11 abril 2016
Um homem livre e de bons costumes, a certa altura, manifesta interesse em se integrar na maçonaria. Espera um bocado (ás vezes, um booom bocado...), alguns desconhecidos têm com ele conversas que lhe parecem cerrados interrogatórios, um belo dia é informado que foi aceite para ser iniciado, um não menos belo dia é mesmo iniciado. Vive uma cerimónia que, provavelmente, não vai esquecer até ao fim da sua vida e dizem-lhe que, a partir daí, é um Aprendiz. Passa um bom bocado (às vezes um booom bocado...) nessa condição e, outro belo dia, é elevado a Companheiro, noutra cerimónia que, esta, o dececiona um pouco. Passa outro bom (ou booom...) bocado e, em mais outro belo dia, é exaltado Mestre Maçom, numa nova cerimónia que, esta, vai rivalizar, na sua memória com aquela em que foi iniciado. A partir daí, é um elemento com pleno direito a intervir em tudo o que diz respeito à sua Loja e à Obediência em que se integra.
O homem livre e de bons costumes (desejavelmente melhores...), agora Mestre Maçom, às vezes - frequentemente - é atraído para efetuar o percurso de um (ou mais) sistema de Altos Graus. Algum tempo (e algumas despesas...) depois, interioriza que estes Altos Graus afinal mais não são do que desenvolvimentos, aprofundamentos, do que aprendera na Maçonaria azul, a dos três graus, Aprendiz, Companheiro e Mestre.
Entretanto, na sua Loja, o homem livre e de bons (desejavelmente melhores...) costumes vai evoluindo de jovem Mestre a Mestre experiente. Vai assegurando o exercício de vários ofícios em Loja, normalmente primeiro em substituição dos titulares, depois como elemento oficialmente integrando o Quadro de Oficiais da Loja. A certa altura, assegura o ofício de 2.º Vigilante, tem a responsabilidade de coordenar os Aprendizes, relembra o tempo em que ele próprio foi Aprendiz e trata de fazer o que se recorda que então apreciou que o "seu" 2.º Vigilante fez, mais aquilo que gostaria que ele tivesse feito. Depois, assegura o ofício de 1.º Vigilante, passa a coordenar os Companheiros e relembra o trabalho do "seu" 1.º Vigilante e acrescenta-lhe o que, quando Companheiro, sentiu que então faltara.
Um belo dia, sente a responsabilidade de ser-lhe confiada a gestão da sua Loja, de lhe ser entregue o malhete de Venerável Mestre. Tem natural alegria por ter recebido a confiança dos seus Irmãos e sente a responsabilidade de corresponder a essa confiança. Não sabe ainda que essa é apenas a primeira de duas alegrias: a segunda saboreá-la-á juntamente com o sentimento de dever cumprido e o alívio de terminar a responsabilidade de conduzir a Loja, na ocasião em que passar o malhete ao seu sucessor.
Depois... depois aconselha o seu sucessor, exerce o ofício mais humilde - mas não menos importante... - da Loja, e... passa ao estatuto de Mestre Instalado, ex-Venerável, senador da Loja, enfim, com mais ou menos colaboração com a Loja, com mais ou menos intervenção em ofícios em substituição, com mais ou menos exercício de ofícios em primeira linha destinados aos Mestres mais experientes, essencialmente passa à "reserva ativa" e a observar o percurso que efetuam os que, depois dele, fazem o caminho que ele já fez.
É certo que há os tais Altos graus, é certo que pode haver a oportunidade de assegurar ofícios em Grande Loja, mas certo, certinho, é que passará os dez, vinte, trinta ou mais anos seguintes a fazer mais do mesmo.
Provavelmente, talvez quase certamente, em mais um belo dia sentirá assomar-lhe ao pensamento a pergunta: mas afinal a Maçonaria é só isto?
E é então, precisamente então, que, chegado o momento da verdade, o homem livre e de bons (desejavelmente melhores...) costumes, se fez bem o seu trabalho desde o já longínquo dia em que foi iniciado, imediatamente tem a sua resposta: Sim, é só isto, não deve ser mais do que isto e é preciso que seja exatamente isto!
Se der esta resposta a esta pergunta, pode sentir-se feliz, porque já aprendeu (ou melhor, pois convém não ser convencido nem petulante: já começou a aprender...) a primeira e essencial lição que a Maçonaria lhe ensina: a Maçonaria serve, tem como objetivo, destina-se ao aperfeiçoamento dos seus elementos. Dia a dia, hora a hora, momento a momento, sempre, desde o meio-dia até à meia-noite, isto é, desde o dia da sua iniciação até ao momento da sua passagem ao Oriente Eterno.
O aperfeiçoamento individual é uma atividade, um esforço, uma tarefa, que se assemelha a andar de bicicleta: se se parar por muito tempo, cai-se... O aperfeiçoamento individual, tal como a forma física, é um compromisso permanente. Sabem os atletas e desportistas, da alta, média ou baixa competição, que para se atingir e melhorar a forma física, tem de se ter muito trabalho. E que, quando se vai de férias, ou se fica doente ou lesionado, ou simplesmente se para porque assim apetece, ao fim de pouco tempo deixa-se de se ficar em forma. E, para a atingir de novo, é preciso recomeçar e ressofrer o que se sofreu para atingir a forma da primeira vez.
O treino está para a forma física como o trabalho de aperfeiçoamento está para o aprumo moral e espiritual. Se se para, regride-se. Quem quer efetivamente ser melhor, tem de continuamente esforçar-se por ser melhor - sem descanso, sem interrupções, sem desfalecimentos - até ao momento em que o nosso tempo neste plano de existência termina.
Portanto, meus Irmãos maçons, caros candidatos a integrarem a Maçonaria, simples curiosos, indiferentes que só por acaso vieram dar a este texto e (miraculosamente?) ainda o estão lendo, e até mesmo você, que não gosta mesmo nada dos maçons: Sim, afinal a Maçonaria é só isto, faz todo o sentido que seja só isto, não deve ser mais do que isto ou diferente disto, um percurso de aprendizagem, de repetição, muita repetição, de esforço, muito esforço, de persistência, muita persistência, apenas com um simples e aparentemente (mas só aparentemente...) fácil objetivo, ser melhor hoje do que se foi ontem, ser amanhã um pouco melhor do que se foi hoje, e assim prosseguir até à hora em que ao maçom é permitido pousar as suas ferramentas e passar ao Oriente Eterno.
Quanto mais depressa se interiorizar isto, mais fácil e mais profícuo é o trabalho!
Rui Bandeira
06 abril 2016
Caminhos ...
Os passos são dados em silêncio, sem alarmismos, sem falsos
moralismos e sempre sem afrontamentos.
A solidão impera entre 4 paredes, ou porque não dizer, entre
o sul e o norte, entre o oriente e o ocidente.
Os caminhos, individuais, são graduados por desvios, curva e
contra curva, retas, curva em cotovelo, cruzamentos e entroncamentos e, sempre
assim é, e sempre assim será, cada um faz o seu caminho, percorre a distância
que lhe apraz percorrer, trilha os lugares por onde passa e, sobretudo, os
lugares por onde quer passar e marcar presença. Seja ela de que índole for, ou
seja, para ser conciso, seja ela propositada ou não.
As leis existem…sim, as leis, porque no fundo são leis, os
regulamentos, as provas, as provações, as provocações, as ilusões, e muitas
outras coisas acabadas em “ões” …
Consequentemente, tudo isto seria fácil de explicar à luz de
uma dinâmica de grupo, em que a ação gera reação e por fim, em ambos os
sentidos, reflexão. Que é como quem diz, “amor com amor se paga”, ou até mesmo
numa entoação mais popularucha, “cá se fazem, cá se pagam” …
E a Maçonaria? Que tem a Maçonaria a ver com tudo isto?
Nada.
Tudo.
Aqui não há falsos moralismos, aqui não há falsas promessas,
caminhos inversos e passos dados sem concretizações imaginárias. Uma atitude
tomada em certa direção é sempre uma atitude tomada nessa direção, e essa
atitude fica escrita, fica gravada na pedra de cada um de nós.
O que hoje é
verdade, em Maçonaria, daqui a muitos anos também o será, há sempre alguém que
ouviu, que viu, que registou, que sentiu. Sempre.
O humilde silêncio inicial prepara e apruma essas
capacidades, que outrora esquecidas, sempre que necessárias, são postas ao
serviço da nossa ordem e, meu irmão, um de nós irá sempre recordar-te delas,
bem como dos teus juramentos e de muitas outras coisas mais se necessário for.
Cada um faz o seu caminho, desbasta a sua pedra bruta, vira
na direção que pretende, segue o grupo, ou caminha sozinho, mas a todos essa
decisão diz respeito. Até porque um caminho individual leva ao engrandecimento
do caminho de todos os meus irmãos.
E um templo individual não é mais do que
uma pequena partícula do grande templo coletivo que é a Maçonaria Regular em
Portugal.
“Daniel Martins”
Publicado por Daniel Martins às 10:00 0 comments
28 março 2016
Luís Manuel Douwens Prats, maçom esotérico
Há dois sábados atrás, ao fim da tarde, recebi uma mensagem SMS do José Ruah: Fui informado do falecimento do Luís Prats. O laconismo da mensagem não me impressionou: o José e eu estamos habituados a comunicar da forma mais simples e com o mínimo de palavras. Conhecemo-nos há muito e muito bem, não é preciso muito para cada um de nós entender o que o outro lhe quer transmitir - se for preciso entendemo-nos até por sinais de fumo...
Aquela curta mensagem, para além da informação objetiva e factual, indicava-me mais coisas: que o texto seguinte que eu escreveria para o blogue seria a evocação do Luís, que tinha partido um amigo e um Irmão que, presentemente, na Loja só nós dois e muito poucos mais recordávamos em pleno o Luís - e que não seria fácil escrever sobre ele!
A dificuldade em escrever sobre o Luís Prats resulta de uma ambivalência que nós (eu e, estou certo, também o José) temos em relação a ele: por um lado, recordamo-lo como um amigo, um amigo com quem tertuliámos agradavelmente durante alguns anos, um amigo que nos ajudou, ao José e a mim, a integrarmo-nos na Loja Mestre Affonso Domingues e a crescermos nela e com ela; por outro, o Luís foi certamente dos Irmãos com uma conceção da Maçonaria mais diferente e mais afastada da nossa. Assim, escrever sobre o Luís é recordar simultaneamente momentos de conversa e cumplicidade e ocasiões em que tivemos que saber gerir os desacordos.
Não é fácil escrever sobre o Luís Prats e a nossa relação com ele! Mas. pensando bem - e a ideia assola-me a mente deixando um rasto de um leve sorriso no meu rosto... -, acho que com o Luís Prats não houve nada de simples e fácil. Afinal, o homem foi psiquiatra!
O Luís foi um médico psiquiatra com uma longa e profícua carreira profissional. Reformou-se como Chefe do Serviço de Psiquiatria do Hospital de Júlio de Matos. Era um melómano conhecedor. Era um conversador cativante. Mais do que isso, era um conversador hipnotizante: sem nunca elevar a voz e sempre mantendo um laivo de sorriso na expressão, com um tom pausado expunha, argumentava, insistia, explicava, repetia, e não demorava muito para que o seu ouvinte se sentisse como uma serpente a ser embalada pela música do seu encantador, tentado a seguir a argumentação, o caminho, a tese que laboriosa, calma e pausadamente o Luís expunha.
Esta capacidade do Luís tornava difícil, mas desafiante, a expressão da discordância. Sempre que alguém o fazia, retorquia com argumentação que, mais do que afrontar ou discordar diretamente, rodeava a posição exposta, enredava-a numa complexa teia de argumentos. Quando isso sucedia comigo, eu divertia-me a responder aos seus argumentos um a um, para receber nova remessa e dar novas respostas, em tertuliano bate-papo que não raro se prolongava madrugada fora.
O Luís Prats foi o nono Venerável Mestre da Loja Mestre Affonso Domingues. No texto que dediquei ao seu veneralato, escrevi, a dado passo, que tinha uma conceção rigidamente esotérica, quase crística, senão mesmo crística da Maçonaria. Para ele, a Maçonaria é essencialmente um método de desencadeamento e evolução de um processo iniciático, tendente à aproximação do Homem ao Divino - um processo paralelo, por exemplo, ao misticismo monástico cristão. isto é, e se bem interpreto o seu pensamento, o método iniciático maçónico é um dos métodos de aproximação do Homem ao Divino, como o são o dito misticismo monástico ou o budismo. Luís P. privilegiava, assim, o estudo, a teoria, a análise simbólica, tendo porém o cuidado de alertar para os perigos do que costuma designar de "devaneios esotérico-birutas" muito presentes em muita "literatura", principalmente do século XIX.
O Luís aplicou rígida e convictamente esta sua conceção no governo que fez da Loja, quando a tal tarefa foi chamado. Foi o último Venerável Mestre da Loja Mestre Affonso Domingues a quem a Loja permitiu que a gerisse de forma autocrática, Nesse sentido, pode-se dizer que foi o último de uma era, de uma dinastia, na história da Loja Mestre Affonso Domingues.
Em termos de conceção da Maçonaria, o José e eu dificilmente poderíamos estar mais longe das ideias do Luís. Em termos pessoais, de convívio, de amizade, de consideração, estivemos sempre muito próximos. Se discordámos da orientação do Luís quanto à gestão da Loja, não temos dúvida de que Como pessoa Luís estava sempre pronto a ajudar (assim, e bem, o definiu o José. num texto deste blogue).
Após o seu mandato, a Loja seguiu orientação diferente da preconizada pelo Luís e, discordante, ele veio a afastar-se. Isso não fez, porém, que diminuísse a nossa amizade e consideração por ele. A diferença de conceções existia. A generosidade e disponibilidade do homem sempre continuou a existir. A amizade e a consideração permaneceram.
Não me é fácil escrever sobre o Luís Prats, porque ele foi, indubitavelmente, um homem complexo: generoso e rígido, autoritário, mas paciente, No fundo, relacionarmo-nos com ele ensinou-nos que a amizade implica aceitar o amigo com tudo o que achamos que tem de bom e tudo o que nele encontramos de mau. Implica concordar e discordar. Implica, afinal o conceito que tão prezado é dos maçons: TOLERÂNCIA.
Recordo o Luís como um Mestre que me amparou, me guiou e ensinou - apesar de eu discordar de muito do que ele transmitiu...
A notícia da sua Passagem ao Oriente Eterno faz-me recordar o amigo e relembrar que, com concordâncias ou discordâncias, junto de nós ou afastado, o Luís Prats foi um dos nossos e como um dos nossos passou adiante.
Até sempre, Luís! Se no Oriente Eterno existe um espaço para tertuliar, guarda-me lá um assento, que, quando a hora chegar, saberei onde te encontrar!
Rui Bandeira
Publicado por Rui Bandeira às 12:00 1 comments
Marcadores: In memoriam
21 março 2016
"Qualidades maçónicas"
Sempre que em maçonês se fala em "qualidades maçónicas", não se está a abordar nenhum adjetivo em concreto mas antes funções e cargos ocupados por membros dos quadros de obreiros das lojas maçónicas.
Para erigir e fazer funcionar
uma Loja é necessária uma determinada quantidade Mestres, para fundar uma Loja
são necessários 7 mestres e para o seu funcionamento pelo menos 5 mestres,
sendo o ideal existir um mínimo de 7 mestres presentes numa sessão
maçónica.
Estes mestres ocuparão
cargos e funções necessárias ao normal e regular funcionamento de uma Loja. E
dado que uma loja maçónica é uma estrutura similar a uma qualquer associação,
necessita de ter quem a dirija e de quem se ocupe de outros cargos que são
necessários existirem para que esta associação/"Loja" funcione em
pleno; ou seja, de forma justa e perfeita.
Normalmente a
quantidade de cargos a serem preenchidos pelos obreiros de uma Loja
(designados por Oficiais) depende quase sempre do tipo de
Rito executado nas sessões dessa mesma Loja. E digo "quase
sempre" porque a ocupação dos cargos de uma Loja devem ser efetuados por
Mestres, mas tal nem sempre é possível por vários fatores, sejam o tamanho do
"Quadro da Loja" (número de obreiros) seja pela assiduidade dos mesmos.
Existem funções que
podem em caso de recurso extremo ser ocupadas e executadas por Companheiros
e/ou Aprendizes. Estando vedado a estes membros qualquer cargo de
"direção" de Loja ou de certa ritualidade que os
impeça de tal fazer.
No caso em concreto da
Respeitável Loja Mestre Affonso Domingues nº5, o Rito executado sempre nas suas
sessões é o "Rito Escocês Antigo e Aceite", vulgo "REAA", e
que conta com sete oficiais "principais"/"obrigatórios";
a saber:
- Venerável Mestre: o Mestre que dirige a Loja.
- 1ºVigilante: Auxilia na direção da Loja e é responsável
pela formação de Companheiros e "Coluna do Sul".
- 2ªVigilante: Auxilia na direção da Loja e é responsável
pela formação dos Aprendizes e "Coluna do Norte".
- Secretário: Ocupa-se dos habituais "trabalhos de
secretaria" (correspondência, registo de presenças, elaboração de
Atas...)
- Orador: Certifica-se que os trabalhos de Loja decorrem
de forma correta e regulamentar.
- Tesoureiro: Gere as "economias &
finanças" da Loja.
- Mestre de Cerimónias: Cargo Ritual.
Os Ofícios acima
designados são os que tornam uma Loja justa e perfeita e que são
necessários ao normal funcionamento da Loja, mas existem outros que também têm
a sua relevância na estrutura da Loja, a saber:
- Experto: Cargo Ritual.
- Hospitaleiro: Cargo Ritual e responsável pela gestão do
Tronco da Viúva".
- Organista: Responsável pelas sonoridades ambientes e
rituais da Loja. É o chamado "DJ de serviço".
- Guarda Interno: Certifica-se da cobertura
da Loja; isto é, pela sua "segurança".
- Arquivista: Responsável pela gestão do Arquivo da Loja.
- Mestre Instalado: Mestres que ocuparam a direção de Loja no passado. Pode-se considerar que são "conselheiros" do Venerável Mestre, por assim dizer.
Alguns destes últimos
ofícios não são de execução obrigatória por Mestres apesar de
preferencialmente serem efetuados por esses membros da Loja.
No entanto, é natural
que existam outras "qualidades" na Maçonaria e que são referentes ao Grão-Mestrado (ocupadas pelo governo da Obediência Maçónica),
sendo esta uma estrutura do tipo federativo, congregando o Grão-Mestre, os
Grandes Oficiais e os seus respetivos Assistentes.
Contudo, algo que não
pode nem deve ser confundido entre si são os "Graus" e as
"Qualidades", uma vez que executar um cargo/ofício não é o mesmo
que deter determinado grau.
Um "grau" é a
posição/nível de conhecimento que um maçom tem e que ocupa na
"hierarquia" da Maçonaria; a "qualidade" como referi
anteriormente, são os cargos que se ocupam. E para ocupar determinados Ofícios
é necessário ter sido atingido determinado grau, quase sempre o de Mestre
Maçom ou inclusive o de "Venerável Mestre".
Já para obter um
Grau, o cargo desempenhado na Loja pouco ou quase nada será relevante, pois o
conhecimento ritual obtido e a boa assiduidade geralmente é que são determinantes
para tal.
Espero que com esta
pequena explicação, escrita de forma simples e ligeira, possa ter retirado
algumas das dúvidas que alguns profanos têm acerca do funcionamento de uma Loja
Maçónica no que a "qualidades" (cargos) diz respeito.
Publicado por Nuno Raimundo às 12:03 8 comments
Marcadores: Maçonaria explicada, Ofícios da Loja
14 março 2016
Um auspicioso começo
Cardeal Gianfranco Ravasi
No seu texto, o Cardeal Ravasi invoca os valores comuns entre as duas instituições, a dimensão comunitária, a beneficência, a dignidade humana e a luta contra o materialismo, e invoca mesmo a necessidade de "superar a atitude de certos setores integristas católicos que - para atacar alguns representantes hierárquicos da Igreja de que eles não gostam - recorrem à arma da acusação de uma sua apodítica filiação maçónica" (tradução minha).
No primeiro parágrafo, está o atalho para o texto original, em italiano. Pode também ler-se o referido texto numa tradução para castelhano, efetuada por um elemento da Loja espanhola Manuel Iradier, da cidade de Vitoria - Gasteiz, que aqui fica disponível através do atalho https://logiamanueliradier.wordpress.com/2016/02/24/queridos-hermanos-masones/
No primeiro parágrafo, está o atalho para o texto original, em italiano. Pode também ler-se o referido texto numa tradução para castelhano, efetuada por um elemento da Loja espanhola Manuel Iradier, da cidade de Vitoria - Gasteiz, que aqui fica disponível através do atalho https://logiamanueliradier.wordpress.com/2016/02/24/queridos-hermanos-masones/
Esta posição pública do Cardeal Ravasi certamente terá uma adequada e ponderada resposta por parte dos responsáveis da Maçonaria, no sentido da correspondência ao convite efetuado. Para já, o Grão-Mestre do Grande Oriente de Itália, Irmão Stefano Bisi, logo no dia imediato enviou uma carta ao Il Sole 24 Ore, manifestando o seu apreço pela iniciativa e confirmando a disponibilidade para o diálogo também por parte da Maçonaria.
Designadamente, refere o Grão-Mestre do Grande Oriente de Itália que ficou "satisfeito ao saber que, sem preconceito e com a ampla visão cultural que o distingue, (o Cardeal Ravasi) falou sem ideias preconcebidas da Maçonaria indo para além dos esclarecimentos e posições oficiais e escritos da Igreja, amplamente conhecidos, e reconhecido que entre as duas instituições existem também valores comuns que as unem, sem que isso anule as visões diversas e a demarcação das claras diferenças" (tradução minha).
A terminar, frisou que "a Maçonaria não é inimiga da Igreja, de nenhuma igreja, e tem sido sempre a casa do diálogo e da tolerância. Não se opõe a qualquer religião e deixa os irmãos livres de seguir a sua fé. Mas os tempos mudam e a Humanidade está ameaçada por grandes perigos, como o terrorismo fundamentalista, a decadência de valores, a globalização desenfreada. A grandeza das instituições seculares, espirituais e religiosas a que o homem adere, procurando vias pessoais de melhoria e elevação, está em saber lidar com estes desafios delicados, participando na e partilhando a resolução das necessidades e dos problemas que surgem. E igualmente em ter a coragem de ir além de "hostilidade, insultos, preconceitos recíprocos", como no caso da Igreja e Maçonaria" (tradução minha).
Pode ler-se o texto original da resposta em http://www.grandeoriente.it/wp-content/uploads/2016/02/Agenparl-22.06.2016.pdf .
Toda a longa viagem começa com um primeiro e, por vezes pequeno, passo. Espero que o passo dado pelo Cardeal Ravasi, e logo acompanhado pelo Grão-Mestre do Grande Oriente de Itália seja efetivamente o início da longa viagem que ponha termo às mencionadas "hostilidade, insultos, preconceitos recíprocos" e permita inaugurar uma era de cooperação entre as duas instituições, não especialmente em benefício de nenhuma delas, mas a bem da Humanidade.
Rui Bandeira
Designadamente, refere o Grão-Mestre do Grande Oriente de Itália que ficou "satisfeito ao saber que, sem preconceito e com a ampla visão cultural que o distingue, (o Cardeal Ravasi) falou sem ideias preconcebidas da Maçonaria indo para além dos esclarecimentos e posições oficiais e escritos da Igreja, amplamente conhecidos, e reconhecido que entre as duas instituições existem também valores comuns que as unem, sem que isso anule as visões diversas e a demarcação das claras diferenças" (tradução minha).
A terminar, frisou que "a Maçonaria não é inimiga da Igreja, de nenhuma igreja, e tem sido sempre a casa do diálogo e da tolerância. Não se opõe a qualquer religião e deixa os irmãos livres de seguir a sua fé. Mas os tempos mudam e a Humanidade está ameaçada por grandes perigos, como o terrorismo fundamentalista, a decadência de valores, a globalização desenfreada. A grandeza das instituições seculares, espirituais e religiosas a que o homem adere, procurando vias pessoais de melhoria e elevação, está em saber lidar com estes desafios delicados, participando na e partilhando a resolução das necessidades e dos problemas que surgem. E igualmente em ter a coragem de ir além de "hostilidade, insultos, preconceitos recíprocos", como no caso da Igreja e Maçonaria" (tradução minha).
Pode ler-se o texto original da resposta em http://www.grandeoriente.it/wp-content/uploads/2016/02/Agenparl-22.06.2016.pdf .
Toda a longa viagem começa com um primeiro e, por vezes pequeno, passo. Espero que o passo dado pelo Cardeal Ravasi, e logo acompanhado pelo Grão-Mestre do Grande Oriente de Itália seja efetivamente o início da longa viagem que ponha termo às mencionadas "hostilidade, insultos, preconceitos recíprocos" e permita inaugurar uma era de cooperação entre as duas instituições, não especialmente em benefício de nenhuma delas, mas a bem da Humanidade.
Rui Bandeira
Publicado por Rui Bandeira às 12:00 3 comments
Marcadores: Igreja Católica, maçonaria, Maçonaria Regular
07 março 2016
"Assombrações maçónicas…"
Começo o título do texto de hoje com a palavra "assombrações"
porque de lés-a-lés surgem notícias que assombram o mundo maçónico.
Algumas vezes são verídicas e factuais,
outras nem tanto, mas a maioria totalmente falsas. Contudo, as notícias que me
suscitam alguma preocupação na verdade, são aquelas que são mesmo
verdadeiras e que focam algo que foi feito ou envolveu de forma negativa algum
membro da Ordem Maçónica.
Quando algum maçom transgride as regras da
"civilização", seja através de condutas marginais ou por
comportamentos ditos desviantes,
e por isso mesmo passiveis de críticas por ultrapassarem qualquer tipo de razoabilidade, não
será apenas o maçom em questão que sofre as consequências, mas a Maçonaria na
generalidade; até porque a opinião pública irá sempre condenar a Maçonaria no
seu todo e não apenas quem foi o causador da notícia ou situação em apreço.
Quando ocorrem esse tipo de situações, por norma, são sempre
desenvolvidas novas teorias face às existentes bem como outras são usualmente relembradas,
sejam elas verdadeiras ou falsas -para o comum dos mortais o que importa é falar, mesmo que não
saiba do quê!- e são sempre lançados para a "fogueira" nomes de
eventuais maçons, tenham essas pessoas ligações à Maçonaria ou não,
acarretando sérios prejuízos para essas personalidades.
Naturalmente que todos os maçons condenam quem não sabe viver em
sociedade, principalmente aqueles que se assumem como sendo "pessoas
livres e de boa conduta", porque esses devem ter sempre algum cuidado e
parcimónia nas suas ações, uma vez que estão sempre debaixo do escrutínio
permanente do mundo profano.
Algo que os maçons deverão ter atenção é que devem nas suas práticas
mundanas ter os mesmos comportamentos que terão na sua vida privada, ou
seja, " fazer à vista de todos o que fariam se ninguém os estivesse a
observar". E ter tal noção é uma forma de limitar acontecimentos onde
poderão "derrapar" ou que sejam propícias situações impróprias para
os maçons, seja a nível pessoal como coletivo.
O "segredo" que é análogo à Maçonaria também fomenta
tais situações, porque pode levar a pensar que a coberto de um certo tipo de
secreticidade tudo se possa fazer; o que na realidade é completamente falso!
A ignorância profana sobre o que se passa no seio das Lojas
Maçónicas leva à efabulação sobre o que por lá é tratado. E essa é quiçá uma das
condicionantes a que todos os maçons estão sujeitos.
Normalmente quando a Maçonaria é falada nos círculos mais mundanos
é quase sempre referente a teorias que pululam por aí, sobre os rituais
possíveis de serem praticados ou pela eventual identificação dos membros de
alguma Obediência. Mas quando algum maçom se mete a jeito, tanto pior... A
mediatização que envolva um caso que envolva um maçom ou algum alegado maçom é
amplamente exponenciada, mesmo que o indivíduo seja inocente ou não. A fome
pela obtenção de informação sobre qualquer coisa que envolva ou toque a
Maçonaria é sempre enorme.
Mas quando é tornado público situações que envolvem
conflitos de egos, usurpações de poder, ambições desmedidas, projetos pessoais
e afins, obviamente que a crítica é forte e incisiva, pois se a Maçonaria se
assume como uma Ordem de carácter espiritual, como podem ter lugar tais
comportamentos!?
Mas a verdade é que eles existem e temos de viver com eles,
tentando solucioná-los da melhor forma possível e caso a caso. E estes
"fantasmas" que vão aparecendo de tempos a tempos e
que alimentam o descrédito que a população tem sobre a Maçonaria é
sempre alvo de repúdio, inclusive interno no seio das várias Obediências.
-Os problemas entre" egos e malhetes" acabam sempre por prejudicar o
"esquadro e o compasso"...-
O que me remete em jeito de conclusão para a seguinte
reflexão:
Farão estas individualidades tanta falta à
Maçonaria que ela não subsista sem eles ou eles é que sentem que fazem
falta à Maçonaria para que esta Instituição possa progredir?!"
Publicado por Nuno Raimundo às 12:01 0 comments
Marcadores: Ética, maçonaria, maçonaria e poder, reflexão
29 fevereiro 2016
"Será a Maçonaria para ricos?!"
Esta questão que usei como título deste post reflete uma
questão e afirmação que ouço amíude em alguns círculos profanos. Uns questionam
na sua ignorância se a Maçonaria é para "ricos", outros afirmam de forma contudente que ela é feita para "ricos".
Posso afirmar que nem é uma coisa nem a outra!
Primeiro porque a Maçonaria é uma Ordem universal. Logo
encontrando-se ela em qualquer parte do globo terrestre, seja nos países ditos
de "primeira linha" como nos países classificados (injustamente!)
como "terceiro-mundistas", a Maçonaria é o espelho da sociedade onde
se encontra implantada. O que levará a que nos seus quadros de obreiros se
encontrem gente de múltiplas origens, profissões ou de níveis académicos
díspares. O que será sintomático da sua heterogeneidade e universalidade.
Mas apesar disso, é costume se afirmar que a Maçonaria é
feita de uma elite de pessoas, mas "elite" essa que nada tem a haver
com economia e finanças, mas
apenas uma elite moral e social de pessoas que procuram evoluir e crescer
espiritualmente através de uma via iniciática e que também procuram promover o
progresso da sociedade, e apenas isso.
Nas Lojas Maçónicas encontramos gente de todas as idades
(maiores de idade), logo pessoas que ainda estudam ou já trabalham ou ambas as
situações, e dada a diferença e multitude de profissões que se podem encontrar
numa Loja, será natural que se encontre gente mais "abonada" que
outras, mas nada que não exista também no mundo profano, o que é natural!
Mas como é possível encontrar este "tipo" de
gente, naturalmente se poderia confundir a Maçonaria com um clube de
cavalheiros ou apenas como uma associação benfeitora e nada mais, o que é
totalmente errado e que subverte os princípios que consagram a Ordem Maçónica.
Evidentemente que a Filantropia, a Caridade e a Solidariedade Social existem,
mas são apenas uma consequência da elevada moral que os maçons possam ter e
nada mais. Para exercer essas qualidades em exclusivo existem outro tipo de
associações com essas preocupações prementes, sejam os Rotários, os Lions ou
outras similares.
Todavia e como este texto versa sobre "metais"
(vulgo, dinheiro), posso reafirmar que apesar da Maçonaria não ser exclusiva de
gente rica, ela não é uma Ordem barata, ou seja, existem sempre custos
associados para quem faça parte dela.
Existem os custos com a adesão na Ordem, as quotas mensais,
as "subidas de grau", os materiais e demais parafernália
maçónica, isto é, os aventais, luvas, colares, livros e outros
acessórios e adereços que um maçom necessite para o seu dia-a-dia na Loja da
qual que fará parte integrante. E aqui sim, é que se pode dizer
profanamente "que a porca torce o rabo", porque regra geral, não são
baratos tais materiais.
Mas também não serão mais caros do que outros relacionados
com outras Ordens similares, ou associações civis ou clubes desportivos. - Nada
na vida é borla! -
E aqui retorno à questão original, " Será a Maçonaria
para ricos?!", claramente que não o é!
Mas não deixa de dar jeito ter algum dinheiro no
bolso, nem que seja para auxiliar quem dele necessitar...
Publicado por Nuno Raimundo às 12:01 0 comments
Marcadores: Maçonaria explicada, metais
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