02 outubro 2010

Poema à Amizade


Pode ser que um dia deixemos de nos falar...

Mas, enquanto houver amizade,
Faremos as pazes de novo.

Pode ser que um dia o tempo passe...
Mas, se a amizade permanecer,
Um de outro se há-de lembrar.

Pode ser que um dia nos afastemos...
Mas, se formos amigos de verdade,
A amizade reaproximar-nos-á.

Pode ser que um dia não mais existamos...
Mas, se ainda sobrar amizade,
Nasceremos de novo, um para o outro.

Pode ser que um dia tudo acabe...
Mas, com a amizade construiremos tudo novamente,
Cada vez de forma diferente.
Sendo único e inesquecível cada momento
Que juntos viveremos e nos lembraremos para sempre.

Há duas formas para viver a sua vida:

Uma é acreditar que não existe milagre.
A outra é acreditar que todas as coisas são um milagre.

Albert Einstein

01 outubro 2010

Correlação e causalidade (III)



Por esta hora estarão já uns quantos a pensar: "Podia ter-lhe dado para pior. Falar de coisas que nada têm que ver com a Maçonaria num blogue sobre Maçonaria..." Quem assim pensar está rotundamente equivocado, por três razões.

Em primeiro lugar, porque, como disse já, confundir estes dois conceitos leva-nos a conclusões precipitadas e, frequentemente, erradas e afastadas da verdade, porque ilógicas; e o estudo da Lógica é parte integrante da formação de um maçon. De facto, o estudo das Artes Liberais - base da formação para o gentlemanship - é promovido e incentivado entre os maçons.

Em segundo lugar porque um meio a que os maçons recorrem para se aperfeiçoarem consiste, precisamente, na exposição aos demais das sua próprias conquistas, das suas próprias conclusões e do seu próprio aperfeiçoamento, para que cada um possa dela retirar os ensinamentos que tiver por convenientes. Neste caso, estes textos, decorrentes da minha própria pesquisa e especulação, refletem o meu percurso na busca de algumas razões que quero agora partilhar convosco.

Como sabeis, uma das diferenças entre a Maçonaria Regular e a Maçonaria Liberal consiste na obrigatoriedade - numa - e a sua ausência - na outra - de crença num Ser Supremo, a que chamamos, para não dar prevalência à terminologia de nenhum credo religioso, "Grande Arquiteto do Universo". Começando por ser estritamente cristã, a Maçonaria Regular alargou o âmbito das fés "aceites", até aceitar qualquer crença em qualquer Ser Supremo, desde que não fosse a crença em coisa nenhuma. A Maçonaria Liberal aceita no seu seio quem tenha ou não qualquer crença. A Maçonaria Regular proíbe a discussão ou controvérsia religiosa ou política em loja; a Maçonaria Liberal promove ambas.

Mas porquê estas restrições? Não poderá surgir uma discussão sadia sobre religião entre pessoas de entendimentos religiosos distintos? Não poderá ser útil a discussão política entre irmãos de facções opostas, quiçá promovendo um entendimento que em mais contexto algum seria possível? E não poderia um ateu aperfeiçoar-se e auxiliar outros no seu respetivo aperfeiçoamento, com respeito pela crença dos demais? Claro que sim! Então porque é que nem um Grão-Mestre, com a unanimidade de toda a sua Obediência,  pode mudar alguns princípios da Maçonaria Regular?

Estas questões colocavam-se-me há já algum tempo, quando me surgiu uma resposta: os Landmarks da Maçonaria nada explicam, apenas enunciam, e isso basta. Não é necessário saber-se de que é feita uma aspirina - e muito menos entender-se como interage com o nosso organismo - para que ela nos livre de uma dor de cabeça. Não precisamos de provar a causalidade para nada - basta-nos constatar a correlação. Toma-se a aspirina e - puf! - lá se foi a dor de cabeça. Mesmo sem se perceber porquê.

Do mesmo modo, determinadas regras - algumas velhas de três séculos - não precisam de se justificar.  Passaram já a prova do tempo, e este tem-lhes dado razão. São como são, e moldam a Maçonaria de um modo com que os maçons se identificam. Como a aspirina, funcionam sem que saibamos muito bem porquê. Se compreendermos como funciona a aspirina, e com base nesse conhecimento a alterarmos de modo que atue de outra forma, tenha outros efeitos, trate doutras patologias, obteríamos talvez um medicamento melhor - mas não era aspirina. Também podíamos passar a aceitar que se jogasse futebol com a mão - mas o jogo,  ao sofrer tal alteração de dinâmica, deixava de ser futebol. E também como é evidente, muita coisa se poderia mudar na Maçonaria - mas deixava de ser, de certeza, a Maçonaria que conhecemos e, quem sabe, deixaria, de todo, de ser Maçonaria. E por isso, mudar por mudar, fica como está.

Paulo M.

29 setembro 2010

André Franco de Sousa, maçom nacionalista angolano

André Franco de Sousa passou ao Oriente Eterno em 17 de agosto de 2010.

Foi um dirigente nacionalista angolano, nos anos 50 do século passado, e um dos fundadores do MPLA.

Foi um dos envolvidos no "processo dos 50" e esteve preso no Tarrafal. Depois do 25 de Abril, com Aurora Verdades, fundou um partido político, que não vingou. Depois do Acordo do Alvor, assinado entre Portugal e os três movimentos de libertação reconhecidos, tomou posse o Governo de Transição e André Franco de Sousa partiu para Portugal.

Aqui escreveu e publicou, em 1998, o livro “Angola, o Apertado Caminho da Dignidade” onde explicou as razões pelas quais era um opositor ao partido que fundou, o MPLA.

Foi um dos fundadores da Mestre Affonso Domingues. Ainda me recordo de com ele ter estado em várias reuniões de Loja. Depois, fundou outra Loja, para onde se transferiu, e raramente o passei a ver, normalmente em assembleias de Grande Loja.

Conheci-o já idoso. Manteve sempre o seu apreço pela Democracia, que o levara a cortar com a organização que fundara. Dele guardo uma imagem de completa serenidade e enorme simpatia.

Contou-se, embora brevemente, entre os obreiros da Mestre Affonso Domingues. Foi um dos nossos e como um dos nossos é aqui recordado. Foi um dos veteranos que criaram as condições para a Loja ser o que ela é. Estamos-lhe gratos pelo seu contributo.

Há já alguns anos que a doença o afastara do nosso convívio e o André se encaminhava para o nicho das recordações. Das boas recordações. Agora ali encontrou, em definitivo, o seu lugar.

Rui Bandeira

28 setembro 2010

Terminando um periodo

Chega ao fim um período. Foram três anos e meio de mandato (2 + 1 ½), mas na verdade foram 4 anos desde o anuncio formal da candidatura do Mário ao cargo de Grão Mestre.

Foram muitas conversas, muitas opiniões trocadas, muitas idas à Mexicana para “despacho” (ou só mesmo para um café).

Foram muitas gargalhadas, sorrisos, cumplicidades, e mesmo algumas preocupações. O lema era, temos que nos divertir a fazer isto.

Foi também muito trabalho feito, por todos os que receberam as várias incumbências, que apareciam sempre numa chamada telefónica simpática e preferencialmente com estes termos “ não achas que seria importante….”. Impossível recusar.

Duas hipóteses se me põem para continuar este texto. Torná-lo longo e extenso, ou curto e conciso.

Opto pela segunda porque enumerar o que aconteceu ao longo destes últimos anos seria impossível.

Apesar de cada vez que falamos o Mário me dizer que eu tenho mais 4000 anos de sabedoria que ele, na verdade foi ele que me ensinou quase sempre, mesmo quando discordávamos, e se discordámos.

Quero pensar que fizemos uma boa equipa, e que o resultado final sendo positivo, se resume a uma Grande Loja melhor e mais estruturada, mais muito mais por intervenção do Mário.

Mário, Muito Respeitável Irmão, Antigo Grão Mestre, mas para mim e para mais uns quantos – Tio Mário ou melhor Muito Respeitável Tio – obrigado pelo trabalho que fizeste e que proporcionaste fazer.


José Ruah

27 setembro 2010

Correlação e causalidade (II)



Quando, ainda pequenos, começamos a aperceber-nos do mundo que nos rodeia, tudo é inesperado, e o controlo que temos sobre a nossa realidade imediata é muito reduzido. Com a repetição dos acontecimentos em circunstâncias semelhantes vamo-nos apercebendo de padrões, coisa que o nosso cérebro está especialmente "afinado" para detetar. Apercebemo-nos, deste modo, que logo após uma coisa sucede, normalmente, uma segunda e, ao fim de algumas repetições, quais cães de Pavlov, começamos a salivar logo que ouvimos a sineta.

Pode ser impossível memorizar todas as ocorrências de um fenómeno frequente, mas muito fácil recordar uma regra que as traduza e resuma. A questão que se coloca é, por um lado, a da fiabilidade da regra para explicar os acontecimentos passados, e por outro a capacidade de prever os acontecimentos futuros. E, mesmo quando a encontramos - a regra perfeita que explica a correlação perfeita - nada fica explicado, apenas registado.

Suponhamos que eu pego num copo de água e o provo. Não sabe a nada - ou não deve saber, pois a água pura é insípida e inodora. Agora pego num pouco de açúcar, deito-o na água e provo. A água passou a "saber a doce"! Posso repetir esta experiência as vezes que quiser, até chegar a uma conclusão: de todas as vezes que deitei açúcar na água a água ficou doce. A partir desta constatação vou inferir uma regra que, espera-se, seja universal: sempre que alguém deitar açúcar na água, esta fica doce. Estabelecemos uma correlação.

Esta informação é útil? Claro que sim. Perguntem-no a qualquer pessoa que trabalhe numa cozinha. Mas explica verdadeiramente alguma coisa? Claro que não. Ficamos a saber que a água fica doce, mas não sabemos porquê. Para isso, teremos que estudar as papilas gustativas, os recetores que detetam os iões presentes no açúcar, e os estímulos gerados nas mesmas para o cérebro. Aí, sim, podemos dizer que entendemos o fenómeno, e que, da correlação, passámos à causalidade: o açúcar é, de facto, a causa do sabor a doce. Com base nesta informação, e cientes de como funciona a nossa língua, podemos, agora, inventar coisas novas, como adoçantes que não tenham as propriedades do açúcar. E que nos adianta isso sobre o conhecimento inicial de que o açúcar adoça a água? Por vezes, muito; as mais das vezes, nada para além da satisfação de entendermos um pouco melhor o nosso mundo.

A maioria do conhecimento que temos é meramente correlacional, e não estabelece qualquer prova quanto à causalidade. Uma correlação consegue-se pegando nos dados, na observação dos fenómenos repetidos muitas vezes, e inferindo, através de métodos matemáticos, uma ligação entre eles. A correlação, contudo, nada demonstra por si mesma. Peguemos, por exemplo, no crescimento semanal, em centímetros, das tulipas de uma certa estufa, ao longo de alguns meses; e no preço, em euros, das botas de neve numa loja de desporto.  Poderia suceder, por mero acaso estatístico - ou por qualquer outra razão - que houvesse um a correlação perfeita entre ambas as medidas. Uma correlação é algo de objetivo e indesmentível por definição: contra factos não há argumentos, como se costuma dizer.

Já o mesmo não pode dizer-se das conclusões de causalidade supostamente decorrentes de tal correlação. Seria, por exemplo, pouco sensato dizer-se que "o crescimento das tulipas torna as botas mais caras", ou que "as tulipas crescem tanto melhor quanto mais caras estiverem as botas de neve". Pior, ainda, seria aumentar-se o preço das botas esperando que isso aumentasse a taxa de crescimento das tulipas... Já, por outro lado, dizer-se que "quanto mais alta a temperatura, mais crescem as tulipas por um lado, e mais raras são as botas de neve nas lojas - pois terão sido vendidas na época fria - o que as torna mais caras" pode ter todo o cabimento - mas carece de demonstração para se poder estabelecer uma causalidade.

Contrariamente à correlação, estritamente objetiva, a causalidade implica sempre uma dose de especulação e de juízo sobre os dados objetivos que lhe darão suporte. Estabelecer uma correlação é, muitas vezes, trivial; provar uma causalidade é, por outro lado, frequentemente um desafio, para não dizer impossível. É, quase sempre, um trabalho árduo. Contudo, provar-se uma causalidade permite-nos chegar mais fundo, entender melhor, alargar o conhecimento dos conceitos em causa, coisas que a mera correlação não garante. Deveremos, por isso, abandonar as correlações e focar-nos nas causalidades? Claro que não. Devemos é saber distingui-las, dar a umas e a outras o devido valor e, acima de tudo, não tomar por causalidades o que não passa de meras correlações - falácia que muitos órgãos de comunicação social, ávidos da nossa atenção, repetem vezes sem conta.

Paulo M.

26 setembro 2010

O dia foi bom para a Mestre Affonso Domingues

Ontem o dia foi bom para a Loja Mestre Affonso Domingues.

Ficou demonstrado que o trabalho arduo é o caminho a seguir.


José Ruah

O Sexto Grão Mestre

Foi ontem, perante uma assembleia de varias centenas de irmãos portugueses e estrangeiros, instalado o Sexto Grão Mestre da GLLP/GLRP, José Francisco Moreno de seu nome.

O MRGM J.Moreno, é obreiro da Grande Loja há muitos anos e o seu CV maçónico foi já aqui publicado por ocasião do processo eleitoral.

José, como o trato, perdão Muito Respeitavel José, é um companheiro de caminho desde 1992, quando foi iniciado na Loja Mestre Affonso Domingues, da qual sempre foi obreiro e Veneravel Mestre.

A sua instalação enquanto Grao Mestre é um corolário do seu caminho maçónico de então a até hoje.

Pessoa de poucas palavras e muitos actos, nele ficam agora depositadas as esperanças de um mandato tranquilo e proficuo.

E como muito bem disse o actual VM da Mestre Affonso Domingues, Irmao José Moreno vais daqui emprestado ao oficio de Grão Mestre mas concluido que for o teu desempenho queremos-te de volta na Loja.

Votos de bom trabalho

José( como ele me chama a mim)