Gastronomia Maçónica – 8
Em Setembro do ano passado foram “postados” vários textos discorrendo, em lume brando, sobre uma possível, eventual, talvez haja, não… não há, afinal sempre apareceu…, …, …, gastronomia maçónica.
Estas dúvidas terríveis, existenciais e gastronómicais constituíram uma boa desculpa (desculpa, não… ”razão”, uma boa razão era o que eu queria escrever !) para que logo, logo, surgisse uma comissão de estudiosos (os 3 blogueiros mais usuais destas letras e mais o PauloR que também tem ajudado), assim como que uma espécie de um grupo de reflexão, que se atiraram…(“atiraram” parece-me pouco delicado, talvez mais propriamente se dedicaram…, é, parece-me mais apropriado), bem que se dedicaram ao estudo desta matéria com afinco, denodo, esforçadamente, estudando analisando, procurando, … e mais 24 coisas destas assim terminadas em “ando”, concluindo (esta é em “indo” para evitar versos) que, mais uma vez, é no Oriente que se deve ir buscar a sabedoria.
Verdadeiramente, assim !
E como da conhecida e muito divulgada sabedoria oriental vem uma máxima chinesa que diz que:
- Todo o conhecimento genuíno tem origem na experiência directa
pois não teve esse grupo de trabalho (trabalho, sim, não julguem que o pessoal brinca em serviço…) outra solução senão esforçar-se por experimentar, “in loco”, (quero dizer, no prato !) os espécimes gastronómicos que a história medieval (alguma é medieval de anteontem, mas a gente não liga a esses pormenores) trouxe até aos nossos tempos.
Quem leu os textos publicados em Setembro de 2006 (vá, confessem que já não se lembram de nada… seus distraídos, sempre de costas para a cultura do povo !) sabe que foram ali referidas algumas preciosidades, entre elas, “Gigot D'agneau de 7 Heures”, “Pavão com aipo”, “Perdiz trimolette”, “Capão em caldo de canela”, “Pombos estufados” … bem, um nunca mais acabar de pitéus que a curiosidade da “comissão” quer estudar até ao fim, custe o que custar, doa a quem doer.
Estas matérias são muito sérias e chega de deixar comida no prato… ah, não é nada disso, desculpem, estava distraído, chega de deixar os inquéritos em meio, para que o tempo os leve até ao arquivo da impunidade.
Somos responsáveis ! Não queremos ficar impunes !
Prometemos que connosco as coisas irão até às últimas consequências !!!
E assim, depois de um primeiro ensaio, experiência que o JoséSR orientou sabiamente em seu laboratório, por sinal magnificamente apetrechado não ficando nada a dever às cantinas dos nossos laboratórios de investigação, óh…, vejam que disparate de confusão, não fica a dever nada ao equipamento laboratorial, quem se lembrou de falar em cantinas… que confusão imperdoável (!), então ia eu dizendo que num 1º ensaio experimentámos uma tal “sopinha de melão” que óh… óh… parecia saltar sozinha das “bases de ensaio” (designação científica para os vulgares pratos que o povo menos preparado utiliza) para os locais pessoais de experimentação e saboreamento (também designados por “goelas”).
Esta primeira experiência constituiu um êxito científico que superou de tal forma as exigências das revistas científicas mundiais que estas se sentiram incapazes de publicar o relatório respectivo por clara falta de capacidade de entendimento dos seus leitores !!!
Ontem cumpriu-se então o segundo ensaio, desta feita em laboratório independente, e que serviu para esclarecer várias dúvidas que perduravam há vários meses sobre alguns detalhes constituintes de algumas peças de “caca” que se diziam mal encaradas.
Preparado que foi o balcão laboratorial foram-nos entregues as peças para estudo.
Primeiro um “coelhinho medievo” que se anunciava como bravo mas que não pareceu nada, antes pelo contrário, comportou-se com uma mansidão só alterada pelos procedimentos relativos à dissecação que se seguiu.
Pudemos separar da sua estrutura alguns chumbos que atribuímos a alterações químicas de diagnosticadas “pedras no rim” de que, provavelmente, o animal sofreu em vida.
Enfim, é uma explicação possível… atendendo a que estávamos perante uma “caca” !
Finalmente foram-nos entregues as supostas “perdizes trimoletes” (“caca” também !).
A comissão mantinha fundadas dúvidas sobre a origem, datação e percurso histórico destas tais perdizes e, de facto pudemos constatar alterações significativas entre a expectativa histórica e a realidade contemporânea.
Digamos que da expectativa restou apenas… o tacho !!! Não foi mau. Tudo o resto pois… foi outra música, ou por outra forma, foi outro tempero.
Áh … mas eram magníficas, com um enquadramento inesperado.
Correu bem porque os instrumentos de análise têm-se mantido ao longo das épocas, o que quer dizer que já na época “trimolete” se utilizavam os garfos e as facas !.
E assim passámos esta segunda experiência, melhorando significativamente a nossa aprendizagem “maçónico-gastronómica”, dedicados como estamos ao estudo dos hábitos de muitos séculos passados.
A Maçonaria não tem tempo.
Desde sempre… até sempre…
Não há pois pressa na conclusão destes estudos nem na elaboração do respectivo relatório final.
Deixemos estas tarefas em lume brando (ou em “banho-maria” como se usa em algumas regiões).
Nota: Para que se não pense que este texto foi descuidadamente preparado, aqui ficam três “ ,,, “ cedilhas que sobraram.
JPSetúbal