19 março 2009

Do valor da imaginação

No último texto, mencionei uma das razões porque decidi publicar aqui no A Partir Pedra o texto, dividido em duas partes de Frederic L. Milliken. Agora é tempo de referir a outra.

Quem segue com alguma assiduidade este blogue já terá certamente percebido qual a minha posição quanto à abertura da Maçonaria à Sociedade.

Não sou cultor do secretismo absoluto. Terá sido necessário aqui noutros tempos. Será porventura ainda necessário noutros lugares. Na sociedade democrática da informação do século XXI, não me faz sentido.

Também já deixei bem claro que não sou adepto das "paredes de vidro", tudo divulgando, tudo deixando devassar. A Maçonaria, como qualquer pessoa ou instituição humana necessita e tem direito a uma zona de privacidade. Reconhecê-lo é uma simples questão de bom senso.

Sou adepto da política de definir e dizer claramente quais os aspetos que reservamos para nós e porquê. Fi-lo já, claramente e sem ambiguidades, neste blogue, designadamente na série de textos A propósito do segredo maçónico, Porque se guarda o segredo maçónico, Reserva de identidade, Reserva sobre as formas de reconhecimento, Reserva sobre rituais e cerimónias, Reserva sobre trabalhos de Loja e O segredo maçónico esotérico. Entendo que as pessoas sérias e bem-intencionadas percebem a razão de ser da reserva, quando esta é claramente afirmada e explicados os seus alcance, limites e motivos. Os outros, aqueles cujos preconceitos os inibem de ser intelectualmente sérios e bem intencionados, não me interessam nem preocupam.

Não sou também nem adepto de tudo esconder, para criar ou manter o mito dos "excelsos segredos e conhecimentos", que poderia impressionar uns quantos ingénuos, mas só contribuiria para desiludir quem buscasse a Iniciação, na mira de conhecer tão inefáveis como inexistentes segredos, nem de tudo revelar, dinamitando assim o teor de surpresa, de experiência vivida, que absolutamente deve estar presente no contacto daquele que é Iniciado com a Maçonaria e daquele que nela avança com os ensinamentos postos sob a luz da sua atenção, essencial para ativar e impressionar a sua inteligência emocional, permitindo que não só se aprenda como apreenda, que não só se saiba, como se viva, que não apenas se assista ou veja, mas se experiencie.

Embora alerte todos os que me manifestam interesse na Iniciação contra o perigo de ser a mera curiosidade a fonte do seu interesse, é claro que não sou insensível e compreendo e aceito e acho natural que haja uma componente de curiosidade em quem se interessa pela Maçonaria. Que se goste de saber o que se faz, como se faz, como são os rituais, etc.. É humano, é natural, é saudável. No entanto, a reserva sobre os rituais existe e concordo totalmente em que exista (um dos textos acima indicados explica porquê) e eu, como os demais maçons, cumpro o meu compromisso de manter essa reserva. Não só por ela, embora já tenha declarado entender e concordar com a razão da sua existência. Também porque nisso empenhei a minha honra. Procuro sempre manter o delicado equilíbrio necessário para esclarecer, divulgar, explicar, sem trair o meu compromisso e sem prejudicar os motivos da reserva do que é reservado.

Penso ter logrado um bom equilíbrio, por exemplo, nos textos A Iniciação (I) e A Iniciação (II). Pensava aí ter ido tão longe quanto possível, permitindo que os interessados tivessem a noção do autêntico rito de passagem que é a Iniciação, como ritos de passagem são todas as demais cerimónias que marcam o avanço na Maçonaria.

Quando li o texto de Frederic L. Milliken, percebi que afinal podia ir um pouco mais além. Com aqueles dois textos sobre a Iniciação, os interessados ficaram com a noção INTELECTUAL do rito maçónico. Ao publicar o texto de Frederic L. Milliken, podia proporcionar-lhes um pouco mais. Porque o que ali está descrito é, no fundo, um simples ritual de passagem, com a particularidade de o seu autor ter usados o tipo de linguagem maçónica e procurado descrever alguma da ambiência envolvente que se procura garantir nos "rituais verdadeiros" (ou "graus terrenos", como se dizia no texto). O texto é - ninguém tem obviamente dúvidas disso! - ficção, o fruto da imaginação do seu autor. Mas cada leitor, ao lê-lo, se usar a sua própria imaginação e se colocar na posição do "tomador do último grau" pode ter uma pequena noção do que se procura seja vivenciado por aquele em favor de quem é executada cada cerimónia. Não é verdadeira vivência de verdadeira cerimónia, claro que não é. Não permite marcar a sua inteligência emocional, claro que não. Mas porventura, poderá dar a noção de como isso é feito...

No tal delicado equilíbrio entre o que entendo que posso mostrar e o que aceito que devo esconder, o texto de Frederic L. Milliken, permite ir um poucochinho mais além. Por isso mereceu a sua publicação neste blogue!

No texto Do valor da parábola, a razão para a publicação que ali adiantei era pessoal, o efeito que o texto de Milliken teve em mim. Terá também tocado a alguns dos leitores, porventura nem por isso a muitos outros. Neste texto, apresentei a razão "institucional" da minha decisão de publicação. Gosto de divulgar, gosto de esclarecer quem quer ser esclarecido (não de terçar armas com quem busque estéreis embates de pretensas habilidades retóricas), gosto de debater Maçonaria com quem quer estiver interessado nesse debate (não em duelos ao pôr-do-sol...). A divulgação não se faz só com textos mais ou menos profundos, mais ou menos factuais, mais ou menos argumentativos. Também se faz com a ilustração, o estímulo da imaginação. E, neste aspeto, pouco importa o que se diz no texto de Milliken, antes interessa como se diz. Não releva tanto a árvore como a estrutura da floresta. Não se busca a possível pérola (que o galo de Esopo rejeita), mas antes verificar a estrutura da ostra.

Rui Bandeira

18 comentários:

Jose Ruah disse...

Rui Bandeira Dixit.

Este é um excelente texto. Apenas alguns conseguem ser capazes de produzir algo com esta qualidade.

Se fosse uma Opera, ver-me-ias no publico de pé a gritar BRAVO!! BRAVO!!

Como não é levas uma TBA que já não é nada mau !!!

Nuno Raimundo disse...

Boas...

Foi essa abertura e este tipo de "escritos" que me cativaram e me fidelizaram ao "A Partir Pedra".

abr...prof...

Lindemann disse...

Fico impressionado com a facilidade que todos que escrevem este blogue têm em redigir seus textos. Isso nos mostra o nível intelectual destes homens de bons costumes. Eu, assim como Nuno_R, não fico um dia se quer, sem visitar este blogue. Pena, não serem todas as pessoas que conseguem "ler as entrelinhas" e perceber o valor de todos estes textos. "Feliz a hora que descobri este link". Parabéns á todos.

Paulo M. disse...

@ José Ruah:
TBA = Tripla Beijoca Afectuosa?

Jose Ruah disse...

@simple

Bem imaginado !!
Provavelmente sera uma das interpretaçoes dadas pela Maçonaria Feminina.

Mas não não é isso.

Diogo disse...

Caro Rui Bandeira,

Um excerto do seu post: «A propósito do segredo maçónico»

«Como se todas as sociedades e associações não tivessem matérias e planos e decisões e estratégias cujo conhecimento reservam apenas para os seus membros... Como se os empresários, os membros da alta finança e os políticos não proclamassem todos, com alegre satisfação, que o segredo é a alma do negócio... A todos é naturalmente reconhecido o direito ao segredo, à reserva do que não se destina a ser do conhecimento público. Só os maçons são verberados por respeitarem o seu compromisso de guardar o segredo maçónico! »


Se um homem de negócios ou um estrategista militar defenderem que o segredo é a alma do negócio, isso é perfeitamente racional. Ambos, por razões diferentes, pretendem ganhar vantagem contra terceiros. Seja por motivos financeiros ou de guerra.

Mas se um político afirmasse a mesma coisa em relação a questões domésticas, seria de imediato corrido. Porque ele não está em guerra com o povo que o elegeu e, supostamente, não pretende obter vantagem dos seus eleitores.

E na maçonaria?

Vou ler os outros posts que indicou.

Diogo disse...

Rui, um excerto do seu outro post: «Porque se guarda o segredo maçónico»

«e existe também uma outra componente (o segredo esotérico) que existe independentemente da vontade e dos esforços e das tentativas dos seus detentores, por impossibilidade de sua adequada e completa transmissão, seja por via oral, seja por escrito. O acesso a este implica vivência, experiência, vontade, esforço. Não basta ouvir ou ler. Portanto, o segredo que se guarda não é especialmente importante e o que importa não se consegue transmitir... »


Esse segredo esotérico, a existir, que não se consegue transmitir e que só se descobre vivenciando-se, não pode ser maçónico. Tem de ser inerentemente acessível a (alguns) indivíduos de todos os credos, culturas, ciências e filosofias.

Não sendo o segredo transmissível, apenas vivenciado, então o maçon não tem qualquer vantagem em pertencer a uma loja maçónica. O indivíduo poderá descobri-lo numa igreja cristã, numa escola filosófica, num laboratório científico ou meditando numa mesa de café. O maçon não está mais próximo do segredo do que qualquer outra pessoa.

Diogo disse...

Sobre o Sol que nasce a Oriente, aconselho-vos a verem este extraordinário VÍDEO legendado em português.

Jose Ruah disse...

@Rui

Tens ideia de quem sera o IP 213.22.18.(sei mas nao divulgo) que anda aqui no blog há mais de hora e meia ?

TFA

Paulo M. disse...

Ó Diogo, o meu amigo ainda não percebeu uma coisa fundamental: a vida pode ser vivida de muitas maneiras, e cada um é senhor de viver a sua da forma como melhor lhe apraz (dentro, evidentemente, do respeito pelas liberdades alheias).

Demorei muito tempo a aprender a reconhecer um direito que me repugnava: o direito à asneira. Repugnava-me que uma pessoa estivesse em erro e não só persistisse no mesmo como se recusasse a reconhecê-lo como tal.

Acabei por me aperceber que, no que concerne o Homem, poucas são as verdades absolutas. Acabei por admitir a eventualidade do meu próprio erro. E acabei por ser mais tolerante com o que antes tomava por "erros dos outros".

É muito querido aos maçons este fundamental reconhecimento do direito ao erro - que não é senão reflexo da tolerância perante a diferença. A Maçonaria reconhece a cada um o direito de crer no que quiser, com a certeza de que, por absurda que pareça a sua crença, nenhum outro maçon a ridicularizará.

O Diogo tem vindo a apontar erros à esquerda e à direita, sem parar para reconhecer os seus. E, mesmo que tivesse toda a razão do mundo na veracidade daquilo que defende, incorreria não obstante no erro do orgulho. Esfregar na cara dos outros o que se toma por erros dos mesmos não é simpático.

Será que o incomoda assim tanto aquilo em que uns quantos desconhecidos crêem? Ainda se essa crença levasse a ações que tolhessem a sua liberdade, estaria mais do que justificado o seu "ataque cerrado". Mas não creio que seja o caso.


Porque cada homem se identifica com os seus princípios, e sente como um ataque pessoal qualquer ataque às ideias em que crê, é vedada toda a controvérsia - mesmo qualquer discussão - política ou religiosa em Loja. Porque a harmonia que se pretende atingir suplanta a eventual "necessidade" de se discutir determinados temas que a pudessem pôr em xeque.

Os maçons interiorizam esta regra e aplicam-na no dia-a-dia, usando, frequentemente, expressões idiomáticas ("na minha opinião", "tanto quanto sei", "creio") que evidenciem tratar-se o que afirmam de mera opinião pessoal, sem pretenções de verdade universal.

A atitude do Diogo é, em absoluto, a oposta: pretende impor como regra universal aquilo que os demais entendem ser uma mera opinião entre tantas outras possíveis (e, eventualmente, diversas) e não tão meritória que implique o abdicar imediato da opinião de cada um em seu favor. Aos olhos de um maçon, que se esforça por fazer o oposto, este seu comportamento é ofensivo.

Sugiro que reveja os seus comentários à luz do que lhe digo aqui e, pessoa inteligente que tem parecido ser (apesar de ter alguma falta de tacto...) perceberá rapidamente as razões das reações que por cá suscitou. Saber adequar o discurso às circunstâncias é uma arte que se aprende...

Simple

Diogo disse...

Caro Simple,

Não penso que tenha sido ofensivo em qualquer um dos comentários que já escrevi neste post.

Chamo a atenção para o que me parecem ser algumas contradições e no último sugiro a visualização de um vídeo.

A controvérsia não cabe neste blog? Não é da discussão que sai a luz? Ou nada se pode colocar em causa?

Paulo M. disse...

@ Diogo:

Ofensivo, não; incómodo, sem dúvida que sim. Porém, não tanto pelas suas ideias (o que poderia ser positivo), mas acima de tudo pela forma como as expõe. Não sei se consigo explicar-lho de forma mais simples que isto...

Simple

Rui Bandeira disse...

@ Diogo:

1) Diogo escreveu:

"Se um homem de negócios ou um estrategista militar defenderem que o segredo é a alma do negócio, isso é perfeitamente racional. Ambos, por razões diferentes, pretendem ganhar vantagem contra terceiros. Seja por motivos financeiros ou de guerra.

Mas se um político afirmasse a mesma coisa em relação a questões domésticas, seria de imediato corrido."

Rui Bandeira diz:

Acha, Diogo? Não o pensava tão ingénuo...

2) Sobre o vídeo que, por duas vezes, sugeriu, só espreitei uns exceros, porque é demasiado longo (quase 2 horas). Mas do que vi, não me parece nada de especial. É a corriqueira colagem de temas, especulações, meias verdades misturadas com meias mentiras, vrdades inerpretadas abusivamente, etc.. Enfim, o costume da teoria da conspiração, em que (alguns) americanos se comprazem...

Também já tive o meu período de curiosidade por esse tipo de material, mas curei-me...

3) Diogo escreveu:

"Esse segredo esotérico, a existir, que não se consegue transmitir e que só se descobre vivenciando-se, não pode ser maçónico. Tem de ser inerentemente acessível a (alguns) indivíduos de todos os credos, culturas, ciências e filosofias.

Não sendo o segredo transmissível, apenas vivenciado, então o maçon não tem qualquer vantagem em pertencer a uma loja maçónica. O indivíduo poderá descobri-lo numa igreja cristã, numa escola filosófica, num laboratório científico ou meditando numa mesa de café. O maçon não está mais próximo do segredo do que qualquer outra pessoa."

Rui Bandeira responde:

Meu caro, nunca disse o contrário! Aliás, várias vezes escrevi que a Maçonaria é essencialmente um MÉTODO de aperfeiçoamento. Uma das expressões que mais correntemente uso é a de "método maçónico". E bastas vezes mencionei que o método maçónico não é o único, antes um dos caminhos possíveis. A cada um cabe escolher seguir o que mais lhe convém.

Nós, os maçons, não reclamamos louros, nem taças, nem exclusivos. Limitamo-nos a seguir o nosso caminho.Dantes, faziamo-lo em silêncio e acompanhados apenas connosco próprios. Agora, estamos aprendendo que podemos - e porventura será bom que o vamos fazendo -, continuando a seguir o nosso caminho, explicar porque o fazemos, como o fazemos, que buscamos.

Não fazemos proselitismo. Quem quiser seguir o nosso caminho, achará maneira de se juntar aos romeiros. Quem se sentir melhor seguindo outros, tem o nosso voto de sucesso e, da nossa parte, inteira disponibilidade para prazenteira companhia, nos troços que forem comuns. É só isso...

4) Excecionalmente, quebro uma regra com que sempre me dei bem e vou dar um conselho não solicitado.

Diogo, se realmente quer debater, trocar ideias, contribuir com o que sabe e receber as contribuições de quem frequenta este espaço, de forma profícua, aconselho-o vivamente que considere muito seriamente a sugestão do simple. Releia-a, medite e (não lhe peço mais) experimente, durante algum tempo, segui-la, na sua intervenção neste espaço.

Um político que já dirigiu este País, costuma dizer que não há duas oportunidades para criar uma boa primeira impressão.

O Diogo, neste espaço, perdeu a sua única oportunidade de criar uma boa primeira impressão.

Mas isso, entre nós, não é decisivo. Tão importante como causar uma boa primeira impressão é ser capaz de corrigir uma má primeira impressão.

O Diogo é, claramente, um homem inteligente. E isso, garanto-lhe, todos neste espaço apreciamos, e muito.

Mas tem uma propensão para uma certa sobranceria na forma como se dedica ao debate, dando a impressão que o seu objetivo principal é mostrar a todos como está certo e os outros errados, como é tão inteligente e hábil, como sabe usar tão bem a sua ironia e atacar com o seu sarcasmo, que afasta quem o lê. E, ao fazê-lo, acaba por prejudicar até a análise das suas ideias.

Sabe, Diogo, a mim a vida e o meu percurso (incluindo a maçonaria, mas não só) já me ensinaram que "ganhar" pode ser importante, mas cooperar é muito mais compensador. Tentar mostrar superioridade, vencer discussões, lançar o adversário ao tapete, pode dar um choque de adrenalina agradável. Mas ganha-se individualmente mais se se debater qualquer questão, não com o propósito de "ganhar", de mostrar que temos "razão", mas, pelo contrário, com a postura de testar a validade da nossa ideia, de aprender com com a ideia do outro. Enfim, mais do que acentuar diferenças, buscar e realçar os pontos de entendimento e as pontes de diálogo. No fim, acabamos por perceber que as diferenças, as oposições, são muito menos importantes do que parecem e aprendemos a conviver, a aceitar, o que o outro tem de diverso, apreciando o que ambos temos em comum.

Algumas das melhores discussões que tenho tido têm sido com o José Ruah e são sempre gratificantes, precisamente porque o nosso objetivo não é nunca vencer o outro, mas testar as nossas ideias e chegar a plataformas de consenso e identificar onde pensamos diferente e porquê. Se quiser, procure aqui no blogue o marcador "Tolerância" e encontrará um bom exemplo destas polémicas que gostamos de realizar.

A minha vida profissional de Advogado ensinou-me duas coisas, que sigo impreterivelmente em todos os capítulos da minha vida: 1) Ao contrário do que o nosso ego pede, é preferível que os nossos oponentes nos subestimem do que nos sobreestimem: quando menos esperarem, verão as nossas verdadeiras capacidades.. 2) Muitos dos meus Colegas adoram ganhar discussões; eu prefiro ganhar processos...

Diogo:um homem inteligente e intelectualmente curioso é sempre muito bem-vindo a comentar aqui. Não temos qualquer problema - pelo contrário - em confrontar ideias e apreciamos fazê-lo. Mas não estamos interessados em estéreis batalhas de "eu sou melhor que tu" ou "eu sei mais que tu " ou "as minhas ideias lavam mais branco do que as tuas". Aí, reagimos sempre mal. Terá, pelo contrário, sempre interlocutores interessados, disponíveis e cooperantes,se, em vez de buscar confrontos ou procurar alardear pretensas superioridades ou definitivas razões, conseguir colocar pontos de vista e contrapor as suas ideias às dos demais, sem agressividade, sem sarcasmo e, sobretudo, buscando identificar e valorizar e apontar os pontos de entendimento, melhor relativizando as discordâncias e mutuamente se aceitando o direito à diferença, o direito a pensar diferente, o direito a exprimir pensamento diverso.

No fundo, Diogo, o que o simple diz e eu reforço é que é uma pena que o muito de interessante que um sereno confronto de ideias diferentes pode trazer seja escondido, tapado, desvalorizado, pela forma como expõe os seus pontos de vista.

Acredite: não vale a pena tentar "conquistar" o seu espaço aqui. A "conquista" implica luta e baixas e, afinal, aqui, só ganhará, quando muito, alguma adrenalina.

Vai ver que é muito mais compensador arrumar-se naturalmente neste espaço, sentar-se à nossa mesa e, em vez de combater ideias de outros com as suas, coperar com as suas para aperfeiçoar as ideias de todos.

Jose Ruah disse...

Voltando à Parábola, ou melhor ao Pára a Bola.

Por isto é que tu és arbitro e eu jogador.

Bravisso !!! que é como diz uma Tripla TBA - que era o que se aplica nestas situaçoes, de acordo com uma antiga tradição ...

J.Paiva Setúbal disse...

Caro Rui, apetece-me dizer algo...

BRILHANTE !

Unknown disse...

Quando um homem inteligente veste um qualquer fundamentalismo, dificilmente o despirá. Perante tudo o que aqui está escrito, perante tantos convites à tolerância, o Diogo estará desarmado. Para continuar ou se despe ou... não sei como considerá-lo.

Diogo disse...

Rui e Simple,

Gostei dos vossos comentários. Reconheço que entrei neste blogue um bocado à «bruta». Mas não pense que o meu objectivo é derrubar o adversário. O meu propósito é o esclarecimento, meu e dos meus interlocutores.

Mas repare, sobre o vídeo que propus, o seu comentário foi o seguinte:

«Sobre o vídeo que, por duas vezes, sugeriu, só espreitei uns excertos, porque é demasiado longo (quase 2 horas). Mas do que vi, não me parece nada de especial. É a corriqueira colagem de temas, especulações, meias verdades misturadas com meias mentiras, verdades interpretadas abusivamente, etc. Enfim, o costume da teoria da conspiração, em que (alguns) americanos se comprazem... Também já tive o meu período de curiosidade por esse tipo de material, mas curei-me...»

Ou seja, em duas penadas, o Rui rejeitou liminarmente o vídeo sem explicar quais eram as meias verdades e as meias mentiras que lá encontrou. Arrumou-o simplesmente na prateleira das «teorias da conspiração».

Julgo que vale a pena discutir o significado dessa expressão. Existe uma conspiração quando duas ou mais pessoas se juntam para fazer algo ilegal ou imoral. Portanto, conspirações, infelizmente não faltam. Uma teoria é uma explicação consistente de todos os factos de um determinado acontecimento. A Teoria da Gravitação Universal de Newton é, como o nome indica, uma teoria.

Portanto, o que é uma teoria da conspiração?

A CIA e o KGB não conspiraram para executar golpes de estado por esse mundo fora? Será absurdo conjecturar sobre isso?

José Carlos Soares disse...

Curioso, "os mansos do céus" ficaram mais mansos depois do ip... só falta meter o endereço de mail meu caro ruah...