O Maçom, Homem Fraternal...
(imagem retirada de Google Images)
Este
é o primeiro texto de muitos, assim o espero, que irei publicar neste honorável
espaço de escrita para uns, leitura para os demais.
Espero
que com o que eu irei partilhar convosco, Vos ajude a compreender qual a “missão”
da Maçonaria no mundo que nos rodeia e um pouco mais sobre a vasta simbólica
maçónica que existe, sendo que os meus textos demonstrarão a minha visão
pessoal sobre qualquer tema que seja versado por mim.
Sendo assim, este meu
primeiro texto teria de ser naturalmente, um texto muito pessoal.
Assim,
hoje venho falar-Vos de como o maçom é alguém com um elevado sentido fraterno, logo irei falar de Fraternidade, algo que para
mim não é apenas sentimento, mas antes sentido.
Não
no sentido dos outros cinco sentidos que
dispomos, nos quais eu qualificaria a Fraternidade como um sexto sentido, um “sentido espiritual”; mas trato deste sentido/sentimento como o “sentido” do
verbo “sentir”, de sensação…
A
Fraternidade é algo que se sente e se partilha, uma vez que a mesma tende a
vivificar no nosso interior, algo que se reflete posteriormente nas nossas
ações.
Por
isso é tão habitual entre os maçons se afirmar que a “Maçonaria também se vivencia,
praticando a fraternidade!”.
E
como Fraternidade que é, na Ordem Maçónica, o amor ao próximo, ao nosso Irmão, encontra-se presente e em
permanência. Concordemos ou não com as suas opiniões, aceitemos ou não a sua
forma de estar na vida, mas amamo-lo!!!
E amar
está muito além de apenas se tolerar…
A
Tolerância implica Respeito, um respeito pelo “outro” em toda a aceção da
palavra, senão seria apenas mais uma palavra vã nos nossos dicionários, tal
como outras que pela sua quantidade, mais me parecem ser tantas como as espigas
que existem nos campos…
No
entanto, Fraternidade também é muito
diferente de Benevolência ou Caridade, pois se tanto uma como outra podem
suscitar sentimentos ditos “menores”, uma forma de auxílio em que se age assim
apenas porque é moralmente aceitável ou simplesmente porque socialmente fica
bem ou parece bem a quem o assim faz.
Tanto que por isso, a Fraternidade também
é sinónimo de Solidariedade, algo que se encontra mais além que a Caridade ou a Benevolência; a Solidariedade é para mim
um sentimento ainda mais nobre, uma vez que é suposto advir diretamente do coração.
E
ser solidário nivela-nos como Homens, pois quem o pratica e quem recebe a nossa
solidariedade, encontrar-se-á num mesmo patamar moral, apesar de que
socialmente seja muito diferente. E
essa humildade que é necessária para quem é solidário e fraterno, deverá fazer parte
integrante da nossa natureza humana como maçons. Isto
sim, é o “core”, o cerne dos tais “bons costumes” com que habitualmente
nos reconhecem ou nos quais nos revemos…
Não
deveriam os valores que defendemos, tais como a Igualdade, a Liberdade e
principalmente a Fraternidade, serem a base da Sociedade humana?!
Todavia,
tenho para mim que a Fraternidade também é uma alavanca, um apoio que está
subaproveitado na sociedade em que vivemos e que a ser usada como “ferramenta
social”, muito contribuiria para o progresso humano.
Cada
vez mais o Homem olha apenas para si próprio, não retribuindo o mesmo valor ao
seu igual. E nesse contexto, nós como maçons que somos reconhecidos, poderíamos
fazer mais… e melhor.
O
maçom é um livre-pensador; logo de
que nos valerá sermos intelectualmente ou moralmente mais instruídos ou como
tal considerados, sermos formados nas
ditas “artes liberais”, as mesmas artes que libertaram os homens do obscurantismo
e do jugo da Ignorância, se depois de adquirirmos estas valências, não agirmos
no mundo à nossa volta também para o melhorar e o fazer evoluir no
comportamento e relacionamento entre os seres?!
Não
fosse a minha Iniciação na Augusta Ordem Maçónica e eu não privaria com muitos dos
meus Irmãos. E
digo isto porque na sua maioria temos percursos profissionais distintos, não
pertencemos às mesmas agremiações profanas e o nosso percurso de vida é muito
díspar. Mas
por partilharmos os mesmos desígnios, em Loja nos encontramos. E afirmo, se a
Loja me acolheu, eu também acolhi a (nossa)
Loja na minha vida.
A Loja passou a fazer parte
integrante da minha Família.
E
esta fraternidade e esta sensação de amor fraterno que nos une
vale muito mais do que aquilo que à primeira vista possa aparentar…
De
facto, esta sensação não é imediata, e ainda bem que tal assim acontece. Pois
se assim o fosse, seria uma sensação falsa e carente de sentido. Ninguém
ama ninguém de um momento para o outro ou somente apenas pelo trocar de um
olhar ou um sorriso.
Os
amores platónicos ficam para a nossa
vida profana.
E
refletindo, questiono-me:
- Como poderei eu amar alguém que não me conhece e que também eu não conheço?!
- Como poderei eu amar alguém quando apenas o tolero?
- Como poderei eu respeitar alguém com quem eu frequentemente esteja em desacordo?
Na
Maçonaria encontro a resposta a estas questões.
A
Maçonaria é fraternidade e, como tal, o seu espírito fraterno depende unicamente da união de todos os que a integram.
A
nossa fraternidade só o é e somente o pode ser, se for construída dia após
dia e cimentada sessão após sessão. E é aí que reside a nossa força!
Os
maçons, tal como os “irmãos de sangue” não podem nem devem estar sempre em sintonia,
pois as diferenças também propiciam à formação/evolução pessoal, de modo que na
Maçonaria é-nos permitido discordar,
concordando; e concordar, discordando;
isto é, o respeito salutar que deve existir entre todos, permite aos maçons não
se travarem de razões tal como quiçá o fariam no mundo profano, mas antes,
ouvindo e interiorizando as opiniões contrárias à sua forma de pensar,
permite-lhes que possam aprender e conviver com as diferenças e divergências que naturalmente possam existir. Somos
Homens e como tal não podemos ser todos iguais.
O que seria do azul ou do amarelo,
se todos fossemos vermelhos…
E
tal como bagos de uvas que com a sua própria identidade estão ligados entre si,
ou como as sementes de romã que se agregam no interior deste fruto, que podemos
encontrar sobre os capitéis das colunas de entrada no nosso Templo, também a
união e ligação dos nossos pensamentos em prol de algo melhor, a energia e
sentimentos que aplicamos na Cadeia de União aumentam a coesão do nosso grupo e
potenciam o nosso espírito de corpo.
Assim,
na formação da Cadeia de União, um dos momentos “altos” da ritualística
maçónica em sessão de Loja, o encadeamento dos Irmãos que é formado e a oração
que é proferida, permite-me também sentir que aquilo que nos une é mais do que
aquilo que nos poderá afastar e que
os laços não-sanguíneos que nos unem, ligam-nos por um cordão umbilical ainda maior
e que nos juntam numa caminhada através
da Virtude e em prol de todos Nós.
Pois
se a egrégora acontece, é porque
todos o assim desejamos e fazemos para que assim tal aconteça!
Para
mim, no estrito cumprimento do ritual em Loja, se demonstra que aí reside o espírito
fraternal que devemos vivenciar e transmitir também para o mundo profano.
Eu vivo e sinto assim a nossa fraternidade.
Outros o farão à sua maneira pessoal. Podemos
não ser todos iguais, mas posso afirmar que somos todos muito semelhantes…
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