10 janeiro 2014

Entre uns e outros!



- Entre o que de mim dizem, entre o que de mim pensam, entre os que
me julgam sem saberem bem e sobre o quê, entre os que de mim não gostam, entre os que das minhas dificuldades se glorificam, está a verdadeira razão da minha existência:
-AQUELES a quem eu AMO e que me retribuem de forma igual!

- Entre aqueles que acham que o melhor era o meu silêncio, entre aqueles que em todas as minhas ações só vem o que não conseguem fazer, entre aqueles que se preocupam mais com o que faço e com o pouco que tenho, do que com aquilo que deviam de fazer para poder ter mais ou o mesmo, está a verdadeira razão da minha persistência:
- AQUELES que mesmo sem que eu tenha de pedir, me dão força para seguir em frente e continuar a caminhar, os meus AMIGOS!

- Entre aqueles que em todos os meus actos só vêm interesses ocultos, entre aqueles que buscam permanentemente nos meus actos o reflexo negro e sujo das suas mentes pobres, entre aqueles que apenas se focam em desdizer e contrariar, por contrariar, o que de boa-fé partilho, entre aqueles que da inveja fazem seu alimento, está a verdadeira razão da minha caminhada e persistência:
- AQUELES que trilham o mesmo carreiro, aqueles que se sentem IGUAIS entre IGUAIS!

Alexandre T.


09 janeiro 2014

Alinhamentos!

Há vários dias que sabia que seria o mestre, ainda que em exercício, da Coluna da Harmonia, na próxima sessão, algo que nada de novo tem, pois é função que já desempenhei enquanto Oficial da Loja e sempre que me é solicitado por quem de direito, mesmo não sendo o titular da “pasta”.

Portanto, tudo normal, mais uma sessão, um novo plano de alinhamento e a “coisa” decorrerá sem problemas de maior, foi este o meu pensamento conseguinte.

A verdade é que fiquei inquieto, diria mesmo um pouco nervoso, havendo algo que não consigo explicar por meras palavras e que me está a atormentar o juízo e a preocupar-me.

Visualizei mentalmente que músicas iria selecionar para este e para aquele momento, afastando possibilidades, suposições e as várias hipóteses que existem para todos os momentos da sessão e fiquei ainda mais inquieto.

Já tive oportunidade de preparar alinhamentos musicais para sessões com enorme simbolismo, exemplo disso são as iniciações, aumentos de salários e elevações, cerimónias de lembrança, sessões conjuntas, um sem fim de escolhas musicais para todas elas, portanto todo este estado de espirito será impensável, mas é real.

Ser mestre da Coluna da Harmonia da RLMAD, é algo peculiar, é algo difícil de transcrever em palavras, pois chega a ser um “lugar” isolado dos demais Ir:., no espaço físico do templo, e ao mesmo tempo estar perto de todos eles a cada acorde que se escolhe para cada momento da sessão, é ler nos olhares cruzados as notas que se fazem ouvir, é compreender que aquele som, aquela música, os conduz ao momento e local certo, ao seu templo interior, é fechar os olhos e ouvir a música, ouvir simplesmente, ouvir até por vezes o silêncio.

Que as minhas escolhas tenham a Sabedoria que espero, a Beleza que a adorne e a Força que a todos trará união.

Nada de nervos, a sessão decorrerá justa e perfeita, assim o GADU o irá permitir, os obreiros irão satisfeitos, pois o conjunto de todos os momentos que decoram a sessão tem apenas e só um nome, Maçonaria.

(artigo escrito durante a preparação do alinhamento musical para a sessão de dia 08-01-6014)


Daniel Martins

08 janeiro 2014

"Um olhar..."



Também foi um amante da fotografia. Não do mero registo de imagens que a facilidade dos modernos telemóveis com câmaras de milhões de pixels possibilita, mas da fotografia a sério, buscando imagens de qualidade e dignas de serem registadas em telas de grandes dimensões. Na última sessão de Grande Loja (não sabíamos então que seria mesmo a sua última sessão de Grande Loja!) efetuou uma exposição de várias fotografias suas assim registadas em tela, todas de grande qualidade. 

Essa exposição constituía um aperitivo de uma outra que o Rui, com o apoio de um obreiro da Loja Mestre Affonso Domingues, preparava para ter lugar no início de 2014.

A sua inesperada Passagem ao Oriente Eterno impediu-o de ultimar a mostra. Mas felizmente o essencial do trabalho estava já feito, a escolha das imagens a exibir  estava quase ultimada e o que faltava pôde ser completado, com as informações da família e dos amigos mais chegados.

O projeto que preparava pôde assim ser prosseguido postumamente. Tenho, assim,  o gosto de  aqui divulgar que está já patente na Biblioteca - Museu República e Resistência - Espaço Grandella, sita na Estrada de Benfica, n.º 419, em Lisboa, a exposição "Um olhar...", exposição póstuma de fotografia de Rui Clemente Lelé. Poderá ser visitada até ao dia 23 de janeiro, de segunda a sexta-feira, das 10 às 17,30 horas. 

A exposição é organizada com o apoio da Associação Mestre Affonso Domingues (da Loja Mestre Affonso Domingues, de que Rui Clemente Lelé foi fundador e onde esteve durante a maior parte do tempo da sua atividade maçónica) e da Associação Fernando Teixeira (da Loja Fernando Teixeira, de que Rui Clemente Lelé foi também fundador e seu primeiro Venerável Mestre e cujo quadro de obreiros integrava à data da sua Passagem ao Oriente Eterno).

A cerimónia de inauguração da exposição foi agendada para a próxima sexta-feira, dia 10 de janeiro, a partir das 18,30 horas.

A Associação Fernando Teixeira e a Associação Mestre Affonso Domingues convidam todos os interessados, particularmente os Irmãos e os muitos amigos do Rui, a estarem presentes nesta inauguração, simultaneamente uma homenagem e um preito de admiração ao Rui Clemente Lelé. 

Rui Bandeira  

01 janeiro 2014

2014: O Recomeço!



Terminei o meu primeiro texto de 2013 assim:

Que todos consigam prescindir sem demasiado esforço do supérfluo e preservar o verdadeiramente essencial. Que àqueles que já veem o essencial a ser atacado não falte a indispensável solidariedade que lhes permita resistir e ultrapassar a sua situação. Que àqueles que mantiverem o privilégio de manter barca que os proteja do furor destas vagas alterosas, que a tantos e cada vez mais fustiga, não lhes falte o sentido de solidariedade, a predisposição para ajudar, o ânimo para partilhar o que lhes sobra com quem está a necessitar.

Se assim for, então todos conseguiremos vir a ver o horizonte a clarear, encontrar novos caminhos desimpedidos, reconstruir o que se tiver perdido ou destruído. E a superação das dificuldades ter-nos-á tornado um pouco mais fortes, capazes e resistentes - em suma, melhores. Se assim for, apesar dos pesares, ao olhar para trás poderemos dizer que as dificuldades afinal não nos impediram de conseguir ter o que a todos desejo: UM FELIZ ANO DE 2013! 

Um ano volvido, precisamente no primeiro dia de 2014, apenas com a alteração do ano estas palavras permanecem válidas.

Não obstante, em Portugal e na Europa o estado de espírito modifica-se subtilmente. As dificuldades continuam aí, a adversidade continua a necessitar de ser combatida e ultrapassada, a solidariedade permanece indispensável, mas começo a ver no olhar de todos aqueles com quem me cruzo um outro brilho, no rosto uma resoluta determinação. Todos continuam a enfrentar dificuldades, mas começa a parecer a muitos, senão a todos, que o pior está passado.

Não sei se o pior já passou efetivamente. Mas sei que cada um de nós, com maior ou menor dificuldade, ajustou o seu nível de vida às possibilidades de que dispunha e, por mais difícil ou doloroso que isso tenha sido, tal ajuste permitiu à maior parte - espero que a todos - encontrar alguma solidez no chão que pisa. Esse chão será porventura menos agradável, mais rude, mais pedregosos do que se gostaria - mas, pelo menos, é sólido e já não nos sentimos a afundar.

A sensação de que o pior já passou advém, não de qualquer milagre ou fezada, mas do sentimento de cada um que - finalmente! -, depois de um período demasiado longo para o gosto de todos, em que nos sentíamos joguetes de forças e condições que não conseguíamos controlar e que nos impunham não sabíamos bem o quê, mas nada de bom, cada um de nós volta a estar em condições  de gerir o seu destino, de escolher o seu caminho, de voltar a criar e a construir.

Começamos a pôr a cabeça de fora dos abrigos em que nos recolhemos no pior da borrasca e pensamos em mais do que meramente resistir. Pensamos em voltar a construir. Começamos a voltar a olhar em frente.

Esta mudança de estado de espírito faz toda a diferença!  Porque é imprescindível que cada um de nós reganhe, dentro de si próprio, a noção de que o seu destino é para ser traçado por si, não pelas circunstâncias ou por desconhecidos poderes. Porque o esforço que foi necessário para resistir tornou-nos mais fortes. Porque, desejavelmente, aprendemos algumas lições e não repetiremos tão cedo alguns disparates. 

Espero e desejo que este ano seja para todos um ano de recomeço, de reconstrução, de avanço, de progresso - e não já apenas de resistência. 

Se assim for, conseguiremos cumprir o meu desejo para todos: UM FELIZ 2014! 

Rui Bandeira

25 dezembro 2013

Boas Festas!



Quis o calendário que, este ano, o dia da semana em que habitualmente publico os meus escritos aqui no A Partir Pedra corresponda, esta semana, ao dia 25 de dezembro, o dia em que os cristãos celebram o Natal. 

Desde a mais remota Antiguidade que a Humanidade celebra uma festa por volta do solstício de inverno (no hemisfério norte), celebrando o renascer da esperança, a vitória da Luz sobre a Sombra que assola a paisagem, após a ocorrência do dia mais curto - e consequentemente da noite mais longa - do ano.  Esta celebração, pelas condições de vida  impostas pela estação do ano, tem a ver com recolhimento e solidariedade familiar, com a reunião à volta do fogo, que aquece e ilumina. E relembra-nos que, suceda o que suceder, quaisquer que sejam as dificuldades, há um núcleo que nos rodeia, protege, aconchega, acarinha, um grupo no seio do qual aprendemos a ser gente e gente responsável - a família.

25 de dezembro é, para os cristãos, o dia de Natal, a celebração - em data que sabemos historicamente errada, mas sem que isso tenha importância alguma, pois o que releva é o simbolismo que lhe é atribuído - do nascimento  de Jesus, filho de Maria, infante representado em milhões de presépios por esse mundo fora, que viria a ser considerado o Cristo, do grego Khristós, que significa "Ungido", por sua vez uma tradução do hebraico Māšîaḥ (Messias) - fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Cristo. É também, ou adquiriu, ao longo do tempo, por esse mundo fora, essa caraterística, a celebração da Família, a festa em que cada um de nós se reúne com os seus e revive e celebra o aconchego que recorda da infância e, adulto, procura reconstituir esse ambiente para as crianças do seu núcleo familiar.

Hoje é um dia de festa! Festejemos, pois!

Boas Festas para todos!

Rui Bandeira

18 dezembro 2013

Pavimento Mosaico


Em todas as Lojas maçónicas regulares está presente, em todo ou em parte do solo da sala onde ocorrem as sessões de Loja, um pavimento mosaico, constituído por um conjunto de quadrados brancos e negros, colocados alternadamente entre si. 

O símbolo remete claramente para a dualidade - mas também para a harmonia entre os opostos. Cada quadrado de uma das cores está rodeado de quadrados da outra cor. É assim frequente referir-se ao recém-iniciado que o pavimento mosaico representa a sucessão entre os dias e as noites, o bem e o mal, o sono e a vigília, o prazer e a dor, a luz e a obscuridade, a virtude e o vício, o êxito e o fracasso, etc.. Mas também a matéria e o espírito como componentes do Homem. Ou, simplesmente, recordar que, como resulta da lapidar equação de Einstein, a matéria é composta por massa, mas também por energia.

O dualismo provém de antigas tradições humanas. A civilização suméria dotava os seus templos de piso em pavimento mosaico, que só podia ser pisado pelo sacerdote no mais alto grau da hierarquia e só em dias de eventos importantes. Convencionou-se que o Santo dos Santos do Templo de Salomão teria um pavimento mosaico. 

A filosofia pitagórica postulava que o UM se transformava em DOIS refletindo-se a si próprio e separando-se, original e reflexo, sendo assim o UM o princípio criador estático e o representando o DOIS a dinâmica da Criação. A interação entre o UM e o DOIS gerou o TRÊS, a Criação. Esta resultou, assim, da interação entre o estático e o dinâmico. 

De onde resulta que a dualidade é fecunda, que é necessária a presença da dualidade para haver criação. Mas resulta ainda mais do que isso: não basta que exista dualidade, tem que haver interação entre os opostos para que a criação aconteça. Não bastam dois opostos estáticos; é necessário que esses dois opostos sejam dinâmicos e interajam entre si. Não basta, assim, a dualidade, é necessária a polaridade.

O pavimento mosaico recorda-nos assim que a vida é feita de contrastes, de forças opostas que se influenciam entre si, e que é através dessa influência mútua que ocorre a mudança, o avanço, a evolução. No fundo, a antiga asserção de que toda a evolução se processa através do confronto entre a tese a a antítese, daí resultando uma síntese, que passa a constituir uma nova tese, que se defrontará com outra antítese até se realizar uma nova síntese, que é um novo recomeço, assim e assim sucessivamente numa perpétua evolução...

Assim sendo, o que tomamos por mal, por desagradável, o que procuramos evitar, sendo-o assim, não deixa, porém, de ser necessário - pois é do confronto desse mal com o bem, do que queremos evitar com o que gostaríamos de conservar, daquilo que nos desagrada com aquilo que nos conforta, que resulta avanço, mudança, tendencialmente progresso (tendencialmente, porque nada se deve tomar como garantido: por vezes, a mudança mostra-se retrocesso...).

Nesse sentido, o bem, por si só é estático e estéril. O bem só evolui em confronto com o mal. É desse confronto entre ambos que resulta algo, é esse confronto bipolar que é fecundo. Aliás, em bom rigor, só podemos definir o bem em confronto com o mal, tal como necessitamos da sombra para bem apreender o que é a luz... Se Adão permanecesse no Paraíso, ainda hoje Adão seria Adão e nada mais do que Adão, feliz com sua nudez, mas inapelavelmente boçal. Foi o mal da expulsão do Paraíso que obrigou Adão a deixar de ser mera criatura e passar a ser homem; ou seja, a Humanidade só evolui porque sempre necessitou de se confrontar com o perigo, com a fome, com a necessidade, em suma, com o mal, e teve de superar todos os sucessivos obstáculos para atingir sucessivos patamares de bem, de satisfação, sempre confrontada com novos perigos, obrigando a novas superações. É ao superar os sucessivos obstáculos com que se depara que o Homem se supera a si mesmo.

O Pavimento Mosaico não é um espaço estático. É um caminho, com luzes e sombras, com espaços agradáveis e veredas desagradáveis, com seguranças e perigos. Ficar num quadrado branco e dele não sair não leva a lado nenhum... É necessário enfrentar a dualidade com que nos deparamos, suportar a polaridade inerente a tudo o que nos rodeia e, afinal, inerente a nós próprios e... fazer-nos à vida! Se tomarmos mais opções certas do que erradas, teremos mais sínteses brancas do que negras e desbravaremos um caminho de avanço. Se ou quando (porque é quase que inevitável que esse quando, muito ou pouco, cedo ou tarde, sempre apareça...) enveredamos por opções erradas, acabamos por cair em sombria síntese e deparar com retrocesso e não com o desejado progresso. Mas ainda assim, a solução não é ficar onde se foi parar, com receio de novo retrocesso: é prosseguir com nova síntese, efetuar nova opção, desejavelmente que se revele boa, para melhor sorte nos caber. E assim, em perpétuo movimento, em contínua progressão de inesgotáveis sínteses, o homem avança desde a sua tese inicial até à sua derradeira síntese... que, do outro lado da cortina descobrirá que não foi um fim, mas apenas um novo recomeço, uma nova tese para, noutro plano, se confrontar com fecunda antítese...  

Um simples pavimento mosaico serve de ponto de partida para a mais profunda especulação. Basta atentar e meditar e estudar e trabalhar dentro de si mesmo, juntando a intuição à razão (outra dualidade; ou melhor, polaridade, de fecunda potencialidade...). O Pavimento Mosaico, se atentarmos na sua perspetiva dinâmica, recorda sempre ao maçom  que o principal do seu trabalho não se efetua na Loja, na execução do ritual, na realização de tarefas de Oficial, na discussão de pontos de vista. O principal do seu trabalho faz-se no confronto de si consigo próprio, no uso frequente e equilibrado das duas grandes ferramentas de que dispõe  naturalmente, a sua Razão e a sua Intuição, para trilhar sozinho os seus caminhos (e descobrir que, afinal, encontra frequentemente outros nos cruzamentos a que vai chegando). Por isso, o maçom deve reservar sempre uma parte do seu dia para efetuar a mais fecunda atividade que pode efetuar: pensar, meditar, especular. Tem as ferramentas. Só precisa de as usar. Dia a dia. E quanto mais as usar e quanto mais frequentemente as usar, mais fácil é esse uso, mais gratificante é o seu trabalho. Também dentro de cada um de nós há um pavimento mosaico, disponível para o percorrermos e nele ir tão longe quanto cada um quiser e puder!

Rui Bandeira

13 dezembro 2013

A morte.

A minha ilusão pode perfeitamente ser a tua ilusão, a tua vida inteira, as nossas, mas não é e, em boa verdade, é impossível de o ser e ambos o sabemos. Mas (também) sei que aqui não há qualquer ilusão. És matreira e até falsa, pois fazes as “coisas” sem pré-aviso e de uma forma insensível, portanto a ilusão, a existir, é apenas fruto da minha ingénua imaginação.

A nossa relação, não é, nunca foi, nem nunca vai ser fácil, recuso-me, por muito que me eduquem para tal, a reconhecer-te como uma fase desta passagem, é algo meu, sem falsos rodeios, posso afirmar-te, a ti e a quem quiser, é pura e sentida reciprocidade.

Não somos, nem nunca vamos ser amigos, é de todo impossível nutrir por ti, outro qualquer sentimento que não seja a repulsa. Como poderei respeitar, encarar e entender algo que não se dá a conhecer? Por muito fértil que fosse a minha imaginação, até tu reconheces, que é de todo impossível.  

Compreendo que não tenhas de avisar-me de nada do que fazes, não sou nem quero ter esse ónus, entendo que seja essa a ordem natural de algo superior que sinto mas não consigo alcançar com o olhar, por muito que o quisesse. Sei ainda que a naturalidade com que tomas as tuas atitudes são acasos do ocaso, no limite conseguirei compreender tudo aquilo que fazes.

Quando levas contigo alguém de quem gosto, alguém pelo qual nutro sentimentos nobres, como a amizade, o respeito e o amor, hás-de convir que ainda menos te entendo, podes fazer a todos os outros, mas não a mim. É injusto. Chega a ser imoral.

Não tenho especial gosto em escrever-te direta e abertamente desta forma, mas a não compreensão da tua existência e proximidade com o meu pequeno mundo a isso me obriga.

Um dia, quando entenderes que é chegada a minha hora, irei relembrar-te de tudo isto e, darei muita luta, pois se agora penso assim, o passar dos anos farão vincar ainda mais estas minhas ideias.

Nesse dia, mesmo a dizer que não quero ir, que não é a minha hora, sei que irei contra vontade, e nesse dia, acredito que passemos a ser amigos.


Daniel Martins