O BONECO
Meus Caros, o funcionário de serviço ao fim de semana chegou atrasado, culpa de um "gripalhado" (junção dos genes da gripe com o "atrapalhado") que me deixou um tanto às avessas durante dois dias.
E depois não sei como passariam o fim de semana completo sem esta intervenção sempre tão oportuna e valiosa... (digo eu... claro)
Certamente que poderiam passar o fim de semana sem mim... mas não seria a mesma coisa !
O Rui conta tudo direitinho quanto ao período que estamos a atravessar.
E neste período aquilo que mais se ouve falar é em auxílio, fraternidade, solidariedade, companhia, combate à solidão e não sei mais quantas coisas boas.
É bom que esta época festiva sirva para isso, já que passando este período tudo regressará invariavelmente ao isolamento cada vez maior em que cada ser humano se vai distanciando dos outros, num movimento que, se bem entendo o sentido de preservação da existência, é completamente contraditório.
Mas de facto aquilo que sinto é um egoísmo mesquinho, crescente, que nos isola e nos faz mandar às urtigas tudo o que significar "chatice".
Seria bom, seria desejável, que desta época ficassem sementes.
Isso significaria a esperança de que um dia pudessem germinar e trazer aos humanos um pouco de capacidade de aceitação das diferenças, porque é aí que bate o ponto.
Estou pessimista !
Entretanto a minha querida amiga Cristina Sampaio fez-me a surpresa de me enviar (e autorizar a publicar) um boneco daqueles...
A Cristina é uma renomadissíma caricaturista (cartonista como dizem os americanos) com vários prémios nacionais e internacionais ganhos com os magníficos traços que "rabisca" e nos quais consegue definir uma história completa em meia dúzia de traços.
Julgo que já trouxe ao blog um boneco dela quando ganhou o 1º prémio do World Press Cartoon em 2007.
Pois este ano a Cristina enviou-me mais um boneco "super" que passo a partilhar convosco... porque vocês merecem !
Sobre este desenho de "meia dúzia de traços" (repito) poder-se-ão escrever manuais inteiros sobre o comportamento humano e em particular dos portugueses.
A Cristina, sabe dizer isso tudo assim.
Um lápis e meio bico... não precisa de mais.
Desejo que tenham tido esta época com a alegria que é suposto ter e com a Paz que é desejável para todos.
Boas Festas e Excelente 2010.
JPSetúbal
3 comentários:
É comum dizer-se que a época actual está em crise...
Mas mais do que a crise económica, política, na justiça, saúde, educação etc, o que verdadeiramente me preocupa é a crise de identidade, de referentes culturais, históricos, filosóficos etc. Saber quem se é, é fundamental para avançar rumo à resulução de um estado de depressão colectivo.
As crianças mal sabem o que foi o 25 de Abril. Uma larga percentagem de jovens não sabe que idade tem o seu país...Mas sabem tudo sobre as figuras que a economia e o seu primado lá vão injectando na comunidade: Noddy, popota e até o Pai Natal...
São velhas as reflexões sobre os alegados malefícios da educação do povo, mas penso que não é mais nova a reflexão sobre o que se consegue fazer com um povo ignorante.
Por isso, com a ignorância do dito povo, ganha o primado da economia e o comércio selvagem. As notícias sobre o Natal são do tipo: cada português gastou em média quase 700euros em prendas.
É verdade que o comércio cria uma relação de interdependência entre pessoas, comunidades e povos, o que constitui uma virtude no processo de conquista de paz (ainda que muitos acordos internacionais sejam celebrados com armas atrás das costas). Mas daí a criar um clima de subjugação, de chico espertismo ( onde a experteza substitui a inteligência) penso que é levar a socieade para um abismo.
É a harmonia do sistema que tem que ser pensada, porque diga-se rapida e acintosamente: o egoismo é elevado a bem social num sistema selvagem como o nosso...Ele serve os intentos das actuais finalidades do mundo...
Mas onde nos leva um mundo em que tudo e todos são um meio para um fim abstracto, teórico, invisível e infinito? Um mundo que se torna servido e mão servidor?
É preciso repensar o sentido da humanidade...É preciso recompreender o Homem, a pureza da sua espiritualidade a reconquistar, pedra por pedra, e dizer basta de selvejaria...
Abraços
E, entretanto, enquanto as solas se desfazem, os Bancos vão batendo recordes de lucros uns atrás dos outros. Isto, numa altura em que nunca houve tanta tecnologia ou tanta capacidade de produção na história da humanidade. Há algo de muito, muito errado em tudo isto.
Bom ano, JPSetúbal.
O mundo vive com o drama de chegar à conclusão que o capitalismo pode mesmo estar a chegar ao fim...
Eu quero é ver quando a nanotecnologia conseguir produzir vestuário, televisores ou móveis de casa em larga quantidade com míseras quantidades de energia...
Vamos ter que repensar toda a organização sócio-político-económica...
Abraços
Enviar um comentário