09 maio 2011

No coração de Cracóvia



Cracóvia é a segunda maior e uma das mais antigas cidades da Polónia. A sua universidade - a segunda mais antiga da Europa central - data de 1364. Nessa altura era a capital do Reino da Polónia, atraindo artesãos, comerciantes e guildas à medida que as artes e as ciências iam florescendo. Porém, em 1572, Sigismundo II morre sem deixar descendência. O trono polaco passa para as mãos de Henrique III de França, e Cracóvia vai passando, nos séculos seguintes, pelas mãos de várias das suas potências vizinhas. Em 1596, Sigismundo III - da casa Sueca de Vasa - passa a capital da Polónia de Cracóvia para Varsóvia, o que decorreu do declínio que foi minando o prestígio da cidade.

Após a Primeira Guerra Mundial, com a emergência da Segunda República Polaca, Cracóvia vê restabelecido o seu papel de centro académico e cultural. Porém, logo em 1939 é de novo invadida, desta vez pela Alemanha Nazi. Felizmente, Cracóvia passou relativamente incólume pela Segunda Guerra, ficando então sob o controlo do regime político da União Soviética. Em 1978 a Unesco elevou Cracóvia à categoria de Património Mundial. No mesmo ano Karol Wojtyła - Cardeal e Arcebispo de Cracóvia - era, com o nome de João Paulo II, eleito enquanto primeiro Papa eslavo, e o primeiro não italiano em 455 anos. Onze anos depois, com a queda do Bloco de Leste, cessava o regime comunista na Polónia. Não obstante a sua história atribulada, Cracóvia soube manter a sua identidade e riqueza culturais, que podem ser apreciadas hoje por visitantes de todo o mundo.

Um dos marcos turísticos da cidade é o Sukiennice - o mercado dos tecidos - implantado bem no centro da praça principal de Cracóvia. No século XV o Mercado de Tecidos era fonte de artigos exóticos vindos do Oriente: seda, especiarias, couros e cera. Por sua vez, Cracóvia exportava tecidos, chumbo e sal. Porém, quando, em 1870, sob o domínio Austro-Húngaro, foram traçados os planos para o restauro arquitetónico do Sukiennice, o centro histórico de Cracóvia estava decrépito. Não obstante, o Sukiennice foi reconstruído, no que constituiu um dos maiores motivos de orgulho nessa época. O Mercado - que em tempos idos chegou a ser local de bailes de gala - recebeu inúmeros convidados distintos ao longo dos séculos, e é ainda usado para receber monarcas e dignatários, como sucedeu em 2002 com o Imperador Akihito do Japão e o Príncipe Carlos de Inglaterra.

Foi, precisamente, no meio do Sukiennice - verdadeiro "umbigo" da cidade - que, em 2007 foi colocada uma placa comemorativa dos 750 anos de Cracóvia, e que tive a oportunidade de fotografar recentemente. Absolutamente desconcertante foi constatar que os motivos principais da placa são... um esquadro e um compasso, como se pode ver. Desconcertante, até recordar que o que estava a ser comemorado era, literalmente, a obra arquitetónica que me rodeava, e que os instrumentos em causa eram evocativos da arquitetura e construção civil, pois claro.

Paulo M.

8 comentários:

Rui Bandeira disse...

E os três pontos do canto inferior direito?

Paulo M. disse...

Estava à espera que alguém o fizesse notar... Daí o meu irónico "pois claro" final... Não foi por falta de procurar, mas não encontrei nada a este respeito. Talvez a placa seja fruto de alguma conspiração secreta...

Um abraço,
Paulo M.

Nuno Raimundo disse...

Boas,
Eu no canto inferior esquerdo tb vejo algo. Os sete oficiais de loja nos seus lugares respetivos mais o past-veneravel.

TAF

Jocelino Neto disse...

Boas!

Estava eu partindo para o questionamento - "Caro Paulo M, de certo que a homenagem é referencia as artes da construção, mas e os..." - quando vem lesta, a pergunta de Mestre Rui Bandeira.

:-)

Pois bem, faço eco a questão: E os três pontos do canto inferior direito? E acrescento: Existem outras demonstrações da arte real em obras arquitetônicas na atualidade?

Abraços Fraternos.

À Glória do Grande Arquiteto!

Jocelino Neto disse...

E o diagrama modular de 12/12?

Abraços Fraternos!

Paulo M. disse...

Pois, que querem que diga?
Rabo escondido com o gato de fora...

Abraço,
Paulo M.

JPA disse...

Maçom era o individuo que fez a placa.LOL

Um abraço
JPA

Diogo disse...

«João Paulo II, eleito enquanto primeiro Papa eslavo, e o primeiro não italiano em 455 anos»


Comprova-se que a Igreja Católica é a sucessora do Império Romano.

Abraço