Maçonaria e Filosofia Pitagórica - o TRÊS
Os filósofos pitagóricos representavam o TRÊS através da figura acima, denominada tríade. Esta figura é, aliás a que resulta da demonstração geométrica da primeira proposição de Euclides (construir um triângulo equilátero dado um segmento de reta para seu lado; a demonstração, identificando cada um dos vértices do triângulo, respetivamente, por A, B e C, é: construímos as circunferências de raio AB e de centros em A e B. Seja C o ponto de intersecção das duas circunferências. Desenhamos os segmentos de recta AC e BC. O triângulo ABC é equilátero. Sendo A o centro da circunferência que contém B e C, AB=AC. Sendo B o centro da circunferência que contém A e C, BC=BA. Portanto, podemos concluir que AC=BC. Os três segmentos de recta são iguais, logo o triângulo é equilátero).
Considerando os pitagóricos o UM e o DOIS como os progenitores de todos os restantes números, atribuíam ao TRÊS a condição de primogénito, o número mais velho. A sua forma geométrica, o triângulo equilátero, o primeiro dos polígonos é a forma inicial que emerge da vesica piscis; é a primeira de muitas. O UM determina o ponto; o DOIS a linha; o TRÊS o primeiro polígono regular.
O TRÊS é o único número igual à soma dos termos anteriores a ele (TRÊS é igual à soma de UM mais DOIS). É também o único número que, somado, aos seus anteriores, dá um resultado igual à sua multiplicação pelos números anteriores (UM mais DOIS mais TRÊS dá um resultado igual a UM vezes DOIS vezes TRÊS).
O TRÊS significa equilíbrio, harmonia. O Princípio Criador em potência (o UM) e a concretização dessa potência (o DOIS) geram a harmonia e equilíbrio do TRÊS, pois que, como os dois centros dos dois círculos da díade simultaneamente se repelem e atraem, o terceiro ponto, reconciliador das duas forças opostas, ocorre no local superior onde os dois círculos se intercetam. A tríade, assim, constitui uma relação entre opostos que os une e os traz para um novo nível. Daí o seu significado de harmonia, que nos transmite, aliás, uma importante lição de vida: não é possível qualquer resolução duradoura de um conflito entre dois opostos sem um terceiro fator neutro, que equilibre, arbitre e, por essa via, transforme o conflito em relação estabilizada. A escolha do terceiro elemento significa a diferença entre a resolução e a perpetuação do conflito, consoante este seja efetivamente mediador e equilibrador ou não.
As três linhas do triângulo equilátero são iguais, ou seja, são as "três como um", ou seja, são uma tri-unidade, de onde deriva a palavra trindade. Os antigos deuses da religião hindu são chamados trimurti, em sânscrito "um todo que tem três formas". A religião cristã enfatiza a Trindade Divina. Um antigo símbolo cristão (o Olho da Providência) é constituído por um triângulo inscrito num esplendor.
Resumindo, o TRÊS é o resultado, em equilíbrio e harmonia, da união do UM com o DOIS, a forma de resolução harmónica do conflito entre a potência e a ação do Princípio Criador, o resultado dessa resolução harmoniosa: a Criação. O TRÊS, primogénito do UM e do DOIS, constitui assim o primeiro resultado do Criador e da sua ação, a primeva Criação, o equilíbrio e a harmonia primordiais.
Em Maçonaria, e particularmente no Rito Escocês Antigo e Aceite, ensina-se, relativamente ao TRÊS, que simboliza o ser, a realidade e a verdade - ou seja, o produto da Criação - e que o binário se devolve à unidade por meio do TRÊS - isto é, ele é o ponto de harmonia, reconciliação e equilíbrio entre o UM e o DOIS. Mais uma vez, qualquer discípulo de Pitágoras poderia ter escrito isto...
Fontes:
Rito Escocês Antigo e Aceite, Ritual de Aprendiz, GLLP/GLRP, junho de 6007
O Código Secreto, Priya Hemenway, ed. Evergreen, 2010.
Rui Bandeira
Considerando os pitagóricos o UM e o DOIS como os progenitores de todos os restantes números, atribuíam ao TRÊS a condição de primogénito, o número mais velho. A sua forma geométrica, o triângulo equilátero, o primeiro dos polígonos é a forma inicial que emerge da vesica piscis; é a primeira de muitas. O UM determina o ponto; o DOIS a linha; o TRÊS o primeiro polígono regular.
O TRÊS é o único número igual à soma dos termos anteriores a ele (TRÊS é igual à soma de UM mais DOIS). É também o único número que, somado, aos seus anteriores, dá um resultado igual à sua multiplicação pelos números anteriores (UM mais DOIS mais TRÊS dá um resultado igual a UM vezes DOIS vezes TRÊS).
O TRÊS significa equilíbrio, harmonia. O Princípio Criador em potência (o UM) e a concretização dessa potência (o DOIS) geram a harmonia e equilíbrio do TRÊS, pois que, como os dois centros dos dois círculos da díade simultaneamente se repelem e atraem, o terceiro ponto, reconciliador das duas forças opostas, ocorre no local superior onde os dois círculos se intercetam. A tríade, assim, constitui uma relação entre opostos que os une e os traz para um novo nível. Daí o seu significado de harmonia, que nos transmite, aliás, uma importante lição de vida: não é possível qualquer resolução duradoura de um conflito entre dois opostos sem um terceiro fator neutro, que equilibre, arbitre e, por essa via, transforme o conflito em relação estabilizada. A escolha do terceiro elemento significa a diferença entre a resolução e a perpetuação do conflito, consoante este seja efetivamente mediador e equilibrador ou não.
As três linhas do triângulo equilátero são iguais, ou seja, são as "três como um", ou seja, são uma tri-unidade, de onde deriva a palavra trindade. Os antigos deuses da religião hindu são chamados trimurti, em sânscrito "um todo que tem três formas". A religião cristã enfatiza a Trindade Divina. Um antigo símbolo cristão (o Olho da Providência) é constituído por um triângulo inscrito num esplendor.
Resumindo, o TRÊS é o resultado, em equilíbrio e harmonia, da união do UM com o DOIS, a forma de resolução harmónica do conflito entre a potência e a ação do Princípio Criador, o resultado dessa resolução harmoniosa: a Criação. O TRÊS, primogénito do UM e do DOIS, constitui assim o primeiro resultado do Criador e da sua ação, a primeva Criação, o equilíbrio e a harmonia primordiais.
Em Maçonaria, e particularmente no Rito Escocês Antigo e Aceite, ensina-se, relativamente ao TRÊS, que simboliza o ser, a realidade e a verdade - ou seja, o produto da Criação - e que o binário se devolve à unidade por meio do TRÊS - isto é, ele é o ponto de harmonia, reconciliação e equilíbrio entre o UM e o DOIS. Mais uma vez, qualquer discípulo de Pitágoras poderia ter escrito isto...
Fontes:
Rito Escocês Antigo e Aceite, Ritual de Aprendiz, GLLP/GLRP, junho de 6007
O Código Secreto, Priya Hemenway, ed. Evergreen, 2010.
Rui Bandeira
5 comentários:
O "três" visto de forma diferente e em conceitos mais espirituais/religiosos:
Visão Cristã:
A Trindade ou Santíssima Trindade é a doutrina acolhida pela maioria das igrejas cristãs que professa a Deus único preconizado em três pessoas distintas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo.
O Judaísmo e o Islamismo, bem como algumas denominações cristãs, não aceitam a doutrina trinitária.
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Trindade
Visão Hindu:
Trimúrti (em sânscrito: Trimurti, lit. "três formas") é a parte manifesta tripla da divindade suprema, além das representações do Brâman, fazendo-se tripla no intuito de liderar os diferentes estados do universo. A trimúrti é composta pelos três principais deuses do hinduismo: Brama, Vixnu e Xiva, que simbolizam respectivamente a criação, a conservação e a destruição.
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Trindade
Visão mitologia Celta:
Mãe tríplice é a deusa mãe dos celtas; a adoração a esta Deusa mãe caracteriza uma religião matriarcal. É representada como três mulheres, cada uma segurando um objecto diferente, como um cão, um peixe e um cesto. O número três era considerado um número sagrado para os celtas, daí as figuras triplas ou deuses de três cabeças.
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Trindade
Visão da mitologia Grega:
Trindade olímpica - hipótese que une os três principais deuses da mitologia grega (Zeus, Hades e Possêidon).Os titãs solidários aos olímpicos — Briareu, Coto e Giges — deram aos três irmãos suas armas: a Zeus os raios, a Posseidon o tridente; a Hades coube um capacete, que o tornava invisível. A derrota de Cronos deu-se com o uso das três armas: Hades, invisível com seu elmo, roubou ao pai suas armas e, enquanto Posseidon o distraía com o tridente, Zeus o fulminou com seus raios.
Sendo o mundo dividido em três partes, Zeus procedeu à divisão por sorteio dos reinos entre si e os dois irmãos: para si ficou a Terra e o Céu, a Posseidon coube os mares e rios, ao passo que para Hades ficou o domínio sobre o mundo subterrâneo e os seres das sombras.
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Trindade
@candido;
À sua pergunta, nos comentários do Post "Maçonaria e Filosofia Pitagórica - o DOIS", “Até aqui está correcto, falta agora o elemento que os liga...”, a minha resposta é:
A Alma.
Ou seja os três elementos: Corpo (elemento 1º, matéria), Espírito (elemento 2º) e Alma (elemento 3º)
Nota para o Autor: Respeitável e estimado Rui Bandeira, quero antes de mais deixar o meu agradecimento por mais este seu texto/trabalho, com mestria desenhado e talhado.
Depois deixar também o registo do meu pedido de desculpa por usar este espaço, de comentário ao seu texto/trabalho, para responder ao Respeitável “candido”, mas como a um desafio, respeitoso, lançado, a resposta deve de ser dada, eu assim o faço.
Bem-haja, quem do bem faz seu alento.
Caro Marcos Amaro,
O que define/particulariza/difere Espírito de Alma? Qual o referencial para a "ordenação": Corpo (elemento 1º, matéria), Espírito (elemento 2º) e Alma (elemento 3º)? Trata-se de uma hierarquia? Sendo assim, o corpo-matéria precede o espírito?
Em tempo; esta série de artigos (bem como outros) emocionam-me profundamente. Pois belo é o fruto da criação. Semente acolhida na terra. Pão compartilhado entre irmãos.
Minhas sinceras congratulações M.´. Rui Bandeira.
Abraços Fraternos.
À Glória do Grande Arquiteto!
Caro Marcos Amaro,
Tornei a ler seu comentário e infelizmente, resgatei apenas um leve fio do novelo embaraçado que é minha memória. O rescrevo a seguir de forma espontânea:
"De acordo com seu referencial, o que é alma e o que é espírito? Quais as características que os definem? A ordem que fixa é mediante a uma hierarquia? Seria portanto o corpo elemento primário estando o espírito e a alma submetidos a este?"
Que se resgate Ariadne.
:-)
Abraços Fraternos.
À Glória do Grande Arquiteto!
Estimado e Respeitável “Jocelino Neto”, em consideração às suas questões e clarificando o meu ponto de vista, apresento-lhe as minhas considerações, face às questões por si levantadas.
Estas não estão certas, ou erradas, são apenas as minhas considerações, face ao que entendo ser correcto, ou aquilo que correctamente, fundamenta a minha forma de ver e crer, não são melhor e ou pior, são as minhas. No entanto, se incorrecção existir e melhor definição / explicação houver, estou sempre atento à mesma, pois a capacidade, e vontade, de aprender é aquilo que nos diferencia uns dos outros.
Questões “Jocelino Neto”:
1ª) O que define/particulariza/difere Espírito de Alma?
2ª) Qual o referencial para a "ordenação": Corpo (elemento 1º, matéria), Espírito (elemento 2º) e Alma (elemento 3º)? Trata-se de uma hierarquia? Sendo assim, o corpo-matéria precede o espírito?
Respostas “Marcos Amaro”:
1ª) Alma, aquilo que dá vida/sentido/liga o corpo vivo, ou seja, é aquilo que liga o espírito (a energia, ainda não quantificável em volume, mas em existente no espaço quântico), à matéria (corpo), gosto de lhe chamar “O Verdadeiro Sopro da Existência”.
Espírito, é a energia em si mesmo, é aquilo onde reside a essência do "Ser", é o que nos torna todos iguais e todos diferentes, só que este não se esgota com o fim da matéria (corpo), é o que nos permite ligar ao divino.
Ou seja a Alma faz a ligação do imaterial ao material (corpo ao espírito), melhor dizendo a Alma é o “Elo” da corrente que mantém a ligação do “Barco” à “Ancora”, no entanto se este “Elo” se quebrar não significa que o “Barco” e ou a “Ancora” deixaram de existir, apenas já não estão ligados um ao outro, apesar da existência, de qualquer um dos dois, no principio, ter estado directamente ligada e dependente.
Assim depois de se quebrar o “Elo” a “Ancora” poderá ser utilizada por um outro “Barco” e o “Barco” poderá utilizar outra “Ancora”, o “Elo” é que será sem dúvida diferente.
2ª) A ordenação feita foi puramente aleatória, no entanto a ser aplicada uma ordem seria, no meu ponto de ver:
1º Elemento Espírito (Essência do “Ser”);
2º Elemento Corpo (“Ser”);
3º Elemento Alma (o “Elo” de ligação da Essência ao “Ser”)
Espero ter sido claro na minha explicação e apresentação dos meus conceitos / pré-conceitos, sobre esta matéria.
Bem-haja, quem faz dos conceitos e pré-conceitos dos outros, um ponto de partida para uma discussão de elucidação, sobre as diferenças, e ou semelhanças, dos seus próprios conceitos e ou pré-conceitos.
Bem-haja Carlos Amaro!
Muitíssimo grato pela excelente resposta a meus parcos questionamentos e principalmente por sua atitude em reaver o que se julgava perdido.
Abraços Fraternos.
À Glória do Grande Arquiteto!
Enviar um comentário