20 novembro 2013

A trolha



A Maçonaria utiliza os artefatos e ferramentas ligados à atividade da construção como símbolos ilustrativos dos ensinamentos que procura transmitir e preservar. É o caso, por exemplo, da trolha.

A trolha, ou colher de pedreiro, é uma ferramenta do ofício da construção utilizada para separar, transportar, projetar ou colocar argamassa, massa ou cimento nas superfícies, paredes ou muros, de uma construção. Serve também para alisar a massa, argamassa ou cimento colocada, por exemplo, numa placa ou na união entre pedras ou tijolos de uma parede ou muro.

Tendo em conta estas utilidades para o ofício da construção, a Maçonaria Especulativa adapta o conceito para simbolizar virtudes ou comportamentos que devem ser adotados pelos maçons e naturais numa Loja maçónica.

Tal como a ferramenta operativa alisa as superfícies, assim também o maçom deve utilizar a trolha da concórdia, da conciliação, para alisar, regularizar, aplainar diferenças ou conflitos entre Irmãos. 

A Fraternidade não é necessariamente um oásis de paz e ausência de conflitos. Tal como os irmãos biológicos, embora mantendo entre si laços fortes de solidariedade e amor fraternal, não obstante têm frequentes desacordos, querelas, conflitos, que aprendem a regular sem pôr em causa a sua relação fraternal, também os Irmãos maçons estão sujeitos á erupção de conflitos e desacordos entre si, que devem regular preservando as suas fraternais relações.

Devem, por isso, sempre ter ao alcance de sua consciência a trolha da conciliação, da boa-vontade, do saber olhar pelo ponto de vista do outro, para alisar as diferenças, conciliar os interesses ou propósitos divergentes.

A trolha simboliza ainda a benevolência, a tolerância, a indulgência, perante as asperezas, os defeitos alheios, espalhando sobre eles a massa do perdão, do esquecimento de injúrias ou agravos, em prol da harmonia da construção. 

O maçom não se deve também esquecer nunca que, tal como se vê na necessidade de utilizar a trolha para alisar as asperezas que vê em outros, também os demais utilizam idêntico instrumento simbólico em relação às suas próprias imperfeições. A tolerância, a fraternidade, funcionam em sentido duplo. Ninguém tem o direito de reclamar para si o perdão ou a complacência em relação aos seus erros sem ele próprio ter idêntica atitude em relação aos demais.

Manejar a trolha simbólica não é fácil. Exige treino, exige habituação, exige bom-senso. Só progressivamente aquele que entra na Maçonaria se habitua a manejar esta ferramenta simbólica. Enquanto as ferramentas por excelência do Aprendiz são o maço e o cinzel, com que desbastam a sua pedra bruta, corrigindo-se das maiores asperezas e dando-se forma adequada para colocação útil no Grande Templo da Harmonia Universal, e que as ferramentas do Companheiro são essencialmente o prumo, o nível e o esquadro, com que colocam a pedra já aparelhada no sítio certo e útil, o Mestre Maçom tem como instrumentos essenciais a Prancha de Traçar, onde traça os planos da construção de si mesmo e do seu comportamento e - precisamente - a trolha, com que espalha o cimento da harmonia, que une definitivamente todos os materiais da sua construção de si. 

Rui Bandeira

12 comentários:

Diogo disse...

Caro Bandeira,

Comentei aqui, há tempos, que dividia os maçons em pessoas honestas e desonestas.

Muito honestamente, julgo que a maçonaria, quer, com os seus símbolos secretos e os seus segredos, fazer uma triagem os indivíduos honestos e desonestos.

Os que se mostrarem à altura (os desonestos), vão trepando por essa sociedade acima, sendo puxados e puxando outros maçons para lugares de poder, onde podem fazer as suas trafulhices à vontade a coberto dos seus «irmãos» honestos.

Os outros (os honestos) manter-se-ão na irmandade, na sua boa-fé, convencidos de que estão a contribuir para a melhoria do mundo e da sociedade. Mas não! Estão a apenas a dar uma aparência honesta a uma organização criminosa.

A si, Bandeira (e a outros com quem já conversei aqui), considero-o uma da pessoas mais honestas do mundo. Dos que ajudam, inadvertidamente, a dar um rosto virtuoso a homens sedentos de poder e de dinheiro.

Perdoe-me a frieza da honestidade.

Um abraço

Rui Bandeira disse...

@ Diogo:

O Diogo não divide os maçons em pessoas honestas e desonestas; o Diogo, se for como todas as outras pessoas, divide o Mundo em pessoas honestas e desonestas.

Em relação á Maçonaria, o que sucede é que o Diogo partiu de um preconceito de que esta era malfazeja e constituída por um conjunto de crápulas que tinham por objetivo dominar o mundo e oprimir os demais.

Com o que veio a apreender do que lê neste blogue, acabou por perceber que não é bem assim e reformulou o seu preconceito no sentido de a Maçonaria ser uma instituição com princípios respeitáveis, mas inapelavelmente conspurcada por uma prática de "secretismo" (na sua opinião, não na minha) que potencia todos os desvios aos princípios e protege os crápulas que a integram, passando a distinguir entre os maçons honestos, que seguem os princípios respeitáveis e os maçons desonestos, que se acoitam atrás do "secretismo" e se aproveitam dos honestos para perpetrar todas as malfeitorias em benefício próprio.

Este seu segundo preconceito é-o, porque infundamentado, porque não leva em conta a seguinte questão: podendo existir, e seguramente existindo, gente de caráter menos recomendável na Maçonaria (como e todas as instituições de todo o mundo), quando essa gente é descoberta como tal pelos demais (os tais honestos) é expulsa da instituição ou protegida pelos honestos?

è que, como o Diog0 põe, simplisticamente, as coisas, das duas, uma:

1) Ou os tais honestos não são tão honestos como isso, pois pactuam com os crápulas e, no mínimo, são cúmplices deles;

2) Ou os ditos honestos não mais do que "idiotas úteis e ingénuos" que, quais borregos deixando-se placidamente conduzir em rebanho para o matadouro, se deixam placidamente manipular pelos tais tenebrosos crápulas.

Quanto ás expulsões, posso assegurar-lhe que já ocorreram e que voltarão a ocorrer sempre que necessário - só que os maçons não fazem publicidade disso, como não fazem de muitas outras coisas. Somos assim, que havemos de fazer?

No mais, peço-lhe Diogo que, tendo-se libertado do preconceito inicial, analise com um pouco mais de cuidado e profundidade o seu preconceito subsequente, quanto mais não seja porque, agradecendo-lhe o rótulo de honestidade que fez o favor de me reconhecer, não me agrada mesmo nada que tal rótulo seja acompanhado (como inevitavelmente vem, no seu segundo preconceito) da consideração de que não passo de um idiota útil e ingénuo!

Diogo disse...

Já cheguei aqui hoje tarde - 22/11 - 1:28. Dou-lhe a minha resposta amanhã.

Abraço

Streetwarrior disse...

OLá @Rui.

O Rui diz que os indivudiuos menos honestos dentro da Maçonaria, quando identificadas as suas acções menos correctas são punidos, chegando inclusive á sua expulsão.
Não duvido!
No entanto, estarão os Maçons de graus inferiores munidos de poder ou ferramentas para assim o decidiriem em conjunto com os de Grau superior?
Sendo eles mais novos na insituição, não estarão eles sujjeitos á intimidação no sentido da sua própria progressão dentro da Maçonaria?
Isto acontece em todas as instituições, os mais novos (menos poder de decisão ) muitas vezes, mesmo detectando o que está errado, entram na passividade, pois sabem que são o Elo mais fraco.
Tomemos como exemplo o caso do Juiz Rui Teixeira quando punio Paulo Pedroso...viu a sua carreira a ser prejudicada por ter tomado decisões certas.

O que impede os Maçons mais novos, que tais individuos criem novas lojas.

Portugal e a sua legislação, é propicio a que por vezes, praticas desonestas, estejam perfeitamente dentro da legalidade, não ocorrerá o mesmo dentro da maçonaria?

Agora noutro campo relativamente á trolha.
Porque razão, muitos ( a grande maioria ) dos monomentos espalhados por quanse todas as cidades dos paises Ocidentais, estão repletas de simbologia Maçonica e erigidos em locais astronomicamente e geograficamente alinhados uns com os outros.
Pode responder a essa minha curiosidade?

Nuno

Diogo disse...

Caro Bandeira,

De forma nenhuma o considero a si e a outros maçons deste blogue como idiotas úteis e ingénuos.

Acontece que, como você bem sabe e boa parte da população sabe, os maçons estão normalmente conotados com trafulhices nas mais altas esferas, em termos de poder, influência e aquisição de riqueza.

E, estou convencido de que o «segredo» maçónico tem muitos a ver com isso.

Porque, quem exige segredo?

1 - As famílias, os psicólogos, os padres (porque se tratam de questões pessoais)

2 – As empresas, os Governos em negociação com outros Governos, e as esquipas que estão em competição umas com as outras (e o segredo é a alma do negócio).


Porquê a maçonaria? Apregoando ser uma organização benfazeja, o seu principal interesse deveria ser divulgar urbi et orbi as suas qualidades e benfeitorias – que é que fazem todas a seitas religiosas e todas as organizações benfeitoras. Nenhuma se esconde atrás de segredos pelos quais estariam dispostos a matarem ou a suicidarem-se,

Caro bandeira, enquanto este aspecto não estiver esclarecido, eu, e muitos outros como eu, continuarão a olhar para a maçonaria, não como uma sociedade altruísta, mas como uma máfia com muita gente inocente à mistura.

Jocelino Neto disse...

"Porquê a maçonaria? Apregoando ser uma organização benfazeja, o seu principal interesse deveria ser divulgar urbi et orbi as suas qualidades e benfeitorias – que é que fazem todas a seitas religiosas e todas as organizações benfeitoras. Nenhuma se esconde atrás de segredos pelos quais estariam dispostos a matarem ou a suicidarem-se".

Caro Diogo,

Respeito sua opinião. Entretanto, destaco este parágrafo de sua exposição e lhe peço, por obséquio, para citar quais seitas e organizações benfeitoras (utilizando os termos empregados por si) estão destituídas do apreço por informações particulares a ponto de esmiuçarem-nas ao grande público, pois quanto a matança e o suicídio (inclusive coletivo) posso lhe citar algumas. Estas, são movidas por características fundamentalistas, os quais em essência (conceitos, valores,...) divergem plenamente da ordem maçônica.

Agradeço a atenção.

Abraços Fraternos.

Rui Bandeira disse...

@ Streetwarrior:~

1) Um dos mitos que os detratores da Maçonaria criaram foi essa atoarda dos "maçons de graus inferiores", sem poder e sem informação, manipulados pelos "maçons de graus superiores", maléficos e manipuladores do "verdadeiro" poder.

Na Maçonaria só há 3 graus: 2 de formação, Aprendiz e Companheiro, e um de plena igualdade, o de Mestre Maçom.

Os sistemas de Altos Graus são sistemas complementares de formação, sem qualquer relevância ou poder adicional, não passando os seus graus de referências honoríficas relativas aos tempos de estudos complementares realizados. Sem qualquer correspondência com qualquer poder ou capacidade de gestão da Instituição da Maçonaria.

Um maçom do 33.º grau do REAA é, para todos os efeitos, igual ao Mestre Maçom, 3.º e último grau da Maçonaria Azul, a que releva.

Eu próprio sou 32.º grau do REAA e veja lá a importância que dou a isso: há mais de uma década que decidir cessar atividade nos Altos Graus e dedicar.me unicamente a ser o que é essencial ser: Mestre Maçom!

Para complemento desta informação, consulte o texto 33.º = 3.º, em http://a-partir-pedra.blogspot.pt/2010/09/33-3.html.

2) O Juiz Rui Teixeira prosseguiu normalmente, e sem qualquer prejuízo ou atraso a sua carreira profisional, sendo atualmente Juiz de Círculo num Tribunal do Distrito de Lisboa, por sinal na cidade de onde é oriundo e onde a senhora sua mãe foi uma insigne advogada. A atoarda de que foi profissionalmente prejudicado pela sua atuação no caso mediático que referiu é mais um mito! Sei do que falo, pois, como sabe, profissionalmente sou Advogado e já litiguei algumas vezes perante o Dr. Rui Teixeira.
3) Simbologia maçónica em monumentos: há que distinguir entre os símbolos dos maçons operativos, marcas dos trabalhadores que aparelhavam determinadas pedras e símbolos da atual Maçonaria Esoeculativa. Quanto a estes, com a conhecida exceção de Washington, apenas existem os monumentos especificamente dedicados a maçons ou à Maçonaria.
Quanto aos "locais astronomicamente e geograficamente alinhados uns com os outros", cuidado com os excessos de especulações que houv, também, na maçobnaria especulativa... Há por aí muita esotérico-birotice riunda de correntes ditas "ocultistas" que, sobretudo no século XIX e início do século XX de alguma forma "colonizaram" a Maçonaria, desvirtuando-a então do que ela realmente é.
Infelizmente há por aí muitas publicações fazendo passas por maçónico e Maçonaria o que nada tem a ver com ela, antes se referindo a Ocultismos, Teosofias, etc..
Essa não é, claramente, a minha praia...

Rui Bandeira disse...

@ Diogo:

1) Agradeço a simpatia de declarar que não me considera, nem a outros maçons destes blogue, idiotas úteis e ingénuos - mas não posso deixar de apontar a sua contradição lógica.

No seu primeiro comentário, começou por afirmar que dividia os maçons em pessoas honestas e desonestas e que me considerava honesto, um dos que, no seu dizer, "manter-se-ão na irmandade, na sua boa-fé, convencidos de que estão a contribuir para a melhoria do mundo e da sociedade. Mas não! Estão apenas a dar uma aparência honesta a uma organização criminosa"

Se isto não é ser idiota útil, então o que é????

2) Não é verdade que os maçons estejam normalmente conotados com trafulhices nas mais altas esferas do poder, influência e aquisição da riqueza. Os detratores da Maçonaria é que têm o hábito de usar essa atoarda. No que toca a Portugal, a Maçonaria Regular tem entre um e dois milhares de obreiros, de todas as camadas sociais e das mais variadas profissões. A esmagadora maioria dos obreiros pertence à classe média, sofre as atuais dificuldades da classe média. Quem vive mais desafogadamente, pode-o fazer em virtude dos rendimentos do seu trabalho ou dos bens que herdou. A sua afirmação constitui, pura e simplesmente, uma difamação. É fácil ofender, é fácil deixar cair insinuações. Não quer dizer que as ofensas e insinuações correspondam à verdade.

3) Quanto ao segredo maçónico, a sua argumentação roça a desonestidade intelectual, pois o Diodo sabe muito bem que o dito segredo não tem o alcance que apregoa e é muito limitado, justificado e sem qualquer perigo para a Sociedade, pois já várias vezes chamei a sua atenção - e não duvido que tenha lido - para o muito que escrevi sobre o Segredo Maçónico, informando precisamente disso. Mas, se ainda continua com dúvidas, pode relê-lo em
http://a-partir-pedra.blogspot.pt/2009/01/porque-se-guarda-o-segredo-manico.html
http://a-partir-pedra.blogspot.pt/2009/01/reserva-de-identidade.html
http://a-partir-pedra.blogspot.pt/2009/01/reserva-sobre-as-formas-de.html
http://a-partir-pedra.blogspot.pt/2009/01/reserva-sobre-rituais-e-cerimnias.html
http://a-partir-pedra.blogspot.pt/2009/01/reserva-sobre-trabalhos-de-loja.html
http://a-partir-pedra.blogspot.pt/2009/01/o-segredo-manico-esotrico.html

Convenhamos que mais claro, elucidativo e esclarecedor do que isto é difícil!!!

Diogo disse...

Jocelino Neto: «lhe peço, por obséquio, para citar quais seitas e organizações benfeitoras (utilizando os termos empregados por si) estão destituídas do apreço por informações particulares a ponto de esmiuçarem-nas ao grande público»


Caro Jocelino Neto,

Tirando os casos que citei:

1 - As famílias, os psicólogos, os padres (porque se tratam de questões pessoais)

2 – As empresas, os Governos em negociação com outros Governos, e as esquipas que estão em competição umas com as outras (e o segredo é a alma do negócio).

E situações similares, não vejo quaisquer grupos ou instituições que tenham necessidade de guardar segredo. Só organizações malfeitoras: terroristas ou criminosas.

Eu trabalho numa empresa pública. Qualquer reunião, desde uma reunião da administração a uma reunião ao nível de secção poderia ser transmitida em direto pela televisão para todo o globo, caso houvesse alguém interessado nisso.




Caro Bandeira,

Não quero que fique aborrecido comigo por motivo nenhum. Porque o considero uma excelente pessoa e porque o considero uma pessoa inteligente (e que escreve muitíssimo bem).

Mas vamos ao assunto. Reli o artigo do site http://a-partir-pedra.blogspot.pt/2009/01/reserva-sobre-trabalhos-de-loja.html


Chamaram-me a atenção dois-três parágrafos:

1 - «Enquanto grupo fraternal, procura-se que cada elemento se sinta, no interior do grupo, completa e absolutamente livre de expressar as suas ideias, opiniões, projetos, preocupações, sem constrangimentos de qualquer espécie. O espaço de uma Loja em reunião ritual é um espaço em que todos e cada um podem baixar completamente as suas defesas e guardas, em que não necessitam de manter a sua "máscara social", em que todos e cada um podem ser e comportar-se e aparecer como realmente todos e cada um são, com suas forças e fraquezas, virtudes e defeitos. Porque, naquele espaço, todos e cada um sabem que devem aos demais a mesma tolerância que dos demais recebem.»

Isto tem muito mais a ver com um grupo de auto-ajuda ou de uma relação de terapia em grupo do que com um conjunto de indivíduos que propõem e discutem projetos que queiram levar por diante.


2 - «Num espaço assim, de Fraternidade, pode desabrochar sem peias a Liberdade. A Liberdade de opinar, de arriscar testar uma ideia, sem medo de que ela seja apoucada por disparatada. Se o for, assim será considerada. Mas isso não diminui quem a teve. Porque se sabe que ela só foi expressa porque se estava à vontade e porque é em espaços assim que livremente se pode testar a real valia de ideias, opiniões, propósitos. »

Isto não é nada que não se possa passar num café ou em qualquer espaço público com estranhos a assstir.


3 - «É preciso garantir que todos e cada um possam, no decorrer de uma reunião ritual de Loja, expressar sem quaisquer constrangimentos, de qualquer natureza, as suas ideias e convicções e opiniões. Para que essa Liberdade absoluta exista, mister é que todos e cada um saibam que o que se passa em Loja fica em Loja. E portanto, cada um guarda cuidadosamente para si o que em Loja se passou. Quem quiser saber e tenha o direito a saber... consulte a ata! »

Aqui, honestamente, não entendo. Esta obsessão com o segredo sobre ideias, convicções e opiniões não me parece razoável (a não ser que sejam assuntos íntimos ou condenáveis). Donde…


Se o Rui Bandeira já visitou o meu blogue sabe que tenho opiniões muito controversas. O meu blogue é público. Aquilo que lá exponho, discuto-o também com amigos, colegas ou estranhos.

Abraço
Diogo

Rui Bandeira disse...

@ Diogo:

Diz o povo, e com razão, que o pior cego é o que não quer ver. às vezes, fico na dúvida se é isso que se passa com o Diogo, ou se apenas não resiste à tentação de querer ter a última palavra...

Uma Loja maçónica é muito mais do que um grupo de autoajuda: é uma Fraternidade, um espaço onde se forjam amizades como as da infância e da juventude, quando já se passou essa fase da vida e se está na idade madura, onde podemos estar de peito aberto se receio de balas e também onde podemos, quando queremos, virar costas, sem receio de ser apunhalado. É uma segunda família, que não substitui nem prejudica nunca a família de cada um.

Para ser tudo isso, é preciso forjar e manter uma inexpugnável confiança mútua - e isso não é, manifestamente, possível sem que cada um saiba, de ciência certa e de certeza absoluta, que tudo o que se passa e tudo o que se diz em Loja fica em Loja.

Isto nada tem a ver com assuntos condenáveis ou tenebrosas conspirações.

Se quiser entender, entenda. Se não quiser, mantenha-se com a sua mente fechada e aprisionada pelo preconceito. Pode ficar na sua ou pode dar atenção às posições dos outros, meditar e aprender, quiçá evoluir. A escolha é sua.

Diogo disse...

Caro Bandeira, praticamente qualquer link sobre maçonaria diz mais ou menos isto:

Segredos da Maçonaria Portuguesa
de António José Vilela
Uma investigação inédita com documentos reveladores

Em Segredos da Maçonaria Portuguesa conta-se as histórias dos pedidos de favores maçónicos a Paulo Portas e os convites do GOL e da GLLP/GLRP a Pedro Passos Coelho e António José Seguro. Mas também a revolta maçónica contra o gestor António Mexia, a iniciação de Isaltino Morais, a festa maçónica com o cantor-imitador Fernando Pereira, o episódio do mestre maçon que mudou de sexo e todos os pormenores da sessão em que Nuno Vasconcellos foi eleito venerável da Loja Mozart. Nesta investigação inédita, o jornalista António José Vilela, que há mais de dez anos investiga este tema, desvenda por completo os segredos das duas maiores correntes maçónicas portuguesas, o Grande Oriente Lusitano (GOL) e a Grande Loja Legal de Portugal/Grande Loja Regular de Portugal (GLLP/GLRP), o seu poder e a sua influência na sociedade e no mundo da política nacional. Através dos próprios documentos secretos internos maçónicos, reproduzidos nesta obra, ficamos a saber como são feitas as iniciações de novos membros, quem guarda os livros dos maiores segredos da Irmandade do Bairro Alto, quais são os sinais secretos usados entre maçons e como funcionam os principais órgãos da maçonaria. Conhecemos ainda o vasto património da maçonaria, quem são os maçons eleitos para o Parlamento do GOL, o que dizem as atas confidenciais das sessões, onde, entre outros assuntos, já se votou a criação de serviços de inteligence e as ligações do espião Jorge Silva Carvalho aos altos graus da maçonaria e ao atual ministro Miguel Relvas. Hoje, há maçons em todos os distritos de Portugal. E quando um novo membro é recrutado para o GOL, os irmãos exigem-lhe que identifique por escrito quais são os seus inimigos. Porventura, o seu nome já lá está…


Assim, é difícil acreditar na maçonaria imaculada...

Rui Bandeira disse...

@ Diogo:

Algo que é previsível em si é que, quando envolto em troca de argumentos com alguém, parte em busca de "inspiração" na Net. P problema é que o seu espírito crítico é muito reduzido e aproveita qualquer coisa que lhe pareça sustentar a sua tese, sem cuidar de analisar a credibilidade do que cita. E depois dá nisto: acaba por trazer à colação: o inefável Vilela.
O inefável Vilela é um jornalista que descobriu um filão que lhe arredonda os fins de mês: as suas "investigações" sobre a Maçonaria.
Para espíritos pouco dados à crítica, a técnica do inefável Vilela é infalível: (1) sensacionalismo tipo "Corrio da Manhã" (do género de fazer um grosso título ENORME RIXA ATERRORIZA ALDEIA e depois lê-se na notícia que tudo não passou de uma discussão e uns empurrões entre dois adolescentes); (2) Misturar factos verídicos, mas inócuos, com com rumores e e comentários próprios, dando a entender - nunca afirmando, não vá o diabo tecê-las, que os processos judiciais por difamação estão caros... - que os tais factos verídicos, embora inócos, escondem tenebrosas maquinações.

Ainda por cima, o texto que o Diogo cita é um evidente texto do tipo "teaser", um texto de propaganda do livro do inefável Vilela, procurando estimular a vontade de aquisição do mesmo... Estava à espera que ali se escrevesse o quê? Que a Maçonaria não tem nada de especial, que o livro contém um amontoado de teses e suspeições propositadamente escritas de maneira sensacionalista e de forma a impressionar os espíritos acríticos e que não vale a pena gastar dinheiro a comprar o livro?

Diogo: para este peditório já dei, no meu texto A COBERTO E A DESCOBERTO (http://a-partir-pedra.blogspot.pt/2013/05/a-coberto-e-descoberto.html), designadamente nesta passagem:

A imagem que ainda existe de que a Maçonaria encobre algo de conspirativo, de que só existe para que os maçons manobrem na sombra em proveito próprio, é alimentada por alguns que, eles sim, se aproveitam da imagem distorcida que voluntariamente dão da instituição para ganharem uns cobres com umas "reportagens" e uns livros de "desvendamento" das "ocultas ligações", das "tenebrosas maquinações" que, insinuam, certamente serão a causa de todos os males deste país. Os tais tenebrosos sujeitos que na sombra movem todos os cordelinhos para se alimentarem das dificuldades de todo um país e todo um povo, são perigosíssimos, organizadíssimos, escondidíssimos, poderosíssimos, mas não conseguiram resistir ao cuidadoso escrutínio e à formidável inteligência dos escribas que, quais super-heróis sem capa, colocam à disposição dos olhares de todos "importantes" informações - mas um bocadinho de cada vez, para dar para vários artigos, que a imprensa está em crise e assim sempre se vendem mais uns exemplares de várias edições... E, bem coordenadas as coisas, também sempre dá para lançar uma meia-duziazinha de livros que, bem publicitados pelo meio, sempre darão para conseguir mais uns patacos...

E, Diogo, estou perfeitamente à vontade, pois, como reparará se ler o referido texto, nele até defendo a tese de que os maçons que mantêm reserva pública sobre a sua condição de maçons devem reponderar essa sua opção, que alimenta preconceitos como os seus...