09 dezembro 2009

O milésimo (e um) é da Fraternidade (Atlântica)


O nosso sempre muito apreciado JPSetúbal dispôs-se, magnanimamente, a efetuar provisória torcedela nas imemoriais regras da Aritmética (uma das ciências que, por gosto, tradição e inerência os maçons cultivam), de forma a que a 999 anunciasse que se seguia 1001, deixando "reservado" o (simbólico) milésimo texto para o meu humilde teclado.

Assim simbolicamente (outro algo em que os maçons trabalham) se suspendeu o milésimo texto até à minha anunciada chegada de Paris, não no bico de lendária cegonha (que sou demasiado grandinho e... "usado" para tal meio de transporte), mas em prosaica viagem de avião.

Agradeço penhoradamente a atenção e a intenção, mas julgo asado repor aqui a normalidade aritmética, por duas igualmente importantes razões, que de imediato exponho.

A primeira é que o número 1000 não deve, a meu ver, ser apenas encarado como um mero número redondo; deve também ser visto como a pedra (laboriosa, persistente e interessadamente partida) de fecho do ciclo constituído pelo primeiro, espero que de muitos, milhar de textos. E, nesse sentido, quem precisamente foi adequado para, mui justamente, colocar essa pedra de fecho foi o mesmo que teve a iniciativa de, acolhendo ideia consensualizada a três, avançar com a criação deste blogue e nele publicar o seu primeiro texto, no dia 4 de junho de 2006. Faça o leitor o favor de seguir o atalho e verificar com os seus próprios olhos quem foi: é isso mesmo, foi o nosso estimado JPSetúbal! Assentemos, pois e então, que o magnanimamente intitulado Texto 1001 é, afinal, com toda a Justiça e o devido rigor aritmético, o milésimo texto, a tal pedra de fecho da abóbada do primeiro milhar de textos, adequadamente colocada por aquele que partiu e pôs no seu devido sítio a primeira pedra.

A outra, e não menos importante, razão é que este texto que agora lê é dedicado à nossa muito estimada Loja-gémea, a Respeitável Loja Fraternidade Atlântica, n.° 1267 da Grande Loge Nationale Française. Ora, a esta nossa apreciada Loja-gémea não se dedica um texto de fim de ciclo. Tem ela todo o direito e todo o nosso carinho de lhe ser dedicado um texto de INÍCIO de ciclo, de início de novo milheiro, um texto virado para o futuro e não apenas encerrando um, ainda que agradável, passado.

Portanto, este é o texto que inicia o novo milhar, o primeiro dos que estão para vir, não o último dos que já foram escritos. Este é - reivindico-o! - o milésimo primeiro texto deste blogue!

Fui então visitar a Respeitável Loja Fraternidade Atlântica ao Oriente de Neuilly-Bineau, próximo de Paris. Trata-se de uma Loja de língua portuguesa em terras de França, mas em que o português e o francês alternam com a naturalidade dos bilingues. E quem ali não é bilingue aspira a sê-lo. Fiquei particularmente impressionado com o Irmão Guy que, nos seus vetustos, mas rijos, 85 anos (isso mesmo: oitenta e cinco!) resolveu que era tempo e de sua vontade aprender a falar português e, além das lições que toma... juntou-se à Fraternidade Atlântica! Afirmo já aqui pública e solenemente: quando for grande, gostava de ser como o Irmão Guy (e como o nosso Alexis, igualmente jovem com os seus similares 85 anos...).

Aprendi muito com a Loja. Algo faz como nós, algo faz diferente de nós. Alguma dessa diferença merece ser analisada por nós, para passarmos a fazer como eles.

E é esse o propósito e interesse das visitas a outras Lojas: aprender com as semelhanças e diferenças; colher o que fora do nosso grupo se faz de bom, confirmar o que dentro do nosso grupo se faz bem.

A Respeitável Loja Fraternidade Atlântica é, sobretudo, uma Loja alegre, coesa e organizada. Foi um gosto vê-la trabalhar, com o desenrolar dos trabalhos em suave harmonia e discreta eficácia. Foi uma lição ver a sua organização e rotina. Foi um enorme conforto ver e sentir como ali a harmonia impera, a cooperação tem lugar, a busca da qualidade e da melhoria individual e coletiva é uma constante.

Os obreiros da Loja Mestre Affonso Domingues têm razão para se sentirem honrados e muito satisfeitos por a sua Loja estar geminada com a Respeitável Loja Fraternidade Atlântica. E os laços entre as duas Lojas vão-se estreitando. Sou portador do convite para que a Loja Mestre Affonso Domingues esteja presente, no próximo dia 13 de maio de 2010, na comemoração dos 15 anos da Fraternidade Atlântica. Recebi deles o propósito de estarem representados, em junho seguinte, na comemoração do vigésimo aniversário da Loja Mestre Affonso Domingues.

O melhor que posso dizer da minha visita à Respeitável Loja Fraternidade Atlântica é, no fundo, algo muito simples, mas sentido: senti-me lá como na Mestre Affonso Domingues! Nós, os da Mestre Affonso Domingues e da Fraternidade Atlântica sabemos tudo o que de bom isso significa!

Um grande bem-hajam pela exemplar hospitalidade, meus Irmãos, um triplo, fraterno e sentido abraço de satisfação e harmonia vos dei e de vós recebi. Até à próxima e até sempre. Aí e aqui! Para todos, mais avião, menos hotel, é igual!

O nosso passado comum foi bom. O nosso futuro em conjunto será certamente melhor e enormemente gratificante para todos nós!

Rui Bandeira

06 dezembro 2009

Texto 1001

O Zé Ruah fez questão de alertar para o número de ordem do texto em que refere o livro sobre a "influência dos maçons na guerra civil americana".

E esse texto tem o número de ordem 999 !

Daí este ser o 1001 !!!

Óh meu querido leitor, até podia ter razão. Não lhe levo nada a mal essa de me chamar burro por, aparentemente, não saber contar até 1000.

As minhas qualidades natas levam-no, naturalmente, a pensar assim, mas desta vez não tem razão.

Sei contar até 1000 sim senhor...

Enfim, não saberei muito mais... mas até 1000 ainda lá vou.

O que acontece é que o texto 1000 tem de ser, de direito mais que pleno, do Rui.

Portanto, façam o que quiserem com a Matemática, com a Adição e as suas propriedades (na verdade não sei se isso ainda existe !), mas tem de ser.

Neste Blog vai ser 999+1= 1001 .

O 1000 vai ter que esperar o regresso do Rui, que foi até Paris (aquele "Paris da França", sabem qual é ?) de visita aos nossos Irmãos da R:. Loja:. Fraternidade Atlântica, e quando vier fará então a edição do post 1000.

Ele merece-o mais do qualquer outro de nós, portanto ficam a saber que desta vez o texto 1001 irá ficar antes do 1000.
O respeitinho é muito bonito e o "chefe" é que manda...

É assim ! A nossa vontade pode bem surpreender a Matemática. É só querermos !

E para não se armarem em espertos (sim, porque vocês são muito capazes disso), eu considero que esta regra (passageira) que aqui imponho é, enquanto durar, um axioma. Escusam de vir com pedidos de demonstração porque não se safam. Era o que faltava.

Pronto, explicada que está a sequência numérica dos textos nesta fase do "A Partir Pedra" aqui vos deixo mais um entretem para o fim de semana, que desta vez até é prolongado considerando a hipótese de uma "pontezinha" na 2ªfeira.

E a "laracha" desta vez tem mesmo a ver com o respeitinho... que é muito bonito, e Domingo só há um por semana !

Ora vejam com atenção o vídeo e digam lá se é, ou não, como eu digo.



E posto o respeitinho na ordem aqui vos deixo o meu voto habitual:

- Bom fim de semana, mesmo com a chuva toda que aí vem. Aproveitem, fiquem no quentinho do borralho, atenção às correntes de ar... Não se esqueçam que a gripe anda aí. Cuidado com ela.

Isto parece conversa da minha Avó... Abraço.

JPSetúbal

04 dezembro 2009

Qual o Papel dos Maçons na Guerra Civil Americana ?

Sabe o Leitor ?

Eu tambem não. Mas Michael Halleran sabe.

E como sabe, aliás essa é uma das suas especializaçoes, decidiu publicar um livro a sair em março de 2010.

Como Michael é nosso amigo fez o favor de nos informar desse facto e mandou-nos o site onde iniciou a divulgação do Livro.

Mas o autor é mesmo muito nosso amigo, e decidiu obsequiar este blog ( através de mim) com a possibilidade de publicarmos em fevereiro uma peça sobre o livro pelo que vai mandar um exemplar.

Quem estiver interessado pode desde ja fazer a encomenda no site do livro e que é:

http://michaelhalleran.com



José Ruah

PS: esta mensagem é a 999 publicada neste blog ( se ninguem publicar nada entretanto)

02 dezembro 2009

Fanfarra para o homem comum

Aaron Copland, compositor

Esta é uma das peças musicais minhas preferidas. Não é demasiado longa - menos de três minutos. Transmite uma sensação de solenidade. É executada sem a intervenção do naipe "nobre" da orquestra - as cordas -, que cede a primazia aos usualmente secundários metais e à percussão. É uma peça musical que se destina a ser executada, não pelas "estrelas", mas pelos "carregadores do piano" (instrumento que, afinal, nem sequer faz parte da orquestra sinfónica...).

Mas o que me atrai primordialmente nesta peça musical é o seu nome: FANFARRA PARA O HOMEM COMUM. Não para o especialista, não para o melómano, não para o solista, não para o génio executante, não para o emblemático compositor. Simplesmente para o homem comum! Para mim, que isto escrevo, para si, que isto lê, para o analfabeto e para o culto, para o rico e para o pobre, para o novo e para o velho - para o homem comum, em todas as suas vertentes. Não para o que se destaca - para o que se mistura e confunde na imensa multidão da Humanidade!

A que propósito vem isto num blogue temático sobre a Maçonaria?

Muito simplesmente porque esta - ao contrário do que por vezes se pensa - também não se destina aos iluminados, à "nata" da sociedade, aos privilegiados. A Maçonaria - que é essencialmente um método e um meio de aperfeiçoamento pessoal, nas vertentes moral e espiritual - destina-se essencialmente ao Homem Comum! Ao Homem Comum de boa vontade, interessado em melhorar, em evoluir, em crescer. A Maçonaria recebe, e ajuda a desenvolverem-se, homens comuns. Para que se tornem melhores! Provavelmente, por assim se tornarem, para se transformarem em homens incomuns. Mas com o propósito último de que, de tantos vir a melhorar, fazer com que os incomuns venham a ser, verdadeiramente, e simplesmente, comuns!

Rui Bandeira

28 novembro 2009

Amigos... AMIGOS ... sempre

Estamos a falar de Amigos. De AMIGOS !
E amigos são todos os que aqui vêm.
E os amigos não têm de concordar sempre.
E os amigos também discutem.
Mas... os amigos não deixam de ser amigos.

Este pequeno vídeo dá-nos uma indicação de como é possível os animais entenderem-se.
Os animais de 4 patas... quanto aos de 2... muita água tem de correr ainda.

De qualquer forma a minha intenção às 6. feiras (ou ao Sábado... ou ao domingo... consoante a oportunidade disponível) é deixar um toque de boa disposição para o fim de semana.
Eu repito... "intenção" ! Se o objetivo é conseguido ou não, é outra conversa e depende mais dos leitores do que do escriba.
Se for possível, ótimo, se não for assim... continuemos a tentar.
Há milhões de vídeos, power-point's, sonetos, poemas, versos soltos e "presos", cantigas e músicas, pimbas e óperas,... eu sei lá o que há por esse universo à volta para glorificação da Amizade, e para mostrar exemplos, e para ensinar a ser amigo (como se isso se aprendesse em curso com manual e tratado), e para mais uma data coisas que não têm nada a ver com a Amizade de verdade que simplesmente se cria ou não se cria, se merece ou não se merece, e ponto final.
A sugestão agora é uma voltinha no vídeo que aí vai:

Posta esta estorinha do vídeo, segue um complemento.
Convém esclarecer que tudo (ou quase...) do que para aqui trago é material fornecido gratuitamente por... ... amigos, claro, que diariamente e muitas vezes noturnamente, me enchem a caixa do correio com "tretas" de grande utilidade e algumas de enorme beleza.

Obrigado a todos..



Caros Amigos... bom fim de semana. Divirtam-se e cuidado com os amigos.

JPSetúbal

27 novembro 2009

O Gato


Todas as noites, quando o guru se sentava para fazer as preces, o gato do ashram entrava e perturbava os presentes.
Por isso, o guru mandou que o gato ficasse amarrado durante o serviço da noite.
Depois de o guru morrer, o gato continuou a ser amarrado durante o serviço da noite.
E, quando o gato morreu, foi trazido outro gato para o ashram, para que pudesse ser devidamente amarrado durante o serviço da noite.
Séculos depois, eruditos tratados foram escritos pelos discípulos do guru sobre o significado liturgico de se amarrar um gato durante a realização do serviço religioso.

25 novembro 2009

Maçonaria e Política



Porque estará tão disseminada a noção de que a integração na Maçonaria confere «influência junto ao Poder Político», que serve para «subir na vida» e «usufruir de privilégios especiais»?

De tal forma que leva maçons a escrever - «CINCO MOTIVOS PARA NÃO SER MAÇOM»?

A pergunta é pertinente e é daquelas que merece resposta, não apenas em outro comentário mas em texto no espaço principal do blogue.

Comecemos por aferir da justeza dos pressupostos. É exato que está tão disseminada a noção de que a integração na Maçonaria confere «influência junto ao Poder Político» ?

Está! É inegável que está! Pelo menos na "opinião publicada". Seguramente nos azedos comentários de anti-maçons ou, mais elucidativo ainda, de adversários políticos de determinado partido político português, que, certa ou erradamente, ganhou fama de ser muito influente entre os maçons.

É óbvio, é evidente que não me agrada esta "tão disseminada" noção. Mas o facto de assim ser não faz com que ela não exista e que esteja menos "disseminada". Não o reconhecer é equivalente ao inútil ato, atribuído, quiçá injustamente, à avestruz, de esconder a cabeça na areia. E com os mesmos ineficazes resultados!

Penso que as várias centenas de textos de minha autoria que este blogue leva publicados mostra bem que essa não é a minha postura. Pode concordar-se ou discordar-se das ideias que aqui exponho. mas, com justiça, não posso ser acusado de fugir ao debate ou às questões incómodas! Vou portanto ensaiar aqui dar a minha resposta, não sem antes deixar bem claro que, na mesma, não se deve ver qualquer juízo de valor em relação a outras organizações que não aquela em que me integro, nem aos seus aderentes. Vou limitar-me a referir factos, tal como os conheço, e a extrair deles as minhas conclusões.

A Maçonaria Universal tem duas grandes variantes.

Uma delas é a Maçonaria Regular, por alguns também designada "de inspiração anglo-saxónica". Considera-se a verdadeira Maçonaria. Reclama-se de ser a seguidora direta das quatro Lojas que, em 1717, fundaram a Grande Loja de Londres, que declara a Grande Loja fundadora da moderna Maçonaria especulativa, erigida sobre as fundações da antiga Maçonaria operativa. Não abdica de dois princípios essenciais: a crença num Criador, qualquer que seja a designação que cada um lhe dê ou a religião que cada um professe, que designa por Grande Arquiteto do Universo, e a sua vocação exclusiva de se destinar ao aperfeiçoamento individual, moral e espiritual, dos seus membros. Como corolários destes dois grandes princípios, resultam a proclamação do eminente valor da Tolerância, no sentido de que se deve reconhecer ao Outro o direito às suas ideias e à expressão delas, ainda que delas profundamente se discorde, pois as ideias rebatem-se com argumentos, não com proibições ou ostracismos; a consideração de que as mudanças a que o maçom deve aspirar são as que reconhece dever haver em si próprio, não havendo lugar, enquanto maçom e enquanto Maçonaria, a intervenção na Sociedade, muito menos de caráter revolucionário, limitando-se a única intervenção do maçom na sociedade ao exemplo que der pela sua conduta, atuando o maçon e a Maçonaria sempre no estrito respeito da Legalidade vigente em cada lugar; a recusa de intervenção política, enquanto maçom ou enquanto Maçonaria, pois a luta política deve ser estranha à Fraternidade entre maçons e o respeito pelas ideias do Outro implica que cada maçon é livre de, individualmente, ter as posições que entender e, enquanto cidadão, intervir politicamente como quiser, não havendo lugar a qualquer "indicação" política ou "congregação" de vontades políticas.

Outra variante é a que costumo designar de Maçonaria Liberal, ancorada na evolução sofrida pelo Grand Orient de France, na sequência de vários fatores: rivalidade franco-britânica, evolução das condições sociais em França (Revolução Francesa), inserção dos atores políticos na Maçonaria. Esta outra variante é em quase tudo consentânea com a primeira, com duas importantes exceções: por um lado, aceita a presença de agnósticos e ateus nas suas fileiras, fundamentando tal opção no princípio da Liberdade de Consciência e na não ingerência na convicção alheia (elevando o corolário da Tolerância ao primado de princípio, gerador, por sua vez, de um outro corolário, o laicismo); o entendimento de que a missão principal da Maçonaria é a melhoria da Sociedade (e não apenas dos seus membros, individualmente considerados), cabendo à Maçonaria pugnar pela realização da trindade essencial dos princípios políticos (Liberdade-Igualdade-Fraternidade) e trabalhar pela sua aplicação na Sociedade, mesmo por meios revolucionários, se tal se justificar, designadamente por inexistência de regime político democrático.

Como é sabido, a evolução histórica em Portugal ocorreu no sentido de que, muito cedo, a Maçonaria que se implantou e, durante muitos anos, em exclusivo existiu no País, foi a desta última variante.

Não é segredo para ninguém que o Movimento Republicano foi fortemente influenciado pelos Maçons da época, podendo mesmo dizer-se, creio que consensualmente, que a Revolução Republicana de 1910 foi fortemente influenciada, para não dizer mais, pela Maçonaria da vertente liberal.

Os principais políticos da I República foram - é sabido - maçons liberais. A esta luz, percebe-se melhor que, no dealbar do salazarismo, uma das medidas tomadas tenha sido a proibição da Maçonaria. Esta, sempre na sua vertente liberal, no entanto, foi conseguindo existir clandestinamente, com ligações aos opositores do regime de Salazar e, mais tarde, de Caetano. Restaurada a Democracia e novamente legalizada a Maçonaria, liberal, esta era constituída essencialmente por velhos republicanos e políticos e outros opositores ao regime derrubado. A nova ordem política pós-25 de Abril incluiu, em lugares de destaque, maçons liberais. Que se rodearam de quadros mais jovens que, atraídos para a política, também inevitavelmente o eram para a Maçonaria liberal. A vocação de intervenção política e social da Maçonaria Liberal pôde voltar a concretizar-se, após o derrube da Ditadura.

Só há cerca de 20 anos, foi introduzida formalmente em Portugal a Maçonaria Regular. Esta não tem, enquanto tal, qualquer intervenção política. Não é, assim, um local especialmente apetecível para políticos e candidatos a políticos.

Mas mais de um século de intervenção política da Maçonaria liberal deixaram marcas. Não admira que o comum das pessoas associe uma Maçonaria, a liberal, que assumidamente considera ter um campo de intervenção útil na Política, a «influência junto ao Poder Político» - particularmente quando, historicamente, a teve! Quanto ao "subir na vida" e aos "privilégios especiais", são fatores associados, no imaginário corrente, aos políticos, seus privilégios e idiossincrasias e, inevitavelmente, foram, nesse imaginário comum, por associação também aplicados à Maçonaria com atividade política, a liberal.

A Maçonaria Regular, aquela em que me incluo e se incluem os elementos da Loja Mestre Affonso Domingues, integrante da Grande Loja Legal de Portugal/GLRP, contrariamente ao ramo liberal, não tem intervenção política. Postula como seu objetivo o aperfeiçoamento individual dos seus membros. Forma consciências. E cada um, segundo a sua consciência, como livre-pensador que é, intervém onde entende, como entende, se entende. Agrupando livre-pensadores, a Maçonaria Regular não tem a pretensão (logicamente votada ao fracasso...) de pretender que esses livre-pensadores pensem todos de forma igual - por isso considera não ser sua vocação a intervenção política que, para existir de forma minimamente eficaz, implica alguma concordância de pensamento.

Atento o lastro histórico que existe decorrente da antiguidade da implantação da Maçonaria liberal no nosso País, é inevitável a existência da associação entre Maçonaria (liberal) e Política. A Maçonaria Regular, tendo uma firme orientação diferente, necessita de esclarecer bem a sua posição. Não quer que ninguém se interesse pelos seus princípios induzido em erro pelos condicionalismos históricos. Daí que esclareça, cuidadosamente, a questão. Daí que escreva e publique textos como Cinco motivos para NÃO SER maçom!

Rui Bandeira