Opel na Azambuja - a proposito da saída
Nao vou aprofundar este assunto, uma vez que antevejo que ainda vai enchar muitas paginas de jornais e muitos minutos de telejornais.
Não quero aqui falar de cumprimento de contratos nem das sanções que daí possam advir, nem das questoes politicas associadas.
Quero apenas debruçar-me sobre um problema de atitude.
É um facto que a GM internacionalmente está com problemas economicos.
É um facto que a unidade da Azambuja tem custos de produção mais elevados que outras unidades GM por essa Europa fora.
É um facto que o modelo ( aliás UNICO) que lá é produzido é um modelo marginal e sem importancia estratégica para a Opel, tanto mais que estava já anunciado o seu fim.
E qual foi a atitude dos trabalhadores, seguramente bem aconselhados pelos Sindicatos, qual foi ?
Greves de protesto, multiplas RGT ( para quem nao sabe Reuniao Geral de Trabalhadores) e algumas sessões plenárias.
Como todos sabemos este tipo de acções contribuiem de forma decisiva para o aumento de produtividade e consequentemente para os custos.
Ou seja, diminuem a produtividade e aumentam os custos.
Ora os senhores da GM pensam de uma forma simples.
Quanto dinheiro vamos perder daqui até 2009 ( data do fim do contrato) .
Depois fazem a outra conta, que é : quanto pagaremos de indemnizaçao ao Estado Portugues por nao cumprimento de contrato.
E ainda apuram quanto ganharemos com a produçao noutra unidade.
Se o saldo fosse desfavoravel á GM garanto que ficavam até ao fim do contrato. Mas seguramente nao é.
As multinacionais pretendem calma e produtividade e se conseguirem isso os negocios continuam. Veja-se a Autoeuropa. Neste caso os trabalhadores aceitaram pacotes remuneratorios que permitiram a empresa nao ter prejuizos e aceitaram aumentar a produtividade. O resultado é que a WV ja assinou o contrato de produção de um modelo novo ( nao um em fim de vida ).
Neste caso , Azambuja, acho que os sindicatos nao perceberam que a forma de luta pelos postos de trabalho era ao lado da GM e não contra a GM.
Enquanto continuar este espirito revolucionario anti patronato imperialista, espirito anquilosado nas mentes de alguns poucos mas que são os lideres de opiniao de outros muitos , e não se perceber que a Economia é um fenomeno global estes casos vão continuar.
Mas isto sou só eu a dizer.
JoséSR
1 comentário:
José, não és só Tu não, há mais a dizerem exactamente o mesmo.
O direito à greve é, de facto, um direito inalienável dos trabalhadores e isso não tem discussão, para mim.
Mas mais importante ainda é o direito ao trabalho que, para mim, deveria ser ainda mais inalienável.
E os nossos sindicatos, na maioris das vezes apenas pensam na primeira sem perceberem que o trabalhador é livre de mudar de empresa e de trabalho, se arranjar melhores condições. Ninguém é obrigado a trabalhar na Opel, nem em qualquer outro lugar se não estiver satisfeito. E continuam a não perceber que ao pertencerem a um grupo, só têm mesmo que cumprir as regras do grupo. Vem a propósito... Imagina que numa equipa de futebol o defesa direito resolvia, contra todas as indicações do treinador, passar para baliza e começar a defender as bolas em parceria com o guarda-redes, só porque achava que tinha o mesmo direito de estar ali entre os postes, mais ou menos sossegado, sem as correrias e a estafa das entradas pelas alas e outras que tais. Dava um belo resultado... Por acaso nestas disputas os sindicatos esquecem-se de exigir aos seus associados que mantenham honesta e empenhadamente o seu esforço na empresa que lhes deu formação, que lhes potenciou a capacidade de trabalho, quando lhes aparece uma oferta de trabalho com condições mais aliciantes. Aí, saltam de imediato e que se lixe a empresa... se fechar por causa da falta dos especilistas que atempadamente formou, não lhes faz qualquer diferença. Neste caso da Opel, profundamente lamentável, apetece dizer aos sindicatos... "é a economia, estúpido !"
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