguidamente num agradável e animado ágape, no decorrer do qual houve lugar à recitação de poemas por dois profissionais do espectáculo, que, graciosa e simpaticamente, se disponibilizaram para o efeito, e a dois momentos musicais, um a cargo de um grupo de que faz parte um filho de um obreiro da Respeitável Loja Aristides Sousa Mendes, que executou, com agrado geral, duas composições musicais, a última das quais de homenagem a Aristides Sousa Mendes, e o outro a cargo de dois obreiros da Loja Mestre Affonso Domingues, Acácio R. (executante de guitarra clássica) e Alexis B. (balalaica e violino), que executaram diversas obras musicais, com as conhecidas mestria e alta qualidade, já familiares aos obreiros da nossa Loja, mas que muito impressionaram os convidados.

Estiveram presentes na sessão e no ágape, além dos obreiros da Respeitável Loja anfitriã, o Muito Respeitável Grão-Mestre, acompanhado de luzida e numerosa comitiva de Grandes Oficiais, e obreiros visitantes de diversas Lojas da Obediência. A Loja Mestre Affonso Domingues fez-se representar por uma delegação composta pelo seu Venerável Mestre, JPSetúbal, três Mestres, todos Ex-Veneráveis, Rui Bandeira, Miguel R. e Paulo FR, um Companheiro, João M., e um Aprendiz, Alberto G.. Estiveram ainda presentes mais dois obreiros da Loja Mestre Affonso Domingues, mas na sua qualidade de Grandes Oficiais da GLLP/GLRP, integrando a comitiva do Muito Respeitável Grão-Mestre, no caso o Vice-Grão-Mestre José M. e o Grande Organista Alexis B.. Apenas ao ágape juntou-se o Acácio R..

Tendo-se verificado que um dos objectivos prosseguidos pela Fundação Aristides Sousa Mendes é a dinamização de doações de sangue, ficou logo projectada a futura colaboração da Loja Mestre Affonso Domingues, através do seu Grupo de Dadores de Sangue, e da Fundação em futuras acções de dinamização de doações de sangue. Para o efeito, ficou aprazada para muito breve uma reunião entre o Venerável Mestre da Loja Mestre Affonso Domingues e responsáveis da Fundação.

Que maneira melhor tínhamos nós de homenagear Aristides Sousa Mendes?

Rui Bandeira

12 setembro 2007

“Os Grandes Portugueses” - 2

Após estimulante conversa com o meu Irmão Aprendiz Maçon A. D., também obreiro na minha estimada loja, na qual me deu nota que via no sítio electrónico em tópico, uma estimulante via de aprendizagem, e não dispensava o seu acesso numa base diária.

Tendo já escrito um artigo para o mesmo e sabendo que os escrivães de serviço são poucos (apenas 3), eu solidariamente, proponho-me de quando em vez, dar o meu contributo.


De resto é esta também uma forma de estar ligado, não só espiritualmente, mas pela forma da letra aos meus irmãos.


Terminada a conversa acedi ao sitio e percorri os artigos, por temas, e um, cuja autoria é do Rui Bandeira, que procurou responder a um leitor cuja curiosidade o levou a querer saber quantos, dos grandes portugueses elencados no conhecido programa televisivo, teriam sido Maçons.


Na sua habitual facilidade com que explana os temas, o Rui Bandeira, de forma brilhante teceu os seus considerandos sobre o caso, pese embora, se note que só a custo aceita ter sido o Marquês de Pombal um Maçon, com facilidade vê em Fernando Pessoa um irmão, e com gosto conjectura sobre o preenchimento de requisitos de Aristides Sousa Mendes, para como tal ser reconhecido.


Compreendo isso. Afinal as acções do Marquês de Pombal não se compaginam com os valores maçónicos – perseguiu de forma impiedosa os jesuítas, mandou para a forca a nobreza de quem desconfiava, entre outras atrocidades, de quem o Intendente Geral da Policia – Pina Manique – era o braço direito.


Quanto a Fernando Pessoa, o Rui Bandeira reconhece premissas que sendo válidas para o “fazer” Maçon também o são para o considerar Mágico, pois também estudou esta via esotérica, e não me parece que o tivesse sido, só porque estudou a magia, tendo-se dado até com o conhecido “Mago” Allister Crowlley.


Mas no essencial aquilo que me leva a escrever estas linhas é o facto de o Rui Bandeira ter eliminado, logo á partida, com um bom argumento diga-se, pessoas como D. Afonso Henriques, Infante D. Henrique, D. João II, Vasco da Gama, e Camões.


Não resisto a pensar numa linha, ainda que ténue, não perceptível a “olho nu” ligando estas figuras, entre outras não mencionadas ou retratadas, e cujos pontos de contacto à Maçonaria, são bem defensáveis.


Passo a explicar. Para início de conversa Portugal é um País de génese iniciática e esotérica. Isso está patente pelo seu principal mentor – S. Bernardo de Claraval – figura maior do seu tempo no seio da cristandade, primo do Conde D. Henrique, este pai do nosso primeiro Rei.


Foi Bernardo de Claraval quem, enviando um seu tio para a Palestina, fomenta a criação dos templários, ordem de cavalaria iniciática que haveria de ter em D. Afonso Henriques como frater.


Os Templários criados para a demanda do Santo Graal, enclausuraram-se durante 7 anos no antigo templo do Rei de Salomão, e surgem como um braço armado da cristandade temido em todo o oriente.


O que eles lá encontram não se sabe, supõe-se apenas, como se supõe terem-no trazido para um porto seguro, na Europa, o Porto do Graal, ou como assinava o nosso primeiro Rei, o Portugral, hoje Portugal. Mais tarde, aí uns 400 anos, haveria, digo eu, de ser levado para a terra da Verdadeira Cruz, ou vera cruz como lhe chamou Pedro Alvares Cabral.


É sabido que a arte Gótica surge de repente na Europa, trazida pelos templários da palestina. Os construtores dos templos, isto é a maçonaria operativa, trabalhava para e com os Templários. Os pontos de contacto eram pois muito fortes.


Isto para dizer que D. Afonso Henriques pode não ter sido, e creio que não, um maçon, mas com eles teve próximo contacto, até pela sua condição de frater de uma ordem iniciática, como a dos Templários.


Quanto ao infante D. Henrique, recordo que foi Governador da Ordem de Cristo, logo também ele um iniciado nos mistérios templários, de quem a Ordem de Cristo era a fiel depositária.


Lembremo-nos ainda que esta Ordem foi uma criação do Rei D. Dinis que lutou arduamente durante 7 anos, para obter confirmação Papal, após o papado ter extinto a Ordem dos Templários.


E este Rei é importante, porque também ele era um iniciado. Não na Ordem do Templo não na de Cristo (pelo que se julga saber) mas sim numa Ordem iniciática Trovadoresca, conhecida como “Os Fieis do Amor”. Faz sentido ter sido este nosso Rei Poeta tão ilustre no seu tempo pelas suas “cantigas de amor”.


Acontece que se supõe ter o nosso Luís Vaz de Camões e Fernando Pessoa, ambos pertencido a esta Ordem Iniciática tão pouco conhecida entre nós.


O Rei João II um iniciado, tendo sido um dos mais destacados Grão-Mestres da Ordem de Santiago, e vários dos grandes navegadores foram cavaleiros desta Ordem. De referir ainda que D. Dinis não se limitou a criar a Ordem de Cristo, a ele se deve a desanexação da Comenda Portuguesa da Ordem de Santiago, através de Bula Papal de 1290.


Vasco da Gama tendo sido um ilustre Almirante, obrigatoriamente seria um iniciado, pois só assim possível capitanear uma embarcação Portuguesa.


Portanto, admitindo como boa a argumentação para o facto de todos estes não terem sido Maçons, foram pelo menos iniciados, e tiveram pontos de contacto importantes, com a Ordem Maçónica e a Maçonaria, que no entender de Fernando Pessoa não seriam a mesma coisa … para ele a Ordem Maçónica era ancestral (anterior mesmo à lenda que os portadores do avental com 3 rosas conhecem) e a maçonaria a que ele se refere é a especulativa surgida no XVIII. Quando Fernando Pessoa dá a entender, nos seus escritos, ser “Maçon” a qual das duas se referiria? Penso que à primeira …


Uma última nota para chamar à atenção do logótipo estilizado do Município de Odivelas que ostenta um coração e um curso de água.


Sabendo que o Rei D. Dinis é a principal figura deste município, foi ele o criador do lugar de Odivelas, não deixa de ser uma muito feliz coincidência ter sido adoptado o símbolo do Amor – o coração – fazendo juz ao facto de ter sido um iniciado dos “Fieis do Amor”.


Como sei que o criador do logótipo não sabia disto, não tenho dúvidas que foi o G.:A.:D.:U.: quem guiou a sua mão.


Bem Hajam.


Templuum Petrus

26 março 2007

Ainda a questão dos Maiores Portugueses

Não venho aqui comentar os resultados de um concurso televisivo. É um concurso e como tal tem as suas regras próprias e não deve levantar questões.
No entanto quero, não posso de , salientar o posicionamento obtido pelo Consul Aristides de Sousa Mendes.
Aristides só começou realmente a ser conhecido há uma vintena de anos, muitos anos depois da sua morte e muitos mais depois dos 3 dias em plena guerra em que emitiu os 30 000 vistos salvadores, e mesmo assim conseguiu uma votação importante.
Aristides foi um visionário. A sua visãodo problema dos refugiados foi a correcta. Salvemo-los primeiro vejamos depois como os alimentaremos e alojaremos até os podermos encaminhar ao seu destino.
Dos 30000 Refugiados de Aristides a quase totalidade chegou ao seu destino e os que chegaram refizeram as suas vidas.
Nos nossos dias os problemas dos refugiados persistem. Hoje temos meios economicos e logisticos muito maiores, mas nao seguimos a Visao de Aristides.
Primeiro mandamos comida e tendas. Desta forma garantimos que os refugiados ficam no sistio e de lá não saiem. Depois mandamos um Comissario das Naçoes Unidas ( actualmente o Eng. Guterres) fazer uma visita e aparece tudo nos média e a partir daí o Mundo está feliz porque já ajudou.
Ajudou de facto a manter os refugiados como refugiados e a garantir que mais cedo ou mais tarde o problema se auto resolve, ou o conflito acaba e voltam ou o conflito aumenta e morrem.
Aristides pôs uma dimensão humana no problema. Mostrou claramente que a vontade do homem pode fazer a diferença, mesmo que o preço a pagar seja imenso.
E ele Aristides , e a sua familia, pagou o preço. Preço Injusto porque viveu num regime que não o soube reconhecer e pôs à frente da dimensão humana a dimensão mesquinha da politica de não comprometimento.
Mas esse mesmo regime usufruiu bem dos largos milhoes de Dolares que as instituiçoes judaicas enviaram para Portugal para pagar o Alojamento, a Alimentação e toda a subsistencia dos refugiados, bem como as suas viagens para o Novo Mundo.
Aristides fez o que tinha que fazer - First Things First - primeiro salvar depois o resto. Porque o resto não existe se todos tivessem morrido.
Poderá não ser o mais Importante dos Portugueses, mas para alguém que para a generalidade das pessoas era um ilustre desconhecido o facto de ter sido dos mais votados é de importancia extrema para que as pessoas pensem no que a vontade de um homem pode fazer para mudar o Mundo.
Aristides de Sousa Mendes um Justo do Mundo.



JoseSR

16 março 2007

À volta do Marquês

O nosso visitante O Profano, frequente autor de pertinentes comentários a textos publicados neste blogue, interroga-se, a propósito do texto de ontem:

Sempre ouvi dizer que o Marquês de Pombal teria sido iniciado na "Arte Real" aquando da sua estadia em Viena. Será essa informação que tenho, incorrecta?

A única resposta acertada para esta questão é: "Não sei!"

Efectivamente, como menciona o nosso comentador, é comum referir-se que o Marquês de Pombal teria sido iniciado maçon em Viena. No meu texto de ontem, consignei que "existem efectivamente indícios de que terá sido iniciado maçon. A época, as viagens, as ligações pessoais e o sentido de modernidade autorizam essa ideia" e aludi a um livro publicado por José Braga Gonçalves em que, de uma forma propositadamente romanceada mas indubitavelmente pormenorizada, se elencam alguns desses indícios.

Porém, a minha posição é que, com o que actualmente se sabe, apenas se pode dizer que é possível que o Marquês tenha sido maçon, mas não mais do que isso. Ou seja, existem importantes indícios... mas não há certeza!

Nesta questão da afirmação de quem foi o não maçon, sigo o critério de rigor que foi instituído pela Loja Quatuor Coronati, isto é, só dando como certo o que esteja indubitavelmente provado, seja por documentos, seja por declarações relevantes dos próprios, seja por testemunhos credíveis de maçons da época que com o visado tenham directamente privado.

No caso do Marquês, não se conhece inequívoca declaração sua de ter sido maçon - e tal não é de admirar: não nos esqueçamos que, naquela época, ainda funcionava em Portugal a "prestimosa" instituição que dava pelo nome de Santa Inquisição e que uma das suas tarefas era precisamente descobrir e aplicar o "santo correctivo" aos maçons...; aliás, é conhecido o caso do inglês de origem suíça John Coustos que, em 1743, fundou e dirigiu em Lisboa uma Loja Maçónica, tendo sido rapidamente preso e torturado, por nove vezes no espaço de dois meses, pelos Santos Inquisidores... Também, pela mesma razão, não se conhecem declarações de maçons da época que, tendo pessoalmente conhecido o Marquês, informassem da sua filiação na Ordem. Quanto a documentos, dificilmente se encontrará algo de relevante em Portugal, já que, devido às perseguições da Inquisição, a última coisa que os maçons de então, em Portugal, faziam era registar assuntos da Maçonaria em documentos, que poderiam facilmente cair nas mãos de algum denunciante ou, mesmo, de um Santo Inquisidor. Resta a hipótese de vir a ser localizado ou estudado algum documento austríaco, que venha a fornecer a prova inequívoca de que agora se não dispõe - e não sabemos se alguma vez dela se disporá.

É por isso que eu digo que é possível que o Marquês tenha sido maçon, iniciado em Viena - mas não afirmo que, com toda a certeza, o foi.

Ainda em comentário ao texto de ontem, "Fernando Pessoa" comentou que pensou que Aristides Sousa Mendes e Álvaro Cunhal tivessem tido alguma ligação à Maçonaria.

Quanto ao último, basta recordar que se afirmava ateu para se verificar que nunca poderia ter sido maçon regular; quanto à maçonaria liberal, lembremo-nos que postula ideais políticos e democráticos claramente incompatíveis com a ideologia assumidamente por ele professada e orgulhosamente defendida.

Quanto ao primeiro, recordemo-nos que era cônsul ao tempo da 2.ª Guerra Mundial e que, então, desde a entrada em vigor da lei de Salazar que proibiu as "associações secretas", já existia a regra de que todo o funcionário público, para o ser, tinha de emitir uma declaração por sua honra de que não era comunista nem membro de "sociedades secretas"; o meio diplomático de então era muito pequeno e, como hoje continua a ser, muito fechado; enquanto esteve na carreira, dificilmente poderia ter actividade maçónica sem ser detectado - e nada consta a esse respeito; depois de demitido e perseguido pelo regime de Salazar, tendo uma família numerosa para sustentar, teve de dedicar a sua vida à luta pela subsistência tão digna quanto possível; as coisas do espírito e do aperfeiçoamento pessoal não fizeram então, certamente, parte das suas preocupações prioritárias... Mas reafirmo que qualquer maçon se sentiria honrado em poder tratá-lo por Irmão e que, indubitavelmente, pode e deve ser reconhecido como um "maçon sem avental".

Rui Bandeira

15 março 2007

"Os grandes portugueses"

A forma privilegiada de interacção entre os autores do blogue e os visitantes deste é, obviamente a caixa de comentários, pelas possibilidades de diálogo entre uns e outros a propósito de qualquer tema, de qualquer texto, que a mesma propicia. Neste aspecto, já o JoséSR deixou cair, há tempos, num dos seus textos, um pequeno lamento quanto ao reduzido número de comentários que são colocados no blogue. Não é algo que me espante, quer porque, ao contrário dos hábitos anglo-saxões de participação, os nossos hábitos latinos não nos incitam a sair dos respectivos casulos e compartilhar opiniões. Normalmente lemos, gostamos ou não, concordamos ou não, mas raramente achamos que vale a pena dar - ainda por cima publicamente... - a nossa opinião. Acresce que neste blogue optámos por não permitir comentários anónimos, o que obriga aquele que, ocasionalmente, sinta o impulso de comentar um texto, a fazer um registo prévio no serviço de blogues para o poder então fazer, o que, frequentemente, faz extinguir o impulso...

Mas outra forma há de interacção, para quem pretenda opinar ou sugerir algo: o uso dos endereços de correio electrónico dos vários autores de textos, disponíveis nos respectivos perfis (excepto no caso do JPSetúbal; mas, para esse, podem comunicar comigo, que eu depois retransmito para ele...).

Foi o que sucedeu com um dos nossos visitantes, que me enviou uma mensagem de correio electrónico, em que, além do mais, escreveu o seguinte:

"a razão pelo e-mail, prende-se pelo facto de me ter surgido uma ideia/curiosidade, talvez que o Sr. ate possa esclarecer ou ate mesmo escrever no Blog:
Dos dez nomeados no concurso do "Melhor Português"
http://www.rtp.pt/wportal/sites/tv/grandesportugueses/index.php) quantos e quais foram maçons?
Pelo que li no livro de José Braga Gonçalves o Marques de Pombal foi um dos primeiros maçons em Portugal e dos nomeados Fernando Pessoa também tinha alguma ligação com a maçonaria. Mais alguém?"

Esta mensagem resolveu pela alternativa positiva uma dúvida com que me debatia: fazer ou não um texto a propósito deste programa televisivo? Por um lado, estava tentado a fazê-lo, pela temática histórica do programa e pela sua potencialidade de, pela via lúdica da "eleição" do "maior", reinteressar os portugueses pela História; por outro, o desagradável e infantil "campeonato" de cultores de ideologias representadas por dois dos "nomeados" em que publicamente se transformou o programa e a escolha, fez desaparecer instantaneamente o meu interesse pelo programa. Aquilo deixou de ser um programa lúdico-didáctico, passou a ser um banal pretexto para uma pueril pugna entre saudosistas de Salazar e cultores da personalidade de Cunhal, qual pseudo Benfica - Sporting de baixo nível, que nem Cascalheira - Carcavelinhos chega a ser. Enfim, tacanha mediocridade transformou uma ideia que até era interessante em reality show de baixo nível, como todos o são!

Mas se alguns assim estragaram o que indiscutivelmente era uma boa ideia, muitos - felizmente! - continuam fiéis à boa ideia e aproveitam o pretexto do programa para se interessar pela nossa História. É o caso do meu correspondente electrónico, e será o caso de muitos e muitos, e ainda bem! É, assim, com todo o gosto que vou procurar responder à questão colocada: quantos e quais dos dez nomeados no dito concurso foram maçons?

Os dez nomeados são, por ordem cronológica: D. Afonso Henriques, Infante D. Henrique, D. João II, Vasco da Gama, Camões, Marquês de Pombal, Fernando Pessoa, Aristides de Sousa Mendes, Salazar e Cunhal.

Em primeiro lugar, recorde-se que a Maçonaria Especulativa, a Maçonaria tal como a entendemos hoje teve o seu início em princípios do século XVIII. Antes disso, o que existia era o o que designamos por maçonaria operativa, isto é, a organização profissional dos construtores em pedra, que se organizavam em Lojas de trabalho operativo. A construção em pedra abrangia não só a elaboração dos projectos e planos de construção (actividade hoje associada à profissão de arquitecto), como a direcção da execução da mesma (engenheiro), como ainda a execução da obra (pedreiro, canteiro) e a elaboração das peças decorativas (escultor, gravador, pintor). A partir da segunda metade do século XVII, as oficinas de construção, as Lojas, passaram a admitir também elementos estranhos à arte da construção em pedra, mas nela interessados, particularmente nobres e intelectuais, assim iniciando a transição da maçonaria operativa, organização profissional com ética e princípios próprios, para a Maçonaria Especulativa, sistema de aperfeiçoamento ético e espiritual, independentemente da profissão de cada um.

Portanto, anteriormente ao século XVII, a inclusão de alguém na maçonaria só enquanto operativa, e, portanto, só se tratando de alguém que trabalhasse a pedra.

Dos dez nomeados ficam, assim, automaticamente excluídos dessa hipótese cinco: D. Afonso Henriques, Infante D. Henrique, D. João II, Vasco da Gama e Camões. Vejamos então os restantes cinco.

Cunhal é público e notório que não foi maçon. Dedicou-se à luta política, dedicou-se à ideologia que abraçou.

Salazar é também evidente que não foi maçon, antes se opôs à Maçonaria e contra ela usou o seu poder, tendo feito publicar diploma legal proibindo-a.

Aristides de Sousa Mendes podia perfeitamente ter sido maçon. Os seus princípios, a sua ética, os seus actos, qualificavam-no abundantemente para tal. Os maçons sentir-se-iam honrados em tê-lo na sua companhia! Aliás, na GLLP/GLRP existe uma Loja que homenageia a sua memória, a R:. L:. Aristides de Sousa Mendes, n.º 32. Mas não existe qualquer registo de entrada na Ordem Maçónica. Mas sem dúvida que o seu comportamento, a sua postura e os seus ideais permitem que, sem objecções, dele se diga que foi um autêntico "maçon sem avental".

Fernando Pessoa esteve muito ligado ao mundo do esoterismo - o que, aliás, é perceptível na sua obra - e obviamente que teve contactos com a Maçonaria, seus textos e princípios. Defendeu publicamente a Maçonaria, no artigo "As Associações Secretas: Análise Serena e Minuciosa a um Projecto de Lei apresentado ao Parlamento", publicado em 1935 no Diário de Lisboa. Mas nenhuma evidência ou registo existe que permita concluir que alguma vez foi iniciado maçon. Certamente porque não teve interesse em tal. Se o tivesse desejado, não haveria, sem dúvida, dificuldade na sua admissão às provas da Iniciação. Também em relação à sua memória a GLLP/GLRP dedicou e dedica uma Loja, a primeira, a R:. L:. Fernando Pessoa, n.º 1.

Quanto a Sebastião José de Carvalho e Melo, Conde de Oeiras e Marquês de Pombal, existem efectivamente indícios de que terá sido iniciado maçon. A época, as viagens, as ligações pessoais e o sentido de modernidade autorizam essa ideia. José Braga Gonçalves, designadamente no seu livro O maçon de Viena sustenta essa tese com abundância de pormenores, alguns dos quais talvez um pouco forçados (estou a pensar na tese de que os planos da Baixa Pombalina reproduzem a disposição de uma Loja Maçónica: só com algum esforço e alguma dose de boa vontade se pode concluir pela afirmativa). Mas, apesar dos pesares, o conjunto de indícios apontados por Braga Gonçalves é de considerável peso. No entanto, até agora não se encontraram provas irrefutáveis que confirmem essa forte possibilidade. O Marquês de Pombal também é homenageado por uma Loja da GLLP/GLRP, a R:. L:. Marquês de Pombal, n.º 19.

De referir, ainda, que a GLLP/GLRP dedica à memória do Poeta dos Lusíadas a R:. L:. Camões, n.º 15, e à do Navegador a R:. L:. Infante D. Henrique, n.º53.

Rui Bandeira

13 dezembro 2006

Justos de entre as Nações.

O exterminio do povo Judeu pelo regime Nazi foi uma realidade. Se foram exatamente 6 milhões de Judeus ou 5.999.999 ou 6.000.001 é pouco relevante. Foi esta a ordem de grandeza.

O Campo de Treblinka "processou" isto é gaseou e cremou cerca de 1 milhao de Judeus num ano, antes de ser integralmente destruido.

Birkenau ( Aushwitz) não tem conta.

Mas no meio da Barbarie surgiram os Justos de Entre as Nações, pessoas, que a perigo da sua vida e da vida das suas familias, ajudaram Judeus ( nem que fosse um) a sobreviver.

O Estado de Israel, através da Instituição Yad Vashem - Museu do Holocausto, decidiu na Decada de 60 distinguir estas pessoas e por cada caso comprovado foi plantada uma arvore in Memoriam, aparecendo assim um Jardim chamado Alameda do Justos.

Estes Justos, hoje mais de 20 000 têm as mais diversas origens e historias que poderão ser lidas aqui .

De entre estes Justos há um Português. Este homem a sacrificio da sua carreira e da sua familia e fortuna salvou algumas dezenas de milhares de pessoas, muitas delas judeus.

De seu nome Aristides Sousa Mendes ( de boa memória) , e o resumo da historia é como segue:
( as minhas desculpas por ser em Ingles)


(fonte site do Yad Vashem http://www.yadvashem.org/)

Aristides de Sousa Mendes

June 2000 marked the 60th anniversary of a massive rescue operation which took place in Bordeaux, France, and was orchestrated by Aristides de Sousa Mendes. He was born in 1895 into an aristocratic Portuguese family.
His father was a Supreme Court judge. Aristides chose for himself a diplomatic career. After filling posts in various capitals (the United States and Europe), he became the Portuguese consul-general in Bordeaux, France. In May 1940, with the onset of the German invasion of France and the Low countries, thousands of refugees headed for Bordeaux, hoping to cross into Spain, in advance of the conquering German army.
Included among the many who feared the wrath of the Nazis because of previous anti-Nazi political stances, were to be counted thousands of Jews who hoped to transit via Spain and Portugal, in the hope of reaching a safe haven across the seas, far from the Germans and their pronounced antisemitic policies. At this critical juncture, the Portuguese government, headed by dictator Antonio Salazar (who also filled in as Foreign Minister), forbade the issuance of Portuguese transit visas to all refugees, and particularly to Jews. This virtually also closed the Spanish border to the refugees.
Against the grim background of France on the verge of collapse, and with the Germans within striking distance of Bordeaux, in mid-June 1940, Consul-General Mendes came face-to-face with the fleeing Jews, who pressured him to urgently issue them Portuguese transit visas.
Rabbi Haim Kruger, one of the refugees, told Mendes: “If we should be trapped here, I don’t know what will happen to us.” The rabbi rejected Mendes’ initial offer to issue visas only to the rabbi and his family, insisting that visas also be issued to the thousands of Jews stranded on the streets of the city. After further reflection, Mendes reversed himself and decided to grant visas to all persons requesting it. “I sat with him a full day without food and sleep and helped him stamp thousands of passports with Portuguese visas,” Rabbi Kruger relates.
To his staff, Mendes explained: “My government has denied all applications for visas to any refugees. But I cannot allow these people to die. Many are Jews and our constitution says that the religion, or politics, of a foreigner shall not be used to deny him refuge in Portugal. I have decided to follow this principle. I am going to issue a visa to anyone who asks for it – regardless of whether or not he can pay...
Even if I am dismissed, I can only act as a Christian, as my conscience tells me.” It was an unseemly sight as people of all ages, including pregnant women and sick persons, waited in line to have their passports stamped with the Portuguese visa. The reaction of the Portuguese government was not long in waiting. Two emissaries were dispatched to accompany home the insubordinate diplomat. On their way to the Spanish border, the entourage stopped at the Portuguese consulate in Bayonne. Here too, Mendes, still the official representative of his country for this region, issued visas to fleeing Jewish refugees, again in violation of instructions from Lisbon. It is estimated that the number of visas issued by Mendes runs into the thousands. To his aides, he stated: “My desire is to be with God against man, rather than with man against God.”

Upon his return to Portugal, Mendes was summarily dismissed from the diplomatic services and a disciplinary board also ordered the suspension of all retirement and severance benefits. He countered with appeals to the government, the Supreme Court and the National Assembly for a new hearing of his case – but to no avail. Bereft of any income, and with a family of 13 children to feed, Mendes was forced to sell his estate in Cabanas de Viriato. When he died in 1954, he had been reduced to poverty. Two of his children were helped by the Jewish welfare organization Hias to relocate to the United States. In 1966, he was posthumously awarded the title of “Righteous Among the Nations,” by Yad Vashem, and a tree planted in his name in the Avenue of the Righteous. In 1987, President Mario Soares of Portugal awarded Mendes the Order of Liberty, and publicly apologized to his family for the injustice against the man perpetrated by the previous government. Finally, in March 1988, Aristides de Sousa Mendes was official restored to the diplomatic corps by unanimous vote in the Portuguese National Assembly. Recently, the Portuguese government decided to create a memorial and learning center in the name of Mendes, and ordered damages to be paid to his family. In 1988, Mendes was awarded the Israeli commemorative citizenship, and in 1998, his name and picture appeared, together with other diplomats recognized by Yad Vashem as Righteous, on a special stamp issued by the Israel Philatelic service.
After his dismissal, Mendes reportedly told Rabbi Kruger (whom he met again in Lisbon): “If thousands of Jews can suffer because of one Catholic (i.e., Hitler), then surely it is permitted for one Catholic to suffer for so many Jews.” He added: “I could not have acted otherwise, and I therefore accept all that has befallen me with love.”

JoseSR