O milésimo (e um) é da Fraternidade (Atlântica)
O nosso sempre muito apreciado JPSetúbal dispôs-se, magnanimamente, a efetuar provisória torcedela nas imemoriais regras da Aritmética (uma das ciências que, por gosto, tradição e inerência os maçons cultivam), de forma a que a 999 anunciasse que se seguia 1001, deixando "reservado" o (simbólico) milésimo texto para o meu humilde teclado.
Assim simbolicamente (outro algo em que os maçons trabalham) se suspendeu o milésimo texto até à minha anunciada chegada de Paris, não no bico de lendária cegonha (que sou demasiado grandinho e... "usado" para tal meio de transporte), mas em prosaica viagem de avião.
Agradeço penhoradamente a atenção e a intenção, mas julgo asado repor aqui a normalidade aritmética, por duas igualmente importantes razões, que de imediato exponho.
A primeira é que o número 1000 não deve, a meu ver, ser apenas encarado como um mero número redondo; deve também ser visto como a pedra (laboriosa, persistente e interessadamente partida) de fecho do ciclo constituído pelo primeiro, espero que de muitos, milhar de textos. E, nesse sentido, quem precisamente foi adequado para, mui justamente, colocar essa pedra de fecho foi o mesmo que teve a iniciativa de, acolhendo ideia consensualizada a três, avançar com a criação deste blogue e nele publicar o seu primeiro texto, no dia 4 de junho de 2006. Faça o leitor o favor de seguir o atalho e verificar com os seus próprios olhos quem foi: é isso mesmo, foi o nosso estimado JPSetúbal! Assentemos, pois e então, que o magnanimamente intitulado Texto 1001 é, afinal, com toda a Justiça e o devido rigor aritmético, o milésimo texto, a tal pedra de fecho da abóbada do primeiro milhar de textos, adequadamente colocada por aquele que partiu e pôs no seu devido sítio a primeira pedra.
A outra, e não menos importante, razão é que este texto que agora lê é dedicado à nossa muito estimada Loja-gémea, a Respeitável Loja Fraternidade Atlântica, n.° 1267 da Grande Loge Nationale Française. Ora, a esta nossa apreciada Loja-gémea não se dedica um texto de fim de ciclo. Tem ela todo o direito e todo o nosso carinho de lhe ser dedicado um texto de INÍCIO de ciclo, de início de novo milheiro, um texto virado para o futuro e não apenas encerrando um, ainda que agradável, passado.
Portanto, este é o texto que inicia o novo milhar, o primeiro dos que estão para vir, não o último dos que já foram escritos. Este é - reivindico-o! - o milésimo primeiro texto deste blogue!
Fui então visitar a Respeitável Loja Fraternidade Atlântica ao Oriente de Neuilly-Bineau, próximo de Paris. Trata-se de uma Loja de língua portuguesa em terras de França, mas em que o português e o francês alternam com a naturalidade dos bilingues. E quem ali não é bilingue aspira a sê-lo. Fiquei particularmente impressionado com o Irmão Guy que, nos seus vetustos, mas rijos, 85 anos (isso mesmo: oitenta e cinco!) resolveu que era tempo e de sua vontade aprender a falar português e, além das lições que toma... juntou-se à Fraternidade Atlântica! Afirmo já aqui pública e solenemente: quando for grande, gostava de ser como o Irmão Guy (e como o nosso Alexis, igualmente jovem com os seus similares 85 anos...).
Aprendi muito com a Loja. Algo faz como nós, algo faz diferente de nós. Alguma dessa diferença merece ser analisada por nós, para passarmos a fazer como eles.
E é esse o propósito e interesse das visitas a outras Lojas: aprender com as semelhanças e diferenças; colher o que fora do nosso grupo se faz de bom, confirmar o que dentro do nosso grupo se faz bem.
A Respeitável Loja Fraternidade Atlântica é, sobretudo, uma Loja alegre, coesa e organizada. Foi um gosto vê-la trabalhar, com o desenrolar dos trabalhos em suave harmonia e discreta eficácia. Foi uma lição ver a sua organização e rotina. Foi um enorme conforto ver e sentir como ali a harmonia impera, a cooperação tem lugar, a busca da qualidade e da melhoria individual e coletiva é uma constante.
Os obreiros da Loja Mestre Affonso Domingues têm razão para se sentirem honrados e muito satisfeitos por a sua Loja estar geminada com a Respeitável Loja Fraternidade Atlântica. E os laços entre as duas Lojas vão-se estreitando. Sou portador do convite para que a Loja Mestre Affonso Domingues esteja presente, no próximo dia 13 de maio de 2010, na comemoração dos 15 anos da Fraternidade Atlântica. Recebi deles o propósito de estarem representados, em junho seguinte, na comemoração do vigésimo aniversário da Loja Mestre Affonso Domingues.
O melhor que posso dizer da minha visita à Respeitável Loja Fraternidade Atlântica é, no fundo, algo muito simples, mas sentido: senti-me lá como na Mestre Affonso Domingues! Nós, os da Mestre Affonso Domingues e da Fraternidade Atlântica sabemos tudo o que de bom isso significa!
Um grande bem-hajam pela exemplar hospitalidade, meus Irmãos, um triplo, fraterno e sentido abraço de satisfação e harmonia vos dei e de vós recebi. Até à próxima e até sempre. Aí e aqui! Para todos, mais avião, menos hotel, é igual!
O nosso passado comum foi bom. O nosso futuro em conjunto será certamente melhor e enormemente gratificante para todos nós!
Rui Bandeira
Portanto, este é o texto que inicia o novo milhar, o primeiro dos que estão para vir, não o último dos que já foram escritos. Este é - reivindico-o! - o milésimo primeiro texto deste blogue!
Fui então visitar a Respeitável Loja Fraternidade Atlântica ao Oriente de Neuilly-Bineau, próximo de Paris. Trata-se de uma Loja de língua portuguesa em terras de França, mas em que o português e o francês alternam com a naturalidade dos bilingues. E quem ali não é bilingue aspira a sê-lo. Fiquei particularmente impressionado com o Irmão Guy que, nos seus vetustos, mas rijos, 85 anos (isso mesmo: oitenta e cinco!) resolveu que era tempo e de sua vontade aprender a falar português e, além das lições que toma... juntou-se à Fraternidade Atlântica! Afirmo já aqui pública e solenemente: quando for grande, gostava de ser como o Irmão Guy (e como o nosso Alexis, igualmente jovem com os seus similares 85 anos...).
Aprendi muito com a Loja. Algo faz como nós, algo faz diferente de nós. Alguma dessa diferença merece ser analisada por nós, para passarmos a fazer como eles.
E é esse o propósito e interesse das visitas a outras Lojas: aprender com as semelhanças e diferenças; colher o que fora do nosso grupo se faz de bom, confirmar o que dentro do nosso grupo se faz bem.
A Respeitável Loja Fraternidade Atlântica é, sobretudo, uma Loja alegre, coesa e organizada. Foi um gosto vê-la trabalhar, com o desenrolar dos trabalhos em suave harmonia e discreta eficácia. Foi uma lição ver a sua organização e rotina. Foi um enorme conforto ver e sentir como ali a harmonia impera, a cooperação tem lugar, a busca da qualidade e da melhoria individual e coletiva é uma constante.
Os obreiros da Loja Mestre Affonso Domingues têm razão para se sentirem honrados e muito satisfeitos por a sua Loja estar geminada com a Respeitável Loja Fraternidade Atlântica. E os laços entre as duas Lojas vão-se estreitando. Sou portador do convite para que a Loja Mestre Affonso Domingues esteja presente, no próximo dia 13 de maio de 2010, na comemoração dos 15 anos da Fraternidade Atlântica. Recebi deles o propósito de estarem representados, em junho seguinte, na comemoração do vigésimo aniversário da Loja Mestre Affonso Domingues.
O melhor que posso dizer da minha visita à Respeitável Loja Fraternidade Atlântica é, no fundo, algo muito simples, mas sentido: senti-me lá como na Mestre Affonso Domingues! Nós, os da Mestre Affonso Domingues e da Fraternidade Atlântica sabemos tudo o que de bom isso significa!
Um grande bem-hajam pela exemplar hospitalidade, meus Irmãos, um triplo, fraterno e sentido abraço de satisfação e harmonia vos dei e de vós recebi. Até à próxima e até sempre. Aí e aqui! Para todos, mais avião, menos hotel, é igual!
O nosso passado comum foi bom. O nosso futuro em conjunto será certamente melhor e enormemente gratificante para todos nós!
Rui Bandeira
5 comentários:
Como pedra bruta não devo nem posso questionar esta chatice do post mil ou milésimo, mas, e, como pedra bruta que sou, tenho que trengar um pouco senão mostraria que sou mais talhado e polido que estes aprendizes de arquitectos que me inspiram a escrita.
Vai daí, considero que o post milésimo deveria ter sido escrito em conjunto pelos belos irmãos pedreiros que tão bem ilustraram o que é a alma e o respeito que um Maçom pode e deve transmitir, tanto no seu interior como aqui neste blogue para o exterior, isso sim ficou provado, e, a todos os meus parabéns. A força que vos une é de facto, de louvar, assim como os vossos princípios transparentes. Como entendo que este blogue partiu de um calhau mal talhado a que se juntaram outros na sua construção, e na realidade entendo que todos em conjunto apesar de já serem uma grande obra não passam de alicerces, falta ainda muitas mais pedras para a construção que se pretende.
Então, vão continuar eternamente a discutir a quem pertence o milésimo post?
Diga-nos lá Bandeira, o que é que aprendeu em França? Que novos ensinamentos?
@ Diogo:
1) Não, não vamos. Como é bom de ver, houve apenas uma troca de amabilidades, que - no meu entender - também tem lugar e fica bem entre amigos...
2) Aprendi algo que fica para mim, algo que compartilharei com os meus Irmãos em Loja e algo que partilharei com quem ler este blogue.
Lembra-se o Diogo de uma troca de argumentos que, há tempos, tivemos sobre os atributos de Deus, em que basicamente, o Diogo argumentava com base na tradicional tripla enumeração "Omnisciente - Omnipotente - Omnipresente" e eu alertava que esse entendimento era demasiado básico e devia ser ultrapassado?
Recebi lé em Paris um volume no qual um filósofo francês dá uma entrevista em que apresenta uma interessante vusão sobre a alegada omnipotência divina, que tenciono proximamente comentar num texto aqui no blogue. Sem pretender adiantar o conteúdo, achei-a muito interessante, porque é uma apresentação completa e absolutamente tributária do racional e, a meu ver, responde à polaridade Livre Arbítrio-Determinismo com uma visão, no mínimo, muito simples e clara. É daquelas posições que, depois de as lermos, achamos tão simples, tão evidentes, que não podemos deixar de nos admirar porque não tínhamos ainda pensado nisso...
E pronto, espero ter espicaçado a sua curiosidade...
Bom mesmo, é termos lido os textos 1000 e 1001.
Venha lá esse 1002.
Cumprimentos
JPA
Espicaçou, caro Bandeira, espicaçou.
Mas aviso-o desde já que sou um especialista em determinismo.
Quanto à tradicional tripla enumeração "Omnisciente - Omnipotente - Omnipresente" que você alertava que esse entendimento era demasiado básico e devia ser ultrapassado, você não acrescentou nada. Disse simplesmente que, graças à auto-meditação, chegou a uma concepção de Deus ininteligível.
Venham de lá esses argumentos da velha Gália.
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