O décimo oitavo Venerável Mestre
O décimo oitavo Venerável Mestre exerceu funções entre o segundo sábado de setembro de 2007 e idêntico dia de 2008. Dispensa aqui apresentações, pois é bem conhecido dos leitores deste blogue, de que é fundador. O décimo oitavo Venerável Mestre foi o nosso bem conhecido, e atual "animador" de fim de semana do blogue, JPSetúbal.
JPSetúbal é - e já era, na altura em que exerceu o ofício de Venerável Mestre da Loja Mestre Affonso Domingues - o reformado mais ocupado que conheço. Ele são os netos, ele são as instituições de solidariedade que apoia, ele são as reparações de material informático, ele é o sítio de informação regional, ele é a televisão de informação regional (agora já são duas), ele é o tempo que dedica aos amigos, conhecidos, companheiros, colegas e ex-colegas, ele é o tempo que dedica à família (sempre pouco, no dizer da sua permanentemente insatisfeita cara-metade.... como a minha diz de mim... são feitios...), enfim, ele fica com pouco tempo até para se coçar...
Mas, como todas as pessoas atarefadas, o JPSetúbal lá arranjou ainda tempo para encaixar na sua vida mais uma responsabilidade: dirigir, durante um ano, a Loja Mestre Affonso Domingues. Recebeu a Loja organizada, como referi no texto sobre o seu antecessor, e iniciou o seu mandato com evidente entusiasmo, logo apresentando o seu Quadro de Oficiais e o seu plano das atividades previstas (hábitos de gestor, que não se perdem com a reforma...).
A Loja recebeu o seu décimo oitavo Venerável Mestre com indisfarçada expectativa e esperança de mais um ano bonançoso. O JPSetúbal era, e é, um obreiro muito querido e considerado da Loja Mestre Affonso Domingues. A sua bem disposta bonomia, a sua serena competência, o seu estilo calmo, ponderado e conciliador, enfim, o seu ar de "confortável avô", cativam todos os demais e predispõem para que todos correspondam aos seus pedidos e se enquadrem no cumprimento das tarefas por si organizadas.
E o ano foi, efetivamente, bonançoso... até certo ponto - que os imponderáveis espreitam sempre atrás da porta...
O JPSetúbal não propôs, nem preparou, nem organizou, nem executou, nenhuma grandiosa iniciativa. nem era isso que se propunha fazer - ou que tinha cabimento que fizesse. O JPSetúbal fez precisamente aquilo que dele se esperava que fizesse: a gestão calma, serena e normal de uma Loja maçónica em velocidade de cruzeiro, sem especiais problemas nem visíveis desequilíbrios relevantes, tomando o leme que o seu antecessor deixou entregue ao seu cuidado e conduzindo a Loja no seu normal caminho até chegar a altura de passar a direção da barca ao seu sucessor.
Assim, programou e executou o que, para a Loja Mestre Affonso Domingues, já é, felizmente, o trivial e sem história particular: as iniciações dos candidatos - que, na Loja Mestre Affonso Domingues, nunca faltam e, até, têm de ficar em "lista de espera", pois procuramos não exceder a nossa capacidade de acompanhamento e enquadramento de Aprendizes -, as passagens de grau dos que cumpriram com êxito a primeira parte do seu trabalho e da sua integração, as elevações dos que concluíram a sua fase de formação e estão prontos para a futura assunção de responsabilidades na Loja, as pranchas, a atividade administrativa e de representação da Loja, enfim, repito, o trivial...
Para além desse trivial, lembro-me que foi o JPSetúbal quem diligenciou a fabricação e obtenção do segundo exemplar do estandarte da Loja (já que o exemplar original foi objeto de uma apropriação privada por parte de um anónimo, externo e obviamente desconhecido colecionador - não sei se me faço entender...), quem organizou e dirigiu a participação na Loja Mestre Affonso Domingues na homenagem a Aristides de Sousa Mendes, organizada pela Loja que ostenta o seu nome, quem organizou e dirigiu mais uma sessão de dação de sangue (esta, afinal, está mal colocada: façam o favor de a considerar enfileirada no "trivial" - para nós, já o é), levou a cabo a formalização da geminação com a Respeitável Loja Rigor, ao Oriente de Bragança, teve o encargo e responsabilidade de realizar a intervenção de saudação ao Grão-Mestre e a todas as Lojas na sessão de Grande Loja do equinócio da primavera de 2008 - algo que, uma vez que só há quatro sessões de Grande Lojas por ano e porque tal compete por rotatividade entre as Lojas, não voltará a ocorrer senão daqui a muitos anos, se é que volte a suceder! - e programou, organizou e participou na visita da Loja gémea Fraternidade Atlântica à outra Loja gémea, a Rigor. Deixou preparada e pronta para execução a receção dos Irmãos da Fraternidade Atlântica em Lisboa.
Foi neste ponto do seu mandato que o imponderável exterior fez a sua aparição e condicionou fortemente a atividade do JPSetúbal. Precisamente quando se encontrava em Bragança, no encontro com a Fraternidade Atlântica e a Rigor, a sua cônjuge adoeceu, súbita e inesperadamente, com alguma gravidade. Teve de ser submetida a duas intervenções cirúrgicas em Bragança e de ali permanecer durante algum tempo. Obviamente que o JPSetúbal teve de fazer o que era simultaneamente seu dever e sua vontade: ficou em Bragança todo o tempo necessário, em ajuda e companhia da sua cônjuge.
Praticamente toda a parte útil restante do seu mandato teve de ser assegurada à distância. O que, obviamente, comprometeu os seus projetos para a parte final do seu mandato. Mas o que tem de ser tem muita força. E, pelo menos, resta a consolação de que o trabalho feito até que surgiu o impedimento foi profícuo e relevante. E que a Loja reagiu com naturalidade e sem problemas a mais esta, para si inédita, experiência, de ficar, durante um tempo não negligenciável, a ser dirigida à distância, em óbvios "serviços mínimos", sendo a ausência física do seu líder suprida pelos elementos que, nestes casos, têm de suprir essa ausência.
O previsível ano bonançoso teve, na sua parte final, esta pequena tormenta. Que serviu para a Loja testar e executar a sua capacidade de prosseguir o seu caminho normal, apesar da inesperada dificuldade, suprida pela forma como está estabelecido que seja suprida, sem problemas de maior. Enfim, mais uma experiência bem sucedida!
Fora da Loja Mestre Affonso Domingues não se deu pela ocorrência desta anormalidade. O que demonstra a preparação da Loja para lidar com estes imponderáveis que - aprendemo-lo à nossa custa! - podem surgir a qualquer tempo e sem pré-aviso.
Contas feitas, o mandato do JPSetúbal foi, afinal, um bom ano para a Loja. Apesar do imponderável surgido, JPSetúbal entregou ao seu sucessor uma Loja um pouco melhor, seguramente um pouco mais adulta, do que a que recebeu do seu antecessor. Essa maturidade acrescida veio a ser útil mais tarde...
Rui Bandeira
JPSetúbal é - e já era, na altura em que exerceu o ofício de Venerável Mestre da Loja Mestre Affonso Domingues - o reformado mais ocupado que conheço. Ele são os netos, ele são as instituições de solidariedade que apoia, ele são as reparações de material informático, ele é o sítio de informação regional, ele é a televisão de informação regional (agora já são duas), ele é o tempo que dedica aos amigos, conhecidos, companheiros, colegas e ex-colegas, ele é o tempo que dedica à família (sempre pouco, no dizer da sua permanentemente insatisfeita cara-metade.... como a minha diz de mim... são feitios...), enfim, ele fica com pouco tempo até para se coçar...
Mas, como todas as pessoas atarefadas, o JPSetúbal lá arranjou ainda tempo para encaixar na sua vida mais uma responsabilidade: dirigir, durante um ano, a Loja Mestre Affonso Domingues. Recebeu a Loja organizada, como referi no texto sobre o seu antecessor, e iniciou o seu mandato com evidente entusiasmo, logo apresentando o seu Quadro de Oficiais e o seu plano das atividades previstas (hábitos de gestor, que não se perdem com a reforma...).
A Loja recebeu o seu décimo oitavo Venerável Mestre com indisfarçada expectativa e esperança de mais um ano bonançoso. O JPSetúbal era, e é, um obreiro muito querido e considerado da Loja Mestre Affonso Domingues. A sua bem disposta bonomia, a sua serena competência, o seu estilo calmo, ponderado e conciliador, enfim, o seu ar de "confortável avô", cativam todos os demais e predispõem para que todos correspondam aos seus pedidos e se enquadrem no cumprimento das tarefas por si organizadas.
E o ano foi, efetivamente, bonançoso... até certo ponto - que os imponderáveis espreitam sempre atrás da porta...
O JPSetúbal não propôs, nem preparou, nem organizou, nem executou, nenhuma grandiosa iniciativa. nem era isso que se propunha fazer - ou que tinha cabimento que fizesse. O JPSetúbal fez precisamente aquilo que dele se esperava que fizesse: a gestão calma, serena e normal de uma Loja maçónica em velocidade de cruzeiro, sem especiais problemas nem visíveis desequilíbrios relevantes, tomando o leme que o seu antecessor deixou entregue ao seu cuidado e conduzindo a Loja no seu normal caminho até chegar a altura de passar a direção da barca ao seu sucessor.
Assim, programou e executou o que, para a Loja Mestre Affonso Domingues, já é, felizmente, o trivial e sem história particular: as iniciações dos candidatos - que, na Loja Mestre Affonso Domingues, nunca faltam e, até, têm de ficar em "lista de espera", pois procuramos não exceder a nossa capacidade de acompanhamento e enquadramento de Aprendizes -, as passagens de grau dos que cumpriram com êxito a primeira parte do seu trabalho e da sua integração, as elevações dos que concluíram a sua fase de formação e estão prontos para a futura assunção de responsabilidades na Loja, as pranchas, a atividade administrativa e de representação da Loja, enfim, repito, o trivial...
Para além desse trivial, lembro-me que foi o JPSetúbal quem diligenciou a fabricação e obtenção do segundo exemplar do estandarte da Loja (já que o exemplar original foi objeto de uma apropriação privada por parte de um anónimo, externo e obviamente desconhecido colecionador - não sei se me faço entender...), quem organizou e dirigiu a participação na Loja Mestre Affonso Domingues na homenagem a Aristides de Sousa Mendes, organizada pela Loja que ostenta o seu nome, quem organizou e dirigiu mais uma sessão de dação de sangue (esta, afinal, está mal colocada: façam o favor de a considerar enfileirada no "trivial" - para nós, já o é), levou a cabo a formalização da geminação com a Respeitável Loja Rigor, ao Oriente de Bragança, teve o encargo e responsabilidade de realizar a intervenção de saudação ao Grão-Mestre e a todas as Lojas na sessão de Grande Loja do equinócio da primavera de 2008 - algo que, uma vez que só há quatro sessões de Grande Lojas por ano e porque tal compete por rotatividade entre as Lojas, não voltará a ocorrer senão daqui a muitos anos, se é que volte a suceder! - e programou, organizou e participou na visita da Loja gémea Fraternidade Atlântica à outra Loja gémea, a Rigor. Deixou preparada e pronta para execução a receção dos Irmãos da Fraternidade Atlântica em Lisboa.
Foi neste ponto do seu mandato que o imponderável exterior fez a sua aparição e condicionou fortemente a atividade do JPSetúbal. Precisamente quando se encontrava em Bragança, no encontro com a Fraternidade Atlântica e a Rigor, a sua cônjuge adoeceu, súbita e inesperadamente, com alguma gravidade. Teve de ser submetida a duas intervenções cirúrgicas em Bragança e de ali permanecer durante algum tempo. Obviamente que o JPSetúbal teve de fazer o que era simultaneamente seu dever e sua vontade: ficou em Bragança todo o tempo necessário, em ajuda e companhia da sua cônjuge.
Praticamente toda a parte útil restante do seu mandato teve de ser assegurada à distância. O que, obviamente, comprometeu os seus projetos para a parte final do seu mandato. Mas o que tem de ser tem muita força. E, pelo menos, resta a consolação de que o trabalho feito até que surgiu o impedimento foi profícuo e relevante. E que a Loja reagiu com naturalidade e sem problemas a mais esta, para si inédita, experiência, de ficar, durante um tempo não negligenciável, a ser dirigida à distância, em óbvios "serviços mínimos", sendo a ausência física do seu líder suprida pelos elementos que, nestes casos, têm de suprir essa ausência.
O previsível ano bonançoso teve, na sua parte final, esta pequena tormenta. Que serviu para a Loja testar e executar a sua capacidade de prosseguir o seu caminho normal, apesar da inesperada dificuldade, suprida pela forma como está estabelecido que seja suprida, sem problemas de maior. Enfim, mais uma experiência bem sucedida!
Fora da Loja Mestre Affonso Domingues não se deu pela ocorrência desta anormalidade. O que demonstra a preparação da Loja para lidar com estes imponderáveis que - aprendemo-lo à nossa custa! - podem surgir a qualquer tempo e sem pré-aviso.
Contas feitas, o mandato do JPSetúbal foi, afinal, um bom ano para a Loja. Apesar do imponderável surgido, JPSetúbal entregou ao seu sucessor uma Loja um pouco melhor, seguramente um pouco mais adulta, do que a que recebeu do seu antecessor. Essa maturidade acrescida veio a ser útil mais tarde...
Rui Bandeira
3 comentários:
Boas...
Foi com enorme prazer que conheci o JP Setúbal e que leio os seus habituais textos de fim de semana.
Espro que por cá continue por muito tempo...
;)
abr...prof...
A permanência da memória e do trabalho de um homem advêm da sua capacidade e da sua tenacidade, nunca das suas origens nem da sua idade.
Se bem que as origens de um homem podem em alguns casos condicionar os seus movimentos e direccionar as suas vontades, essas limitações só existem até que a vontade própria passe a ser condutora dos seus actos e vontades.
Nunca tive o prazer de conviver e ou contracenar, neste palco actual e momentâneo a que muitos chamam vida terrena, com o décimo oitavo Venerável Mestre “JPSetúbal”, apenas algumas das suas intervenções, neste espaço, me permitiram conhecer algumas partículas das suas convicções, posições e estados de espírito momentâneos.
No entanto e pelo que pode ler nessas suas intervenções o décimo oitavo Venerável Mestre “JPSetúbal” é em tudo aquilo que qualquer um, homem, digno desse apelido, pode aspirar em ser.
Um grande bem-haja a todos aqueles que nesta passagem estão de bem para consigo próprios e para com os outros.
M. A.
@ Nuno Raimundo:
Cpmungo do seu voto.
@ M. A.:
Concordo consigo. No entanto, para conseguir o melhor enquadramento de que fui capaz, achei pertinente enquadrar os factos com alguns elementos de informação sobre o percurso de vida e estádio em que o JPSetúbal se encontrava no ano em que foi Venerável Mestre da Loja Mestre Affonso Domingues.
É famosa e abundantemente citada (muitas vezes a despropósito) a frase de Fernando Pessoa de que "o homem é ele próprio e as suas circunstâncias".
O propósito desta série de textos sobre a "Memória da Loja" (não "História da "Loja", porque essa teria de ser feita com critérios de objetividade e distância que eu, participante nos factos, não posso, em quero, ter) é permitir aos vindouros que, não sei quando, nem como, nem porquê, encontrem estes textos na Internet que tenham uma imagem vívida e vivida dos sucessos e insucessos da Loja Mestre Affonso Domingues. Se alguma vez se justificar que se faça a História da Lja Mestre Affonso Domingues, este conjunto de textos, que agrupo no marcador "Memória da Loja" pretende ser apenas - e não mais do que isso - uma fonte, um elemento de trabalho para o historiador que de tal se encarregue.
Registar a evolução da Loja através das minhas impressões sobre os mandatos dos seus Veneráveis Mestres é o método que escolhi. Enquadrar as circunstâncias desses mandatos o melhor que posso e sei, quer indicando as características pessoais, quer as experiências passadas desses Veneráveis Mestres, quer os momentos sociais em que ocorreram parece-me essencial.
Se quando porventura tal se justificar, alguém seguramente muito mais bem preparado do que eu utilizará esta "Memória", esta curiosidade, como ferramenta ou fonte para algo com maior interesse e significado.
Espero - em consonância com o que o amigo M. A. escreveu - que quem porventura venha a fazer esse trabalho espelhe bem e com inteira justiça como o JPSetúbal "é em tudo aquilo que qualquer um, homem, digno desse apelido, pode aspirar em ser".
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