24 maio 2007

A carta-patente da Loja

Ontem foi um grande dia para a Loja Mestre Affonso Domingues. Ontem regressou à Loja a sua carta-patente!

A carta-patente é o documento que proclama e certifica a criação, pela forma tradicional e regularmente reconhecida, de uma Loja maçónica. É, obviamente, um documento importantíssimo para qualquer Loja maçónica, em termos históricos, mas também em termos rituais, pois uma Loja maçónica Regular deve, salvo motivos imponderáveis, reunir na presença da sua carta-patente, como testemunho directo da sua criação dentro dos limites e princípios da Regularidade.

A imagem que ilustra este texto é a de uma carta-patente respeitante à criação de uma Loja Regular chilena, a Loja Pentalpha, em 16 de Setembro de 1965, ao Oriente de Santiago do Chile e sob os auspícios da Grande Logia de Chile. Não é, por ora, possível publicar a carta-patente da Loja Mestre Affonso Domingues, não tanto por não estar ainda digitalizada (isso resolvia-se em alguns minutos...), mas porque a mesma contém nomes de maçons vivos e que não declararam publicamente essa condição, pelo que, no respeito de uma essencial regra maçónica, tem de se respeitar a reserva de sua identidade.

A carta-patente da Loja foi emitida, pelo então Grão Mestre da Grande Loge Nationale Française (GLNF), André Roux, em 30 de Junho de 1990, ainda no âmbito do Distrito de Portugal daquela Grande Loja. 30 de Junho é, assim, a data de aniversário da Loja. Recorde-se que a reinstituição da Regularidade Maçónica em Portugal processou-se através de criação de várias Lojas sob os auspícios da GLNF, que constituiram o Distrito de Portugal daquela Obediência Regular e que, ulteriormente, obtiveram a consagração da Grande Loja Regular de Portugal, hoje Grande Loja Legal de Portugal/GLRP.

Foram designados para exercer, em primeiro lugar, os ofícios de Venerável Mestre, 1.º Vigilante e 2.º Vigilante, respectivamente, os Irmãos Eduardo M., Hélder V. e José Cunha C.. Em documento anexo, figura também a lista dos Maçons fundadores da Loja, entre os quais, nada mais, nada menos, os que vieram a ser os três primeiros Grão-Mestres da GLLP/GLRP: Fernando Teixeira, Luís Nandin de Carvalho e José Anes!

Na sequência dos acontecimentos que vieram a ser conhecidos como cisão da Casa do Sino, estes documentos ficaram extraviados. Durante anos, a Loja Mestre Affonso Domingues trabalhou na presença de uma nova carta-patente, emitida pelo Grão-Mestre da GLLP/GLRP. Ontem, um Grande Oficial muito querido de todos nós visitou a nossa Loja e deu-nos a grata surpresa de nos trazer os documentos. A partir de agora, a Loja Mestre Affonso Domingues pode exibir duas cartas-patentes: a da sua criação, ainda no âmbito do Distrito de Portugal da GLNF e a emitida já pela GLLP/GLRP, de que foi Loja fundadora!

Rui Bandeira

8 comentários:

J.Paiva Setúbal disse...

Pois é mesmo assim, finalmente chegou a nossa "Carta Patente" !
É, obviamente, um grande momento para a Loja e para todos os seus Obreiros.
Vamos manter a esperança de que o lindíssimo estandarte da Respeitável Loja Mestre Affonso Domingues siga o mesmo caminho da "Carta Patente" e regresse também à casa que Lhe pertence.

memorias disse...

Se o documento estava, segundo a vossa linguagem, "extraviado", isso significa que se manteve - tal como toda a documentação, e repito, por ordem judicial - na posse da Grande Loja Regular de Portugal.

Se de nós desaparece e vai para a Vossa Loja e Obediência, isso SÓ pode apontar para duas hipóteses:
1ª- Foi roubado;
2ª- Foi obtido do nosso seio por traidores.

Por acaso soube que a segunda hipótese é a mais provável.
Que Deus lhes perdoe.

Desculpem mais esta minha intromissão, respeito-vos como Irmãos Maçons Regulares (nós não somos autistas), aprecio muitos dos vossos trabalhos neste blog, mas acreditem: perante a inverdade eu não me calo. E a Verdade será exposta.
Um abraço fraterno

Rui Bandeira disse...

@ memorias:

1. Se confirma que os documentos estavam na posse dos ocupantes da Casa do Sino que fomentaram a cisão na então GLRP, hoje GLLP/GLRP, confirma que estavam extraviados em relação à Loja Mestre Affonso Domingues, sua legítima proprietária. Onde está então a "inverdade"?

2. A qualificação de "traidores" é sua. Do meu ponto de vista, quem devolve ao seu legítimo proprietário documentos que outrem ilegitimamente retém, não merece esse epíteto.
E desculpará mas eu entendo que foi muito infeliz o epíteto, pois implica a concordância com a apropriação de bens pertencentes a outrem, ou seja com furto.
Qualquer que seja a posição em relação à cisão e à "legitimidade" da GLRP ou da GLLP/GLRP resultantes da cisão,uma coisa é indubitável: os documentos em causa pertencem à Loja Mestre Affonso Domingues, não a qualquer Grande Loja, portanto a sua detenção por outrem que não a Loja Mestre Affonso Domingues, contra a vontade desta é ilegítima.

3. Respeito as suas opções. Fico satisfeito por ter declarado no seu comentário que respeita as minhas. Já temos uma base comum de entendimento. Não é necessário perturbá-la com azedume...

Jose Ruah disse...

Tenho que secundar o Rui Bandeira.

A Carta patente é propriedade da Loja.É-lhe concedida pela Grande Loja no momento da sua fundação.

Memórias há muitas e o "Memórias" não é detentor de todas.

"Memórias" não sabe quais as condições aceites UNANIMEMENTE pelos Obreiros da Affonso Domingues fossem eles Aprendizes , Companheiros ou Mestres, porque se soubesse remetia-se ao silencio e não dizia coisas insensatas.

Rui Bandeira tem juntamente comigo a total e completa autoridade para falar sobre este assunto.

Rui Bandeira por ser o autor da moção votada por UNANIMIDADE e eu por ser o Veneravel da Loja na altura da cisão.

E de entre os pontos da Moçao que foram UNanimes constava:

( mais ou menos este texto)

" A Loja Affonso Domingues é Uma e uma só. OS Obreiros que seguirem caminho diverso do caminho seguido pela maioria comprometem-se com a sua palavra de Maçons a não levantar colunas de uma outra Loja Mestre Affonso Domingues ..."

Isto foi Integralmente cumprido e nunca houve no SIno uma Loja Affonso Domingues no após cisão.

Os Maçons cumpriram a sua palavra, e a isso juntaram por actos a restituição dos bens da LOja, propriedade desta e pagos com fundos proprios.

A Devolução destes bens é da mais elementar justiça e quem como " Memórias" se insurge só o pode fazer por desconhecimento. Desconhecimento do que aconteceu, mas também desconhecimento do que é uma carta patente, um estandarte, ou outra coisa que seja pertença de uma loja.

Aos que respeitaram o seu compromisso e que assim que o puderam o honraram, o meu mais profundo abraço fraterno.

memorias disse...

Desculpem mas insisto: Na Grande Loja Regular de Portugal há uma Loja Affonso Domingues, como tal herdeira de TODA a documentação e património dessa R.: L.:, uma vez que não houve alterações, nem de facto, nem de jure.

Quem saiu, sejam quais forem as razões, criou uma nova Obediência chamada GLLP.

Nós somos- já o demonstramos à evidência - pacientes. Caso contrário, não suportaríamos pacificamente tantas injúrias e difamações, nomeadamente em 1999.
Mas, por favor, não abusem.

E já agora, quanto mais não seja por respeito à sua memória, não digam que Fernando Teixeira foi o 1º GM da GLLP.
Isso é uma mentira histórica. Ele permaneceu na GLRP.

E foi activíssimo no processo que levou o Conselho de Grandes Oficiais da GLRP a demitir Nandim de Carvalho do cargo de GM, quando este exibia já todas as suas características megalómanas que iriam atirar-nos para o charco. As mesmas razões que vos levaram por várias vezes a tentar demiti-lo, até o conseguirem aproveitando a sua ilegibilidade por razões do foro judicial.

Não me chamem "azedo" nem ignorante. Eu escrevo pouco, mas sempre com tudo muito bem pensado e documentado.

Rui Bandeira disse...

@ memorias:

1. Refere que na GLRP há uma Loja Affonso Domingues. Não sei se é lapso, mas a Loja fundada em 1990 a que eu pertenço e que não aceitou acompanhar a cisão chama-se Mestre Affonso Domingues. Se na GLRP resultante da cisão se criou uma loja com um nome parecido, é direito dos que a criaram. Mas é OUTRA loja, não a que, em 1990 foi criada no âmbito do Distrito da GLNF e que veio a fundar a GLRP pré-cisão.
Se essa loja da GLRP / Casa do Sino que refere tem o mesmo nome da LOja Mestre Affonso Domingues original, de uma coisa estou certo: NENHUM DOS MEMBROS DA LOJA MESTRE AFFONSO DOMINGUES EXISTENTE DESDE 1990 CRIOU OU ESTEVE NESSA LOJA - e com isto estou-me a referir aos membros da Loja Mestre Affonso Domingues que optaram por seguir os promotores da cisão. Por uma simples razão: são todos pessoas de bem, que assumiram um compromisso e que o cumprem.
Nesse sentido, e como ambos bem sabemos que em Maçonaria Regular é FUNDAMENTAL a transmissão iniciática, eventual loja com o mesmo ou similar nome da Loja Mestre Affonso Domingues será o que for, mas NÃO É A LOJA MESTRE AFFONSO DOMINGUES A QUEM FOI CONCEDIDA A CARTA-PATENTE. Essa, por deliberação da maioria dos seus obreiros EXECUTADA PELO SEU VENERÁVEL MESTRE NA OCASIÃO, ficou fiel ao Grão-Mestre eleito e mantém-se na Obediência Regular e é, naturalmente a legítima detentora dos seus bens desde a origem.
As Grandes Lojas são super-estruturas. A célula da Maçonaria são as Lojas e o que uma Loja decidiu não pode, à sua revelia, ser decidido em contrário por outros - ainda que se pensem detentoras da (sua) razão...
2. Não vale a pena estarmos com jogos de palavras. Quem cindiu, entende que é o legítimo continuador da GLRP original e que a GLLP é uma Obediência nova. Quem se manteve fiel ao Grão-Mestre eleito considera que se manteve na organização original, que apenas mudou de nome pelas razões que já esclareci aqui no blogue (O nome da Grande Loja), e que a Obediência nova é a que, or razões legais que já expliquei, logrou ficar a usar nome original. Não vale a pena estarmos a argumentar sobre isso. Cada um manterá sempre a sua posição. Assentemos, portanto numa coisa, que julgo pacífica: em 1991 foi consagrada uma Obediência Regular chamada GLRP. No final de 1996, ocorreram os acontecimentos de que resultou a cisão em dois grupos distintos, um que ficou a usar a sigla GLRP, o outro a sigla GLLP/GLRP. Ambos se reclamam serem os legítimos continuadores da GLRP fundada em 1991. Eu pertenço a uma Loja que se integra na GLLP/GLRP e considero que esta é a legítima GLRP original, tendo apenas mudado o nome. memorias estará integrado em Loja da Obediência que usa o nome GLRP e que ele pensa ser a legítima continuadora da GLRP original.
Tudo bem: memorias pensa o que pensa; eu penso o que penso; cada um fica na sua; escusamos de nos estar a repetir mutuamente as mesmas coisas ad nauseam; limitemo-nos a seguir cada um o seu caminho, sem perturbar o outro. nenhum agravo tenho de memorias (que não sei quem é)e penso que nenhum agravo memorias terá de mim. Para quê digladiarmo-nos à volta do nomes ou da Obediência em que cada um se integra? No meu ponto de vista, não vale a pena. Desejo que memorias seja feliz no seu caminho, eu procuro ser feliz no meu. É tudo!
3. Não faço ideia a que "injúrias e difamações" de 1999 se refere. Mas de uma coisa estou certo: nem eu nem nenhum dos obreiros da Loja Mestre Affonso Domingos perpretou, em 1999 ou noutro ano qualquer, injúrias e difamações... Considero deslocado o plural "abusem", uma ilegítima generalização. Respondo por mim, se memorias tem agravos de outros, que os repare com esses outros, mas deixe-me a mim em paz, por favor. Este é um conflito para onde ninguém me arrasta!
3. Fernando Teixeira: memorias concordará que, sendo o meu ponto de vista o de que a GLLP/GLRP é a legítima continuadora da GLRP fundada em 1991, só posso considerar Fernando Teixeira o fundador dessa Obediência... E nenhum desrespeito à memória de Fernando Teixeira faço ao assim proceder. Pelo contrário, homenageio a memória que tenho de um homem notável, que teve qualidades e defeitos como todos, mas que não é apagado da História que vivi, das conversas que com ele tive, dos bons momentos que juntos vivemos, só porque, em 1996/1997 tomou uma opção diferente da que eu tomei. Se memorias penar bem, ao considerar que estou na Obediência que ele fundou e cujos princípios compartilhámos até à sua passagem ao Oriente Eterno, não estou a desrespeitar a sua memória, estou a honrá-la!
E penso que não deve memorias censurar-me por isso. É uma simples questão de Tolerância, que é uma virtude maçónica que deve EFECTIVAMENTE ser praticada e não apenas falada...
4. Luís Nandin de Carvalho terminou normalmente o seu mandato de Grão-Mestre da GLLP/GLRP e transmitiu com toda a normalidade o malhete ao seu sucessor. memorias está equivocado.
5. Nunca lhe chamei "azedo"; alertei para o azedume da sua prosa, o que é diferente. E repito: aceito com toda a normalidade as diferenças das nossas posições; tenho todo o gosto em que memorias me leia e que comente o que eu escrevo, sempre que lhe aprouver; será muito mais agradável para ambos se pudermos debater as nossas opiniões, mostrar os nossos argumentos, no fundo respeitarmo-nos um ao outro, com elegância de escrita e com a firmeza das nossas posições, mas sem azedumes. é isso que espero de memorias e é isso que lhe ofereço.
Gostei de debater consigo estes assuntos e creio que cada um está bem esclarecido em relação à posição do outro. A mais não somos obrigados!

Unknown disse...

E o estandarte, está onde?

Rui Bandeira disse...

O estandarte extraviou-se recentemente, após uma organização de âmbito internacional. Estamos diligenciando esforços para o localizar e recuperar. Se não o conseguirmos a curto prazo, iremos providenciar por mandar fazer outro. O mais que pode suceder é acabarmos com dois estandartes, tal como acabámos por vir a ter duas cartas-patentes...