09 julho 2014

Dar e receber


Ingressar na maçonaria, juntar-se a uma Loja maçónica não é um ato destinado à obtenção de quaisquer vantagens materiais ou sociais. O ingresso na Maçonaria, a permanência numa Loja maçónica traz benefícios de ordem espiritual, moral, de aperfeiçoamento pessoal, de preenchimento do sentido da vida e plenitude na vivência do tempo que a cada um cabe neste plano da existência.

Dito de outro modo: o ingresso na maçonaria não se destina à obtenção de vantagens materiais ou sociais, prossegue o objetivo de nos ajudar a ser melhores e mais felizes

A vivência numa Loja maçónica é um contínuo e inesgotável ciclo de troca, de dar e receber. Cada um dá à Loja o que tem de útil para lhe dar e dela recebe aquilo de que ela dispõe, o que recebeu de todos, para fruição e aperfeiçoamento de cada um.

É dando a nossa quota-parte que criamos as condições para recebermos o nosso quinhão. Desengane-se quem porventura julga que o que interessa é "entrar" e depois basta aguardar que aquilo que esperamos e o que nos é inesperado nos caia nos braços! A Maçonaria tem uma curiosa caraterística: tudo proporciona, mas nada dá. 

Trocando por miúdos: a Maçonaria proporciona um meio, um ambiente, um método, uma cultura, um grupo, tudo disponível para que cada um de nós utilize em prol do seu aperfeiçoamento, do seu crescimento, da sua evolução. Mas faz só isso - e muito é! Cabe a cada um fazer pela sua vida e mergulhar no meio, viver o ambiente, utilizar o método, apreender a cultura, inserir-se no grupo, e com isso lograr melhorar, desenvolver-se, crescer, viver melhor, em suma, ser melhor.

O trabalho, o esforço, a vontade, são sempre individuais. O auxílio, a orientação, a envolvência, esses sim, advêm da Instituição, da Loja, do grupo.

Assim, a entrada na Maçonaria, a iniciação numa Loja, não é mais do que um prelúdio, um momento - marcante, sem dúvida! -, uma condição necessária, mas não suficiente para que o objetivo do desejado aperfeiçoamento seja obtido. Esse ato marca apenas o começo do trabalho, o início da caminhada, o plano de partida. O maçom, a partir dessa base, primeiro amparado pelos seus Irmãos, que decidiram acolhê-lo no seu grupo, depois guiado e orientado por eles, finalmente por si só, fará depois o trabalho que entender, seguirá o caminho que escolher, chegará ao plano a que conseguir chegar. Nada, a não ser condições e conselho, lhe é dado. Tudo o que cada um obtém resulta do seu esforço, do seu trabalho.

A maçonaria e a vivência em Loja têm ainda uma outra interessante caraterística: é dando que se recebe e quanto mais se dá, mais se obtém.

Porque sempre que o maçom dá um pouco do seu esforço, efetua uma investigação, organiza algo, executa uma tarefa, ajuda um Irmão, está a aprender algo, a aprimorar-se nalgum aspeto. Finda qualquer tarefa, ultimado qualquer projeto, não é só o que se fez que ficou feito; quem o fez também ficou melhor, seja porque aprendeu, seja porque exercitou, seja pelo que relacionou ou relacionará e lhe permitirá ir mais adiante, ou aprofundar algo mais, em si, no que sabe ou no que investiga ou busca.

O resultado do trabalho de um maçom é por ele disponibilizado ao grupo, à Loja, e todos com isso beneficiam, ao menos conhecimento ou uma nova visão ou conceção do que já conhecem. Mas o maior beneficiário é quem fez o trabalho, que no final dele será sempre, um pouquinho que seja, melhor, mais ilustrado, mais conhecedor, mais preparado, mais capaz, do que estava antes de iniciar a tarefa.

Quem frequente uma Loja apenas para ver o que acontece, o que lá se passa, o que é dito e apresentado, muito pouco rendimento tira do seu tempo. Quem participa, colabora, auxilia, sugere, pensa, toma a iniciativa de propor ou de fazer, esse, sim, ao fim de cada ano sente que é diferente, melhor, mais capaz, do que era no ano anterior. E entende que, prosseguindo nessa linha, certamente é, no momento, pior do que será no ano seguinte.

O maçom ativo aprende que dar, trabalhar, fazer, tomar a iniciativa, ajudar, cooperar, são tudo atos do mais inteligente dos egoísmos, pois tudo, bem vistas as coisas, redunda no seu próprio benefício.

Claro que isto não é compreendido por quem vive (ou sobrevive) apenas para o dinheiro, os bens materiais, a passageira consideração social. Por isso a Maçonaria não é para todos. Mas isso não é nenhum segredo...

Rui Bandeira 

07 julho 2014

Entre o que uns pensam e outros dizem, de eu ser Maçon!


Entre o que de mim dizem,
Entre o que de mim pensam,
Entre os me julgam sem saberem bem e sobre o quê,
Entre os que de mim não gostam,
Entre os que das minhas dificuldades se glorificam, está a verdadeira razão da minha existência:

AQUELES a quem eu AMO e que me retribuem de forma igual!

Entre aqueles que acham que o melhor era o meu silêncio,
Entre aqueles que em todas as minhas ações só vem o que não conseguem fazer,
Entre aqueles que se preocupam mais com o que faço e com o pouco que tenho, do que com aquilo que deviam de fazer para poder ter mais ou o mesmo, está a verdadeira razão da minha persistência:

AQUELES que mesmo sem que eu tenha de pedir, me dão força para seguir em frente e continuar a caminhar, os Meus Queridos Irmãos.

Entre aqueles que em todos os meus actos só vêm interesses ocultos,
Entre aqueles que buscam permanentemente nos meus actos o reflexo negro e sujo das suas mentes pobres,
Entre aqueles que apenas se focam em desdizer e contrariar, por contrariar, o que de boa-fé partilho,
Entre aqueles que da inveja fazem seu alimento, está a verdadeira razão da minha caminhada e persistência:

AQUELES que trilham o mesmo carreiro e que se sentem e se Reconhecem com IGUAIS entre IGUAIS!

Alexandre T.

03 julho 2014

O Volume da Lei Sagrada

Nota de Abertura: Neste Blog de vez em quando convidamos um Maçon de outra Loja ou de outro Oriente ou País a publicar textos de sua autoria, tal como acontece com o que agora aqui se publica e que vai devidamente assinado.






21º Landmark da lista de Albert Gallatin Mackey- é indispensável a existência, no Altar, de um Livro da Lei, o Livro que, conforme a crença, se supõe conter a Verdade revelada pelo Grande Arquitecto do Universo. Não cuidando a Maçonaria de intervir nas peculiaridades de fé religiosa dos seus membros, esses Livros podem variar de acordo com os credos. Exige, por isso, este landmark, que um "Livro da Lei" seja parte indispensável dos utensílios da Loja.

Como se infere do landmark citado, não há um livro da lei recomendado ou que tenha preponderância sobre os outros. Porque para o maçon do R\E\A\A\, que é o nosso, nenhuma religião é melhor que outra ou mais digna de respeito que outra. Todas são dignas de respeito, todas são de igual importância. Porque para um homem se tornar maçon no R\E\A\A\ apenas lhe é perguntado se é crente. Qual a sua confissão religiosa, se professando alguma, não é assunto nosso. Ao R\E\A\A\ basta que o homem seja crente e entenda o conceito do G\A\D\U\. O que isso significa no coração de cada um de nós, não interessa nem é para aqui chamado. Nós aqui abordamos todas as questões, sejam elas de que índole for, quando nos encontramos na linha em que todos somos irmãos, sitio esse onde podemos abordar todos os assuntos sem colocar em perigo a harmonia entre os II\. Essa linha existe, um dia chegarão lá todos os que aqui estão se trabalharem para isso e tem um nome, chama-se Nível, e é a Jóia que identifica o I\1º V\. E é o emblema da Igualdade. O Nível maçónico é formado por um Esquadro de hastes iguais, de cujo ângulo desce uma Perpendicular. O Nível simboliza a Igualdade, base do Direito Natural e a Perpendicular significa que o maçom deve e precisa possuir uma rectidão de julgamento que nenhuma afeição – de interesse ou de família – deve impedir. O que pode distinguir os maçons e conduzi-los ao seu lugar na comunidade é o mérito e também as virtudes e o talento. O Nível lembra ao maçom que todas as coisas devem ser consideradas com serenidade igual e que o seu simbolismo tem como corolário noções de Medida, Imparcialidade, Tolerância e Igualdade, bem como o correto emprego dos conhecimentos.
Partindo desta premissa, não há assunto que não possa ser discutido entre nós, pois será sempre uma discussão leal e iluminada.
Assim, concluo que nenhum maçon do R\E\A\A\ se pode ofender com um símbolo religioso, pois entende que todas as opções de crença são legítimas e são escolhas pessoais, que a ninguém dizem respeito. Nós trabalhamos A\G\D\G\A\D\U\ e chega. Esse é o nome que lhe damos e não outro, apesar de existirem sempre tentativas de forças estranhas de introduzir na nossa Augusta Ordem formas de colocar em perigo a Harmonia entre os maçons, minando a Ordem e a sua Força progressista e humanista. Tenho até para mim que a Maçonaria existe hoje muito mais influenciada pelo Renascimento, a descoberta do Mundo e do Homem do século XVI em diante e o Humanismo deísta do século XVIII,  do que às confederações de pedreiros-livres medievais. O nosso ideal é a Verdade, sendo a sua indagação um Dever para todos os maçons.
O R\E\A\A\ respeita todas as religiões, todos os símbolos religiosos, sem nunca se identificar ou se opor a qualquer uma delas, ou mesmo a qualquer governo ou escola filosófica, mantendo sempre como base dos seus ensinamentos a Liberdade de Pensamento, a indagação da Verdade e a busca, constante e pacifica, de uma vida melhor.
A introspecção espiritual potenciada pelo ritual não conduz num determinado sentido religioso, dá espaço a que todos, independentemente do seu credo, confessional ou não, se sintam integrados nesta comunhão espiritual em que a Verdade e a Fraternidade são o cimento que une todas as pedras que fazem parte deste Templo que é a R\L\ Alengarbe.
Disse.

José Eduardo Sousa, V\M\ da R\L\ Alengarbe, a Or\ de Albufeira

6014 A\L\



02 julho 2014

Eleição de Grão-Mestre 2014/2016: Balanço


Encerrado que está o processo de eleição do Grão-Mestre da GLLP/GLRP para o período que decorre entre os equinócios de outono de 2014 e 2016, é tempo de um breve balanço.

A primeira nota a reter é que a disputa eleitoral decorreu com grande elevação. Os candidatos fizeram jus à sua condição de maçons. Expuseram as suas ideias, divulgaram-nas, defenderam-nas pela positiva e com respeito pelo opositor. Todos nos congratulamos com isso - mas não é nada demais: afinal ambos limitaram-se a ser maçons e a ter a postura que se espera de maçons.

A segunda nota que julgo asada é que o cumprimento do dever de imparcialidade por parte dos Grande Oficiais em funções não implica agir como se não houvesse eleição, não implica não falar do assunto, não implica a necessidade de ficar mudo e quedo perante uma realidade e um processo que são evidências. Aqueles que cumprem os ofícios de administração da Grande Loja e genericamente todos os Grandes Oficiais têm o dever de imparcialidade, de não usar os seus ofícios em favor ou detrimento de qualquer dos candidatos. Mas o cumprimento desse dever pode e deve ser executado assegurando-se também o esclarecimento de quem tem o direito de voto e a divulgação das candidaturas e respetivas posições.

Foi precisamente isso que se procurou fazer neste blogue. Aqui se divulgaram ambas as candidaturas, os currículos de ambos os candidatos, os respetivos manifestos, e se tomou a iniciativa de entrevistar ambos, tendo o cuidado de a ambos colocar rigorosamente as mesmas questões. Não se apelou ao voto especificamente em qualquer dos candidatos. Crê-se que ficou demonstrado que é possível proceder à divulgação de informação eleitoral com o respeito pela imparcialidade.

A terceira nota é que este processo eleitoral veio mostrar que a Maçonaria está a saber adaptar-se aos tempos atuais. Na sociedade atual, a circulação da informação é um facto. Não é mais possível deixar de ter isso em conta. Mesmo aqueles que pontuam a natureza iniciática da Maçonaria e do processo maçónico entenderam isso. Ambas as candidaturas - e bem - divulgaram as suas posições publicamente, em sítios na Internet de acesso livre. Qualquer interessado, maçom ou não maçom, pôde aceder a essa informação. Aqueles que continuam a bater na estafada tecla do secretismo da Maçonaria continuarão certamente a fazê-lo, mas cada vez com menos credibilidade...  

Finalmente, é grato verificar que, numa instituição madura, a existência de períodos eleitorais, sendo uma necessidade, é encarada e vivida com naturalidade. Eleição implica escolha, o que implica exposição de posições diferentes entre quem se submete ao juízo dos seus pares. Efetuada a escolha, termina o processo e a vida institucional e pessoal de todos os intervenientes prossegue normal e pacificamente. Assim sucedeu na GLLP/GLRP. 

Rui Bandeira 

25 junho 2014

Eleição de Grão-Mestre 2014/2016: Irmão Júlio Meirinhos Grão-Mestre eleito


Efetuada a votação e apurados os resultados, verificou-se que o escolhido pelos Mestres Maçons da GLLP/GLRP para exercer o ofício de Grão-Mestre no biénio 2014/2016 foi o irmão Júlio Meirinhos.

Na sessão do solstício de verão da Grande Loja, que terá lugar no próximo fim-de-semana, ocorrerá a formal proclamação da eleição.

O Irmão Júlio Meirinhos, iniciado em 1992 na Loja Porto do Graal, n.º 2, foi Venerável Mestre da Loja Luz do Norte, n.º 21, e fundador e Venerável Mestre da Loja Rigor, n.º 57, cujo quadro de obreiros presentemente integra.

Após ter exercido, por várias vezes, o ofício de Assistente de Grão-Mestre, é Vice Grão-Mestre presentemente em funções, ofício que assegurou, pelo menos (e cito de memória) nos mandatos dos últimos dois Grão-Mestres, os Muito Respeitáveis Irmãos Mário Martin Guia e José Moreno. Sob a direção de ambos os seus antecessores serviu leal e eficientemente. É agora chegado o tempo de assumir a direção dos destinos da Grande Loja.

A instalação do Grão-Mestre eleito decorrerá, normalmente, na sessão de Grande Loja que ocorrerá por altura do equinócio do outono.

A experiência do Irmão Júlio Meirinhos na participação da administração da Grande Loja garante que esta prosseguirá sem sobressaltos. No entanto, como é natural, dado que cada um pensa por sua cabeça e todos somos diferentes, algumas mudanças o Grão-Mestre eleito tenciona implementar, designadamente no sentido de exercer a sua liderança de uma forma mais participada e colegial, como anunciou em entrevista ao A Partir Pedra.

Com a sua eleição, termina um normal e programado processo eleitoral, que decorreu de forma participada e, sobretudo, elevada. O período da divulgação de propostas e de escolha terminou. Reinicia-se o normal processo de vivência e trabalho da Grande Loja,envolvendo fraternalmente TODOS os obreiros.

O A Partir Pedra deseja saudar o Grão-Mestre eleito e manifestar-lhe, naturalmente, que se encontra à ordem para auxiliar a executar as suas determinações. E deseja igualmente saudar o candidato que não foi escolhido, o Irmão José Manuel Pereira da Silva, pelo contributo que deu para o debate e para a reflexão sobre a Grande Loja, pela forma fraternal e elevada como deu esse contributo e pela sua pronta e inequívoca (mas de forma alguma inesperada) declaração de que, tendo sido eleito o Irmão Júlio Meirinhos, ele será, naturalmente, o seu Grão-Mestre, o Grão-Mestre de toda a Obediência e de todos os obreiros que a integram. Ambos, escolhido e não-escolhido, foram dignos opositores e foram e são maçons de comportamento exemplar, merecedores do reconhecimento de todos nós.

Rui Bandeira

18 junho 2014

Eleição de Grão-Mestre 2014/2016: um apelo e um voto


Ao longo de perto de dois meses, neste blogue procedeu-se à divulgação das duas candidaturas à eleição de Grão-Mestre da GLLP/GLRP para 2014/2016. 

Anunciámos os candidatos, publicámos os respetivos currículos, os manifestos por eles apresentados e obtivemos e publicámos entrevistas que realizámos a ambos, com a formulação das mesmas perguntas e tendo garantido que as respostas de cada um dos candidatos eram dadas antes de este conhecer o conteúdo das respostas do outro.

Em resumo, neste espaço fez-se questão em garantir uma estrita igualdade no tratamento e divulgação de ambas as candidaturas. Não porque eu não tenha preferência por um dos candidatos. Claro que tenho e os obreiros da Loja Mestre Affonso Domingues sabem bem quem eu pessoalmente gostaria de ver eleito como próximo Grão-Mestre. Mas por uma questão de respeito. 

Respeito, em primeiro lugar, pelos próprios candidatos, ambos maçons de valia que - com agrado o pontuo! - mantiveram a divulgação das respetivas posições num elevado plano de dignidade, cada um defendendo as suas ideias e a sua candidatura sem minimamente beliscar a figura, a qualidade e a valia do outro candidato. Com isso ambos os candidatos mostraram a todos os maçons regulares serem dignos do nosso apreço, afinal, simples mas significativamente, serem dignos de serem reconhecidos como tal, pelos maçons regulares. 

Respeito, de seguida, pelos meus Irmãos da Loja Mestre Affonso Domingues. Este espaço não é meu. Este espaço é dos Mestres Maçons da Loja Mestre Affonso Domingues.  A indicação neste espaço de apoio a um ou outro dos candidatos poderia induzir o leitor à conclusão de que se estava a expressar o apoio da Loja. Nada podia ser mais errado. A eleição de Grão-Mestre é uma eleição duplamente individual. Individual em termos de quem se apresenta a sufrágio, porque se apresenta ele mesmo, não como parte de qualquer grupo ou tendência; individual em termos de quem escolhe, porque o voto é de cada um dos Mestres Maçons, segundo o seu critério, a sua vontade, o seu entendimento, a sua motivação, não em execução de qualquer deliberação da sua Loja. Não são as Lojas que elegem o Grão-Mestre, são os Mestres Maçons, segundo o reconhecido princípio um homem, um voto. Na Loja Mestre Affonso Domingues, tomou-se conhecimento das candidaturas e providenciou-se para que todos dispusessem do máximo de informação possível sobre os candidatos, as suas ideias e projetos, para que CADA UM livremente, no momento e no local para tal aprazados, formule a sua escolha. Não sei o sentido de voto de todos os meus Irmãos. Até pode suceder que muitos façam uma escolha semelhante à minha. Mas basta que um - apenas um! - tome uma decisão diferente, para que esse decisão me mereça todo o respeito. E isso passa por não aproveitar este espaço para dar conta da minha preferência individual em detrimento da preferência diversa de meu Irmão. 

Respeito, finalmente, por todos os Mestres Maçons da GLLP/GLRP e pela sua - óbvia e evidente! - absoluta capacidade de fazerem as suas escolhas. Respeitar os meus Irmãos, todos eles, é ajudar a que todos e cada um deles recolham e acedam à informação necessária e, certamente, relevante, para que cada um tome a sua opção. Não ter a prosápia de aqui afirmar a minha preferência, com o que seria vã tentativa de influenciar os demais... Eu não sou mais do que tu; eu não sou menos do que tu; tu e eu somos iguais!

Por isso, a poucos dias da votação para a maior parte dos eleitores, a poucos dias do apuramento da vontade coletiva decorrente de todas as vontades individuais expressas, cumprida a tarefa de informar e divulgar, neste espaço só resta e só cabe ainda a formulação de um apelo e de um voto: o apelo a que todos os que dispõem de capacidade eleitoral votem, de forma a que a vontade coletiva exprima efetivamente a escolha da maioria das vontades individuais; o voto de que todos e cada um de nós sejamos dignos de nós próprios e, conhecido que seja qual o escolhido para próximo Grão-Mestre da GLLP/GLRP, cada um de nós, sem qualquer reserva, o reconheça como seu Grão-Mestre, mesmo que - principalmente se assim suceder! - porventura o escolhido pela maioria não seja o que individualmente se preferia.

Dia 21 de junho de 2014, dia do solstício de verão, dia de perfeito equilíbrio entre o dia e a noite, é dia de escolha do próximo Grão-Mestre. Que cada um vote. Segundo a sua consciência, segundo a sua escolha, segundo a sua vontade. Só assim se formará a verdadeira vontade coletiva dos maçons da GLLP/GLRP.

Rui Bandeira

13 junho 2014

O Silêncio e o Verbo! – Parte -3

Normalmente, enquanto homens profanos, sentimo-nos aterrorizados com o Silêncio, fugindo assim e sempre que podemos ao mesmo, esse foi o erro em que fui induzido e educado durante a minha vida profana.

Normalmente ensinam-nos que o Silêncio, e ou a pessoa que está em Silencio, têm falta de algo, ou que este significa um estado limitativo e ou depressivo.

Ensinam-nos que o Silêncio é sempre algo de negativo, negando-nos desta forma o poder e o verdadeiro significado do mesmo.

Hoje posso afirmar que já ganhei nesta minha nova caminhada.

Foi efectivamente necessário chegar a esta etapa da minha vida, para aprender a ver o outro lado do uso do Verbo, o Silêncio.

Hoje já aprendi a controlar a minha ambição, de querer usar o Verbo sempre, em detrimento da prática do Silêncio.

Todos vós já muitas vezes, por certo, ouvistes falar e muito leram sobre o Silêncio, eu próprio também já algumas vezes escutei algumas definições, mas de todas elas existe uma que muito me diz e que convosco gostava de partilhar.

Pierre Lacout, descrevia o Silêncio numa reunião, da seguinte forma:
“ Num silêncio ativo, a Luz Interior começa a brilhar – uma pequena faísca. Para que a chama se possa acender e desenvolver-se, devem de ser apaziguadas as discussões subtis e o clamor das nossas emoções.
(…)
As palavras devem de ser purificadas num silêncio redentor caso se pretenda que elas transportem consigo a mensagem da paz.
O direito de falar é um apelo ao dever de ouvir. Falar não tem significado, a não ser que haja mentes atentas e corações silenciosos.
O silêncio é a aceitação de boas vindas do outro. A palavra que nasce a partir do silêncio deve ser recebida em silêncio.”

(Autor: Pierre Lacout, 1969).

Assim, aquilo que a principio muitas vezes me afligia e me consumia as entranhas, o tal medo de que o Silêncio, pudesse engolir o Verbo, e devora-lo, destruindo-o e assim acabando, de uma só vez, com ele, é hoje uma vantagem e um bem ao qual cada vez mais recorro em todos os meus tempos e ações.

No entanto seria grande presunção pensar que tal ferramenta já domino e que sobre a mesma já tudo sei e ou ouvi.

Neste momento apenas vos posso dizer que esta ferramenta já a utilizo e garantir-vos que tenho a plena consciência que com ela devo permanentemente continuar a trabalhar, mas os resultados da utilização desta ferramenta só serão reais se pelos meus iguais forem reconhecidos.

Por isso, junto de vós submeto esta reflexão, sobre a minha capacidade de utilização do Silêncio, como complemento do Verbo.

Alexandre T.