25 agosto 2010

O terceiro Grão-Mestre

O terceiro Grão-Mestre da GLLP/GLRP foi José Manuel Morais Anes. Exerceu essas funções entre 2001 e 2004. Coube-lhe assumir a tarefa da retomada da normalidade, após o tumultuoso mandato do seu antecessor. Garantida que fora por este a continuação do reconhecimento internacional da GLLP/GLRP como a única Potência Maçónica Regular em Portugal, José Manuel Anes, na frente internacional consolidou a normalização das relações. Com ele, virou-se a página e retomou-se o caminho.

Também na frente interna o mote do trabalho do Grão-Mestre José Manuel Anes foi a retomada e consolidação da normalidade. Paulatina mas firmemente, deixou bem claro que o passado era passado e que, mais do que recordar eventos, o que interessava era que cada um prosseguisse o seu trabalho de aperfeiçoamento pessoal, que cada Loja exercesse a sua função de enquadramento e catalisador do trabalho dos seus elementos.

Bem-disposto, bonacheirão, sempre com um sorriso na cara, José Manuel Anes transmitiu a todos a sua confiança. E o seu mandato foi um percurso em crescendo para a normalidade...

O Grão-Mestre José Manuel Anes recebeu uma Grande Loja ainda marcada pelos eventos que ofuscaram o mandato do seu antecessor e transmitiu ao seu sucessor uma Grande Loja estabilizada, confiante e em velocidade de cruzeiro. Podemos e devemos, sem dúvida alguma, considerar, com toda a justiça, que foi o homem certo a segurar na altura certa o leme da Grande Loja Legal de Portugal / GLRP.

Eis o seu currículo, reunindo informação registada no sítio da GLLP/GLRP e na página a ele dedicada na Wikipédia:

Nascido em Lisboa a 21-6-1944.

Residente na Costa da Caparica.

Licenciado em Química, pela Faculdade de Ciências de Lisboa, em 1975 (Bacharel em 1973).

Nos anos 70 foi assistente de Biomatemática na Faculdade de Medecina de Lisboa (HSM) - 1976-77 e 1977-78 - e, tendo sido equiparado a bolseiro, frequentou um curso de pós-graduação em Química-Física Inorgânica na Fac. de Ciências da Universidade Complutense de Madrid e estagiou em Catálise e Catalisadores no Instituto de Química-Física do Conselho Superior de Investigações Científicas de Madrid. Foi durante vinte anos Perito Superior de Criminalística do Laboratório de Polícia Científica da P.J.; actualmente está na situação de aposentado.

Desde 1986,é docente convidado de Matemáticas para as Ciências Humanas do Departamento de Antropologia da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, Faculdade onde tem lecionado também Métodos Quantitativos no Departamento de História, Estatística e no de Ciência Política; desde o ano de 2000-2001, leccionou também, na FCSH da UNL, a cadeira de Antropologia da Religião no Departamento de Antropologia, nos anos de 2000-2001 e 2001-2002. Tem dado, desde 1998, Cursos livres sobre História das Correntes Esotéricas, Novos Movimentos Religiosos e "New Age", no Instituto de Sociologia e Etnologia das Religiões da mesma Faculdade, e também no Centro Nacional de Cultura, os último dos quais se intitularam "Violência e Novos Movimentos Religiosos" e "Esoterismo e Política". Foi Assessor Cultural da Fundação Cultursintra, em 1996 e 1997, sendo Medalha de Prata da C.M. de Sintra em virtude da sua iniciativa pessoal que conduziu à classificação da Quinta da Regaleira pelo IPPAR como imóvel de interesse público e também pelos estudos realizados (um dos quais foi apresentado em Londres na Cornerstone Society - ver o resumo da conferência em www.workingtools.org) e pela divulgação da mesma Quinta. Foi Presidente da Academia de Estudos Ibero-árabes (1995/97) e Vice-Presidente da Associação Fernando Pessoa (1999-2000).

É membro correspondente em Portugal da Associação "ARIES" (de Estudos e Informações sobre Esoterismo) dirigida pelo Prof. Antoine Faivre da EPHE (Sorbonne), do CIRET (Centro de Estudos sobre Transdisciplinaridade) dirigido por Basarab Nicolescu (Paris) e das seguintes Associações de estudos dos Novos Movimentos Religiosos: a francesa AEIMR dirigida por Bernard Blandre e a italiana CESNUR (Torino) dirigida pelo Doutor Massimo Introvigne (Torino). Foi Director da "Biblioteca Hermética" da Hugin Editores, onde publicou obras de diversos autores, entre os quais Lima de Freitas, Gilbert Durand, Adalberto Alves, Carlos Calvet, etc.

É um especialista de Correntes Esotéricas Ocidentais, sendo membro da ESSWE- European Society for the Study of Western Esotericism, dirigida pelos Profs. Wouter Hanegraaff (Univ. Amsterdão) e Antoine Faivre (Jubilado da EPHE-Sorbonne).

Organizou, em 2000, a pedido da Câmara Municipal de Cascais/Pelouro de Cultura, o Colóquio internacional "Fernando Pessoa, o Esoterismo e Aleister Crowley" que contou com as participações, entre outros, dos grandes especialistas universitários de esoterismo e de "novos movimentos religiosos", Antoine Faivre, Massimo Introvigne e Gordon Melton e dos pessoanos Maria Aliette Galhós, Manuela Parreira da Silva e Luis Filipe Teixeira.

Escreveu prefácios para vários livros, os últimos dos quais para “O Pensamento Maçónico de Fernando Pessoa” de Jorge de Matos (Sete Caminhos, Lisboa, 2006) e “La Franc-Maçonnerie comme Voie d’Éveil” de Rémi Boyer (Rafael de Surtis/Éditinter, Monts, França, 2006).

Para além da sua formação em Criminalística, desde 1999, tem-se dedicado também, no quadro da Socio-Antropologia, particularmente no domínio do estudo da Violência em “Seitas” e grupos religiosos radicais, tem sido Docente de cursos sobre Violência Religiosa e Terrorismo Religioso, quer no ISER, a partir de 2001, quer em 2006, na Reitoria da Universidade (Clássica) de Lisboa, na Universidade Autónoma de Lisboa e na Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa, num curso de Pós-graduação e Mestrado em Estudos Avançados de Segurança e Direito, onde lecciona as cadeiras de Violência Religiosa e de Criminalística. É co-autor no livro “As Teias do Terror” (Ésquilo, 2006).

Foi (desde 2004) Vice-Presidente do OSCOT- Observatório de Segurança, Crime Organizado e Terrorismo e é, desde o início de 2010, o seu Presidente. É Director da revista para o grande público intitulada “Segurança e Defesa”.

Bibliografia publicada:

"Re-creações Herméticas", Hugin, Lisboa, 1ª. ed. 1996, 2ª. ed. 1997; "O Esoterismo da Quinta da Regaleira", Hugin, Lisboa, 1ª. ed.1998, 2ª ed. 2000, 3ª ed. 2003. "Maçonaria Regular - Maçonaria Universal" - Hugin, Lisboa, 2003. "Re-creações Herméticas - II" - Lisboa, Hugin; “Fernando Pessoa e os Mundos Esotéricos” – Lisboa, Ésquilo, 1ª. E 2ª. Eds., 2004;“Os Jardins Iniciáticos da Quinta da Regaleira” – Lisboa, Ésquilo, 2005.
Com outros autores: "As Tentações de Bosh e o Eterno Retorno", Lisboa, Museu de Arte Antiga, 1994; "Poesia e Ciência", Lisboa, Cosmos/GUELF, 1994; "Caos e Meta-Psicologia", Lisboa, Fenda/ISPA, 1994; "Religião e ideal maçónico", Lisboa, ISER, 1990); "Seminário sobre Newton", Évora, Universidade de Évora/CEHFC, 1995; "Masoneria y religión", Madrid, Ed. Complutense, 1996; "A Vivência do Sagrado", Lisboa, Hugin, 1998, "A Quinta da Regaleira: história, símbolo e mito", Fundação Cultursintra, 1998; "Portugal Misterioso", Lisboa, SRD, 1998; "L'Âme secrète du Portugal", Paris, L'Originel, nº 9, 2000; "L'Homme à venir - Mémoire du XXe.siècle - nº.2", Paris, Rocher, 2000; "Discursos e práticas alquímicas - I", Lisboa, Hugin/CICTSUL, 2001; "Esoterismo e Humanidades" -Colibri/Faculdade de Letras de Lisboa, 2001; "Discursos e práticas alquímicas - II" - Lisboa, Hugin/CICTSUL, 2002; "O Homem do futuro - um ser em construção" - São Paulo -Br., Triom/USP, 2002; "A Creação - La Création" - Lisboa, Atalaia/Intermundos, 2003; "Le Sacré aujourd'hui" - Paris, Rocher, 2003; “Templiers: les yeux du Baphomet” – Monts (Fr.), Rafael de Surtis/Editinter, 2004.

Percurso Maçónico

Foi iniciado Maçon no Grande Oriente Lusitano, em 1988, tendo saído em 1990, para constituir a Grande Loja Regular de Portugal-GLRP, onde fundou a Loja "Quinto Império" e onde foi sucessivamente, até finais de 1996, Grande Inspector, Assistente de Grão-Mestre e Vice Grão-Mestre. A partir de 1997, continuou a integrar a Grande Loja Legal de Portugal/GLRP - potência regular internacionalmente reconhecida pela Maçonaria Universal - de que foi, a partir dos começos de 2001, Grão Mestre, até Março de 2004.

Foi de 1995 a 2000, Grão Prior do Grande Priorado Independente da Lusitânia da Ordem dos CBCS (Altos Graus do Rito Escocês Retificado).

É CBCS-Cavaleiro Benfeitor da Cidade Santa (armado na Prefeitura de Genève do Grande Priorado Independente da Helvécia, de que é Membro de Honra), Cavaleiro maçónico de Malta - KM (armado no Grande Priorado da Gálias, em Paris), do Grande Priorado de Inglaterra e Gales) e 33º., Grau honorário do Rito Escocês Antigo e Aceite (Supremo Conselho para Portugal).

É membro do Supremo Grande Capítulo do Arco Real de Portugal e do Conselho Críptico para Portugal (Mestres Reais e Escolhidos) - altos graus do Rito de York. É ainda Cavaleiro do Conclave "Henrique de Borgonha" do Grande Conclave Imperial para a França da Ordem Maçónica e Militar da Cruz Vermelha de Constantino e das Ordens do Santo Sepulcro e de S. João Evangelista. É IXº. Grau e membro honorário do Colégio dos "Supreme Magus" da Sociedade Rosacruciana dos EUA ("Societas Rosacruciana in Civitatibus Foederatis" e ainda membro da "Societas Rosacruciana in Lusitania (SRIL).

É membro de honra da Loja "Oldest Ally" da Grande Loja Unida de Inglaterra, Companheiro do Arco Real inglês (Capítulo "Benaventa" de Northamptomshire), Cavaleiro Templário - KT de Honra (Capítulo "Holy Cross" de Northamptonshire, "Supreme Ruler" da Ordem inglesa do "Secret Monitor" e do Conclave "Olissipus Fidelis" (a Oriente de Lisboa) da OSM, Cavaleiro Rosa Cruz da Ordem Real da Escócia (Grande Loja de Edimburgo), Maçon de Marca e do "Royal Ark Mariner" da Loja "Rose and Lilly" de Londres e membro (em Inglaterra, do Conselho do Grão-Mestre) dos 5 Ordens que constituem os Allied Masonic Degrees: St. Laurence the Martyr, Knight of Constantinople, Grand Tiler of Salomon, Red Cross of Babilon e Grand High Priest. É Knight Templar Priest do Tabernáculo «London Freemen» e membro da Sociedade «Operatives».

É detentor das mais altas distinções do Grande Oriente do Brasil - GOB, entre as quais, a Condecoração da "Estrela da Distinção Maçónica" (Conferida pelo Grão Mestre Geral do GOB), Diploma e Medalha de Honra ao Mérito "Gonçalves Ledo" (Conferida pelo Grão Mestre do Grande Oriente do Estado de São Paulo, federado ao GOB), Medalha do Mérito "Presidente Ivo Ramos de Mattos" (Conferida pela Assembleia Estadual Legislativa do Grande Oriente do Estado do Rio de Janeiro, federado ao GOB) e Medalha "Jubileu de Prata do GOERJ- 2003" (Conferida pelo Grão Mestre do Grande Oriente do Estado do Rio de Janeiro, federado ao GOB). É ainda detentor da Medalha do "Mérito Montezuma" do Supremo Conselho para o Brasil do Supremo Conselho do Grau 33 do REAA (atribuída pelo Soberano Grande Comendador).

É Grande Representante da Grande Loja do Estado de Nova Jersey (EUA) , junto da GLLP/GLRP, da Grande Loja da Suécia junto do Grande Priorado Independente da Lusitânia e Grande Oficial de Honra da GL Real de Marrocos.

É membro correspondente das seguintes sociedades de investigação maçónica: «Ars Quotur Coronati» (Inglaterra), «Villart de Honnecourt» (França) e «Scottish Rite Research Society» (EUA).

Rui Bandeira

23 agosto 2010

Os sinais de reconhecimento


Um dos segredos que os maçons devem guardar consiste nos sinais, palavras e toques próprios de cada um dos graus. A sua origem - os sinais pelos quais um artesão da maçonaria operativa identificava as suas aptidões perante mestres que o não conhecessem - já foi aqui sobejamente explicada. Mas quais a sua utilidade e significado atuais?

Desde o século XVIII que há exposés, ou revelações, de rituais maçónicos. Como seria de esperar, uma vez que cada Grande Loja tem autonomia para alterar os seus rituais - o que costumam fazer com alguma regularidade - rapidamente os sinais de reconhecimento estabelecidos nos rituais terão sido alterados em reacção a essas "inconfidências". Também não surpreenderá que, em função dessas alterações, os sinais de reconhecimento não sejam, hoje em dia, os mesmos nem em todo o mundo, nem em todos os ritos, nem em todas as obediências. Há variações, pelo que os maçons são delas instruídos para que possam reconhecer irmãos apesar das diferenças.

Entenda-se, por outro lado, que estes "meios de reconhecimento" são meramente rituais. O que é que isto significa? Significa que, em primeiro lugar, são usados no contexto das sessões rituais, e do acesso às mesmas. Assim, se um maçon se dirigir a um templo onde se vão reunir irmãos de outra Loja na qual não seja conhecido, e pretender assistir à sessão, é quase certo que o farão identifica-se através dos sinais rituais de reconhecimento. No entanto, quase certo é também que não se fiquem por aí. Nos nossos dias a maioria das Obediências emite cartões em nome e para uso dos seus obreiros que atestam estarem os mesmos com a sua situação regularizada. É também costume as Obediências emitirem, a pedido, o chamado "Passaporte Maçónico", que permite a identificação do seu portador perante Obediências estrangeiras. Sem qualquer destes documentos, e sem que sejamos conhecidos, é não só possível como quase inevitável vermos a nossa entrada negada numa sessão de Loja. E fora de uma sessão de Loja? Espero que ninguém imagine os maçons a fazer macaquices e "sinais secretos" a estranhos, não vá dar-se o caso de eles serem maçons também... Fora de Loja os maçons, ou já se conhecem previamente, ou reconhecem-se pela sua postura, forma de estar na vida e princípios que defendem.

Dados os modernos meios de identificação (cartões, passaporte maçónico, etc.), a utilidade original dos sinais de reconhecimento é reduzida. Por que se mantêm então, e qual a razão do seu secretismo? Não nos esqueçamos de que a Maçonaria se socorre de símbolos e alegorias para transmitir os seus ensinamentos. Assim, os segredos de grau recordam a cada maçon que deve ser um homem honrado, de bons costumes, capaz de guardar para si um segredo que lhe tenha sido confiado. Por outras palavras, os maçons guardam segredo desses sinais de reconhecimento, uma vez mais, por uma razão muito simples: porque juraram fazê-lo.

Paulo M.

21 agosto 2010

O Grifo



O grifo é um animal mitológico com corpo de leão e cabeça e asas de águia. O leão era considerado o rei dos animais, e a águia o rei das aves, pelo que o grifo era considerado uma criatura majestosa e poderosa. Os grifos eram conhecidos por guardar tesouros e outros bens sem preço.

Ora, o que poucos saberão é que este "tesouro" que é o A-Partir-Pedra tem um grifo a guardá-lo! Senão vejamos: a Águia é o símbolo do Benfica; e quem nasceu a 21 de Agosto é do signo Leão. Consequentemente, um Benfiquista que faça hoje anos é um Grifo: meio Águia e meio Leão!!!

Parabéns, Rui Bandeira! Um grande abraço, e um dia feliz!

Paulo M.

20 agosto 2010

A Maçonaria: tecnologia avançada (VI - Epílogo)


Muitos dos "segredos" da maçonaria operativa - especialmente os ligados à engenharia, à arquitetura e à ciência - fazem hoje parte do conteúdo curricular de cursos do ensino superior - e alguns mesmo do ensino obrigatório. Outros ainda, mais ligados à técnica do trabalho artesanal da pedra, ter-se-ão perdido irrecuperavelmente por falta de aprendizes que perpetuassem a arte. Outros, de cariz mais simbólico, apesar de subsistirem, terão distorcido o seu significado a ponto de ser irreconhecível o seu sentido original. A "tecnologia avançada" da época, que as Lojas tão ciosamente guardavam, deixou de ser sigilosa, encontrando-se hoje - com mais ou menos estudo - ao alcance de todos.

Por tudo isto, é inegável que a Maçonaria actual não tenha quase nada em comum com a maçonaria operativa da Idade Média. Então, o que é hoje a Maçonaria? A chave desta questão encontra-se na forma como a própria Maçonaria se define: "A Maçonaria é um sistema peculiar de moralidade, velado por alegorias e ilustrado por símbolos". A Maçonaria é, portanto, um sistema de moralidade, e um que, como vimos já, abraça os princípios do Iluminismo - com o primado da razão enquanto fonte de autoridade e legitimidade - bem como a tolerância religiosa. A Maçonaria, não obstante partindo do princípio da imortalidade e da crença num princípio criador regular e infinito, apresenta uma conceção do mundo afastada da ignorância, do obscurantismo e da superstição, promovendo a busca da virtude, entendida como a força de fazer o bem no seu sentido mais lato do cumprimento dos nossos deveres para com a sociedade e para com a nossa família sem interesse pessoal. A ética da Maçonaria é, por outro lado, uma ética de trabalho, não pondo nenhum obstáculo ao esforço na busca da verdade, nem reconhecendo outro limite nessa busca senão o da razão.

Esse "sistema de moralidade" não é apresentado de uma vez; os princípios vão sendo apresentados de forma progressiva, e vão sendo desvendados novos "segredos" através de histórias alegóricas - que mais não são do que pontos de partida para a reflexão sobre potenciais imperfeições da nossa existência com o fim do auto-aperfeiçoamento. Por outro lado, as alegorias não são apresentadas de forma inequívoca, tendo cada um a liberdade de retirar delas os ensinamentos que lhe sejam mais proveitosos, o que é rigorosamente respeitado e promovido. Os símbolos, do mesmo modo, não têm significados universais, podendo ser interpretados por cada um da forma que entenda. A par de todo o aperfeiçoamento moral e espiritual, promove-se um saber diversificado, muito para além da especialização profissional que é a norma do nosso tempo. Cada um é, por exemplo, incentivado a apresentar oralmente trabalhos que tenha escrito e que podem ser sobre qualquer tema que possa interessar os obreiros da Loja, o que, promove para além do conteúdo apresentado, a prática da Retórica e da Gramática. Enquanto tudo isto sucede, vai cada um aprendendo a respeitar a posição alheia, mesmo que com ela não concorde; a calar um reparo se do mesmo não resulte senão a quebra da harmonia; a exercer a sua Liberdade dentro dos limites que a Igualdade e a Fraternidade impõem.

Mas então, porque continua a Maçonaria a manter "segredos" já revelados? Porque é que se continua a imitar uma profissão extinta, e a perpetuar lendas e símbolos de outros tempos? Por outras palavras, porque é que a Maçonaria é o que é, e porque é que, na Maçonaria, se faz o que se faz, e do modo que se faz? A resposta não poderia ser mais simples: porque funciona. De facto, o passar dos séculos tem demonstrado ter a Maçonaria uma metodologia eficaz de propagação dos princípios que esta acarinha e representa.

Por outro lado, pode dizer-se ser o seu "tradicionalismo" uma das causas da sua longevidade e, contrariamente a tantas associações que aparecem e desaparecem num curto espaço de tempo, a Maçonaria não tenciona deixar de existir de um dia para o outro. De facto, é inegável que nas sociedades atuais, como no século XVII, grassa a ignorância e a mediocridade, prevalece o fundamentalismo e o preconceito, e o oportunismo sobrepõe-se à retidão de princípios. Os propósitos da Maçonaria estão ainda longe de se ter concretizado, e longe de se ter esgotado os motivos da sua existência. Por esta razão, enquanto houver Homens com o firme propósito de se melhorar, de aprender a viver em proximidade com perspetivas diferentes das suas e de praticar a virtude e o bem, haverá lugar para que, por seu intermédio, a Maçonaria torne o mundo num lugar mais justo e mais perfeito.

Paulo M.

18 agosto 2010

Religião e espiritualidade


Raramente publico aqui no blogue textos que não são escritos por mim. Mas toda a regra tem exceções, quando as exceções o justificam. É o caso do texto que abaixo segue. Recebi-o através do Grupo Maçônico Orvalho do Hermon. Não confirmei a factualidade. mas a confiança em meus Irmãos do Grupo leva-me a não duvidar da mesma. E o texto do pastor Ed René Kivitz é de primeira água - e merece ser divulgao, lido e, sobretudo meditado.

Primeiro o enquadramento factual, tal como o recebi na mensagem do Grupo Maçônico Orvalho do Hermon:

No dia 1°/Abr/2010, o elenco do Santos, atual campeão paulista de futebol, foi a uma instituição que abriga trinta e quatro pessoas. O objetivo era distribuir ovos de Páscoa para crianças e adolescentes, a maioria com paralisia cerebral.
Ocorreu que boa parte dos atletas não saiu do ônibus que os levou.
Entre estes, Robinho (26a), Neymar (18a), Ganso (21a), Fábio Costa (32a), Durval (29a), Léo (24a), Marquinhos (28a) e André (19a), todos ídolos super-aguardados.
O motivo teria sido religioso, a instituição é espírita, o Lar Espírita Mensageiros da Luz, de Santos-SP, cujo lema é Assistência à Paralisia Cerebral
Visivelmente constrangido, o técnico Dorival Jr. tentou convencer o grupo a participar da ação de caridade. Posteriormente, o Santos informou que os jogadores não entraram no local simplesmente porque não quiseram.
Dentro da instituição, os outros jogadores participaram da doação dos 600 ovos, entre eles, Felipe (22a), Edu Dracena (29a), Arouca (23a), Pará (24a) e Wesley (22a), que conversaram e brincaram com as crianças.
Eis que o escritor, conferencista e Pastor (com P maiúsculo) ED RENÉ KIVITZ, da Igreja Batista de Água Branca (São Paulo), fez uma análise profunda sobre o ocorrido e escreveu o texto abaixo que tenho o prazer de compartilhar.

No Brasil, futebol é religião, por Ed Rene Kivitz

Os meninos da Vila pisaram na bola. Mas prefiro sair em sua defesa.Eles não erraram sozinhos. Fizeram a cabeça deles. O mundo religioso é mestre em fazer a cabeça dos outros. Por isso, cada vez mais me convenço que o Cristianismo implica a superação da religião, e cada vez mais me dedico a pensar nas categorias da espiritualidade, em detrimento das categorias da religião.
A religião está baseada nos ritos, dogmas e credos, tabus e códigos morais de cada tradição de fé. A espiritualidade está fundamentada nos conteúdos universais de todas e cada uma das tradições de fé.
Quando você começa a discutir quem vai para céu e quem vai para o inferno; ou se Deus é a favor ou contra à prática do homossexualismo; ou mesmo se você tem que subir uma escada de joelhos ou dar o dízimo na igreja para alcançar o favor de Deus, você está discutindo religião. Quando você começa a discutir se o correto é a reencarnação ou a ressurreição, a teoria de Darwin ou a narrativa do Gênesis, e se o livro certo é a Bíblia ou o Corão, você está discutindo religião. Quando você fica perguntando se a instituição social é espírita kardecista, evangélica, ou católica, você está discutindo religião.
O problema é que toda vez que você discute religião você afasta as pessoas umas das outras, promove o sectarismo e a intolerância. A religião coloca de um lado os adoradores de Allá, de outro os adoradores de Yahweh, e de outro os adoradores de Jesus. Isso sem falar nos adoradores de Shiva, de Krishna e devotos do Buda, e por aí vai. E cada grupo de adoradores deseja a extinção dos outros, ou pela conversão à sua religião, o que faz com que os outros deixem de existir enquanto outros e se tornem iguais a nós, ou pelo extermínio através do assassinato em nome de Deus, ou melhor, em nome de um deus, com d minúsculo, isto é, um ídolo que pretende se passar por Deus.
Mas, quando você concentra sua atenção e ação, sua práxis, em valores como reconciliação, perdão, misericórdia, compaixão, solidariedade, amor e caridade, você está no horizonte da espiritualidade, comum a todas as tradições religiosas. E quando você está com o coração cheio de espiritualidade, e não de religião, você promove a justiça e a paz.Os valores espirituais agregam pessoas, aproxima os diferentes, faz com que os discordantes no mundo das crenças se deem as mãos no mundo da busca de superação do sofrimento humano, que a todos nós humilha e iguala, independentemente de raça, gênero, e inclusive religião.
Em síntese, quando você vive no mundo da religião, você fica no ônibus. Quando você vive no mundo da espiritualidade que a sua religião ensina ou pelo menos deveria ensinar, você desce do ônibus e dá um ovo de
páscoa para uma criança que sofre a tragédia e miséria de uma paralisia mental.

Ed René Kivitz, cristão, pastor evangélico, e santista desde pequenininho.


Não sei se o Pastor Ed René Kivitz é ou não maçom. Nem sequer sei se ele aprecia os maçons. Sei que concordo em todas as frases, em todas as palavras, em todas as letras, com o que o Pastor escreveu.

Isto é o que a Maçonaria ensina. Isto é o que os maçons devem e procuram aprender. Que seja ensinado por quem, porventura, não é maçom, não interessa nada. Porque as boas lições são para serem aprendidas, venham de onde vierem. Hoje tenho muita honra em bradar que aprendi com este texto e em aqui o publicar para que outros possam também com ele aprender.
Rui Bandeira, maçom, advogado e benfiquista desde pequenininho.

16 agosto 2010

A Maçonaria: tecnologia avançada (V)


Na Inglaterra de meados do século XVII o poder do Rei e da Igreja começavam a ser postos em causa por toda uma classe média emergente, o que levou à guerra civil que devassou a Inglaterra entre 1642 e 1649 e à execução de Carlos I, o que deixou a Inglaterra sem rei. Sob um governo republicano liderado por Oliver Cromwell, a Inglaterra foi governada a ferro e fogo no período de pós-guerra (de 1649 a 1660), depois do que o Parlamento restaurou a Monarquia, tendo Carlos II - filho de Carlos I - sido coroado a 1661, com a idade de 30 anos. Um ano depois casaria com Catarina de Bragança. Carlos II, favorável à causa da liberdade religiosa e patrono das artes e da ciência, ficou conhecido como o Merrie Monarch, o Rei Alegre, quer pela sua boa disposição e pelo hedonismo da sua corte, como pelo alívio pelo retorno à normalidade após o governo de Cromwell.

Enquanto as autoridades política e religiosa em Inglaterra se encontravam diminuídas e fragilizadas - e eram agora mais fonte de desavença do que de união - surgia no Mundo um novo paradigma entre os meios intelectuais da época: o do primado da razão como fonte de legitimidade e de autoridade, num movimento que veio a ficar conhecido como Iluminismo. Este é, historicamente, coincidente com o século XVIII, mas as suas raízes podem ser encontradas algumas décadas antes.

Encontramos, logo após a guerra civil inglesa, a sociedade londrina efervescente de associações e clubes onde os cavalheiros podiam socializar uns com os outros; as temáticas decorriam dos novos interesses da época. Assistia-se, ao mesmo tempo, ao declínio das irmandades (associações de homens, normalmente profissionais do mesmo ramo, com fins de assistência mútua na doença ou na morte), que existiam desde o século XI; para congregar as pessoas já não bastava a ideia de assistência mútua. Foi neste contexto que, em 1660, com o propósito de juntar vários tipos de homens no estudo da Ciência, foi fundada a Royal Society. Robert Moray - um alto oficial do exército e também defensor da tolerância religiosa - conseguiu o apoio da família real para a sua fundação. A Royal Society, de que Moray viria a ser o primeiro presidente, tinha uma característica curiosa: não se iniciava aí discussões sobre política ou religião; falava-se de Ciência. Esta sociedade obteve considerável sucesso, graças ao qual a revolução científica atingiu a Europa através da obra de Isaac Newton, que propunha a visão de um mundo que obedecia a regras passíveis de ser formuladas e entendidas pela mente humana.

Ora, Robert Moray fora iniciado maçon na Mary's Chapel Lodge, e não foi o único "gentleman mason" iniciado numa loja escocesa. Havia muitos outros que, juntando-se em Lojas em Londres ou constituindo clubes, trariam para esta cidade esta visão, esta forma de estar na vida. Sabemos hoje que muitos dos membros da Royal Society se interessavam pelos clubes maçónicos que acabavam de surgir, pois encontravam neles uma mistura dos princípios científicos e racionais que acarinhavam com os princípios morais a que aspiravam, de mais a mais embelezados por uma rica teia de ensinamentos místicos, o que a tornava muito atrativa.

A Maçonaria tornou-se, deste modo, na principal "corrente" - se assim se lhe pode chamar - de clubes de cavalheiros. É verdade que, à semelhança dos outros clubes que surgiam, as lojas constituíam um ambiente onde homens de diferentes convicções religiosas e políticas podiam encontrar-se e confraternizar amigavelmente; contudo, o que a Maçonaria tinha que as outras sociedades não tinham era um propósito mais sério, por assim dizer: tornar os seus membros em pessoas melhores, ensiná-los a ser cidadãos dos seus países, e incentivá-los a cultivar-se intelectualmente.

Através dos primeiros gentlemen masons, oriundos da clique intelectual da época, a Maçonaria abraçara os valores de um Iluminismo que dava os primeiros passos, cunho que se manteria até aos dias de hoje. Os gentlemen masons tinham conseguido propagar um novo paradigma de autoridade, um novo conjunto de princípios, um novo edifício ético. Tomaram os ideais do Iluminismo e um conjunto de princípios morais transversais às várias denominações religiosas da época, enformaram-nos num clube de cavalheiros com tradições seculares, e tornaram-nos apelativos ao cidadão vulgar. Finalmente, após as guerras religiosas e civis, após os ódios fratricidas, a Inglaterra dispunha de um movimento unificador que, em torno de uma espiritualidade não sectária, para além dos partidos e das religiões, juntasse homens que de outro modo se manteriam para sempre afastados.

De 24 de Junho de 1717 - data da fundação, em Londres, da primeira Grande Loja do mundo por quatro Lojas Maçónicas - a 1723 formaram-se, só em Londres, já mais de 30 Lojas Maçónicas, número que explodiu nos anos que se seguiram, com gente de todas as classes a juntar-se à Maçonaria. Os segredos e os conhecimentos tecnológicos dos antigos pedreiros estavam agora ao alcance de todos. As lições morais e a postura perante a própria existência retiradas dos antigos símbolos, associados aos princípios do Iluminismo, viriam a mudar primeiro a sociedade Inglesa, e depois o resto do mundo.

Referências:
http://libcom.org/library/trade-guilds-initiation-through-work-andre-nataf
http://en.wikipedia.org/wiki/Charles_II_of_England
http://en.wikipedia.org/wiki/Robert_Moray
http://en.wikipedia.org/wiki/English_Civil_War

Paulo M.

13 agosto 2010

A Maçonaria: tecnologia avançada (IV)


A admissão de um aprendiz numa Loja operativa não era feita em privado; pelo contrário, envolvia todos os obreiros. Feita à noite - depois de um dia de trabalho - envolvia um ritual durante o qual era exposta ao aprendiz a história e importância da arte, salientado o privilégio que era para ele ser admitido, e explicado o que dele se esperava. A progressão de um artesão era, assim, uma cerimónia em que, envergando os seus trajes e instrumentos de trabalho - nomeadamente o avental e as luvas - para acolher no seu seio um novo membro, participavam quantos já por ela haviam passado.

Para além da transmissão de conhecimento tecnológico, era inculcado no recipiendário todo um conjunto de ensinamentos históricos, religiosos, mitológicos e morais. A utilidade e o âmbito desses ensinamentos, por sua vez, ultrapassava de longe o do mero trabalho da pedra. Podemos compará-los - evidentemente, com alguma latitude de conceito - aos ensinamentos de deontologia e ética que são, ainda hoje, essenciais ao ingresso, por exemplo, nas Ordens dos Médicos ou dos Advogados, mas com um espírito que os tempos modernos já perderam. Na prática, estes rituais - com uma grande componente mística - giravam em torno da leitura das "old charges", episódios retirados da bíblia, da História, da lenda ou do imaginário que descreviam a importância, ascendência e grandes feitos dos construtores ao longo dos tempos, e mostrando serem eles os Mestres da Geometria. Um dos mais antigos manuscritos das "old charges" que persistiu até aos nossos dias remonta a 1588; encontra-se no museu da Grande Loja Unida de Inglaterra, e consiste num rolo de papel com a altura de um homem e um palmo de largura.

Mesmo no final do século XVI dá-se na Escócia um evento essencial ao surgimento da maçonaria moderna: William Schaw, funcionário da Coroa, leva a cabo a tarefa de regular o funcionamento das lojas que, até então, eram completamente autónomas. Fá-lo através de dois textos fundamentais, conhecidos pelos "Estatutos de Schaw", dois textos legais aprovados pela Coroa da Escócia - um em 1598 e o outro em 1599 - que, pela primeira vez, organizavam os pedreiros escoceses em entidades chamadas "lojas" e os sujeitavam a obrigações administrativas. Entre estas contava-se o pagamento de uma jóia para admissão nas lojas, a formalização da estrutura das reuniões, e a obrigatoriedade de existir um secretário que registasse o sucedido em todas as reuniões - aquilo a que hoje chamamos "atas" - o que permite que, por exemplo, a "Mary's Chapel Lodge" tenha registos ininterruptos das reuniões dos últimos mais de 400 anos.

Ficava também formalizado e regulado um antigo costume dos maçons operativos: o uso de senhas e sinais secretos. De acordo com o nível de conhecimento que um maçon obtinha, à medida que progredia na arte, era informado de certas palavras ou certos sinais de reconhecimento. Agora, de acordo com os estatutos de Schaw, tomava carácter obrigatório outro costume: a proibição de um Mestre dar trabalho a um operário a não ser que este lhe desse a sua "chave": a palavra e/ou o sinal que atestavam que estava capacitado a fazer determinado tipo de trabalhos.

Curiosamente, os Estatutos contemplam também um sistema de mnemónicas, de memorização. Recorde-se que, não obstante a maior parte dos artesãos ser iletrada - não sabiam nem ler nem escrever - era necessário que não esquecessem o que aprendiam. Para esse efeito, era-lhes ensinado um sistema de memorização a que os oradores do período Clássico recorriam para não esquecerem os leus longos discursos. Baseado na visualização mental de um edifício com várias divisões, cada uma com vários objetos, cada um dos quais se associava à ideia que se pretendia recordar, consistia na deambulação mental pelo edifício evocando os símbolos em sucessão. É deste método que vêm as "tábuas de traçar" ("tracing boards") ainda hoje usadas em Loja.

A partir de certa altura as lojas operativas terão aceite no seu seio pessoas que não trabalhavam a pedra: nobres, burgueses, oficiais do exército, em suma, pessoas de estratos sociais mais elevados, conhecidos por "gentlemen masons". Os primeiros destes eram aristocratas com funções dentro do governo, e responsáveis pela edificação de palácios, castelos e afins, pelo que havia com os mesmos uma ligação laboral. Por um lado, essas pessoas buscavam o conhecimento que era transmitido nas lojas, e que, por ser secreto, gerava curiosidade, para além do prestígio que a sua nova qualidade de membros lhes conferia. Por outro lado, as lojas, apesar de serem organizações conceituadas e prestigiosas, mais prestígio ganhavam através do reconhecimento social destes seus novos membros. Estes, durante a iniciação como aprendizes nas Lojas, recebiam, além dos segredos, o avental e as luvas (uma vez que não dispunham dos seus próprios objectos de trabalho), e era a última vez que eram vistos: apenas vinham por causa do fascínio com os segredos, e não estavam propriamente interessados no convívio com os trabalhadores.

A aura das lojas operativas prolongou-se até ao tempo dos Tudor, altura em que os pedreiros começaram a perder relevância em virtude do início do uso do tijolo, muito mais barato do que a pedra, que levou ao progressivo abandono desta última, usada a partir daí apenas nas partes mais nobres dos edifícios. Foi assim que, pelo início do século XVII já não havia em Londres lojas operativas em funcionamento. Não fora a admissão dos "gentlemen masons" e as Lojas ter-se-iam extinto de todo; contudo, à medida que o número destes foi suplantando o de membros operativos, foi mudando o funcionamento e o propósito das Lojas. Já não se dedicando à construção de edifícios de pedra, construiam agora templos simbólicos em que cada um aparava e polia as suas próprias asperezas de caráter no sentido de se tornar uma pessoa melhor, tomando com base as regras morais da maçonaria operativa, e como símbolos os instrumentos de trabalho desta bem como as mnemónicas que serviam para recordar as suas lições tecnológicas. Enquanto se extinguia a Maçonaria Operativa, ia surgindo em seu lugar a Maçonaria Especulativa.

Referências:
http://libcom.org/library/trade-guilds-initiation-through-work-andre-nataf
http://www.scottishkey.com/

Paulo M.