03 novembro 2008

Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990 - Base XVII



BASE XVII

DO HÍFEN NA ÊNCLISE, NA TMESE E COM O VERBO HAVER

1º) Emprega-se o hífen na ênclise e na tmese: amá-lo, dá-se, deixa-o, partir-lhe; amá-lo-ei, enviar-lhe-emos.

2º) Não se emprega o hífen nas ligações da preposição de às formas monossilábicas do presente do indicativo do verbo haver: hei de, hás de, hão de, etc.

Obs.:1. Embora estejam consagradas pelo uso as formas verbais quer e requer, dos verbos querer e requerer, em vez de quere e requere, estas últimas formas conservam-se, no entanto, nos casos de ênclise: quere-o(s), requere-o(s). Nestes contextos, as formas (legítimas, aliás) qué-lo e requé-lo são pouco usadas.

2. Usa-se também o hífen nas ligações de formas pronominais enclíticas ao advérbio eis (eis-me, ei-lo) e ainda nas combinações de formas pronominais do tipo no-lo, vo-las, quando em próclise (por ex.: esperamos que no-lo comprem).

Antes de mais, impõe-se "traduzir" para "linguagem de gente" alguns termos técnicos.

Ênclise - é a colocação dos pronomes oblíquos átonos depois do verbo (pronomes oblíquos átonos: me, te, se, o, a, lhe, nos, vos, os, as, lhes). Exemplos: dá-me, veste-te, foi-se, ama-o, tira-a, atira-lhe, diz-nos, trago-vos, limpa-as, faz-lhes.

Tmese - Figura que divide o verbo para lhe intercalar o pronome como em dir-te-ei, dar-lho-ia, etc. Separação de dois elementos de uma palavra, pela intercalação de uma ou várias outras palavras. (Lello Prático Ilustrado).

Próclise - colocação dos pronomes oblíquos átonos antes do verbo. Exemplo: Queres a verdade? Aqui a tens!

Esta Base introduz uma relevante alteração em relação à prática de escrita anterior: deixa de se se usar hífen entre as formas monossilábicas do presente do indicativo do verbo haver (hei, hás, há, hão) e a preposição de subsequente. Desaparece assim o hei-de, hás-de, há-de, hão-de e passa-se a escrever: Amanhã hei de ir fazer um piquenique com os teus pais. Hás de ir connosco. Há de ser um dia agradável. Os teus pais hão de apreciar.

No mais, mantém-se o que já se praticava.

Rui Bandeira

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