08 fevereiro 2016
23 novembro 2015
A "Hipótese Deus" (Autor: João Anatalino)
Não faz muito tempo que os cosmologistas começaram a aceitar a possibilidade de que o universo pode ser uma estrutura perfeitamente planejada e que ele está sendo construído de certo modo. A crença de que ele era estático e igual em toda parte passou a ser substituída pela ideia de um “ser” em constante evolução, onde as leis naturais funcionam como uma espécie de “constituição” reguladora desse processo.
Nesse sentido, esses cientistas começaram até a considerar a possibilidade da chamada ‘Hipótese Deus”, admitindo finalmente a existência de uma Mente Universal na origem desse planejamento. Essas constatações tem sido facilitada pelos próprios métodos científicos utilizados por esses estudiosos em suas investigações, que mostram, na organização estrutural da matéria física, uma perturbadora semelhança com a organização do próprio universo em sua estrutura cósmica. Com essas coincidências, perfeitamente prováveis por medições científicas, já não é mais possível admitir, de pleno, que o universo seja regido unicamente por leis mecânicas, sem uma Vontade a organizar esse processo, como antes se admitia no meio científico. Laplace, por exemplo, dizia que Deus era uma hipótese perfeitamente desnecessária. Mas quando se olha a estrutura de um átomo e a estrutura de um sistema planetário, não se pode deixar de perceber a estreita semelhança entre as duas. É nesse sentido que a pesquisa da estrutura da íntimo da matéria tem revelado aos cientistas o segredo da constituição do universo, e nele cada vez mais se nota a presença de uma “Vontade” que o governa.
Hoje se sabe que o universo é constituído de tal modo que é difícil, se não impossível, não pensar em uma ordem natural a gerir o processo da sua formação. Essa constatação é feita pelo fato de que se pode reconhecer, no processo de geração da matéria universal, a existência de três funções que seriam impossíveis de ser encontradas em uma ordem puramente mecanicista: a complexidade, que permite aos elementos componentes da matéria física se organizar em graus de complexidade cada vez maiores; a mutabilidade, que permite a mudança gradativa de suas composições e a perenidade, que admite a mudança de sua estrutura sem, no entanto, eliminar as propriedades particulares de seus componentes. Tudo isso só é possível na existência de um Sistema perfeitamente planejado, como bem o definiu Mallowe.[1]
Em um de seus mais interessantes trabalhos, o físico Stephen Hawking situa o início do tempo no momento de nascimento do universo conhecido, momento esse chamado de big-bang.[2] Assim, o tempo, para os cientistas, começou junto com o espaço, e por isso ele sempre é representado por duas linhas que começam em um ponto zero e se alongam na mesma proporção, em setas orientadas em duas dimensões: a dimensão do tempo, que nos faz pensar em eternidade e a dimensão do espaço, que nos faz pensar em infinidade.
Quando se começa a especular sobre esse tema, surge a intrigante pergunta: Se foi Deus que fez o universo, o que Ele era e o que fazia antes de começar a fazê-lo? Ele já existia antes disso? Ou Ele “nasceu” junto com o universo?
“Há cerca de 15 bilhões de anos”, escreve Hawking, “ todas (as galáxias) teriam estado umas sobre as outras, e a densidade teria sido enorme. Esse estado foi denominado átomo primordial pelo sacerdote católico Georges Lemaiter, o primeiro a investigar a origem do universo que agora chamamos de big-bang.” A partir desse momento, segundo essa tese, o universo, que estava contido nessa região extremamente carregada de energia, tornou-se uma imensa bolha de gás que nunca mais deixou de se expandir.[3]
A Bíblia, ao registrar esse fato não é menos metafórica e misteriosa do que os compêndios científicos que procuram explicar como o universo nasceu. Ela fala que “no início Deus criou o céu e a terra. A terra, porém, estava informe e vazia e as trevas cobriam a face do abismo.” E então, do meio ás trevas Deus fez sair a luz. E Deus viu que a luz era boa e por isso a separou das trevas.[4]
O texto bíblico parece sugerir que Deus já existia antes de começar a fazer o universo. Assim, Ele não pode ser o universo, como sustentam os adeptos do panteísmo, que identificam Deus com a sua própria criação, como se esta fosse algo capaz de existir por si própria.[5]
A Bíblia identifica Deus como “o Espírito que movia-se sobre as águas.” Expressão enigmática que nunca pode ser explicada a contento dentro da lógica comum, já que, se o mundo ainda era pura trevas e a terra era informe e vazia, que “águas” eram essas sobre as quais o Espírito de Deus se movia? Pois, ao que parece, elas já existiam antes de Deus separar a luz das trevas. Assim, a Bíblia nos dá uma identificação e uma ideia do que era Deus antes de começar o mundo: Ele era “Espírito”, seja qual for o significado que o cronista bíblico quisesse dar á essa expressão. Mas não responde á segunda pergunta: O que Ele fazia antes de começar o mundo?
Essas especulações se tornaram tão intrigantes que os próprios rabinos israelenses, produtores e comentadores da Bíblia, tiveram que quebrar a cabeça para responder á multiplicidade de perguntas que surgiram a esse respeito. Foi então que nasceu, entre os mestres cabalistas, a chamadaGrande Assembleia Sagrada, que se refere a um grupo de rabinos dedicados ao estudo da personalidade do Ser Supremo, sua natureza e seus atributos. Das especulações produzidas por esse grupo surgiu a chamadaSiphra Dtzenioutha, conhecido como o “Livro do Mistério Oculto”, parte mais misteriosa do Sepher há Zhoar, a bíblia cabalista. [6]
Para responder á intrigante pergunta de quem era Deus e o que fazia antes de começar a fazer o universo físico, esses estudiosos criaram os conceitos de “Existência Negativa” e “Existência Positiva” termos utilizados pelos cultores da Kabbalah mística para designar Deus “antes” e “depois” de fazer o mundo. Nesse sistema, Deus (Ain em hebraico), é visto como uma forma de "energia" que em dado momento expandiu-se para fora de si mesmo, tornando-se o universo material (Ain Sof Aur- אין סוף). Esse termo, na Kabbalah, significa Luz Ilimitada. É a luz que se espalhou pelo nada cósmico, dando origem a tudo que existe. Essa visão mística do nascimento do universo, expressa no Livro do Mistério Oculto (Siphra Dtzenioutha), é definida com a misteriosa frase “antes que o equilíbrio se consolidasse, o semblante não tinha semblante”[7].
Aqui está inserta a estranha idéia de que antes de fazer o mundo, ou seja, antes de Deus manifestar-se como existência no mundo das realidades sensíveis, Ele já existia como potência, que embora não manifesta, já continha todos os atributos do universo manifestado. Ele já era todas as coisas, que viviam uma “existência negativa”, na qual a mente humana não pode penetrar justamente porque ela só pode conceber um plano de existência positiva, onde as ações podem ser identificadas e suas causas recenseadas.
Agora, como capturar uma realidade que está além da nossa capacidade de mentalização? Sabemos que ela existe porque suas manifestações emanam para o plano da realidade sensível e é causa de fenômenos observáveis e mensuráveis. Quem sabe definir o que é a eletricidade, por exemplo? Sabemos como ela se manifesta, como atua e até já aprendemos a usá-la para as nossas finalidades, mas o que ela é nenhum cientista, ou filósofo, até agora, ousou afirmar.
“Antes que o equilíbrio se manifestasse, o semblante não tinha semblante” é uma forma metafórica de explicar aquilo que a nossa linguagem não consegue articular num discurso lógico. Então os cabalistas recorrem á metáfora, ou ao símbolo, para dizer que a criação divina já existia antes de existir. Ou seja, antes que o universo adquirisse uma forma, ele já estava na Mente de Deus, como presença sem forma, sem nome, impossível de ser pensado pela mente humana. Era o próprio Caos primordial, no dizer dos filósofos gnósticos, que ao “vazar” para além de si mesmo adquiriu uma organização.
Deus já era antes de ser o universo. Ou como diz Rosenroth “o universo inteiro é a vestimenta da Divindade: Ele não apenas contém tudo, mas também Ele mesmo é tudo e existe em tudo”. Essa é outra maneira de dizer que Deus, em sua Existência Negativa, é o “Espírito que se move sobre as águas” e na sua “Existência Positiva”, ele é o próprio universo.[8]
Outra visão dessa realidade pode ser posta em forma de analogia, seguida de um símbolo mediato. Os cultores da Kabbalah mística dizem que “Deus é pressão”, e que sua manifestação no mundo das realidades fenomênicas tem a forma de um círculo cujo centro está em toda parte e cuja circunferência está em parte alguma. Sabemos que todo círculo tem um centro e uma circunferência. O centro é o ponto de onde ele emana e a circunferência uma corda que o limita. Dizer que o centro do círculo está em toda parte e que sua circunferência está em parte alguma é falar de um espaço que não começa em ponto algum e não acaba em lugar nenhum, uma dimensão sem início nem fim. Ou como diz MacGregor Mathers, “ O oceano sem limites da luz negativa não procede de um centro, pois não o possui. Ao contrário, é essa luz negativa que concentra um centro, a qual é a primeira das sefiroths, manifestas, Kether, a Coroa.” [9]
Assim, essa idéia da divindade supre a necessidade que a mente humana tem de situar um início para o universo e imaginar, não um fim para ele, mas uma finalidade. Destarte, a dimensão da Existência Negativa é um momento anterior á qualquer manifestação da Divindade no terreno das realidades positivas, ou seja, um estado latente de potência concentrada em si mesma, que em dado momento cedeu á “pressão” interna da sua própria potencialidade e “gerou a si mesmo”. Figurativamente, o big-bang seria o “parto de Deus”, o qual, simbolicamente poderia ser representado por um ponto dentro do círculo, como o faz Madame Blavatsky em sua cosmogonia da Criação.
Em analogia ao conceito bíblico de criação, poderíamos dizer que o big-bang dos cientistas equivale ao momento em que Deus “separou a luz das trevas”, ou seja, o momento em que o Grande Arquiteto do Universo “pensou” o universo, na tradição maçônica.
Essa é a base da formidável arquitetura universal que a inteligência dos sábios rabinos de Israel conceberam e que a sensibilidade mística dos espíritos que não se contentam em viver no estreito território que a linguagem lógica nos obriga a permanecer adotou. Entre estes estão os maçons espiritualistas, que veem na sua Arte muito mais do uma mera prática social derivada de uma tradição que incorpora ideias esotéricas.
O conceito de que Deus é o Grande Arquiteto do Universo tem sido empregado em muitos sistemas de pensamento e o cristianismo místico o tem adotado em várias de suas manifestações. Ilustrações de Deus como o arquiteto do universo podem ser encontradas nas nossas Bíblias desde os primeiros séculos da Idade Média e tem sido regularmente empregadas pelos doutrinadores cristãos de todas as tendências.
São Tomás de Aquino, um dos mais respeitados filósofos da Igreja Católica, sustentou a existência de um Grande Arquiteto do Universo, que seria a Primeira Causa de todas as coisas. Por seu turno, João Calvino, um dos mais influentes divulgadores da Reforma Protestante, também se refere á Deus como sendo uma espécie de Arquiteto, pois seu trabalho de construção do universo material, o cosmo, e do universo espiritual (a humanidade em sua história moral) assemelha-se á construção de um grande edifício.[10]
Na Maçonaria, o termo Grande Arquiteto do Universo é uma metáfora que, na sua origem, tem inspiração cabalística. Era um termo aplicado á divindade pelos maçons operativos, construtores de catedrais e grandes obras públicas, que viam em Deus o autor dos planos estruturais do edifício cósmico e por analogia, da humanidade. Nesse sentido, o mundo físico e mundo espiritual eram construídos a partir de uma estratégia desenvolvida por Deus, que como se fosse um arquiteto, pensava os planos do universo e seus mestres (os anjos) e pedreiros (os homens) o construíam.
Essa era uma idéia extraída da interpretação cabalística da Bíblia, pois a Kabbalah vê o universo como se fosse um edifício sendo construído em dez etapas de manifestação da potência divina, que é simbolizada na chamada Árvore da Vida, ou Árvore Sefirótica, símbolo de extraordinário conteúdo esotérico, que se presta às mais diversas analogias e ilações, unindo a mística das antigas religiões do oriente com as modernas descobertas da física atômica.
O termo “Grande Arquiteto do Universo” também foi apropriado pela filosofia gnóstica, sistema de pensamento onde o Criador “gera” um casal real (Cristo e Sofia, o primeiro par de eons), a partir do qual a sabedoria (gnosis) é trazida para o mundo. Através da atuação desse “casal cósmico”, nascem os “eons” (anjos, para uns, arquétipos para outros) que orientam os homens em suas ações. Constrói-se assim, o mundo e o homem, com o Grande Arquiteto traçando os planos estruturais e seus agentes trabalhando para executá-los.
Assim, o Grande Arquiteto do Universo, que os maçons, em sua linguagem simbólica, abreviam para G. '. A.' .D. '. U. '. , é o termo utilizado para representar Deus em seu trabalho de arquitetura cósmica. Os anjos são seus mestres supervisores e os homens seus pedreiros. Fecha-se, dessa forma, o círculo místico que explica a forma maçônica de pensar um começo do universo e abre-se, para todos os temas do seu catecismo, uma justificativa do porque a Arte Real os trata desse modo.
O G.‘. A.’. D.’. U.’., portanto, é um símbolo que representa a “Hipótese Deus” dos cientistas, pois somente através dessa ferramenta linguística a mente humana pode conceber realidades que estão fora do alcance da seu alcance lógico.
Qualquer coisa, para ser entendida, precisa ter um começo. Deus é o começo. Não satisfaz ao maçom pensar nele como um ancião de barbas brancas, semelhante a um velho patriarca bíblico, que procura criar e manter sua família confinada ás tradições de um clã, nem se comunga, na Maçonaria, com a visão – por muitos chamada de científica – que vê a Divindade orientando um processo de criação que se assemelha ao trabalho de um pecuarista selecionando crias para melhorar a sua espécie. Ao contrário, aqui a idéia é a de que aqui estamos como funcionários Dele, construindo alguma coisa que Ele arquitetou. Por isso o maçom é o pedreiro da obra universal e Deus é o Grande Arquiteto do Universo.
Destarte, para a Maçonaria, a Hipótese Deus já está suficientemente provada.
DO LIVRO KABBALAH PARA MAÇONS- NO PRELO
João Anatalino
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16 julho 2012
O "Grande Arquiteto Do Universo" é uma divindade maçónica?
Paulo M.
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06 março 2011
O conceito maçónico de "Grande Arquiteto Do Universo" - Epílogo
Paulo M.
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28 fevereiro 2011
O conceito maçónico de "Grande Arquiteto Do Universo" - III
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20 fevereiro 2011
O conceito maçónico de "Grande Arquiteto Do Universo" - II
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14 fevereiro 2011
O conceito maçónico de "Grande Arquiteto Do Universo" - I
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18 outubro 2010
Como se pode - ou não - falar de religião em loja
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05 maio 2010
Réplica e tréplica
Confesso que no meu comentário anterior me desviei da alegoria de Charles Evaldo Boller para mergulhar de cabeça nos aspectos físicos da questão. Com isso ter-me-ei agarrado ao acessório científico e perdido o essencial do pensamento filosófico do autor. Peço desculpa ao Rui por isso. Li e reli de novo o artigo. Não consigo deixar de fazer um paralelismo entre a maçonaria e um misto de teísmo [O Grande Arquitecto, o Sol que tudo ilumina] e de Budismo – a constante procura da perfeição pessoal: Retirado de “O que é o budismo?” - «no entanto, o praticante Vajrayana iniciado nas instruções secretas, muitas delas dadas somente de mestre para discípulo oralmente, também denominadas, verdades sussurradas ao ouvido, iria pelo rio em busca das bagas venenosas, para as retirar directamente do rio, e assim todos poderem livremente beber a água o mais rápido possível.» Mas eu sou ateu. A minha filosofia de vida é aprender o mais possível (não num sentido moral) e fazer conscientemente o máximo de bem e o mínimo de mal. Bom, posto isto, vamos então ao debate: Rui: «E, desculpar-me-á o Diogo, mas a sua afirmação de que, na ausência de um terceiro ponto de referência nem sequer se pode afirmar que há movimento, não está certa: se variar a posição relativa entre o ponto A e o ponto B, é indesmentível que há movimento. O que pode desconhecer-se, na ausência de um terceiro ponto de referência, é se o movimento foi de A, foi de B ou foi de ambos...» Sem um terceiro ponto de referência não pode afirmar que há movimento. O movimento é sempre relativo. A move-se em relação a B em função de C. Mais, o movimento é uma função do espaço e do tempo. Pior, o tempo é uma função de um movimento em relação a outro movimento. Enfim, uma grande salgalhada. Evidentemente, estou a falar num sentido estritamente físico, o que não era a intenção do autor. Quanto ao ponto 4 – O que é o Tempo? Há algum relógio universal a medir o Tempo? Rui: «Esta pergunta, Diogo, tenho-a por retórica... Então o nosso céptico, hiper-racionalista Diogo esqueceu-se da teoria do Big Bang e de que ela postula que com o dito cujo se criou o Universo, o espaço e o tempo (conferir http://pt.shvoong.com/exact-sciences/496537-teoria-da-grande-explos%C3%A3o-big/)? Meu caro Diogo, essa sua pergunta deveria ter sido formulada ao Einstein, não ao Irmão Charles Evaldo Boller... Não lhe faço a injúria de considerar que estava a colocar esta objeção a sério... Assentemos em que estava só a testar se eu estava distraído...» Estou a falar muito a sério Rui. Tanto a teoria da relatividade como a do Big Bang estão muito longe de estarem confirmadas. Eu estou convencido que ambas estão erradas. Acredito num Universo infinito e estacionário, sem princípio e sem fim. Quanto ao ponto 5 – Mas haverá matéria sólida? Se continuar a diminuir de tamanho e entrar dentro dos núcleos dos átomos e dos electrões não irá perceber que afinal todo o Universo é apenas energia? «Meu caríssimo Diogo, está a objetar a quê? Esta sua afirmação é precisamente a afirmação do texto do Irmão Charles Evaldo Boller...» - estou de acordo consigo. Quanto 6 - «Será que legitima a expressão do penso, logo existo, de Descartes? » - também estamos de acordo. Rui: «Para cada argumento que se possa aduzir em abono de que Deus existe, existe um argumento com igual força que o refuta; para cada argumento que se apresente demonstrando que Deus não existe, existe um outro, de igual fortaleza que defende essa existência.» Onde é que o Rui foi buscar este postulado? Rui: «à pergunta quem criou o Mundo?, respondem os crentes que foi Deus; mas de imediato surge então a irrespondível pergunta de quem criou Deus?; similarmente, a tese da Ciência contemporânea de que o Universo teve origem num Big Bang é reduzida à sua dimensão de nada realmente explicar se se pergunta o que (ou quem...) criou, originou esse Big Bang, como e de onde surgiu essa tão fenomenal e extraordinária Força que do Nada fez surgir o Tudo. E, sendo postulado da Ciência que tudo o que existe pode ser reproduzido (e nisso se baseia a Ciência Experimental), como se explica que, desde há biliões e biliões de anos, só haja conhecimento de UM Big Bang, quando seria de esperar uma repetição do fenómeno?» Como lhe disse acima, a teoria do Big Bang está muito longe de estar provada. Eu não acredito nela. De qualquer forma, um Deus, qualquer Deus, teria de ser considerado um ser vivo por mais imaterial que o consideremos. Ele não pensa? Não age? Rui: «Respondendo directamente às suas perguntas, Diogo, o significado da Vida e da criação (ou da primitiva aparição) da Vida é o Grande Enigma. Uns, como eu, crêem só poder ter sucedido e existir pela intervenção de um Poder Criador (que eu designo por Grande Arquiteto do Universo); outros acreditam que a Vida surgiu de uma enorme e incalculável sucessão de acasos cumulativos, que superam em milhões de milhões de milhões (e ponha ainda mais milhões aí...) de vezes as probabilidade de ganhar o Euromilhões. Por mim, tudo bem: cada um acredita no que acredita. Mas, se eu sou crente, quem acredita nessa incalculável megassucessão de mega-acasos, o que é? Talvez... crédulo???» Curiosamente, eu também não sou darwinista e portanto também não acredito que a vida e a evolução sejam fruto do acaso. Mas o que é a vida? Entre as muitas dezenas de descrições que podemos encontrar aqui – http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:http://pt.wikipedia.org/wiki/Vida - uma diz que: «Vida é um sistema que reduz localmente a entropia mediante um fluxo de energia» Donde, será aquilo a que chamamos vida apenas um aglomerado relativamente vulgar no Universo de matéria e energia? Moléculas com um determinado comportamento? Algo, afinal, sem nada de mágico? Quanto ao ponto 9 - «O caminho para a liberdade e perfeição do maçom é dominar suas paixões com o objectivo de acabar com atitudes extremadas e fanáticas. E a vereda do espírito passa pela capacidade de sonhar, com grandes chances de converter a fera humana, apenas controlada pelas leis, em ser humilde diante da grandiosidade do que daqui divisamos. » Rui, aqui não vou discutir consigo. Você já sabe a minha opinião.
E eu formulo a tréplica que se segue:
Uma vez que Diogo reconhece que as suas primitivas críticas ao texto A viagem não tiveram em consideração o caráter alegórico do mesmo, tenho-as por retiradas.
De factual ou científico, a única diferença de opinião que, se bem ajuízo, resta entre Diogo e eu próprio é a questão da necessidade de um terceiro ponto de referência para a verificação se, entre um observador A e um ponto B, algum deles, ou ambos, se movimentam(m). Questão menor, convenhamos. E que, para a economia do debate das nossas ideias e do aprofundamento delas me parece perfeitamente lateral. Desde já declaro não ser um especialista da matéria (aliás, já o declarei neste blogue, considero que não sou especialista de nada, a não ser, hipoteticamente, um "especialista em ideias gerais"), pelo que a minha posição é meramente empírica. E como melhor ilusto as minhas ideias com imagens, procure o Diogo ver a razão da minha afirmação - de que discorda: imagine-se num comboio que, a certa altura, parou numa estação, e está a olhar pela janela. Do lado de lá dela, está um outro comboio, igualmente parado e, olhando pela janela, em sua direção, está uma bela mulher que chama a sua atenção, ao ponto de só a fixar a ela e nada mais. (Temos outra situação de observador A e ponto B e nada mais - que capte a atenção, pelo menos). A certa altura, a sua perceção é que a mulher que fixa se está movimentar para a sua direita. Dois pontos, um observador e o observado. O observador, sem necessidade de mais qualquer ponto de referência, regista a existência de movimento. Precisa efetivamente de um terceiro ponto de referência é para determinar se é o comboio "dela" que suavemente se movimenta, ou o "seu" (ou ambos, eventualmente). Dito isto, não procuro convencer o Diogo de nada, tal como certamente o Diogo não espera convencer-me do contrário do que afirmei. Fique cada um com a sua convicção - e felizmente que esta matéria é de irrisório interesse para nosso debate.
Diogo introduz a sua réplica com uma afirmação interessante e que eu não vejo motivos para rejeitar liminarmente: afigura-se-lhe que a Maçonaria será um misto de teísmo e budismo. É uma forma curiosa de pôr a questão. E é, no meu ponto de vista, irrespondível: a Maçonaria defende precisamente o máximo de liberdade da interpretação individual dos fenómenos. Certamente algumas pessoas partilharão facilmente da curiosa interpretação do Diogo, algumas outras dela discordarão, outras ainda tenderão a concordar, mais ou menos difusa ou parcialmente com a mesma. Em termos de ética maçónica a única reação a ter é registar a tese, respeitá-la e integrá-la como mais um elemento para a nossa própria análise. Ou seja: o Diogo tende a considerar a Maçonaria um misto de teísmo e budismo. Tudo bem, é a sua análise, que não é, de todo, inverosímil. E mais não há que comentar...
O outro aspeto da réplica de Diogo que considero merecer especial realce é o conjunto de proposições que começa com a sua afirmação de princípio (que é esclarecedora e que também só pode merecer uma atitude de respeito pela mesma) de que se considera ateu. Fica esclarecido. Nada a comentar ou objetar. Já na sua réplica especificada, Diogo formula ainda uma reveladora e (para mim) inesperada consideração: está pessoalmente convencido que, quer a teoria da relatividade, quer a teoria do Big Bang estão erradas. E prossegue declarando que acredita num Universo infinito e estacionário, sem princípio nem fim. Estas afirmações de princípio de Diogo abrem, creio, um campo de análise porventura interessante e que talvez o próprio Diogo não tenha ainda detetado.
Não vou tecer qualquer crítica ao entendimento expresso pelo Diogo - isso seria a violação daquilo que, como maçom, acredito dever-lhe: respeito e tolerância pela sua opinião. Nem vou procurar aproveitar-me para extrair conclusões porventura indevidas das suas proposições. Pretendo apenas contribuir para uma reflexão - de quem me ler e do próprio Diogo, em particular. Vou, portanto, formular apenas algumas perguntas. As respostas cada um as dará. O Diogo em particular, em especial no íntimo de si mesmo - onde não tem de temer reações, nem necessita de ninguém impressionar.
Já reparou o Diogo que as caraterísticas que atribui ao Universo que concebe (infinito, estacionário, sem princípio nem fim - portanto, eterno) são aquelas que os crentes atribuem à Divindade? Já reparou que eu poderia descrever o Grande Arquiteto do Universo nos mesmos termos? Será que o ateu que o Diogo se declara afinal se limita a transferir a resposta ao Grande Enigma da Divindade para o Universo? O que é então esse Universo infinito, estacionário, eterno? Não será afinal o ateu Diogo afinal um crente no panteísmo? Não andaremos afinal todos a falar da mesma coisa - só que chamando-lhes nomes diferentes?
Se assim o entender, pense o Diogo, calma e maduramente, nestas questões e nas que estas sugerem. Mas faça-o apenas perante si mesmo. Não com o intuito de refutar outrem ou de concordar com quem quer que seja. Apenas para aprofundar efetivamente as suas ideias, as suas dúvidas, as suas certezas,os seus desconhecimento. E tirar as suas conclusões. Que - se o Diogo for como eu - serão sempre provisórias. E serão suas. Que ninguém tem o direito de criticar ou pôr em causa. Que guardará para si ou partilhará com quem entender, quando entender, se entender.
É esta a felicidade e glória de ser Humano! Seja-se maçom ou profano, ateu ou crente, teísta, ateísta, budista, deísta, panteísta ou outro "ista" qualquer!
Rui Bandeira
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21 abril 2010
A viagem
Heidegger argumentava que o ser se faz no tempo; e é o que constatamos em nossa experiência; o ser é o nada que o constitui.
Platão afirmava que o Universo em que vive o homem é ilusório, feito de sombras e aparências; em nossa experiência, quanto desta assertiva é verdadeiro?
O que acabamos de afirmar e virtualmente constatar, foi baseado na informação de que o elétron e o próton contêm massas, isto é, que sejam efetivamente feitos de matéria sólida, mas que o garante?
Existem considerações científicas atuais que dizem terem os átomos ora o comportamento de partícula e ora de fenômeno ondulatório, isto é, não possuírem massa e serem constituídas exclusivamente de campos de força, de campos eletromagnéticos, de energia.
Aí então a nossa pasma intelectualidade entra em pane!
Se os átomos não são nada mais que campos de força, então somos efetivamente feitos de puro espaço vazio, nada somos!
Simples fótons?
Campos magnéticos em interação e deslocando-se à velocidade da luz?
Ainda sem considerar a teoria das Supercordas que remetem até o instante do inicio da expansão do Universo, o inicio de toda a história que nossos cientistas sonhadores dão para o Universo e ao qual denominam big bang, já nos satisfazemos com o fato de constatar que existe um projeto racional e um objetivo válido para tomar parte nesta grande orquestra da vida, esta milagrosa massa de seres viventes. Porque olhando em nossa própria essência, sequer deveríamos existir! É um milagre! Os fatos apontam para uma realidade onde a vida tem uma insignificante possibilidade de se manifestar.
Partindo da constatação que as fórmulas da mecânica quântica nos fornecem apenas probabilidades e nunca certezas qual seja a verdadeira constituição do átomo. Acrescente-se que as moléculas de que nossas carcaças são formadas constituem apenas um por cento de toda a massa do Universo, isto porque, 75% de toda matéria do Universo é formada por Hidrogênio, 24% é Hélio, e o restante 1% (um por cento) é constituído por todos os demais elementos da tabela periódica. Desde o lítio, passando pelo carbono até chegar ao urânio.
A química que dá origem à vida é uma insignificância quantitativa em relação ao gigantismo do Universo!
Daí nossa intelectualidade vir a se preocupar com a existência e a realidade nos faz singelos na imensidão deste Universo - especula-se que existam outros Universos. É deveras um milagre possuirmos consciência!
Percebe a maravilha desta descoberta dentro de nós mesmos?
Consegue observar o quanto somos infinitos na forma em que nos encontramos e o resto do Universo é finito? Em termos absolutos poderíamos até dizer que nem infinitos somos, mas inexistentes.
Conscientizou-se agora do quanto somos livres e iguais neste Universo criado pelo Grande Arquiteto do Universo?
É razão mais que suficiente para buscar o conhecimento para nos entendermos melhor uns com os outros.
Fazer estes tipos de viagens é o único caminho que dispomos para trilhar pelos caminhos que conduzem para a liberdade e perfeição; simplesmente porque nos conscientizamos que existe um criador, não é possível que tudo seja resultado de obras do acaso sem a presença de uma mente pensante por traz de tudo o que se manifesta na natureza.
Esta nossa realidade, esta nossa insignificância perante o milagre da existência material já é suficiente para nos levar a entender do porque o amor fraterno é o único caminho para a verdadeira igualdade.
Na essência somos todos relacionados e iguais. Somos imperfeitos em nossa materialidade, mas alcançamos a perfeição em nossa racionalidade, da mesma forma como disse Platão: o único círculo perfeito é a idéia de círculo que existe em nossa imaginação.
Estenda esta visão às outras dimensões que temos: espiritualidade, emotividade, pensamentos, e outros. Este conhecimento de nós mesmos não fica limitado ao que estamos percebendo neste instante, este crescimento exige a perfeição tanto do espírito como do coração.
Há necessidade de treinar nossas percepções tanto do visível como do invisível, e tudo é dedutível por nossa capacidade de abstração, de fantasia, até vir a comprovar-se pela experimentação científica. Assim como aconteceu com Pitágoras, que na tradição intelectual do mundo ocidental teve transformada a sua capacidade de mística matemática numa espécie de ponte entre a razão humana e a inteligência divina. De nossa parte, enquanto sonhamos, não temos provas materiais da imaginação ser realizável, ao menos enquanto estivermos restritos ao nosso cárcere material, ao nosso corpo físico. Tampouco criamos proposições que não possam ser questionadas, até contrariadas, pois algo assim, nas palavras de Isaiah Berlin, não contém informação.
Devemos procurar a justiça e a fraternidade, o amor fraterno, para obter a possibilidade de, mesmo imperfeitos em alguns aspectos, sermos levados à perfeição do intelecto e da espiritualidade pela força do pensamento.
E assim como efetuamos nossa caminhada até ficarmos sentados aqui nesta escuridão sem ter medo de nada, quando o tempo está em marcha, aonde chegamos devagar, um passo de cada vez. A Maçonaria nos ensina que o caminho da perfeição também não se dá aos saltos, senão com muita prudência e lentidão. Velocidade é coisa de elétron em sua órbita, nós devemos lentamente ir formando uma base educacional em busca da verdadeira liberdade que nos liberta do fanatismo, do ódio e outros vícios. Pois se viéssemos até aqui na superfície deste núcleo de átomo num salto, certamente desfaleceríamos. A escuridão nos enlouqueceria! Não entenderíamos que na escuridão de nosso mais recôndito ser, na falta da liberdade a que o elétron nos levou, nos sentiríamos presos, imobilizados, com medo de nos mexer, inclusive de pensar. E o medo desta prisão certamente nos induziria a adotar alguma postura fanática e alienante, quem sabe até, num ato desesperado, o suicídio.
Percebe o quanto a nossa capacidade de sonhar é infinita e como isto nos diferencia do homem-fera primitivo? A filosofia do Rito Escocês Antigo e Aceito está conectada ao conhecimento humano, desde sua pequenez diante do Universo, até o gigantismo de sua capacidade de sonhar e pensar. É pela capacidade racional inteligente que todo maçom deriva conhecimentos detalhados e genéricos para a sua própria sobrevivência física e intelectual. Uma coisa puxa a outra.
O sonhar leva a predispor o iniciado na busca contínua de instruções e conhecimentos. Isto o leva a efetuar saltos mentais e lhe impõem denodo quando se interna na caminhada dos mundos desconhecidos, reservados apenas aos que têm coragem de enfrentar as veredas do desconhecido. Mesmo que lá reine escuridão, a mente continuará a irradiar a luz do entendimento de verdades cada vez mais complexas e intrincadas.
O peregrino cego carrega junto de si a luz do entendimento ao buscar intensamente dentro de si mesmo o conhece-te a ti mesmo, de Sócrates. O homem pensador passa a aperfeiçoar-se.
Depois que se aperfeiçoou e descansou parte em nova jornada, em ciclos eternos de sonhos, racionalizações e sedimentações de novos conceitos.
Fica evidente que ao adentrarmos no mausoléu que somos, despertam idéias ocultas que até então não percebíamos. Encontramos alguns porquês da existência: De onde venho? Para onde vou? Algo que é possível descobrir com viagens ao interior de nós mesmos. Faz da passagem para o oriente eterno apenas mais uma etapa da vida; algo que alivia o constrangimento e medo da morte. Este é o conhecimento, a luz que o profano busca em nossos templos; é a travessia que o iniciado faz quando se desloca do ocidente para a luz do oriente. Ao nos libertarmos do medo da morte, rompem-se os grilhões da escravidão do mundo material e passa a brilhar a luz da sabedoria do Grande Arquiteto do Universo.
Todo maçom é considerado de fato um templo vivo.
Só a partir desta constatação o maçom passa a considerar-se criatura pura e sagrada. Certamente tudo faz para não conspurcar o ambiente sagrado de que é constituído seu templo interior, derivando que isto induza o desenvolvimento de conceitos morais e éticos cujo objetivo preservará a pureza do lugar sagrado de seu interior. Isto faz do mundo interior um lugar perenemente limpo e puro.
Desperta adicionalmente que apenas limpar o templo interior não é suficiente. A pureza moral e ética é insuficiente. Exige-se que o interior do templo, local da razão e dos sentimentos equilibrados, nutram o cérebro com estímulos que levem a buscar a perfeição. Daí ressalta-se a importância em velar na maioria das vezes do centro das emoções, o coração, de modo a mantê-lo subjugado à mente, pois é considerado esotericamente um mausoléu e tudo aponta para o coração como túmulo do maçom; ao menos enquanto não morrer o maçom que o contém.
O caminho para a liberdade e perfeição do maçom é dominar suas paixões com o objetivo de acabar com atitudes extremadas e fanáticas. E a vereda do espírito passa pela capacidade de sonhar, com grandes chances de converter a fera humana, apenas controlada pelas leis, em ser humilde diante da grandiosidade do que daqui divisamos.
Quando o tempo se desloca, em nosso interior reina escuridão enquanto não efetuarmos um salto para dentro de nós mesmos iluminados pela sabedoria do entendimento desta viagem. Este deslocamento é realizado em pequenas estações, para que o choque da descoberta desta escuridão não nos deixe cegos e com medo, assim como fazemos em nossa evolução pelos graus do Rito Escocês Antigo e Aceito.
O medo pode nos imobilizar e escravizar aos extremismos.
É necessária coragem para desbravar o caminho.
Agora que mostrei a minha senda, faça as tuas viagens a sós para dentro de você mesmo e descubra teus próprios caminhos. Só não se assuste com a escuridão do lugar, leve sempre junto a luz de tua capacidade intelectual para de lá sair em segurança. Ao homem maçom é dado caminhar só na busca de sua espiritualidade e liberdade, exatamente porque ninguém a pode fazer por outrem. É tarefa individual e intransferível.
E saiamos daqui, pois os trabalhos encerraram a meia-noite.
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Com a devida vénia ao autor,
Rui Bandeira
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