No coração de Cracóvia
Cracóvia é a segunda maior e uma das mais antigas cidades da Polónia. A sua universidade - a segunda mais antiga da Europa central - data de 1364. Nessa altura era a capital do Reino da Polónia, atraindo artesãos, comerciantes e guildas à medida que as artes e as ciências iam florescendo. Porém, em 1572, Sigismundo II morre sem deixar descendência. O trono polaco passa para as mãos de Henrique III de França, e Cracóvia vai passando, nos séculos seguintes, pelas mãos de várias das suas potências vizinhas. Em 1596, Sigismundo III - da casa Sueca de Vasa - passa a capital da Polónia de Cracóvia para Varsóvia, o que decorreu do declínio que foi minando o prestígio da cidade.
Após a Primeira Guerra Mundial, com a emergência da Segunda República Polaca, Cracóvia vê restabelecido o seu papel de centro académico e cultural. Porém, logo em 1939 é de novo invadida, desta vez pela Alemanha Nazi. Felizmente, Cracóvia passou relativamente incólume pela Segunda Guerra, ficando então sob o controlo do regime político da União Soviética. Em 1978 a Unesco elevou Cracóvia à categoria de Património Mundial. No mesmo ano Karol Wojtyła - Cardeal e Arcebispo de Cracóvia - era, com o nome de João Paulo II, eleito enquanto primeiro Papa eslavo, e o primeiro não italiano em 455 anos. Onze anos depois, com a queda do Bloco de Leste, cessava o regime comunista na Polónia. Não obstante a sua história atribulada, Cracóvia soube manter a sua identidade e riqueza culturais, que podem ser apreciadas hoje por visitantes de todo o mundo.
Um dos marcos turísticos da cidade é o Sukiennice - o mercado dos tecidos - implantado bem no centro da praça principal de Cracóvia. No século XV o Mercado de Tecidos era fonte de artigos exóticos vindos do Oriente: seda, especiarias, couros e cera. Por sua vez, Cracóvia exportava tecidos, chumbo e sal. Porém, quando, em 1870, sob o domínio Austro-Húngaro, foram traçados os planos para o restauro arquitetónico do Sukiennice, o centro histórico de Cracóvia estava decrépito. Não obstante, o Sukiennice foi reconstruído, no que constituiu um dos maiores motivos de orgulho nessa época. O Mercado - que em tempos idos chegou a ser local de bailes de gala - recebeu inúmeros convidados distintos ao longo dos séculos, e é ainda usado para receber monarcas e dignatários, como sucedeu em 2002 com o Imperador Akihito do Japão e o Príncipe Carlos de Inglaterra.
Foi, precisamente, no meio do Sukiennice - verdadeiro "umbigo" da cidade - que, em 2007 foi colocada uma placa comemorativa dos 750 anos de Cracóvia, e que tive a oportunidade de fotografar recentemente. Absolutamente desconcertante foi constatar que os motivos principais da placa são... um esquadro e um compasso, como se pode ver. Desconcertante, até recordar que o que estava a ser comemorado era, literalmente, a obra arquitetónica que me rodeava, e que os instrumentos em causa eram evocativos da arquitetura e construção civil, pois claro.
Paulo M.
8 comentários:
E os três pontos do canto inferior direito?
Estava à espera que alguém o fizesse notar... Daí o meu irónico "pois claro" final... Não foi por falta de procurar, mas não encontrei nada a este respeito. Talvez a placa seja fruto de alguma conspiração secreta...
Um abraço,
Paulo M.
Boas,
Eu no canto inferior esquerdo tb vejo algo. Os sete oficiais de loja nos seus lugares respetivos mais o past-veneravel.
TAF
Boas!
Estava eu partindo para o questionamento - "Caro Paulo M, de certo que a homenagem é referencia as artes da construção, mas e os..." - quando vem lesta, a pergunta de Mestre Rui Bandeira.
:-)
Pois bem, faço eco a questão: E os três pontos do canto inferior direito? E acrescento: Existem outras demonstrações da arte real em obras arquitetônicas na atualidade?
Abraços Fraternos.
À Glória do Grande Arquiteto!
E o diagrama modular de 12/12?
Abraços Fraternos!
Pois, que querem que diga?
Rabo escondido com o gato de fora...
Abraço,
Paulo M.
Maçom era o individuo que fez a placa.LOL
Um abraço
JPA
«João Paulo II, eleito enquanto primeiro Papa eslavo, e o primeiro não italiano em 455 anos»
Comprova-se que a Igreja Católica é a sucessora do Império Romano.
Abraço
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