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19 setembro 2016

Sobre Esoterismos (republicação)

Hoje republico um texto da autoria do José Ruah dos idos de 2007, texto este em que o seu autor aborda "esoterismos "vários...
Foi, à época, a sua resposta a um comentador e leitor habitual do blogue, o "simple", e feita de uma forma interessante e lúdica.
Ficam nas linhas abaixo transcritas o referido texto para ser consultado:

" Sobre Esoterismos

Falei num post prévio da linha esotérica, e o nosso leitor Simple que lê todas as letrinhas que escrevemos neste blog não deixou passar essa referencia em branco e questionou sobre.

O esoterismo está em minha opinião no feitio de cada um.

Eu sou cartesiano, racionalista, e sigo linhas de pensamento lógicas sendo também um pouco Maniqueísta. É a minha formação, é a minha forma de ser na sociedade civil, sou assim em casa com a família.

De vez em quando, se a situação o exige visto a minha capa de politico e passo a admitir alguns tons de cinzento e situações menos lógicas.

Acredito que a Maçonaria tem origens definidas e que com os landmarks, os regulamentos, os rituais, a prática se pode muito bem responder a toda e qualquer questão que se levante.

Mas hoje estou aqui para falar de Esoterismo. Sendo este um tema de grande importância na Maçonaria, decidi contudo fazer uma abordagem ligeira, ou talvez não.

Creio que o esoterismo se pode dividir em categorias (cá está a minha faceta lógica) e a melhor maneira que encontrei de as explicar foi com a apresentação de exemplos. Uns são totalmente inventados para este efeito, outros são reais. Temos então as seguintes categorias (classificação é minha e inventada agora mas se estivesse em publico diria “ segundo uma antiga tradição … [juntando em voz baixa e para o lado “que acabo de inventar” ] ) de esoterismo:


Esohisterismo
Enoterismo
Esoterismo Complexo
Esoterismo Simples
Esoterismo Super Simples


EsoHisterismo

1) A Razão pela qual numa loja existe o pavimento mosaico advém do cosmos e da superposiçao da Lua em Marte, com uma incidência de Vénus as 10h34min do dia 23 de Março do ano de 1658, como é evidente para qualquer mortal.

2) Mozart foi iniciado em 14 de Dezembro de 1784.
José Ruah (eu próprio) foi Iniciado em 14 de Dezembro de 1991

Se repararmos nos anos e aplicarmos a regra dos 9 fora, temos que:
1784 = 2
1991 = 2

Mozart tinha 28 anos quando foi iniciado
José Ruah 27

Pela mesma regra

28 = 1
27 = 0
(o que é uma absoluta verdade)

Mozart demorou exactamente 1 mês a chegar a Mestre.
José Ruah demorou exactamente 9 meses a chegar a Mestre.

Novamente
1= 1
9 = 0

Mozart foi organista da sua Loja
José Ruah é organista suplente da sua Loja

Mozart compunha magistralmente e tocava ainda melhor ( tal qual indicam os 1 acima)
José Ruah também (campainhas de portas e Cds conforme querem dizer os 0 acima)

Mozart morre exactamente 200 anos e 9 dias antes da iniciação de José Ruah. Como 0 9 equivale a Zero podemos dizer que a Iniciação de José Ruah aparece na celebração dos 200 anos do falecimento de Mozart.

Logo e tendo em conta esta demonstração, José Ruah é seguramente uma nova forma de Mozart.


Enoterismo

É uma corrente intermitente, com uma correlação positiva aos Ágapes, ou mais propriamente ao fim dos mesmos.
Revela-se na verborreia e na capacidade inventiva que proporciona o ENO (ou produto similar – do grego e significa vinho) propelido pelos canhões bem carregados que são presença imprescindível nos ágapes.

De entre estes posso destacar o J e o B que têm um valor esotérico importante e um potencial enotérico de aproximadamente 40º/vol.

Poderia aqui citar umas quantas destas “ pérolas” mas os leitores poderão imaginá-las.


Esoterismo Complexo

1) Visão Crística / Messiânica transpondo rituais religiosos para cima dos rituais Maçónicos, e pensando que com isso vão conseguir definir novos arquétipos e encontrar o Santo Graal.

2) Tentativa de basear a Maçonaria na Cabala, usando para tal aquilo que se convencionou ser a Cabala Cristã, que é uma adaptação da Cabala Judaica (a original).
A estes eu costumo fazer apenas uma só pergunta: “ O meu irmão é então um entendido em Hebraico antigo e Aramaico? “, a resposta é invariavelmente não.
Temos que perceber o que é a Cabala, e saber que ela só pode ser interpretada na sua língua original pois assenta na construção frásica de uma língua e numa tradução numérica de um alfabeto específico.
Atente-se que nas línguas latinas o alfabeto contem vogais e consoantes e começa por A, B, C, …

Em hebraico o alfabeto só tem consoantes, tem várias letras com o mesmo som mas com valores gramaticais e numéricos diferentes e começa por Alef, Bet, Guimel (A, B, G) tal como o grego (alfa, beta, gama).

Traduzindo para números

Alef = A = 1
Bet = B = 2
Guimel = G = 3

Mas a letra G no alfabeto latino é a 7ª letra e A é uma vogal e Alef uma Consoante.

É fácil de depreender que quaisquer traduções e adaptações têm muito do dedo de quem traduziu, suprindo a impossibilidade de tradução de um sem número de conceitos. E estas traduções feitas por gente do Clero em épocas remotas, tinham por objectivo demonstrar determinadas verdades que careciam de demonstração.


Esoterismo Simples

1) Os que tendo lido os escritos de Jean Baptiste Willermoz, e René Guenon, partem do princípio que a Maçonaria começou e acabou nos dizeres destes, seguramente sabedores e cultos, escritores.

2) Os que por serem profundamente, e convictamente espirituais, se preparam para o ritual e quase entram numa fase de pré transe ou tentam uma espécie de elevação da alma durante as sessões.


Esoterismo Super Simples
Os que genuinamente fazem pesquisa nas mais variadas fontes e que produzem conhecimento sobre prováveis origens das coisas e que permitem aos demais poderem enriquecer-se com este conhecimento.
Não podemos esquecer que mesmo os mais racionais como eu também acreditam/aceitam algumas coisas como sejam, a origem esotérica da Maçonaria associada à construção de Templo de Jerusalém sob a égide do Rei Salomão e a “expertise” do Mestre Hiram entre outras.


Ora com estas linhas/classificações todas é fácil de perceber que numa Grande Loja temos gente para todos os gostos, e por isso temos Lojas para vários gostos.

Eu seria muito infeliz numa Loja puramente esotérica onde se discute a génese da vírgula na 3ª página do ritual linha 23. Tentando-se saber se advém de uma conjuntura cósmica, ou de uma interpretação cabalística. Para mim vem seguramente de uma necessidade gramatical ou de um erro de redacção do autor.

Outros seriam muito infelizes em lojas onde se discutam coisas práticas como o que vamos fazer para interagir com a sociedade de que forma e com que dinheiro. Porque estes assuntos têm pouco a ver com a noção transcendental de Willermoz, e seguramente não contribuem para a elevação do espírito.

Na generalidade gostamos todos da vertente enotérica, uns porque a praticam outros porque se riem até não poder mais com o que ouvem.

Tentando concluir.

Numa Grande Loja existem (coexistem) irmãos com inúmeras tendências esotéricas. Naturalmente acontece a agregação dos Irmãos da mesma tendência, normalmente as mais extremas) formando assim uma Loja com um determinado perfil.

No entanto a generalidade das Lojas têm um pouco de tudo, pois dessa forma consegue-se um contrapeso que permite um equilíbrio ideal ao desenvolvimento.

É contudo necessário perceber que estamos a falar de pessoas, e por muito que se queira (até eu que quero fazer passar-me por 100% racionalista) cada uma delas tem um pouco de cada coisa.

Diz o povo que “ De Sábios e Loucos todos temos um pouco”, e na Maçonaria isto também é verdade.

No entanto a experiência diz-me que só existe o caminho para o Esoterismo. Ou seja os racionais podem ficar um pouco esotéricos, os esotéricos super simples só evoluem para simples e daí para complexos. Não há na história nenhum que tenha feito o caminho ao contrário ou seja de Esotérico para Racional.

Devo portanto concluir que o estádio de elevação espiritual atingido pelo esoterismo deve ser muito bom, porque os que vão não voltam mais, eu cá como ainda não fui não posso dizer muito mais sobre o assunto.

Como podem já ver só esta conclusão em si tem valor esotérico, concluo portanto que já devo começar a ficar “contaminado”.

Provavelmente este não é o texto mais explicativo sobre o esoterismo, mas foi o que saiu.

Ainda me diverti a calcular a comparação com o Mozart, e posso desde já garantir que os factos são todos verdadeiros, quer a data de iniciação, quer o tempo entre graus, quer a idade, quer os 200 anos e 9 dias.

Dizem os mais esotéricos que não há coincidências. Dizem os deterministas e logo mais racionais que tudo está determinado.

Não restam então quaisquer dúvidas que os extremos se tocam e que na verdade entre os mais racionais e os mais esotéricos não há grandes diferenças.

Como diria Fernando Pessa – “ E esta hein !!!”

José Ruah"

17 março 2009

O último grau

Quando entrei na sala da Loja, privado de visão, ouvi a mais bela música que alguma vez ouvi. Não era uma música com que eu estivesse familiarizado, nem com o que a produzia, nenhum instrumento que eu pudesse identificar. Mas era, oh, tão pacífica, trespassava a minha alma e criava uma noção de harmonia e de acordo total.

Eu era energia arrastada ou conduzida em pensamento em torno da Loja por esta música, seguindo o que parecia um rumo ao acaso, mas, após oito repetições, fui capaz de discernir que havia quatro repetições de duas manobras, uma sendo um círculo e outra um triângulo . A repetição de manobras foi necessária, como mais tarde me foi explicado, para criar a imagem de um símbolo tridimensional para este grau. E este símbolo era um dos existentes na Câmara do Meio onde recebi este grau. O Esquadro e o Compasso continuavam a adornar o exterior do edifício da Loja, mas dentro deste edifício existia uma Câmara do Meio, onde Pirâmide e Globos eram os símbolos utilizados.

Pude mais tarde ver com o que se parecia este símbolo. Era uma pirâmide na qual estavam três Globos alinhados verticalmente, desde a ponta até a base. No Globo superior, havia uma pequena pirâmide apontando para baixo. O Globo do fundo tinha uma pirâmide apontando para cima e o Globo do meio tinha uma estrela de seis pontas tridimensional. O significado deste símbolo era que o espírito do Criador, Redentor e Protetor estava infundido no círculo da vida, o infindável ciclo de nascimento, morte, renascimento, a morte de novo, e novamente e de novo, até à eternidade. Também transportava o sentido da unidade, já que estamos todos juntos como um, unidos como seres que possuem todos uma partícula do Criador. O símbolo não estava preso a nada, antes surgia perante os olhos de quem estivesse em qualquer ponto da Câmara do Meio, sob a forma de um holograma.

Não houve nem apresentação de qualquer ferramenta, nem um juramento neste grau. Foi-me explicado que, na minha condição presente de ausente de tempo e de lugar, mas em todo o tempo e todo o lugar, as sanções, juramentos e promessas eram supérfluos.

Fui conduzido para o Sul, para o Oeste e, em seguida, para o Norte da Loja, onde, ainda com a minha energia diminuída e apenas capaz de ouvir, eu teria, no entanto, a visão necessária para ver um filme em holograma totalmente privado, visível apenas para mim. No Sul, recebi uma revisão de toda a minha vida. Foi-me mostrada num holograma retratando pessoas, lugares, eventos, acontecimentos e ocorrências, numa rápida e contínua sequência, terminando no momento da minha morte física.

No Ocidente, vi, como anteriormente num filme em holograma, todas as vezes que eu tinha inspirado outros e quando eu tinha sido gentil, compassivo, amoroso e humilde. Muitas vezes fiquei dominado pela emoção, pois o que me foi apresentado era tão vívido como o que eu sentira quando tinha ocorrido no passado e estava acontecendo novamente bem à minha frente. Existe um real significado para a palavra reviver.

Depois, no Norte revivi o lado negro de mim próprio, todas as vezes que eu tinha agido com um arrogante ego inchado, para afastar e ferir os outros, todas as minhas fraquezas, os meus pecados e as vezes que eu tinha desiludido os outros. Mais uma vez, foi invadido pelas lágrimas, ao pensar que eu tinha agido de tal forma. E é por isso que estes hologramas eram totalmente privados e só passíveis de serem vistos por mim, pois aqueles reunidos em torno de mim, não estavam ali para julgar, mas para apoiar. E eu sentia o calor do seu amor e carinho fraternais.

Tal como ocorrera nos meus graus terrenos, fui conduzido, sempre através do pensamento, para fora da Câmara do Meio, para a antecâmara, onde fui preparado para voltar a entrar, para a segunda parte do grau, a palestra.

O meu condutor, Hiram Abiff, restaurou-me a plena energia e, em seguida, falou-me. "Os teus graus terrenos ensinaram-te os méritos da tolerância e da ausência de preconceito", disse ele. "Mostraram-te a forma de desfrutar da paz, harmonia e convivência entre as pessoas de diferentes raças, religiões, culturas, orientações políticas e condições económicas. Agora vamos levar-te ainda mais longe nesse conceito, na palestra do último Grau. "

Fui readmitido na Câmara do Meio e conduzido para junto do Oriente. A imagem da Pirâmide e Globos estava sempre presente diante de mim, num holograma. Acolhendo-me no Oriente, estava uma mulher negra, de meia idade, talvez. O seu sentimento de amor fraterno e afeto era como um calor brilhante, que penetrava o meu espírito. Procedeu à palestra, lentamente e com significado.

"A lição do último grau é que a separação que flagela muitos na sua peregrinação terrena, aquela divisão pela qual cada um vê os outros como diferentes, menos dignos ou sem valor, e que o separa dos demais, é realmente uma separação de Deus. Sim, na realidade, existem diferenças reais na Terra. Cada homem e cada mulher na Terra é realmente feito de forma um pouco diferente e respondem de maneiras diferentes. Existem diferentes raças, culturas, credos e conceitos do Criador. Mas atribuir um valor sinistro a essas diferenças é usá-las para dividir, em vez de reunir e, em seguida, para ostracizar, assim criando uma separação. Levada ao extremo, esta separação progride da desconfiança para a suspeita, conduzindo ao desprezo e ao ódio, e, em última análise, ao extermínio ou limpeza étnica. Esta desunião é fruto do livre arbítrio da humanidade e não reflecte as intenções do Criador. Esta divisão, desunião e separação constituem a verdadeira historia de Adão e Eva e da queda do Homem. Porque é na desunião e separação humanas que reside a separação do Todo-Poderoso."

"Reviste na tua Iniciação na Loja Celestial tudo que fizeste na tua vida humana na Terra. Reviveste as alturas em que permitiste que os teus medos dos outros e das suas diferenças te separaram deles. E reviveste as alturas em que não teres ligado a essas diferenças te pôs em harmonia com os demais."

"Diz-se que a humanidade foi criada à imagem de Deus. Mas eu digo-te que cada homem é uma parte de Deus e possui uma pequena partícula do Altíssimo dentro dele. Que a partícula cresça e se torne uma parte cada vez maior de um ser humano, depende das escolhas que cada um faz na sua viagem pela vida. O objectivo dessa viagem é alimentar e nutrir a sua alma numa missão terrena, para a qual Deus lhe deu as ferramentas para a realizar. Ao fazê-lo, possibilita-se que o Todo Poderoso Criador, o Mestre do Céu e da Terra, se experimente a si próprio. Viver a "vida piedosa" é a capacidade de subir acima do que procura dividir e criar o caos."

"É agora tempo, meu irmão, de tu te empenhares na crença de que todos somos UM. Não há OUTROS. Quando alguém se afasta ou repudia quem vê como outro, apenas se separa de si mesmo e de onde veio e para quem um dia vai voltar. Quando alguém fere ou prejudica quem vê como outro, só fere ou prejudica a si próprio."

"A Pirâmide e Globos são o símbolo deste grau, meu irmão. Ensina que toda a vida, os seus altos e baixos, as suas alegrias e tristezas, os seus amores e medos, é uma experiência santa e sagrada. Possibilita que visualizes o conceito de que a vida é sem fim e continua a mover-se, começando onde terminou e terminando onde começou. Vai e volta, em redor e sobre e sempre "na unidade do Espírito Santo." SOMOS TODOS UM. Não há nenhuma parte de nós que esteja separada ou fora da Pirâmide e Globos. Somos todos pedaços do mesmo bolo. Deus está em nós e nós estamos em Deus. SOMOS TODOS UM! Agora, vai em paz e harmonia e alegra-te com este conhecimento."

Texto da autoria do Irmão Frederic L. Miliken, originalmente publicado no excelente sítio maçónico Freemason Information, colocado em BEE HIVE, e, com a devida autorização do seu autor, traduzido e aqui publicado por

Rui Bandeira

16 março 2009

Tive um sonho

Tive um sonho há não muito tempo. E nesse sonho eu tinha passado para a Loja Celestial e encontrava-me mesmo junto ao Portão das Pérolas. Não era S. Pedro quem me aguardava, mas antes um Peregrino de bordão e lanterna, vestido com um manto ou túnica larga, com o capuz puxado por cima da cabeça. Estava tão dobrado que mal se viam os seus olhos ou o movimento dos seus lábios.

"Eis um Viajante", disse ele com uma voz rouca.

"Sim, sou e acho que fiz uma longa viagem", retorqui.

"Podes prová-lo?", perguntou o Peregrino.

"Tenho a certeza que posso provar, sem margem para dúvidas de ninguém, que sou um Mestre Maçon", respondi.

"Está bem. Segue-me."

"Para onde vamos?"

“Para a Loja Celestial.”

"A Loja Celestial no além, que bom".

"Não, só Loja Celestial; no além já nós estamos."

Para iniciarmos o caminho, tentei dar um passo largo, mas permaneci no mesmo sítio. O Peregrino disse: "Aqui, o caminho faz-se em pensamento. Basta que te visualizes a seguir-me."

Assim fazendo, movimentei-me sem qualquer esforço, como se estivesse sobre uma passadeira rolante no aeroporto.

Chegámos ao nosso destino num abrir e fechar de olhos. Diante de nós, estavam o que parecia serem nuvens vermelhas, azuis e púrpura, nas quais brilhavam, num azul marinho iridiscente, quais salpicos brilhantes, o Esquadro e o Compasso. "É este o aspeto das luzes de néon no Paraíso?", pensei.

"É lindo", disse eu, "mas onde está a letra G?"

"Aqui não usamos a letra Gi", respondeu o Peregrino. "O que a letra G simboliza está presente no Oriente. Não é preciso o símbolo do Criador quando o Criador está presente. O Eu Sou Quem Sou é Quem Ele É."

"Ena! Bill Clinton ganharia o dia com esta frase", pensei.

Quando nos aproximávamos, uma voz estentória inquiriu, "Quem vem lá?"

"Um Viajante que atravessou o Portão das Pérolas," respondeu o Peregrino.

"Ele tem passe?" Perguntou a voz forte.

"Não tem. Respondo eu por ele."

"Ele aguardará até que o Todo-Poderoso seja informado da sua presença e a Sua resposta seja recebida."

Dentro de pouco tempo, uma mulher com um vestido cor de lavanda onde brilhavam lantejoulas brancas em forma de estrelas, surgiu de entre a massa de nuvens e disse, "Entra pela porta externa para a antecâmara".

Lancei um olhar inquiridor ao Peregrino.

Lendo os meus pensamentos, ele rapidamente respondeu, "Aqui nós aplicamos integralmente a lição do Nível."

As nuvens dissiparam-se e eu interroguei-me se seria Moisés quem estava do outro lado da porta. Enquanto atrás de nós as nuvens se fechavam novamente, entrámos na antecâmara. Um homem aguardava-me e, antes que eu pudesse falar, disse-me, "Não, eu não sou Moisés, sou Hiram Abiff, e sou o Mestre de Cerimónias que te vai conduzir ao longo do teu próximo grau."

"Tenho outro grau para receber?", perguntei timidamente.

"Sim, meu irmão, mas primeiro temos de proceder a alguns preliminares, transmitir algumas informações, e então estarás prepararado."

O Irmão Abiff solicitou e recebeu todos os passos, sinais, palavras e toques dos graus terrenos através do pensamento. Seguidamente, disse, "devo perguntar-te se vais prosseguir de tua livre vontade e acordo."

“Tenho escolha? “, perguntei.

"Oh sim, podemos mandar-te de volta."

"Mandar-me de volta, PARA ONDE?"

"Para onde vieste. Mas haverá uma condição."

"E qual é ela?"

"Não vais voltar a ser quem eras lá. Vais começar tudo de novo, como outra pessoa."

"Então, quem vou eu ser?"

"Não está predeterminado, mas, como se diz na Terra, é uma lotaria. Podes voltar como uma nova pessoa na China, ou na Índia, ou na Alemanha, ou em Cuba, ou no Uganda ou em qualquer lugar."

"E o que é que eu vou fazer lá?"

"Aquilo que escolheres fazer. Bem vês, com o livre arbítrio tens sempre uma escolha. Más escolhas, no entanto, geralmente geram maus resultados."

"Acho que gostaria de continuar aqui."

"Muito bem, então assim será."

Fiz uma boa escolha?"

"Não me compete a mim dizê-lo. O lixo de um homem é o tesouro de outro, como diz o ditado. Como provavelmente terás notado, o teu corpo, bem como o nosso, é apenas uma ilusão. A melhor descrição do que és, neste momento, é pura energia. Como tal, em vez de seres desnudado ou vendado, será diminuída a tua energia, de modo que poderás ouvir, mas não ver ".

"É este então o 34 º grau?"

” "Não", respondeu o Irmão Abiff. "Este é o último grau. Agora, segue quem te guia e não temas nenhum perigo."


Texto da autoria do Irmão Frederic L. Milliken,
originalmente publicado no excelente sítio maçónico Freemason Information, colocado em BEE HIVE, e, com a devida autorização do seu autor, traduzido e aqui publicado por

Rui Bandeira

03 abril 2008

Um outro olhar - A Face Esotérica da Cultura Portuguesa

Terá lugar no próximo dia 8 de Abril, terça-feira, pelas 18,30 h, na Sala do Arquivo dos Paços do Conselho da Câmara Municipal de Lisboa (Praça do Município), a sessão de lançamento do novo livro de José Manuel Anes, Um outro olhar - A Face Esotérica da Cultura Portuguesa.

A apresentação da obra estará a cargo da Professora Doutora Helena Barbas, docente da Universidade Nova de Lisboa e crítica literária do semanário Expresso, e do Professor Doutor Paulo Pereira de Almeida, docente do ISCTE.

José Manuel Anes foi Grão-Mestre da Grande Loja Legal de Portugal / GLRP entre 2001 e 2004 e é titular de um valoroso currículo profano, maçónico e bibliográfico, sendo um criminalista reconhecido, antropólogo das novas religiões e estudioso das antigas espiritualidades.

José Manuel Anes é um dos defensores do urgente resgate do imaginário adormecido em Portugal para reencontrar novos desígnios para este terceiro milénio. Na primeira pessoa, apresenta-nos esse seu «outro olhar», ao mesmo tempo que faz a ponte e aborda sem tabus temas actuais e polémicos. Um dos mais importantes é o papel de Portugal no contexto internacional, que deve ser, sobretudo, de mediação entre países, fomentando o diálogo e o entendimento. Talvez esteja aí algo da ideia do Quinto Império. Completa esta obra uma série de artigos do autor que, pela sua importância história para o tema, ali são compilados. (texto retirado da referência ao livro no sítio da sua editora, Ésquilo)

Para atiçar a curiosidade dos leitores do blogue, aqui fica um pequeníssimo excerto do livro:

«Imaginariamente, sou [um mago]. Todos somos, mesmo o humilde pastor da Serra da Estrela ou o analfabeto, todos somos magos. Acho que este imaginário é absolutamente indispensável. Nunca conseguiria ser apenas um químico


«[O objectivo da criação da alquimia] é o Homem sentir-se o criador do universo, ou pelo menos co-criador - e também criador de si próprio, como escreveu Pessoa.»


José Manuel Anes


Na mesma sessão, será também apresentada a 3.ª edição, revista e aumentada, de uma outra obra de José Manuel Anes, Fernando Pessoa e os Mundos Esotéricos. Sobre esta obra, escreveu, no seu prefácio, Paula Cristina Costa:

«José Manuel Anes oferece-nos um estudo detalhado e rigoroso, com toda a credibilidade científica que já lhe é conhecida, aliada à sua hábil – e rara! – neutralidade na exposição destas matérias. (...)

Através da leitura deste estudo de José Manuel Anes, sentimos reforçada a ideia de que a apetência por parte de Pessoa para as questões esotéricas – hermetismo, alquimia, cabala, misticismo, magia, gnosticismo, mediunismo, astrologia, maçonaria, templarismo, rosa-crucianismo, teosofia, etc. – não se desenvolve de todo como um mero pré-texto para a sua criação literária, i.e., uma mera apropriação de temas esotéricos para ilustrarem tematicamente a sua obra poética, mas muito pelo contrário, o recurso ao esoterismo parece ser o verdadeiro modo de ser, a verdadeira vivência da sua vida e da sua obra poética.»

No final da sessão será servido um Porto de Honra. E, ao longo de toda ela, José Manuel Anes, como é seu hábito, espalhará a sua contagiante simpatia. O que é mais uma excelente razão para ir à sessão de lançamento do novo livro e da nova edição.

Rui Bandeira

21 setembro 2007

Sobre Esoterismos

Falei num post prévio da linha esotérica, e o nosso leitor Simple que lê todas as letrinhas que escrevemos neste blog não deixou passar essa referencia em branco e questionou sobre.

O esoterismo está em minha opinião no feitio de cada um.

Eu sou cartesiano, racionalista, e sigo linhas de pensamento lógicas sendo também um pouco Maniqueísta. É a minha formação, é a minha forma de ser na sociedade civil, sou assim em casa com a família.

De vez em quando, se a situação o exige visto a minha capa de politico e passo a admitir alguns tons de cinzento e situações menos lógicas.

Acredito que a Maçonaria tem origens definidas e que com os landmarks, os regulamentos, os rituais, a prática se pode muito bem responder a toda e qualquer questão que se levante.

Mas hoje estou aqui para falar de Esoterismo. Sendo este um tema de grande importância na Maçonaria, decidi contudo fazer uma abordagem ligeira, ou talvez não.

Creio que o esoterismo se pode dividir em categorias (cá está a minha faceta lógica) e a melhor maneira que encontrei de as explicar foi com a apresentação de exemplos. Uns são totalmente inventados para este efeito, outros são reais. Temos então as seguintes categorias (classificação é minha e inventada agora mas se estivesse em publico diria “ segundo uma antiga tradição … [juntando em voz baixa e para o lado “que acabo de inventar” ] ) de esoterismo:


Esohisterismo
Enoterismo
Esoterismo Complexo
Esoterismo Simples
Esoterismo Super Simples


EsoHisterismo

1) A Razão pela qual numa loja existe o pavimento mosaico advém do cosmos e da superposiçao da Lua em Marte, com uma incidência de Vénus as 10h34min do dia 23 de Março do ano de 1658, como é evidente para qualquer mortal.

2) Mozart foi iniciado em 14 de Dezembro de 1784.
José Ruah (eu próprio) foi Iniciado em 14 de Dezembro de 1991

Se repararmos nos anos e aplicarmos a regra dos 9 fora, temos que:
1784 = 2
1991 = 2

Mozart tinha 28 anos quando foi iniciado
José Ruah 27

Pela mesma regra

28 = 1
27 = 0
(o que é uma absoluta verdade)

Mozart demorou exactamente 1 mês a chegar a Mestre.
José Ruah demorou exactamente 9 meses a chegar a Mestre.

Novamente
1= 1
9 = 0

Mozart foi organista da sua Loja
José Ruah é organista suplente da sua Loja

Mozart compunha magistralmente e tocava ainda melhor ( tal qual indicam os 1 acima)
José Ruah também (campainhas de portas e Cds conforme querem dizer os 0 acima)

Mozart morre exactamente 200 anos e 9 dias antes da iniciação de José Ruah. Como 0 9 equivale a Zero podemos dizer que a Iniciação de José Ruah aparece na celebração dos 200 anos do falecimento de Mozart.

Logo e tendo em conta esta demosntração, José Ruah é seguramente uma nova forma de Mozart.


Enoterismo

É uma corrente intermitente, com uma correlação positiva aos Ágapes, ou mais propriamente ao fim dos mesmos.
Revela-se na verborreia e na capacidade inventiva que proporciona o ENO (ou produto similar – do grego e significa vinho) propelido pelos canhões bem carregados que são presença imprescindível nos ágapes.

De entre estes posso destacar o J e o B que têm um valor esotérico importante e um potencial enotérico de aproximadamente 40º/vol.

Poderia aqui citar umas quantas destas “ pérolas” mas os leitores poderão imaginá-las.


Esoterismo Complexo

1) Visão Crística / Messiânica transpondo rituais religiosos para cima dos rituais Maçónicos, e pensando que com isso vão conseguir definir novos arquétipos e encontrar o Santo Graal.

2) Tentativa de basear a Maçonaria na Cabala, usando para tal aquilo que se convencionou ser a Cabala Cristã, que é uma adaptação da Cabala Judaica (a original).
A estes eu costumo fazer apenas uma só pergunta: “ O meu irmão é então um entendido em Hebraico antigo e Aramaico? “, a resposta é invariavelmente não.
Temos que perceber o que é a Cabala, e saber que ela só pode ser interpretada na sua língua original pois assenta na construção frásica de uma língua e numa tradução numérica de um alfabeto específico.
Atente-se que nas línguas latinas o alfabeto contem vogais e consoantes e começa por A, B, C, …

Em hebraico o alfabeto só tem consoantes, tem várias letras com o mesmo som mas com valores gramaticais e numéricos diferentes e começa por Alef, Bet, Guimel (A, B, G) tal como o grego (alfa, beta, gama).

Traduzindo para números

Alef = A = 1
Bet = B = 2
Guimel = G = 3

Mas a letra G no alfabeto latino é a 7ª letra e A é uma vogal e Alef uma Consoante.

É fácil de depreender que quaisquer traduções e adaptações têm muito do dedo de quem traduziu, suprindo a impossibilidade de tradução de um sem número de conceitos. E estas traduções feitas por gente do Clero em épocas remotas, tinham por objectivo demonstrar determinadas verdades que careciam de demonstração.


Esoterismo Simples

1) Os que tendo lido os escritos de Jean Baptiste Willermoz, e René Guenon, partem do princípio que a Maçonaria começou e acabou nos dizeres destes, seguramente sabedores e cultos, escritores.

2) Os que por serem profundamente, e convictamente espirituais, se preparam para o ritual e quase entram numa fase de pré transe ou tentam uma espécie de elevação da alma durante as sessões.


Esoterismo Super Simples

Os que genuinamente fazem pesquisa nas mais variadas fontes e que produzem conhecimento sobre prováveis origens das coisas e que permitem aos demais poderem enriquecer-se com este conhecimento.
Não podemos esquecer que mesmo os mais racionais como eu também acreditam/aceitam algumas coisas como sejam, a origem esotérica da Maçonaria associada à construção de Templo de Jerusalém sob a égide do Rei Salomão e a “expertise” do Mestre Hiram entre outras.


Ora com estas linhas/classificações todas é fácil de perceber que numa Grande Loja temos gente para todos os gostos, e por isso temos Lojas para vários gostos.

Eu seria muito infeliz numa Loja puramente esotérica onde se discute a génese da vírgula na 3ª página do ritual linha 23. Tentando-se saber se advém de uma conjuntura cósmica, ou de uma interpretação cabalística. Para mim vem seguramente de uma necessidade gramatical ou de um erro de redacção do autor.

Outros seriam muito infelizes em lojas onde se discutam coisas práticas como o que vamos fazer para interagir com a sociedade de que forma e com que dinheiro. Porque estes assuntos têm pouco a ver com a noção transcendental de Willermoz, e seguramente não contribuem para a elevação do espírito.

Na generalidade gostamos todos da vertente enotérica, uns porque a praticam outros porque se riem até não poder mais com o que ouvem.

Tentando concluir.

Numa Grande Loja existem (coexistem) irmãos com inúmeras tendências esotéricas. Naturalmente acontece a agregação dos Irmãos da mesma tendência, normalmente as mais extremas) formando assim uma Loja com um determinado perfil.

No entanto a generalidade das Lojas têm um pouco de tudo, pois dessa forma consegue-se um contrapeso que permite um equilíbrio ideal ao desenvolvimento.

É contudo necessário perceber que estamos a falar de pessoas, e por muito que se queira (até eu que quero fazer passar-me por 100% racionalista) cada uma delas tem um pouco de cada coisa.

Diz o povo que “ De Sábios e Loucos todos temos um pouco”, e na Maçonaria isto também é verdade.

No entanto a experiência diz-me que só existe o caminho para o Esoterismo. Ou seja os racionais podem ficar um pouco esotéricos, os esotéricos super simples só evoluem para simples e daí para complexos. Não há na história nenhum que tenha feito o caminho ao contrário ou seja de Esotérico para Racional.

Devo portanto concluir que o estádio de elevação espiritual atingido pelo esoterismo deve ser muito bom, porque os que vão não voltam mais, eu cá como ainda não fui não posso dizer muito mais sobre o assunto.

Como podem já ver só esta conclusão em si tem valor esotérico, concluo portanto que já devo começar a ficar “contaminado”.

Provavelmente este não é o texto mais explicativo sobre o esoterismo, mas foi o que saiu.

Ainda me diverti a calcular a comparação com o Mozart, e posso desde já garantir que os factos são todos verdadeiros, quer a data de iniciação, quer o tempo entre graus, quer a idade, quer os 200 anos e 9 dias.

Dizem os mais esotéricos que não há coincidências. Dizem os deterministas e logo mais racionais que tudo está determinado.

Não restam então quaisquer dúvidas que os extremos se tocam e que na verdade entre os mais racionais e os mais esotéricos não há grandes diferenças.

Como diria Fernando Pessa – “ E esta hein !!!”


José Ruah