06 fevereiro 2007

Reconhecimento de Corpos Maçónicos

Freemason's Hall - Londres

A existência de diversos Corpos Maçónicos, desde logo em termos internacionais - mas não só -, mas também a existência de organizações para-maçónicas ou que, nada tendo a ver com a Maçonaria, se reclamam dela, ou de esoterismo, ou de similares conceitos, implica a necessidade da Maçonaria distinguir entre o que é Maçonaria e o que não é e, dentro desse conceito, entre quem postula idênticos princípios e quem segue diferente caminho. Criou-se, assim, o mecanismo do Reconhecimento.

Na Maçonaria Regular, particularmente importante é o Reconhecimento da Grande Loja Unida de Inglaterra (UGLE), por ser essa a Grande Loja original da Maçonaria Especulativa. Daí que seja dada especial atenção aos critérios instituídos por essa Grande Loja para o Reconhecimento de Corpos Maçónicos. Tais critérios estão publicados aqui e a sua versão em português está publicada no sítio da GLLP /GLRP, mais precisamente no capítulo sobre o Reconhecimento, de onde é para aqui transcrita. São, pois, os seguintes os critérios que é necessário preencher para que um Corpo Maçónico seja reconhecido como integrando a Maçonaria Regular:

1. Regularidade de origem, isto é, que cada Grande Loja tenha sido criada regularmente por uma Grande Loja devidamente reconhecida ou por três ou mais Lojas regularmente constituídas.

2. Que a crença no Supremo Arquitecto do Universo e na sua vontade revelada seja condição essencial para admissão dos membros.

3. Que todos os iniciados prestem o seu compromisso sobre o Livro da Lei Sagrada ou com os olhos fixos nesse Livro, aberto à sua frente, livro pelo qual se exprime a revelação do Ser Supremo ao qual o individuo que acaba de ser iniciado fica, em consciência, irrevogavelmente ligado.

4. Que a composição da Grande Loja e das Lojas particulares seja exclusivamente de homens e que cada Grande Loja não mantenha quaisquer relações maçónicas, seja qual for a sua natureza, com Lojas mistas ou com corpos que admitem mulheres como membros.

5. Que a Grande Loja exerça jurisdição soberana sobre as Lojas submetidas à sua obediência, isto é, que seja um organismo responsável, independente e inteiramente autónomo, possuindo uma autoridade única e incontestada sobre a Arte ou os graus simbólicos (Aprendiz, Companheiro e Mestre) colocados sob a sua jurisdição, e que não esteja de forma alguma subordinada a um Supremo Conselho ou qualquer outra Potência reivindicando controle ou supervisão sobre esses graus, nem partilhe a sua autoridade com esse Conselho ou essa Potência.

6. Que as Três Grandes Luzes da Maçonaria (isto é, o Livro da Lei Sagrada, o Esquadro e o Compasso) estejam sempre expostos durante os trabalhos da Grande Loja ou das Lojas na sua obediência, sendo o principal dessas luzes o Volume da Lei Sagrada.

7. Que as discussões de ordem religiosa e politica sejam estritamente proibidas em Loja.

8. Que os princípios dos Antigos Landmarks, costumes e usos da Arte sejam estritamente observados.

A Grande Loja Unida de Inglaterra precisa ainda, sob o título

Grandes Lojas Irregulares e Não Reconhecidas

Existem alguns Corpos Maçónicos com regras próprias que não preenchem estas normas, por exemplo, não exigem a crença num Ser Supremo, ou que autorizam ou encorajam os seus membros a desenvolver, enquanto tal, actividade política. Esses Corpos são reconhecidos pela Grande Loja de Inglaterra como sendo Maçonicamente Irregulares e o contacto maçónico com eles é interdito.

Note-se que a Grande Loja Unida de Inglaterra, com esta formulação, embora enfatize que tais Corpos Maçónicos não são Regulares (e portanto os designa de Irregulares), reconhece-os como Maçonaria.

A GLLP/GLRP é o único Corpo Maçónico português reconhecido como Regular pela Grande Loja Unida de Inglaterra, como se pode conferir aqui. De notar que, ao contrário do que muitos pensam, não é exacto que a Grande Loja Unida de Inglaterra apenas reconheça necessariamente um Corpo Maçónico por país; designadamente, no Brasil reconhece como Regulares o Grande Oriente do Brasil e as Grandes Lojas do Estado de Mato Grosso do Sul, do Estado do Rio de Janeiro e de S. Paulo, como se pode conferir aqui.

A GLLP/GLRP é reconhecida pelas seguintes Potências Maçónicas:

District Grand Lodge of Gibraltar
G. L. de la Republica Dominicana
G. L. de los Andes (Bucaramanga)
G. L. Nationale Guinéenne (Conakry)
Gran Loggia Repubblica Di San Marino
Gran Logia "Benito Juarez"
Gran Logia "Cosmos" del Estado de Chihuahua
Gran Logia "Cuscatlan"
Gran Logia "Occidental Mexicana"
Gran Logia "Unida Mexicana"
Gran Lògia D' Andorra
Gran Logia de AA:. LL:. Y AA:.MM:. de Sinaloa
Gran Logia de Chile
Gran Logia de Costa Rica
Gran Logia de Cuba
Gran Logia de Guatemala
Gran Logia de Honduras
Gran Logia De La Argentina
Gran Logia de la Republica de Venezuela
Gran Logia de Nicaragua
Gran Logia de Peru
Gran Logia de Tamaulipas
Gran Logia de Uruguay
Gran Logia de York de México
Gran Logia Del Ecuador
Gran Logia del Estado de Chiapas
Gran Logia del Estado de Hidalgo
Gran Logia del Estado de Nuevo Leon
Gran Logia del Pacifico
Gran Logia Simbolica del Paraguay
Gran Logia Soberana de Puerto Rico
Gran Logia Valle de México
Grand East of the Netherlands
Grand Lodge Alpina of Switzerland
Grand Lodge of A.F. & A.M. of Ireland
Grand Lodge of Austria
Grand Lodge of Bolivia
Grand Lodge of Bulgaria
Grand Lodge of Denmark
Grand Lodge of F. and A.M. of Japan
Grand Lodge of Finland
Grand Lodge of Greece
Grand Lodge of Iceland
Grand Lodge of India
Grand Lodge of Iran
Grand Lodge of Moldova
Grand Lodge of Norway
Grand Lodge of Panamá
Grand Lodge of Philippines
Grand Lodge of Russia
Grand Lodge of Slovenia
Grand Lodge of South Africa
Grand Lodge of Spain
Grand Lodge of Sweden
Grand Lodge of the Czech Republic
Grand Lodge of the State of Israel
Grand Lodge of Turkey
Grand Lodge of Ukraine
Grand Loge du Congo
Grand Loge Nationale de Madagascar
Grand Orient D' Haiti
Grande Loge de Côte D' Ivoire
Grande Loge de Luxembourg
Grande Loge Du Benin
Grande Loge Du Burkina Faso
Grande Loge Du Cameroun
Grande Loge Du Gabon
Grande Loge du Royaume du Maroc
Grande Loge du Sénégal
Grande Loge Nationale Française
Grande Loge Nationale Togolaise
Grande Oriente D' Italia
Grande Oriente de Pernambuco
Grande Oriente do Brasil
M. R. G. L. Nacional de Colombia
Marea Loja Nationala Di Romania
National Grand Lodge of Poland
Regular Grand Lodge of Belgium
Regular Grand Lodge of Yugoslavia
Sino Lusitano Lodge of Macau Nº 897 - Hong Kong
Symbolic Grand Lodge of Hungary
The G. L. of British Columbia & Yukon
The Grand Lodge of Alberta
The Grand Lodge of Croatia
The Grand Lodge of F. and A.M. of Estonia
The Grand Lodge of Scotland
United Grand Lodge of England
United Grand Lodge of New South Wales and Australian Capital Territory
United Grand Lodge of Victoria
United Grand Lodges of Germany.

Rui Bandeira

05 fevereiro 2007

A Regularidade Maçónica

No seu texto Breve análise do Blogue, JoséSR sugeriu aos visitantes do mesmo que, no espaço para comentários, indicassem assuntos que gostassem de ver aqui tratados. Escriba não se fez rogado e escreveu: Gostaria de por aqui ver abordada e participada pelos internautas, a questão da regularidade. É com enorme tristeza e pesar que constato o que no nosso país se passa neste dominio. Instado a esclarecer a razão da tristeza, acrescentou: o que me deixa triste é a maioria das obediências deste país, não todas, proibam, a palavra é esta, o contacto entre maçons de outras obediências que não a sua. Não faz para mim sentido, de todo, que me possa reunir institucionalmente com um irmão australiano e não o possa fazer com um de coimbra. A Maçonaria é só uma, uma questão administrativa não devia servir para dividir irmãos que almejam apenas trabalhar em conjunto, há luz de um Ideal Maior.

A prioridade no desenvolvimento cabia ao JoséSR, já que o assunto fora suscitado em comentário a um texto seu. Porém, o JoséSR não terá tido ainda disponibilidade para o fazer. Como não é conveniente deixar passar mais tempo sem desenvolver o assunto proposto, sob pena de o Escriba ficar defraudado na sua expectativa, avanço já eu.

Uma advertência, porém, não quero deixar de formular, talvez desnecessariamente: todas as opiniões que neste blogue deixo consignadas vinculam-me apenas a mim, maçon livre de uma Loja livre, e a mais ninguém, pois sou porta-voz apenas de mim mesmo.

Escriba levantou, não uma, mas três questões diferentes: a Regularidade, o Reconhecimento e o Relacionamento das e entre as Obediências Maçónicas. Interligar-se-ão, influenciar-se-ão, sem dúvida. Mas são questões diferentes e assim devem ser tratadas. Hoje, tratarei apenas da primeira.

Denomina-se de Maçonaria Regular a Maçonaria que segue os princípios da Maçonaria Inglesa, especificamente da Grande Loja Unida de Inglaterra (UGLE). Tais princípios estão definidos nos doze Landmarks já neste blogue apresentados e comentados. Deles se retira estarmos perante uma Maçonaria deísta (é elemento essencial a crença num Ente Criador), independente de e aceitando todas as religiões, com o objectivo do aperfeiçoamento moral e espiritual dos seus membros através do método maçónico e da interacção individual com o grupo em que se está inserido e só mediatamente influenciando a Sociedade, através do exemplo dos maçons, isto é, sem intervenção política directa e organizada. Em Portugal, esta tendência está corporizada na Grande Loja Legal de Portugal / Grande Loja Regular de Portugal (GLLP / GLRP). Outras organizações de menor expressão, originadas de cisões desta Obediência se reclamam do mesmo ideário.

À falta de melhor designação, designa-se por Maçonaria Liberal (evito aqui o adjectivo de Irregular, que pode ser interpretado como tendo uma carga negativa) a tendência que prossegue o ideário desenvolvido pelo Grand Orient de France desde a época da Revolução Francesa, assente sobretudo na trilogia de princípios Liberdade-Igualdade-Fraternidade, na promoção da Democracia e das Ideias Democráticas. Esta tendência não considera essencial a crença num Criador, admitindo agnósticos e ateus. Busca o aperfeiçoamento da Sociedade através da acção dos seus membros, que devem, para tal, aperfeiçoar-se moralmente. Não rejeita, antes favorece, a intervenção política. Em Portugal, esta opção é a seguida pelo Grande Oriente Lusitano (GOL).

Estas duas correntes são realidades e organizações diferentes e com diferentes propósitos. É certo que em muito os respectivos caminhos são comuns (o método de evolução, o tipo de organização, as raízes simbólicas, a proactividade pelo aperfeiçoamento). Mas também de forma não despicienda tais caminhos divergem: enquanto uma baseia todo o seu ideário na crença num Criador, como base e enquadramento para o aperfeiçoamento dos seus membros, objectivo essencial buscado (sendo tudo o resto, incluindo a evolução da Sociedade uma consequência mediata), a outra prescinde dessa crença (mas não a hostiliza, aceitando sem problema crentes e, tal como a Maçonaria Regular, integrando a tolerância perante as várias opções religiosas no seu ideário) e prossegue o aperfeiçoamento dos seus membros como meio para atingir o objectivo essencial, a transformação da Sociedade, a sua evolução e aperfeiçoamento, de acordo com a matriz democrática.

Ambas as tendências são igualmente respeitáveis. Têm - repito - muito em comum, quer na forma, quer na substância. Têm, no entanto, princípios essenciais diferentes e objectivos diversos. São, pois, realidades diversas, embora em muito semelhantes. Percorrem e partilham o mesmo caminho, ao longo de grande parte da jornada. Mas querem chegar a pontos diferentes. Ambas são romeiras. Só varia o destino de romagem.

No meu ponto de vista, não é melhor nem pior uma do que outra. São, simplesmente, diferentes. Ambos os caminhos são louváveis. Um convirá mais a uns; o outro a outros.

Não há, assim, uma mera questão administrativa a dividir Irmãos. Reconhecer as diferenças, assumir a diferente natureza destas duas grandes tendências, admitir que não há UMA Maçonaria, antes DOIS tipos de Maçonaria - e que não há mal nenhum nisso! - é, no meu entendimento, essencial para que os elementos de cada uma das tendências viva proveitosamente aquela em que está inserido e se relacione fraternalmente com a outra.

Eu insiro-me na Maçonaria Regular, prossigo e aceito os seus princípios. É este o meu caminho, o que se adequa a mim. à minha mentalidade, à minha maneira de ser, de pensar, de reagir. Outros inserem-se noutra tendência maçónica. O seu caminho é igualmente meritório e, porventura, para a mentalidade, a maneira de ser, de pensar e de reagir de quem o trilha, será mais profícuo.

Se os maçons, de qualquer tendência, souberem assumir a sua própria individualidade e as dos demais, se aplicarem a si próprios e aos demais maçons, qualquer que seja a sua tendência, os princípios que professam, ser maçon Regular ou Liberal não será nunca um factor de divisão, antes e tão só o que é: um adjectivo caracterizador da forma que escolheu para procurar ser melhor e ajudar a Sociedade a ser melhor.

Rui Bandeira

02 fevereiro 2007

Imagens de fundo maçónicas


Hoje em dia, sabendo procurar, encontra-se uma imensidão de imagens relacionadas com a Maçonaria, quer em sítios europeus, quer em sítios americanos.

Mais difícil é encontrar imagens com uma resolução suficiente para poderem ser utilizadas como imagens de fundo no ambiente de trabalho do monitor do nosso computador, substituindo as de origem do sistema operativo.

Pois bem, quem dos nossos visitantes quiser obter imagens para esse fim relacionadas com a Maçonaria, pode obtê-las, gratuitamente, aqui.

Neste sítio, que é patrocinado pela americana Masonic Shop, encontra quatro páginas de imagens aptas a serem utilizadas como imagens de fundo, todas na resolução 1024x768 e a maior parte também na resolução 1152x864.

Todas as imagens são disponibilizadas com licença Creative Commons (isto é, autorizada a sua utilização, sem encargos para o utilizador), para utilização como imagens de fundo em monitores de computador.

Gostaria de ter ilustrado este texto com uma dessas imagens, mas, como se pode ler no sítio, tal forma de utilização é expressamente não autorizada e os direitos de autor são para se respeitar. Assim, este texto é ilustrado com a imagem de topo do sítio (neste caso, é lícita a sua utilização, porque não expressamente interdita e porque é feita no âmbito de citação e divulgação do próprio sítio, pelo que se entende que a vontade presumida do seu titular autoriza essa divulgação, que resulta em seu benefício, ao menos potencial).

Há imagens para todos os gostos. Particularmente, apreciei a intitulada "Subtle" (subtil), porque beneficia efectivamente dessa qualidade. Vista no mostruário do sítio, em tamanho pequeno, parece nada ter. Em tamanho grande, verifica-se não ser bem assim...

Rui Bandeira

01 fevereiro 2007

O Verdadeiro Segredo Maçónico


O verdadeiro Segredo Maçónico...
É um segredo de vida
E não de ritual
E do que se lhe relaciona.
Os Graus Maçónicos comunicam àqueles que os recebem,
Sabendo como recebê-los,
Um certo espírito,
Uma certa aceleração da vida
Do entendimento
E da intuição,
Que actua como uma espécie
De chave mágica dos próprios símbolos,
E dos símbolos
E rituais não maçónicos,
E da própria vida.
É um espírito,
Um sopro posto na Alma,
E, por conseguinte,
Pela sua natureza,

Incomunicável

Fernando Pessoa

O Poeta escreveu com uma tal lucidez, uma tão esclarecedora clareza, um tão ofuscante brilho, que um simples escrevinhador de textos nada mais tem para acrescentar. Limita-se a extasiar-se e a partilhar com os demais o seu encantamento!

Rui Bandeira

31 janeiro 2007

Uma vida virtual

Mais uma vez trago para junto de todos uma mensagem que o meu "mail" insiste em, de vez em quando, pôr-me à frente.
Os que estão mais próximos de mim sabem quem são os meus "intocáveis".
Afinal por cá também há !
Estamos na geração do umbigo, das "sandes" e... do virtual !

Mas é uma bela "estória". Sem fim ! (?)



Entrei apressado e com muita fome no restaurante. Escolhi uma mesa bem afastada do movimento, porque queria aproveitar os poucos minutos que dispunha naquele dia, para comer e acertar alguns bugs de programação num sistema que estava a desenvolver, além de planear a minha viagem de férias, coisa que há tempos que não sei o que são.
Pedi um filete de salmão com alcaparras em manteiga, uma salada e um sumo de laranja, afinal de contas fome é fome, mas regime é regime não é?
Abri o meu portátil e apanhei um susto com aquela voz baixinha atrás de mim:
- Senhor, não tem umas moedinhas?
- Não tenho, menino.
- Só uma moedinha para comprar um pão.
- Está bem, eu compro um.
Para variar, a minha caixa de entrada está cheia de e-mail.
Fico distraído a ver poesias, as formatações lindas, rindo com as piadas malucas.
Ah! Essa música leva-me até Londres e às boas lembranças de tempos áureos.
- Senhor, peça para colocar margarina e queijo.
Percebo nessa altura que o menino tinha ficado ali.
- Ok. Vou pedir, mas depois deixas-me trabalhar, estou muito ocupado, está bem?
Chega a minha refeição e com ela o meu mal-estar. Faço o pedido do menino, e o empregado pergunta-me se quero que mande o menino ir embora.
O peso na consciência, impedem-me de o dizer.
Digo que está tudo bem. Deixe-o ficar. Que traga o pão e, mais uma refeição decente para ele.
Então sentou-se à minha frente e perguntou:
- Senhor o que está fazer?
- Estou a ler uns e-mail.
- O que são e-mail?
- São mensagens electrónicas mandadas por pessoas via Internet (sabia que ele não ia
entender nada, mas, a título de livrar-me de questionários desses):
- É como se fosse uma carta, só que via Internet.
- Senhor você tem Internet?
- Tenho sim, essencial no mundo de hoje.
- O que é Internet ?
- É um local no computador, onde podemos ver e ouvir muitas coisas, notícias, músicas, conhecer pessoas, ler, escrever, sonhar, trabalhar, aprender. Tem de tudo no mundo virtual.
- E o que é virtual?
Resolvo dar uma explicação simplificada, sabendo com certeza que ele pouco vai entender e deixar-me-ia almoçar, sem culpas.
- Virtual é um local que imaginamos, algo que não podemos tocar, apanhar, pegar... é lá que criamos um monte de coisas que gostaríamos de fazer.
Criamos as nossas fantasias, transformamos o mundo em quase como queríamos que fosse.
- Que bom isso. Gostei!
- Menino, entendeste o significado da palavra virtual?
- Sim, também vivo neste mundo virtual.
- Tens computador?! - Exclamo eu!!!
- Não, mas o meu mundo também é vivido dessa maneira...Virtual.
A minha mãe fica todo dia fora, chega muito tarde, quase não a vejo, enquanto eu fico a cuidar do meu irmão pequeno que vive a chorar de fome e eu dou-lhe água para ele pensar que é sopa, a minha irmã mais velha sai todo dia também, diz que vai vender o corpo, mas não entendo, porque ela volta sempre com o corpo, o meu pai está na cadeia há muito tempo, mas imagino sempre a nossa família toda junta em casa, muita comida, muitos brinquedos de natal e eu a estudar na escola para vir a ser um médico um dia.
Isto é virtual não é senhor???
Fechei o portátil, mas não fui a tempo de impedir que as lágrimas caíssem sobre o teclado.
Esperei que o menino acabasse de literalmente "devorar" o prato dele, paguei, e dei-lhe o troco, que me retribuiu com um dos mais belos e sinceros sorrisos que já recebi na vida e com um "Brigado senhor, você é muito simpático!".
Ali, naquele instante, tive a maior prova do virtualismo insensato em que vivemos todos os dias, enquanto a realidade cruel nos rodeia de verdade e fazemos de conta que não percebemos!
Agora, tem duas escolhas...
1. Enviar esta mensagem aos amigos e amigas ou
2. Apagá-la, fingindo que não foste tocado por ela!!!

Como podes ver, escolhi a nº1.


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JPSetúbal


Vista - Não o Vi

Não , não é um dialogo Maçonico.

Fiquei triste, e contra mim tambem falo, mas as estatisticas de acesso ao Blogue não mostram nenhum acesso a partir do novo sistema operativo VISTA.

Bem sei que só está à venda há um dia, mas....

O Acompanhamento da tecnologia já não é o que era...

JoseSR

30 janeiro 2007

Aproveitando a análise

Cá estamos no A-PARTIR-PEDRA, aconchegadinhos e muito quentinhos, naquela pose que apetece, junto à lareira, com um frio de rachar lá fora.
E estamos satisfeitos.
Primeiro porque o José não perdoa e anda em cima dos acontecimentos;
Segundo porque garantidamente nenhum de nós foi optimista ao ponto de prever que “isto” ia ser a sério (mesmo);
Terceiro porque os comentários, que são “pouquérrimos” (esta inventei eu) são, por outro lado, bem simpáticos e incentivadores.
Como o José, também agradeço a todos que têm tido a paciência de nos ler, e ainda mais aos que têm contribuído com comentários, que são sempre, sempre, bem vindos.
Como diria um “pirata” meu amigo, comentem, digam bem, digam mal, p…, mas digam alguma coisa !














O comentário do nosso leitor “Profano” à última intervenção do José, trouxe-me de novo à primeira linha do consciente a relação da Maçonaria com o “mundo profano”, como nós chamamos ao mundo que não aderiu à organização maçónica, mas que não é menos válido por isso.
E esta preocupação tem a ver com a tradição histórica na qual maçon serve para fritar (ou será grelhar ?), de preferência em lume brando e de preferência ainda com casa cheia (isto é, com lotação esgotada).

A minha referência inicial à lareira quentinha deverá ser apreciada num contexto algo diferente… Nada de confusões nem de ideias esquisitas.

Mas de facto os maçons têm sido frequentemente apontados como um grupo de meliantes, tradicionalmente a abater, acusados dos mais variados malefícios.
Roma então é de um encarniçamento histórico que só se explica pela necessidade de acusar outrém das tropelias, reconhecidamente, próprias.
A Maçonaria só foi interessante nos momentos em que foi utilizada em proveito próprio.
Não é caso único como se sabe, mas como é o nosso caso, é dele que falo.
Nas épocas mais recentes (2ª metade do sec. XX), o Estado Novo, aprendiz do fascismo europeu, elegeu como inimigo directo todas as organizações que teimassem em pensar livremente, associando-se intimamente à Igreja de Roma, e perseguindo tudo o que tivesse um cheirinho de liberdade de pensamento.
O isolamento de Portugal dentro da trilogia Deus, Pátria, Família, sob uma directiva de unicidade de pensamento comandada por uma única mente, ainda por cima mal aconselhada, levou ao apagamento forçado de todas as ideias que se afastassem, 1 mm que fosse, da directiva oficial.
Ao longo de 50 anos Portugal viveu debruçado sobre si mesmo, a modos que um “pensador” como o de Rodin, paralisado e só, e fechando o País fechou-se a cultura, fecharam-se as consciências, desapareceu a informação, com todas as consequências que daí resultaram para a vida dos portugueses.
A falta de liberdade de expressão trouxe a pouco e pouco a anemia das ideias e um retraimento do comportamento, primeiro individual, colectivo a seguir, do qual as famílias foram as primeiras vítimas.
Ao medo de falar seguiu-se o isolamento individual, única forma certa de evitar qualquer possível delação, e num ambiente de insegurança generalizada foi o salve-se quem puder.
A liberdade de expressão apenas subsistiu em pequenos agrupamentos, eles próprios fechados sobre si mesmos, vivendo clandestinamente.
Portugal viveu num mundo diferente de todos os restantes povos, nomeadamente os da Europa, não acompanhando a evolução social e cultural que resultou do fim da 2ª grande guerra e da explosão económica que então se verificou, com a necessidade de reconstruir toda uma Europa que ficara arrasada.
O Poder Político, firmemente instalado na polícia secreta e jogando o jogo da guerra nas colónias africanas, utilizou soberanamente a demagogia da salvação da Pátria para vincar o seu ideal absoluto, transformando em inimigo a abater qualquer um que ousasse questionar o caminho que estava a ser seguido, as organizações independentes do poder desapareceram, mesmo que não políticas, foram apontadas como traidoras e tratadas como tal, sendo acusadas de serem origem de todos os males.
Neste ambiente de medo generalizado apenas a Igreja de Roma se movimentou com todo o à vontade, servindo o, e servindo-se do, sistema implantado.
Encontrou campo fértil para recrutar “fieis”, como sempre acontece quando aos povos apenas lhes resta o sobrenatural.
É, pois, neste ambiente que a Maçonaria se vê acusada de ser uma organização secreta, concorrente da Igreja oficial, politicamente perigosa, agrupamento de interesses insondáveis, capazes de todas as patifarias, especialmente as que melhor servissem para exaltar a bondade do regime e maldade dos maçons.

Neste princípio de século XXI continuamos confrontados com os resquícios desta mentalidade abstrusa, criada e generalizada durante os 50 anos de Estado Novo.
É necessário, é urgente, que os objectivos maçónicos sejam divulgados.
Quanto mais não seja para repor a verdade sobre o que é a Maçonaria e quais os seus interesses, assim como é importante que se divulgue a história da Maçonaria, para que a maioria que ainda teme essa coisa esquisita da qual apenas ousa falar em surdina, possa reconhecer que os maçons são pessoas de bem, preocupados com o bem geral, trabalhando para o aperfeiçoamento social e cultural dos povos.
É urgente que todos entendam que a preocupação central do maçon é a solidariedade entre os homens, e a fraternidade entre os povos.
É urgente que todos percebam que o objectivo maçónico é a Paz, criada e implantada com firmeza sobre o conhecimento e aceitação da diversidade das ideias de todos.
Não há bons de um lado e maus do outro, há homens com todas as suas fraquezas, anseios, limitações e heroicidades, uns que acertam mais, outros menos, mas todos credores do mesmo respeito e do acesso aos mesmos direitos.

E este trabalho ninguém fará por nós.

O “A-PARTIR-PEDRA” também apareceu por causa disso.

JPSetúbal