A PJ e a sua "defesa do território"
Segundo o "Diário de Notícias" de ontem, o Director Nacional da PJ considerou "inopinada" e que reflecte "uma preocupante falta de coordenação" a actuação da PSP, ao prender o militante de extrema-direita que dera uma entrevista à RTP exibindo uma espingarda e declarando que ele e os seus companheiros estavam prontos a "tomar as ruas", e declarou que essa detenção ocorreu sem conhecimento prévio da PJ, que teria em curso "investigações sobre a extrema direita". Fonte da DCCB da PJ teria ainda referido ao DN que a mencionada detenção prejudicou uma investigação que "pretendia entrar no "coração" do movimento, isto é, no seu financiamento".
Periodicamente, assistimos a reacções destas por parte de responsáveis e elementos da PJ, que cada vez mais se vai mostrando uma polícia extremamente "territorial", isto é, que entende que há zonas de actuação que são dela e só dela e que, quando uma outra polícia "invade" o que a PJ considera o seu "território de caça exclusivo" motiva sempre comentários deste género, sendo curioso como sempre as actuações de outras polícias prejudicam importantes investigações em curso da PJ...
Que a PJ se considera a si própria a nata, "la crème de la crème" das polícias, já se sabia e não vem daí mal ao mundo. Presunção e água benta, cada qual toma a que quer... Mas que a "defesa do território" da PJ use sempre o mesmo e já ruço de tanto uso argumento, já começa a cansar...
Quanto a este incidente e à costumeira reacção da PJ, só três notas:
1. Como é que a PSP poderia saber que iria prejudicar investigação da PJ se não tinha conhecimento de que essa investigação existia? Se houve "preocupante falta de coordenação", isso deveu-se a quê? À actuação da PSP ou à "caixinha" que a PJ faz das suas investigações, mesmo em relação às demais Forças de Segurança? Ou será que o entendimento da PJ é que a PSP e a GNR tenham sempre de pedir prévia autorização à PJ para fazer uma detenção ou efectuar uma investigação?
2.Será talvez do meu mau feitio, mas parece-me que quem prejudicou - e muito!- a investigação que pretendia entrar no "coração" do movimento, isto é, no seu financiamento, foi a fonte da DCCB que terá falado do assunto ao jornalista do DN: é que, até aí, não se sabia que essa investigação existia e a detenção do dirigente de extrema-direita pela PSP, até porque na sequência da entrevista dele a uma televisão, nada indiciava sobre essa investigação (pelo contrário, até podia ajudar as desviar as atenções dela...); se eu fosse má-língua até poderia dizer que a tal fonte da DCCB é que aproveitou para informar os militantes de extrema-direita dessa investigação, não fosse dar-se o caso de eles ainda não se terem apercebido dela...
3. Pode ser impressão minha, mas parece-me que, de cada vez que há uma reacção destas dos responsáveis da PJ, esta dá mais um passo para sair da tutela do Ministério da Justiça e para ingressar na do MAI: afinal, que melhor forma haverá para acabar com preocupantes faltas de coordenação do que ter todas as polícias na mesma casa e coordenadinhas pelo mesmo responsável político?
Quando será que esta gente deixa de dar tiros no próprio pé???
Rui Bandeira
Periodicamente, assistimos a reacções destas por parte de responsáveis e elementos da PJ, que cada vez mais se vai mostrando uma polícia extremamente "territorial", isto é, que entende que há zonas de actuação que são dela e só dela e que, quando uma outra polícia "invade" o que a PJ considera o seu "território de caça exclusivo" motiva sempre comentários deste género, sendo curioso como sempre as actuações de outras polícias prejudicam importantes investigações em curso da PJ...
Que a PJ se considera a si própria a nata, "la crème de la crème" das polícias, já se sabia e não vem daí mal ao mundo. Presunção e água benta, cada qual toma a que quer... Mas que a "defesa do território" da PJ use sempre o mesmo e já ruço de tanto uso argumento, já começa a cansar...
Quanto a este incidente e à costumeira reacção da PJ, só três notas:
1. Como é que a PSP poderia saber que iria prejudicar investigação da PJ se não tinha conhecimento de que essa investigação existia? Se houve "preocupante falta de coordenação", isso deveu-se a quê? À actuação da PSP ou à "caixinha" que a PJ faz das suas investigações, mesmo em relação às demais Forças de Segurança? Ou será que o entendimento da PJ é que a PSP e a GNR tenham sempre de pedir prévia autorização à PJ para fazer uma detenção ou efectuar uma investigação?
2.Será talvez do meu mau feitio, mas parece-me que quem prejudicou - e muito!- a investigação que pretendia entrar no "coração" do movimento, isto é, no seu financiamento, foi a fonte da DCCB que terá falado do assunto ao jornalista do DN: é que, até aí, não se sabia que essa investigação existia e a detenção do dirigente de extrema-direita pela PSP, até porque na sequência da entrevista dele a uma televisão, nada indiciava sobre essa investigação (pelo contrário, até podia ajudar as desviar as atenções dela...); se eu fosse má-língua até poderia dizer que a tal fonte da DCCB é que aproveitou para informar os militantes de extrema-direita dessa investigação, não fosse dar-se o caso de eles ainda não se terem apercebido dela...
3. Pode ser impressão minha, mas parece-me que, de cada vez que há uma reacção destas dos responsáveis da PJ, esta dá mais um passo para sair da tutela do Ministério da Justiça e para ingressar na do MAI: afinal, que melhor forma haverá para acabar com preocupantes faltas de coordenação do que ter todas as polícias na mesma casa e coordenadinhas pelo mesmo responsável político?
Quando será que esta gente deixa de dar tiros no próprio pé???
Rui Bandeira
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