05 março 2009

Oriente

Em comentário ao ligeirinho texto ESCÂNDALO! A MAÇONARIA VIOLA AS LEIS LABORAIS!, Diogo perguntou o que é o Grande Oriente e porquê Oriente.

Vou procurar esclarecer o melhor que posso e sei. Para tanto, há que inverter a ordem das respostas, isto é, esclarecer primeiro o que, em Maçonaria, é o "Oriente" e seguidamente avançar para a expressão "Grande Oriente".

Tenha-se presente que a Maçonaria, como instituição de natureza especulativa, debruçando-se sobre símbolos(e símbolo é algo que não é, mas que representa o que é), facilmente consolida o uso de expressões em associação livre, sendo corrente (diria até que inevitável) que surja o uso de palavras ou expressões com significado maçónico que é diverso do entendimento comum, embora partindo dele. Entendido isto, é fácil seguir um percurso que, partindo do significado comum de "Oriente", conduz ao seu significado maçónico.

PRIMEIRO PASSO: Oriente é o ponto cardeal onde surge o Sol todas as manhãs. Oriente é, pois, o local onde as trevas da noite são primeiro vencidas pela luz do Astro-Rei. É, assim, o ponto de onde nasce a Luz.

SEGUNDO PASSO: Por sua vez, a Luz natural ou física permite que os nossos olhos vejam as coisas do mundo físico. Então, similarmente, o que permite que a nossa mente, o nosso espírito vejam o que é imaterial, ou simbólico, ou produto do pensamento, é também Luz. Portanto, Luz sinónimo de Conhecimento.

TERCEIRO PASSO: O Oriente é o local onde nasce a Luz do Conhecimento. A Luz do Conhecimento obtém-se em Loja. O local onde reúne a Loja é, pois, o Oriente de onde provém a Luz do Conhecimento que cada obreiro busca, através do seu trabalho e do contributo dos seus Irmãos.

Por estes três passos se entra então na noção de como, partindo-se do significado comum de Oriente, ponto cardeal, se chega à noção maçónica de Oriente, lugar de obtenção de Conhecimento. Daqui resulta que, por exemplo, os maçons da Loja Mestre Affonso Domingues dizem que esta foi fundada ao Oriente de Cascais (local da sua fundação) e reúne presentemente ao Oriente de Lisboa, local onde os seus obreiros se reúnem e buscam aperfeiçoar-se e melhorar os seus conhecimentos, através do método maçónico de estudo de e especulação sobre símbolos.

Já quanto à expressão Grande Oriente, a mesma surge num processo semelhante.

A Maçonaria Moderna ou Especulativa surge nas Ilhas Britânicas, através da evolução de associações locais de profissionais da construção em pedra (Lojas), decorrente da admissão nelas de intelectuais não profissionais da construção, fortemente influenciados pelos então nascentes princípios do Iluminismo. Vão-se, assim, ao longo do século XVII e início do século XVIII transformando várias Lojas operativas em Lojas especulativas, cultivando o ideário Iluminista, fortemente influenciadas pelo Racionalismo e impregnadas da filosofia de Locke, particularmente sobre o conceito de Tolerância. Em 1717, quatro Lojas de Londres agruparam-se numa organização coordenadora das suas atividades, que denominaram Grande Loja de Londres. A partir daí, temos então que um grupo de maçons se organiza em Loja e um grupo de Lojas organiza-se numa Grande Loja.

Em 1725, inicia-se a expansão da Maçonaria para França, com a criação das primeiras Lojas. Em 1737, é criada a Grande Loge de France, que, no entanto, apenas agrupa uma pequena parte das Lojas existentes naquele País. No período de 1755-1766, os Veneráveis Mestres das Lojas de Paris reúnem-se numa "Grande Loja dos Mestres do Oriente de Paris, dito de França". Temos então uma tentativa de criação de uma Grande Loja, com a peculiaridade de associar os conceitos de "Grande Loja" e de "Oriente". Esta tentativa falha e cessa em 1766.

Em 1773, efetua-se uma nova tentativa de dotar a maçonaria francesa de um centro comum e de uma autoridade reconhecida por todas, ou quase, as Lojas então existentes. Realizam-se 17 reuniões de representantes de quase todas as Lojas então existentes, que culminam com a criação do Grand Orient de France. Porquê Grand Orient? Desde logo, porque esta era uma organização diversa da ainda existente, embora de reduzida dimensão, Grande Loge de France. Havia que escolher outra designação. Se tradicionalmente as Lojas se agrupavam numa Grande Loja, parecia natural que, não podendo ou querendo usar-se essa designação, se optasse por designar a organização que pretendia agrupar (quase) todas as Lojas do Oriente (local, país) de França por... Grande Oriente de França.

Muito rapidamente, o Grande Oriente de França, envolvido na Revolução Francesa, evolui para posições de intervenção social e política (ao contrário da Maçonaria de inspiração anglo-saxónica). Napoleão Bonaparte usa os seus exércitos como focos de difusão da maçonaria, sempre na conceção mais interventiva na sociedade. Por onde passam os seus exércitos, mais tarde ou mais cedo criam-se Grandes Orientes locais: Grande Oriente de Itália, de Espanha, de Portugal, etc.. Por sua vez, os Grandes Orientes posteriormente criados por estes também assumem a mesma designação. Temos assim o Grande Oriente do Brasil e os vários Grandes Orientes por toda a América Latina.

De um modo geral , podemos dizer que, onde a Maçonaria se implanta por influência do Grande Oriente de França ou dos Grandes Orientes criados na sequência da expansão bonapartista, a estrutura coordenadora nacional tende a assumir a designação de Grande Oriente. Onde a Maçonaria é introduzida através da influência mais direta da Maçonaria anglo-saxónica (todo o Império britânico, o Norte da Europa e a Europa central, a África não francófona e um pouco por todo o mundo), a estrutura coordenadora nacional local tende a assumir a designação de Grande Loja.

Em Portugal, após uma fase inicial em que reuniram algumas Lojas de inspiração britânica, sem coordenação (reinava então ainda a Santa Inquisição...), a Maçonaria acaba por se implantar sob a influência dos exércitos bonapartistas e dos militares portugueses que integraram os exércitos bonapartistas. Gomes Freire de Andrade foi Grão-Mestre do Grande Oriente português. Entretanto, o mundo maçónico dividira-se entre duas correntes, a Regular e a Liberal (ver, a este respeito, por exemplo, o texto Começo de resposta a outra pergunta). O Grande Oriente Lusitano(GOL) integra-se na tendência Liberal, na esteira do Grande Oriente de França. Muito recentemente, há escassos vinte anos (o que, em Maçonaria, é muito pouco), um grupo de maçons chamou a si o encargo de introduzir em Portugal a Maçonaria Regular, que consideram a vertente original da Maçonaria, e agruparam-se em várias Lojas que, por sua vez, vieram a constituir a então designada Grande Loja Regular de Portugal, hoje Grande Loja Legal de Portugal/GLRP (GLLP/GLRP), único Corpo Maçónico internacionalmente reconhecido como representando a Maçonaria Regular em Portugal. A Loja Mestre Affonso Domingues é loja fundadora desta Grande Loja, sendo a nº 5 do seu registo.

Rui Bandeira

15 comentários:

Diogo disse...

Caro Rui Bandeira, obrigado pela explicação. Tudo o que escreveu vem confirmar o que eu tenho vindo a ler sobre a maçonaria.


Diga-me, Rui, há alguma relação entre isto:

“... a Loja Mestre Affonso Domingues... local onde os seus obreiros se reúnem e buscam aperfeiçoar-se e melhorar os seus conhecimentos, através do método maçónico de estudo de e especulação sobre símbolos”.


E isto:

Israelite of America, August 3, 1866 – the Jewish publication Israelite of America, regarding the entire Freemasonry not only strictly B’nai B’rith, mentions: “The Freemasonry is a Jewish organization whose history, grades, symbols and conventional passwords are Jewish from the beginning up to the end”.

***********

E entre isto:

And Jean Bidegain in a speech held before the Great Orient of France, 1905, adds: “The Jewish people both remarkably by their instinct of domination and by their science to rule created the Freemasonry to enroll in it the people that not belonging to their nation bind themselves nevertheless to help them in their actions, to collaborate with them in order to establish the reign of Israel among people”.


E isto?

Eça de Queirós - Israelismo - em "Cartas de Inglaterra" [ensaios escritos entre 1877 e 1882]

Em Inglaterra - «Este extraordinário movimento antijudaico, esta inacreditável ressurreição das cóleras piedosas do século XVI é vigiada com tanto mais interesse em Inglaterra quanto aqui os judeus abundam, influindo na opinião pelos jornais que possuem (entre outros o Daily Telegraph, um dos mais importantes do reino), dominando o comércio pelas suas casas bancárias e, em certos momentos mesmo, governando o Estado pelo grande homem da sua raça, o seu profeta maior, o próprio Lord Beaconsfield [Benjamin Disraeli].»

E na Alemanha - «A alta finança e o pequeno comércio estão-lhe igualmente nas mãos: é o judeu que empresta aos estados e aos príncipes, é a ele que o pequeno proprietário hipoteca as terras. Nas profissões liberais absorve tudo: é ele o advogado com mais causas e o médico com mais clientela: se na mesma rua há dois tendeiros, um alemão e outro judeu, o filho da Germânia ao fim do ano está falido, o filho de Israel tem carruagem!»

«Mas o pior ainda na Alemanha é o hábil plano com que fortificam a sua prosperidade e garantem o luxo, tão hábil que tem um sabor de conspiração: na Alemanha, o judeu, lentamente, surdamente, tem-se apoderado das duas grandes forças sociais – a Bolsa e imprensa. Quase todas as grandes casas bancárias da Alemanha, quase todos os grandes jornais, estão na posse do semita. Assim, torna-se inatacável. De modo que não só expulsa o alemão das profissões liberais, o humilha com a sua opulência rutilante e o traz dependente pelo capital; mas, injúria suprema, pela voz dos seus jornais, ordena-lhe o que há-de fazer, o que há-de pensar, como se há-de governar e com que se há-de bater!»

***********

E entre isto:

«Napoleão Bonaparte usa os seus exércitos como focos de difusão da maçonaria, sempre na concepção mais interventiva na sociedade»


E isto:

Extracts from the Encyclopaedia Judaica,

NAPOLEON BONAPARTE (1769-1821), emperor of the French. He proclaimed the emancipation of the Jews in the Italian states which he had established, and the majority of the Jews in Italy hailed Napoleon as a liberator and political saviour, calling him "Helek Tov" (lit. "Good part of Bonaparte)...

The principal influence exercised by Napoleon as emperor on Jewish history was in the years 1806 to 1808 when he convened the Assembly of Jewish Notables and the (French) Sanhedrin, and established the Consistories. The programmatic documents formulated during this period and the institutions which then came into being embody the first practical expression of the demands made by a centralised modern state on the Jews who had become its citizens-"the separation of the political from the religious elements in Judaism." The news of the activities of the Jewish assemblies stirred both Jewish and gentile sectors of society in Central and Western Europe. The Austrian authorities were apprehensive that the Jews would regard Napoleon in the light of a messiah. In England, theological hopes and political projects for the "Return of Israel" intensified. On March 17, 1808, however, Napoleon issued an order restricting the economic activity and the freedom of movement of the Jews in the eastern provinces of the empire for a period of ten years, an order which became known among Jews as the "Infamous Decree."

Napoleon's victorious armies brought civic emancipation to the Jews in all the countries of Central and Western Europe where governments dependent on him were formed. The central Jewish Consistory established in the Kingdom of Westphalia was the first Jewish institution in Europe to introduce reforms into the Jewish religion. The Jews of Eastern Europe were only ephemerally influenced by Napoleon's conquests. Discussions were held among Hasidim as to whether support should be given to Napoleon or the Russian Czar Alexander I in order to hasten the coming of the messiah. [Baruch Mevorah]

http://www.reflectingonjudaism.com/content/napoleon-czar-alexander-1st


Abraço

Acrescenta Pacifico Espirito disse...

Ha muito tempo que nao lia um tão fiel seguidor dos Protocolos dos Sabios de Sião.

Fiel seguidor do complot judaico maçónico, aliás bem demonstrado nos Protocolos.

Se fosse um pouco mais aberto e menos forreta ( se calhar é judeu) ja teria enriquecido a sua biblioteca com literatura mais séria e credivel.

Tudo o que escreveu no seu comentário até poderia fazer sentido, não fosse o facto de que apenas umas dezenas de anos depois da constituição da Maçonaria inglesa ter sido permitido a outros que não cristãos a ela aderirem.

É de facto de pouco alcance intelectual resumir-se a uma obra fantasiosa e dela retirar filosofia de vida.

Felizmente que existe porque assim será sempre possivel enfatizar o ridiculo da sua posição.

José Carlos Soares disse...

Tenho para mim o seguinte:
Rui, excelente texto mas demasiado longo. Cá para mim, por deformação profissional, diria apenas: é lá, no oriente, que tudo começa, que o sol nasce e a vida floresce. É lá, no oriente, que emana a Luz e o conhecimento, de lá faz-se luz para que possamos conhecer as trevas.
Por falar em trevas, parece-me que temos por aqui um "negacionista" a comentar. tanto medo da maçonaria e tanta citação anti-semita faz-me crer que ou foi rejeitado na "Arte Real" ou teve algum desgosto amoroso com alguma judia ou, quiçá, algum judeu porque hoje em dia todos somos filhos de Deus...

Diogo disse...

O assunto merece mais investigação. Fontes mais fiáveis, sólidas e respeitáveis.

Contudo, o testemunho de Eça de Queirós sobre o enorme poder judeu em Inglaterra e na Alemanha, e os extractos da Encyclopaedia Judaica a relacionarem Napoleão com os judeus, é um bom começo.

"O facto de que apenas umas dezenas de anos depois da constituição da Maçonaria inglesa ter sido permitido a outros que não cristãos a ela aderirem", pode ser um desfio.

Acrescenta Pacifico Espirito disse...

Teoria da conspiração no seu melhor. Passo a explicar:

É constituida a Maçonaria Especulativa tal como a conhecemos hoje, por homens de religião cristã. É encarregue um pastor presbiteriano - Anderson - de escrever as constituições maçónicas.

E tudo isto aconteceu orquestrado pelos judeus, pois quem havia de ser.

Teoria da conspiração no seu melhor.

Quanto a Eça de Queiroz, verificamos que o que escreve é um pouco mais completo e como tal aconselhamos que se leiam as cartas de Inglaterra ( que podem ser consultadas no ebook no link seguinte)
http://www.gutenberg.org/files/25641/25641-h/25641-h.htm

Quanto ao artigo da Enciclopedia Judaica ele pode ser lido na sua versão original no seguinte link:
http://www.jewishencyclopedia.com/view.jsp?artid=67&letter=N

Ora aqui o despudor é maior, pois indica-se uma fonte mas escreve-se o que diz outra ( mesmo que se refencie as duas).

Os leitores atentos poderão verificar que o artigo da Enciclopedia Judaica é substancialmente diferente do que aquilo que é pretendido fazer crer.

Mas evidentemente que algumas frases retiradas do contexto causam inflamação e permitem interpretações diferentes das que o autor lhe deu.
Este é um sistema utilizado por quem usa frases feitas e chavões em substituição do conhecimento.

Por outro lado parece que o facto de judeus deterem conhecimento e dinheiro causa engulhos e maus figados(estes eventualmente ja deteriorados por substancia presente no J e no B).

Evidentemente que um livro de história não foi lido, e a analise das civilizações nao foi feita.
Os descobrimentos portugueses foram possiveis porque portugueses judeus que eram matemáticos, astrónomos, cartógrafos, navegadores o facilitaram.
Portugal atinge o apogeu do Império porque portugueses judeus estabeleceram os primeiros bancos.

E depois a fúria cega leva à expulsão e os portugueses judeus fogem para a Flandres, Paises Baixos e Inglaterra e de repente estes países que ninguém conhecia no comércio internacional ficaram donos e senhores do mesmo.

É da história que os judeus prosperando faziam prosperar o país onde habitavam.

Quero concluir que sigo este blog há muito tempo, e tenho a mania de verificar origens e factos, e posso afirmar que o que os autores escrevem é sempre fundamentado, e que quando detectam alguma inconsistencia eles próprios se dignam a reconhecer o seu erro.

Este é um lugar para gente intelectualmente honesta e por isso há quem aqui deva "das às de vilas diogo" e ir pregar para outra freguesia.

Rui Bandeira disse...

@ Diogo:

Não, não há nenhuma relação.

@ josecarlossoares:

Sabes que o poder de síntese nunca foi o meu forte...

@ Diogo e Acrscenta Pacifico espirito:

Interesante troca de argumentos. Divirtam-se com a polemicazinha em que entraram... Só deixo aqui uma advertência, que é válida para todos os que neste espaço quiserem intervir: Cada um que defenda as suas opiniões e manifeste desacordo com as opiniões em relação às quais entenda manifestar desacordo, mas sempre civilizadamente e com elevação.
Este espaço é um espaço de liberdade, em que todas as opiniões são toleradas e todas as opiniões são suscetíveis de serem rebatidas e debatidas, com uma única condição: NÃO É ADMITIDO BAIXAR O NÍVEL!
Se porventura isso suceder, o comentário em que tal ocorra será inapelavelmente apagado e referenciado seguidamente que tal ocorreu exclusivamente devido à inclusão nele de termos malcriados, baixos ou soezes.
Não estou com isto a dizer que o Diogo e ou o Acrescenta Pacifico Espirito tenham resvalado para esse campo ou tencionem fazê-lo. Refiro-o apenas a título preventivo, porque vejo que o confronto de ideias toca pontos sensíveis de pensamentos opostos e, às vezes, o entusiasmo pode levar demasiado longe...
E refiro-o para que fique bem claro que, se alguém pisar o risco, a atuação será inflexível E NÃO TEM NADA A VER COM AS IDEIAS EXPOSTAS - apenas com a forma menos correta que porventura seja utilizada.
Pareceu-me justo deixar este aviso à navegação e creio que todos entenderão como justa esta posição.

@ Diogo:

Discordo totalmente das ideias que expôs nos comentários anteriores.
Faço questão de que se sinta livre de as expor neste espaço.
Cada um fará o seu juízo sobre elas.

@ Acrescenta Pacifico espirito:

Não professo a religião judaica. Um dos meus melhores amigos é judeu. Nunca eu me incomodei com isso e nunca ele se incomodou com a minha crença religiosa.
Esta é a postura que eu entendo que deve existir em relação à crença de cada um. Esta á a postura dos maçons.
As opiniões do Diogo são bem mais marcadamente críticas em relação aos seguidores da religião judaica (eu penso que injustamente, ele seguramente pensando que com toda a justificação).
Mas, na minha opinião, não há que nos sentirmos ofendidos por o Diogo expressar as suas ideias. Ele tem direito a tê-las e a expressá-las, por muito que delas discordemos. Quem dele discorda, deve apenas, serenamente, contrapor as suas.
Foi isso que o Acrescenta Pacifico Espirito fez e estou-lhe grato por isso. Bem-vindo também a este espaço.

@ Todos:

Este blogue dedica-se essencialmente a divulgar e debater temas referentes à Maçonaria.
Quem o procura, consulta e lê, é nesse tema que está interssado.
Seguramente que questões de se os judeus são o pior veneno à face da terra ou não, questões deantissemitismo ou projudaismo assam completamente ao lado dos intersses de que procura, consulta e lê este blogie. Creio que 99,9 %, ao deparar com os comentários acima do Diogo e as respostas a eles se limitaram a uma distraída leitura em diagonal de algo que não lhesinterssa absolutamente nada, que em nada alterará as suas ideias e de que se terão esquecido para aí 30 segundos depois de terem terminado a consulta do blogue.
Acho, pois, uma tremenda perda de tempo e energia pretender-se levantar e discutir nos comentários a este blogue esta discussão.
Mas, mais uma vez, desde que quem o fizer o faça com elevação e educação, quem sou eu para impor a minha opinião? O tempo é vosso, a energia é vossa...

José Carlos Soares disse...

Meu caro Rui Bandeira, não fazia a minima ideia que tinhas amigos judeus. Agora começo a perceber certas coisas...só espero que nenhum deles seja maçon caso contrário confirmam-se certas suspeitas...

Lindemann disse...

Nossa! Vejo que este blogue está virando um campo de batalhas nas idéias. Concordo plenamente com o Rui, quem visita o A Partir Pedra é para buscar informações e se identifica com a Maçonaria.
Abraços!
Josiel Lindemann

Diogo disse...

José carlos soares: “Por falar em trevas, parece-me que temos por aqui um "negacionista" a comentar.”

Diogo: O que é um negacionista? Negacionista de quê? Em termos de História faz sentido falar em negacionismos ou afirmacionismos? Ou fará mais sentido a análise objectiva dos factos, provas e testemunhos?


Acrescenta Pacifico Espírito: “Quanto a Eça de Queiroz, verificamos que o que [Eça] escreve é um pouco mais completo e como tal aconselhamos que se leiam as cartas de Inglaterra… Por outro lado parece que o facto de judeus deterem conhecimento e dinheiro causa engulhos e maus fígados”

Diogo: No ensaio Israelismo, Eça começa por demonstrar a sua indignação pela perseguição que se prepara aos judeus na Alemanha. Eça explica que “O motivo do furor anti-semítico é simplesmente a crescente prosperidade da colónia judaica, colónia relativamente pequena, apenas composta de quatrocentos mil judeus; mas que pela sua actividade, a sua pertinácia, a sua disciplina, está fazendo uma concorrência triunfante à burguesia alemã.”

Mas, a seguir, Eça, descreve a causa da irritação alemã falando do extraordinário poder alcançado por uma minoria judaica inferior a 1% da população. E isto, tanto na Alemanha como em Inglaterra:

Em Inglaterra - «Este extraordinário movimento antijudaico, esta inacreditável ressurreição das cóleras piedosas do século XVI é vigiada com tanto mais interesse em Inglaterra quanto aqui os judeus abundam, influindo na opinião pelos jornais que possuem (entre outros o Daily Telegraph, um dos mais importantes do reino), dominando o comércio pelas suas casas bancárias e, em certos momentos mesmo, governando o Estado pelo grande homem da sua raça, o seu profeta maior, o próprio Lord Beaconsfield [Benjamin Disraeli].»

E na Alemanha - «Mas o pior ainda na Alemanha é o hábil plano com que fortificam a sua prosperidade e garantem o luxo, tão hábil que tem um sabor de conspiração: na Alemanha, o judeu, lentamente, surdamente, tem-se apoderado das duas grandes forças sociais – a Bolsa e imprensa. Quase todas as grandes casas bancárias da Alemanha, quase todos os grandes jornais, estão na posse do semita. Assim, torna-se inatacável. De modo que não só expulsa o alemão das profissões liberais, o humilha com a sua opulência rutilante e o traz dependente pelo capital; mas, injúria suprema, pela voz dos seus jornais, ordena-lhe o que há-de fazer, o que há-de pensar, como se há-de governar e com que se há-de bater!»


Acrescenta Pacifico Espírito: Quanto ao artigo da Enciclopedia Judaica ele pode ser lido na sua versão original no seguinte link: (http://www.jewishencyclopedia.com/view.jsp?artid=67&letter=N)
Ora aqui o despudor é maior, pois indica-se uma fonte mas escreve-se o que diz outra ( mesmo que se refencie as duas). Os leitores atentos poderão verificar que o artigo da Enciclopedia Judaica é substancialmente diferente do que aquilo que é pretendido fazer crer.


Diogo: - Era bom que lessem o artigo da Enciclopedia Judaica para verificar se o sentido foi por mim alterado:

“… He [Napoleon] declared it dangerous to allow so large a preponderance of the Jews, who constituted a state within a state, in a part of the French empire bordering upon the territories of its enemies. A week later, however, he had reached a milder view, and in the same assembly declared against any persecution of them…”

“… It would appear that one of Napoleon's main objects in his Jewish policy was to promote assimilation by intermarriage (see "Arch. Isr." 1841, p. 40).”

“… But Napoleon's indirect influence on the fate of the Jews was even more powerful than any of the decrees recorded in his name. By breaking up the feudal trammels of mid-Europe and introducing the equality of the French Revolution he effected more for Jewish emancipation than had been accomplished during the three preceding centuries…]

“… Heine and Börne both record their sense of obligation to the liberality of Napoleon's principles of action, and the German Jews in particular have always regarded Napoleon as one of the chief forerunners of emancipation in Germany.”


Bom, de qualquer forma, por tudo quanto tenho visto e lido, notei curiosas afinidades entre os percursos judeu e maçónico nos últimos 300 anos. E mesmo muitas conexões entre estes dois grupos.

Diogo Sousa

Jose Ruah disse...

@ Diogo

Tem absoluta razão.

Há evidentes afinidades com o Judaismo na Maçonaria.
Mas também as há com o Cristianismo e com o Islamismo.

Como penso que deve saber aquilo que é chamado de Biblia é que no conceito cristão é composto pelos Antigo e Novo Testamentos.

No conceito judeu é apenas o Antigo, sendo que no conceito islamico o Alcorao faz inumeras referencias à Biblia.

Ora a Maçonaria também tem como base Biblia e toma o Volume da Lei Sagrada como uma das suas luzes.

Assim sendo e sendo o Antigo testamento igual para todos e logo consequentemente os principios nele expressos, podemos sem qualquer duvida afirmar existem afinidades directas com o judaismo e com o cristianismo e com o islamismo.

Com outras religioes, as afinidades sao em função dos principios que elas professam.

Definida e provada a afinidade com os crentes, sejam eles da religiao que forem, pode entao descansar pois tem razao.

Deixe-me no entanto desfazer-lhe uma confusão.
Neste Blog discute-se maçonaria.
Não se discute religião ou politica e os respectivos méritos.

Não se discutem posicionamentos revisionistas, anti judaicos,ou anti islamicos ou anti Cristaos ou qualquer outra religião.

Pretende-se que seja um espaço de apresentação de ideias, que são as dos autores. Pode concordar ou discordar mas deve centrar-se na questão e não partir para elucubraçoes sobre a sua posiçao anti ou a fovor desta ou daquela religião ou posiçao politica.

Este é um espaço aberto, ao contrario da maioria dos seus blogs que são fechados, e consequentemente merece ser respeitado como tal.

Há muito que esperava que semelhante situação acontecesse. Lamento que e sendo eu quem sou, e como leitor cuidado que penso que é bastou-lhe pesquisar no Google para obter essa informação, não tenha tido a coragem de entrar no tema directamente.

Se veio buscar confronto, digo-lhe que nao o terá aqui. Se me quiser confrontar procure-me.

Assim e por respeito ao espaço e aos seus leitores abstenha-se de seguir o caminho que tem seguido com os seus comentários insidiosos.

Termino com a seguinte informação para quem nao me conhece:

Sou cidadao portugues, de religião judaica e sou maçon. Tenho orgulho em ser quem sou e nao me escondo detras de coisa alguma.
Sou dirigente da comunidade judaica há muitos anos, sou maçon há 18 e portugues ha 44.

Unknown disse...

É curioso que tenha sido neste espaço que se deu esta discussão, o que desmonstra a superior elevação espiritual da Maçonaria.

Diogo disse...

Caro José Ruah, esta não deve ser a melhor forma de se pôr um ponto final numa troca de ideias.


Ruah: «Neste Blog discute-se maçonaria. Não se discute religião ou política e os respectivos méritos.»

Diogo: Mas, então, a maçonaria nada tem a ver com religião? Ou com política? Quando me diz que «a Maçonaria também tem como base a Bíblia e toma o Volume da Lei Sagrada como uma das suas luzes», o que é que isto significa?


Ruah: «Pretende-se que [este blogue] seja um espaço de apresentação de ideias, que são as dos autores. Pode concordar ou discordar mas deve centrar-se na questão e não partir para elucubrações sobre a sua posição anti ou a favor desta ou daquela religião ou posição politica.»

Diogo: O título deste post era «Oriente» E continuava «Em comentário ao ligeirinho texto ESCÂNDALO! A MAÇONARIA VIOLA AS LEIS LABORAIS!, Diogo perguntou o que é o Grande Oriente e porquê Oriente. Vou procurar esclarecer o melhor que posso e sei. Para tanto, há que inverter a ordem das respostas, isto é, esclarecer primeiro o que, em Maçonaria, é o "Oriente" e seguidamente avançar para a expressão "Grande Oriente".»

Donde, não se fugiu ao tema. Perguntei sobre maçonaria, sobre o Oriente, e, como é normal em qualquer debate, o assunto original espraia-se. Contudo, a questão central foi sempre a maçonaria. E sendo a maçonaria uma questão religiosa (como você teve o cuidado de afirmar), nada obsta que um comentador teça elucubrações sobre a sua posição anti ou a favor desta ou daquela religião.


Ruah: «Este é um espaço aberto, ao contrário da maioria dos seus blogs que são fechados, e consequentemente merece ser respeitado como tal.»

Diogo: Só tenho um blogue aberto, todos os outros estão fechados. São blogues onde guardo temas, anedotas, links interessantes, artigos interessantes, etc. que julgo poder vir a utilizar mais tarde no meu blogue aberto. Se tiver alguma dúvida sobre isso, posso disponibilizá-los já hoje. Não tenho segredos.


Ruah: «Há muito que esperava que semelhante situação acontecesse. Lamento que e sendo eu quem sou, e como leitor cuidado que penso que é bastou-lhe pesquisar no Google para obter essa informação, não tenha tido a coragem de entrar no tema directamente.»

Diogo: Pode não acreditar, mas só agora sei quem [você] é (depois do seu último comentário, fui ao Google). Meu caro, não me falta coragem para entrar em tema nenhum. Não tenho tabus de espécie nenhuma.


Ruah: «Se veio buscar confronto, digo-lhe que não o terá aqui. Se me quiser confrontar procure-me.»

Diogo: Porquê a agressividade? Não é possível ter uma troca de ideias pública? Argumento versus argumento? Facto contra facto?


Ruah: «Assim e por respeito ao espaço e aos seus leitores abstenha-se de seguir o caminho que tem seguido com os seus comentários insidiosos.»

Diogo: Insidiosos? Limitei-me a citar sites judaicos e escritores portugueses reconhecidos.

Eça de Queirós: «A alta finança e o pequeno comércio estão-lhe igualmente nas mãos: é o judeu que empresta aos estados e aos príncipes, é a ele que o pequeno proprietário hipoteca as terras. Nas profissões liberais absorve tudo: é ele o advogado com mais causas e o médico com mais clientela: se na mesma rua há dois tendeiros, um alemão e outro judeu, o filho da Germânia ao fim do ano está falido, o filho de Israel tem carruagem!»

«Mas o pior ainda na Alemanha é o hábil plano com que fortificam a sua prosperidade e garantem o luxo, tão hábil que tem um sabor de conspiração: na Alemanha, o judeu, lentamente, surdamente, tem-se apoderado das duas grandes forças sociais – a Bolsa e imprensa. Quase todas as grandes casas bancárias da Alemanha, quase todos os grandes jornais, estão na posse do semita. Assim, torna-se inatacável. De modo que não só expulsa o alemão das profissões liberais, o humilha com a sua opulência rutilante e o traz dependente pelo capital; mas, injúria suprema, pela voz dos seus jornais, ordena-lhe o que há-de fazer, o que há-de pensar, como se há-de governar e com que se há-de bater!»

José Carlos Soares disse...

Neste jeito bruto direi mesmo "boçal" que me caracteriza afirmo o seguinte:
"Negacionista" porque se enquadra no leque dos que defendem teorias, indefensáveis, de que o holocausto não existiu e apenas ocorreram "algumas baixas casuais". Deveremos dar tanta credibilidade a testemunhos de um lado, os que tiveram a sorte de não fazer parte das baixas, e do outro os que acenderam o forno?
Por outro lado, e já o disse a amigos judeus como é o caso do Ruah, que concordo que a comunidade judaica por vezes tem tendência para se "auto-vitimizar", mas se calhar com as "baixas causais" que sofreram teremos que tentar entender o que lhes irá na alma.
Por outro lado fico com a ideia de que anda a tentar "nabos da púcara" sobre a Maçonaria e por arrasto sobre judeus que possam "acumular" e aí das duas uma:
ou faz parte de algum grupo extremista ou é do SIS. Se for de um grupo extermista por aqui não se safa porque não consegue ser mais nacionalista do que eu, se por outro lado for do SIS também não se safa porque não temos nada a esconder nem andamos a conspirar contra a Nação. Resta a possibilidade, remota, de ser jornalista e pretender arranjar trabalho numa revista com nome de dia de semana. Por aqui também não se safa porque o outro está quase a ficar desempregado, só se quiser ir para o lugar dele, mas aí tinha que ter sido expulso da maçonaria por não ser um Homem Livre e de Bons Costumes, o que não acredito ser o caso.
Agora vou dar milho aos pombos que é como quem diz, vou ler o Mein Kampf para ter um soninho descansado.
Fui

Lindemann disse...

Vejo que estes ataques e comparações, não estão levando a engradecimento nenhum. Noto muita diferença do nível de conversa no texto "Aikido e Maçonaria", onde muito nos somou a relação entre as duas filosofias. Espero que achem o verdadeiro sentido para essa discussão, a identificação positiva com a maçonaria.

Paulo M. disse...

Ruah: «Neste Blog discute-se maçonaria. Não se discute religião ou política e os respectivos méritos.»

Diogo: Mas, então, a maçonaria nada tem a ver com religião? Ou com política? Quando me diz que «a Maçonaria também tem como base a Bíblia e toma o Volume da Lei Sagrada como uma das suas luzes», o que é que isto significa?


A Maçonaria abstém-se de discutir religião precisamente para evitar discussões - ia chamar-lhe estéreis; chamo-lhes antes tóxicas - como esta. O facto de alguém gostar de futebol não implica que se identifique com um clube, e muito menos com uma claque de hooligans. Apreciar-se uma banda de música não quer dizer que se queira confraternizar com melómanos de idêntico gosto, ou de trocar ideias sobre as letras desta ou daquela canção, e muito menos que se (per)siga o grupo pelo mundo e se arranque os cabelos, com gritos histéricos, coladinho ao palco.

Do mesmo modo, em Maçonaria aprecia-se e trabalha-se os princípios morais constantes no Volume da Lei Sagrada, (seja este qual for) mas como quem ouve música e aprecia futebol no sossego do seu íntimo, e não em estruturas organizadas de apoio às equipas ou fervor lírico perante as bandas.

Não tenho nada contra os clubes, sejam de fãs ou de futebol, como nada tenho conta as religiões e os partidos. A Maçonaria é que é um espaço de concórdia e mútua tolerância perante a diferença, e o simples "escarafunchar" de certas questões pode - como se viu - causar desconforto que não é compatível com os princípios que se pretende fazer prevalecer.

E, mantendo as analogias, se o erro do Diogo foi tão criticado foi por ter sido tão extemporâneo e incomodativo como uma buzina numa noite de ópera... e por isso não é de estranhar que tenha levado com um indignado "SHhhhh!!!!" E, se tivesse acompanhado o blogue com mais atenção e há mais tempo, não teria caído no erro...

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