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18 dezembro 2008

Contraste

Luís Zveiter

No Brasil, anteontem, 16 de dezembro de 2008, foi eleito pelos seus pares Presidente do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, o Past Grão-Mestre da Grande Loja Maçônica do Estado do Rio de Janeiro, Irmão Luís Zveiter.

Em Portugal, entre 20 e 22 de novembro, teve lugar o oitavo congresso dos juízes portugueses, organizado pela respetiva Associação Sindical, que aprovou um documento denominado Compromisso ético dos juízes portugueses. No capítulo da Imparcialidade, foi aprovado, além do mais, este saudável princípio:

Os juízes rejeitam a participação em actividades extrajudiciais que ponham em causa a sua imparcialidade e que contendam ou possam vir a contender com o exercício da função ou que condicionem a confiança do cidadão na sua independência e na imparcialidade da sua decisão.

E nos comentários aos princípios aprovados, desenvolveu-se, a propósito do princípio acima transcrito:

O juiz não integra organizações que exijam aos aderentes a prestação de promessas de fidelidade ou que, pelo seu secretismo, não assegurem a plena transparência sobre a participação dos associados.

Não podia concordar mais! O diabo é que responsáveis da dita Associação Sindical logo vieram a público "traduzir" este princípio e o comentário a propósito no sentido de que os juízes entendiam ser contra a sua ética integrarem a Maçonaria ou a Opus Dei. E aqui é que, como diz o povo, a porca torce o rabo. Aqui é onde princípios saudáveis e pertinentes são distorcidos pelo preconceito. E, meus caros, um juiz preconceituoso é alguém que não é, por muito que se afirme ou, até, creia o contrário, imparcial. Porque sofre da mais profunda forma de parcialidade, o preconceito.

Preconceito é, no fundo um pré-conceito. Ou seja, um pré-juízo. Que é, obviamente, um prejuízo. Preconceito é prejuízo. Deveriam entender isto os preconceituosos que entenderam, sem saber do que falam, do alto da sua ignorância, etiquetar a Maçonaria como "associação secreta" (quanto à Opus Dei, é lá com eles, eles que se afirmem ou infirmem ser associação secreta).

O pior cego é aquele que não quer ver; o pior ignorante é aquele que não quer saber. Alinhar em chavões, propalar atoardas, presumir na base de ideias feitas (e mal feitas) é - só! - precisamente o OPOSTO do que se espera de um juiz. De um juiz espera-se que apure primeiro os factos e só depois emita o seu juízo, nunca que emita juízos precipitados e preconceituosos na base de pretensos factos apenas imaginados na sua mente.

Pois bem, para elucidação dos desconhecedores responsáveis sindicais, aqui relembro dois dos Landmarks da Maçonaria Regular, o sexto e o décimo. E, já agora, se não sabem o que são Landmarks maçónicos, eu explico: são o compromisso ético dos maçons, que vem de gerações atrasadas. Não precisou de ser agora fixado, e muito menos "reinterpretado" por nenhuma "associação sindical de maçons"...

Sexto Landmark: A Maçonaria impõe a todos os seus membros o respeito das opiniões e crenças de cada um. Ela proíbe-lhes no seu seio toda a discussão ou controvérsia, política ou religiosa. É um centro permanente de união fraterna, onde reina a tolerante e frutuosa harmonia entre os homens, que sem ela seriam estranhos uns aos outros.

Décimo Landmark: Os Maçons cultivam nas suas Lojas o amor da Pátria, a submissão às leis e o respeito pela Autoridade constituída. Consideram o trabalho como o dever primordial do ser humano e honram-no sob todas as formas.

E, já agora, para esses responsáveis sindicais terem a certeza que nenhum dos outros Landmarks postula qualquer secretismo, façam o favor de os conferir todos aqui, na aba As doze regras. E, já que estamos com a mão na massa, para ver se deixam de dizer disparates sobre assuntos que desconhecem, o melhor mesmo será que procurem informar-se antes de abrir a boca e deixar sair asneira. Podem obter facilmente um manancial de informação sobre o que é a Maçonaria, por exemplo no sítio da Loja Mestre Affonso Domingues. Ou - ainda mais fácil! - vão lendo os já mais de oitocentos textos publicados e totalmente à disposição de qualquer interessado aqui no A Partir Pedra. Convenhamos que, para "associação secreta" não está nada mal...

Muito mal andaram os responsáveis sindicais dos juízes portugueses com este episódio! Que contraste com os seus colegas brasileiros! Mas, enfim, tem de se viver com os responsáveis sindicais que se arranja...

Rui Bandeira

26 março 2007

O senhor Reitor-Mor e os maçons

Transcrevo parte de um texto publicado ontem, 25 deMarço, num sítio na Rede da Rádio Vaticano:

O Reitor-Mór dos Salesianos, Pe. Pascual Chavez, denuncia que "os novos pais da Europa são maçons" e puseram em andamento um "plano para descristianizar" o Velho Continente, que pretende relegar a religião e construir uma Europa laica e laicista. O mais significativo de todos eles é o "famoso maçon Valery Giscard d'Estaing".


Segundo o chefe dos 16.500 salesianos, a estratégia dos "novos pais não-crentes" da Europa, ao contrário dos fundadores (todos crentes), consiste em "marginalizar a religião e deixá-la sem espaço social e político, porque no passado foi a causa que provocou guerras e enfrentamentos".

O segundo passo desta estratégia - continua o superior geral dos salesianos - consiste em marginalizar a Igreja, porque "colocou travas na roda do desenvolvimento científico e técnico". E o terceiro passo se fundamenta na opção pela multiculturalidade. "que é a opção mais difícil". Pois bem - esclarece o superior salesiano - " por detrás desta estratégia está a maçonaria".

Obviamente que não concordo minimamente com estas declarações. Tenho, no entanto, o cuidado de as não qualificar, por duas razões. A primeira é que o facto de as etiquetar com um qualquer adjectivo, que não seria simpático, não é forma correcta de as infirmar; a segunda, porque, certas ou erradas, lógicas ou ilógicas, o certo é que, quem as proferiu limitou-se a dar a sua opinião, a exercer a liberdade fundamental de expressar o seu pensamento e é bom que o reconheçamos precisamente em relação às afirmações de que mais profundamente discordamos. A liberdade de expressão do pensamento existe em relação a todos e aplica-se às opiniões certas e às erradas, às que merecem o nosso acordo e àquelas com que não concordamos, às inteligentes e às cretinas. A todas!

Mas uma coisa é reconhecer e respeitar o direito à livre expressão do pensamento, outra é deixar passar em claro e sem oposição opiniões que consideramos profundamente erradas e desajustadas, como eu considero a que acima transcrevi.

Em primeiro lugar, importa chamar a atenção para o complexo que parece continuar a assolar certos sectores (que eu me permito considerar mais retrógados) da Igreja Católica em relação à Maçonaria. Fica-se com a sensação de que esses sectores se preocupam mais com os maçons do que com os seus fiéis, que se esmeram mais em gritar que "há lobo" (e de avental..) do que em pastorear o seu rebanho. Um ou mais políticos desagradam a esses cavalheiros? São, seguramente, maçons! Uma qualquer decisão não é bem vista por eles? Foi de certeza inspiração maçónica! Os actuais líderes políticos europeus não são do agrado desses senhores, preocupados em meter seus santos narizes nos assuntos de César, quando se deviam apenas dedicar aos de Deus, como ensinou Jesus Cristo? Todos maçons, está visto! Quando será que se aperceberão que estão a ser repetidamente ridículos?

Os sectores mais retrógados da Igreja de Roma não gostam da Maçonaria. Estão no seu direito! E tanto assim é que podem ficar cientes que nós, maçons, defenderemos o seu direito de proclamarem, as vezes que quiserem, que não gostam de nós. Mas, já agora, convinha que expressassem o seu desagrado com mais algum sentido do ridículo e evitassem declarações deste género!

Fiquem também a saber que, ao contrário do que alguns fazem crer, a Maçonaria - pelo menos a Maçonaria Regular -nada tem contra a Religião Católica, pelo contrário. Como fazemos sempre questão de deixar bem claro, só pode ser maçon quem for crente. Muitos maçons seguem a religião católica. Como muitos outros são evangélicos ou luteranos, ou calvinistas, ou judeus, ou muçulmanos.

E o que importa ter presente é que esta animosidade dos sectores católicos mais retrógados em relação à Maçonaria tem precisamente a ver com este respeito pela religião de cada um, com a recusa dos maçons de verem a Religião como factor de divisão, de guerrearem ou ostracizarem ou afastarem quem quer que seja pela estúpida razão de adorar o MESMO DEUS por forma diferente ou por Lhe atribuir uma designação diferente.Esses sectores retrógados falam, da boca para fora, de Ecumenismo, mas o que não suportam é que o Ecumenismo seja mais naturalmente praticado, porque integrante da sua essência, pela Maçonaria do que porventura alguma vez será por eles!

Este constante zumbido desses sectores retrógados em relação à Maçonaria não tem, afinal, nada a ver com esta, antes releva da sua concepção da Religião e da Igreja como Poder, como Domínio dos crentes, coutada dos seus desejos de imposição do que lhes convém definir como dogmas. É realmente complicado pastorear os seus crentes, mantendo-lhes a rédea curta e confinados ao claustrofóbico espaço deixado pelas suas retrógadas imposições, quando esses mesmos crentes se apercebem que, na Maçonaria, podem crer, podem manter a sua relação com Deus, podem crescer espiritualmente, sem que lhes seja imposta a cega obediência aos ditames de pseudo-detentores da Verdade Absoluta, podem ser Homens Livres seguindo a sua religião em harmonia com os demais, qualquer que seja a crença religiosa de cada um.

Compreendo, assim, que esses sectores retrógados não suportem a Maçonaria. Mas fiquem sabendo que nós, maçons, proclamamos o nosso respeito pela Religião Católica (como pelas outras). Do que não prescindimos é do nosso direito de, se assim o quisermos, nos relacionarmos directamente com o Criador, sem necessidade de intermediários ou intérpretes da Vontade Divina. Porque cremos - e todos os crentes devem crer, mesmo os retrógados... - que o Poder Infinito de Deus é suficiente para que a Sua Vontade possa ser revelada a cada um, sem que necessariamente tenha de passar pelo crivo dos ministros da Igreja!

Resumindo: nós, maçons, respeitamos quem entende manter a sua relação com Deus nos termos definidos pelos Ministros da Igreja e segundo a mediação destes. O que não prescindimos é do nosso direito denos relacionarmos com o Criador da forma que cada um entende a melhor para si, incluindo, se assim o entender, nos termos definidos pelos Ministros da Igreja... Que isso vos desagrade, é problema vosso; com o vosso desagrado podemos nós bem! Procuramos é aperfeiçoarmo-nos e não desagradar ao Criador!

Quanto à acusação do senhor Reitor-Mor dos Salesianos, permito-me duvidar que todos os actuais líderes europeus sejam maçons. Mas posso garantir-lhe que os maçons não têm qualquer plano para descristianizar o Velho Continente. Pela simples razão de que, agrade ou não ao senhor Reitor-Mor, a esmagadora maioria dos maçons Regulares da Europa são cristãos, e com muita honra! Agora, o que sucede é que não rejeitam, antes se sentam junto a eles, os Muçulmanos ou os Judeus ou os crentes noutras religiões. Se isso dói ao senhor Reitor-Mor, já é outro problema!

O que podemos garantir ao senhor Reitor-Mor é que os maçons não pretendem nem nada fazem para marginalizar a religião, porque, para todos e cada um dos maçons regulares, a sua religião é essencial. O que não damos é um "exclusivo" a nenhuma religião.... Se isso nauseia o senhor Reitor-Mor, o vómito é dele!

O que podemos garantir ao senhor Reitor-Mor é que nenhum maçon regular quer marginalizar a Igreja Católica. O que não permite é que nenhuma outra Igreja seja marginalizada, nem, muito menos, que a Igreja leve a cabo o desejo dos seus sectores mais retrógados de marginalizar os maçons e a Maçonaria! Se isso desorienta o senhor Reitor-Mor, a ele cabe esforçar-se para melhor decifrar a Vontade Divina!

Agora o que também podemos garantir ao senhor Reitor-Mor é que ele tem toda a razão quando diz que é estratégia da Maçonaria a opção pela multiculturalidade! Com muita Honra e todo o Gosto! E expresso o meu júbilo por, neste ponto, o senhor Reitor-Mor nos fazer justiça! Se isso faz tremer o senhor Reitor-Mor, se o senhor Reitor-Mor é adepto da "uniculturalidade" (qual, já agora? Em matéria de "uniculturalidade", confesso saber pouco; não estará o senhor Reitor-mor, espero, a manifestar o seu apreço pelas ideias "uniculturais" de um certo senhor de bigodinho que viveu na Alemanha há umas dezenas de anos...), se o convívio com as diferentes culturas o repugna, talvez seja, decididamente, melhor tratar-se!

Por mim, senhor Reitor-Mor, qualquer que seja o caso, desejo-lhe, sincerament, as melhoras!

Rui Bandeira

25 janeiro 2007

OS VOOS DA ABETARDA






Não gosto da CIA ! Prefiro a abetarda, a cegonha, o periquito e todos os outros com asas moveis… A CIA tem asas fixas, não gosto, é deselegante, não “faz o meu género”.
O JoséSR falhou neste “pormaior”, na minha opinião, tirando isso há uma data de aspectos razoáveis (portanto com razão !) no Seu texto.

Porque de facto a CIA (bicho feio) faz aquelas coisas todas que o JoséSR refere;
Porque de facto o terrorismo não é uma forma de combate convencional, tradicional e leal;
Porque de facto as (as, não, algumas !) formas de combate ao terrorismo, poderão não ser compatíveis com todas as leis e legislações democráticas ocidentais, excepto os “Estados Unidos da América” que é geralmente considerado um país democrático e ocidental;
Porque de facto o Terrorismo não se combate só com força, mas essencialmente com informação e contra informação;
Porque de facto não é preciso ser um génio para perceber que nestas coisas da informação e contra informação é absolutamente necessário manter confidencialidade e muitas vezes dar acordos tácitos sem saber a totalidade da informação;

Ora bem, algumas precisões, cá do meu “Voo da Abetarda”…
O terrorismo não é nenhuma novidade !
O terrorismo só é novidade para os americanos que, vivendo num mundo só deles, se auto convenceram que seriam inatingíveis por qualquer que fosse o “mal” que os restantes “plebeus” mundiais inventassem.
Eles, americanos, não aprenderam rigorosamente nada com o Vietnam, (nem antes ainda com os Franceses e com o paralelo 38) são a nova “nobreza” mundial e os restantes viventes ao cimo da Terra são os plebeus, escravos, bôbos da corte…que nunca teriam capacidade, nem coragem, nem a ousadia de ...

De resto, o conceito de terrorismo é, tão somente, a guerra de guerrilhas passada ao tecido urbano, e a guerra de guerrilhas “é velha como o Matusalém”, com a utilização de todos os meios possíveis para matar e destruir.
É por causa da enorme componente de “informação” e “desinformação” (as baixas do inimigo são sempre, pelo menos, multiplicadas por 2 e as “nossas” divididas por 3) que qualquer opinião sobre esta matéria tem uma altíssima probabilidade de estar muito longe da realidade e sendo assim:

Há alguma certeza de que os aviões das “Torres Gémeas” tenham sido enviados pelos “Al-Qaedas” ?
Como sabes é um assunto que não está definitivamente pacífico.
Eu parto do princípio que sim, mas há várias teorias, as chamadas teorias da conspiração, que apontam muitos pormenores “desengonçados” no relato oficial (em especial aquela do avião no Pentágono parece estar longe de estar provada).

Por outro lado foi com base na desinformação (quero dizer, na mentira) que os americanos invadiram um País soberano (são eles que decidem quem são os maus e quem são os bons ?), que estão a causar um morticínio de lesa humanidade (já morreram muitos mais americanos no Iraque do que no tal terrível ataque em N.Y.), e os mortos são todos, todos, civis !

O facto de terem fardas vestidas não lhes altera a condição de civis. É uma falácia corrente a pretensa distinção entre civis e militares. Todos somos civis !

É por esta razão que, à semelhança do julgamento que fizeram ao Sadam (que foi um pirata da pior espécie), façam o julgamento do Bush (que é um pirata da mesma espécie), esperando eu que este não fique impune como ficou o responsável pela invasão e pelos milhares de mortos em Timor, que morreu há umas semanas e foi enterrado (salvo seja, claro) com a bandeira americana em cima.

Agora quanto à parte do “portuga” não tenho nada a dizer, para além de concordar que esta conversa dos “Voos da CIA” é uma treta para entreter quem não tem nada de mais útil para fazer.
A deputada Ana Gomes está a ser uma desilusão completa.
Depois da actuação que teve em Timor, esperava bem mais da sua actividade, e estou de acordo contigo que estas cenas não acrescentam nadinha à luta contra o terrorismo.
Nem contra nada !

Relativamente aos deputados portugueses apetece-me dizer uma coisa muito importante:
- Ora ainda bem que me fez essa pergunta, pois, portantes !


Atenção, não vale aquela do “anti-americanismo” !

JPSetubal