24 agosto 2011
22 agosto 2011
O tempo, esse maravilhoso conselheiro.
Há algum (muito) tempo atrás, tinha adquirido de forma instintiva um exercício diário, visitar o A Partir Pedra.
Era por aqui que passava o meu tempo livre, por aqui vagueava horas a fio, onde lia e relia todos os textos, desde os novos aos mais antigos, desde os que me chamavam de forma natural a atenção até àqueles que pouco ou nada me diziam.
O tempo, esse maravilhoso conselheiro, que tudo cura e tudo constrói, foi passando e quando me apercebo o exercício era já rotineiro, em que a necessidade era superior à curiosidade. Quando se perde a necessidade e, a curiosidade é algo sempre presente, algo está por acrescentar no nosso dia a dia…
Era inevitável o querer ser maçom, disse-o uma e outra vez, durante alguns dias.
Se mais depressa o decidi, mais devagar o concretizei.
O tempo, esse maravilhoso conselheiro, surpreendeu-me pelo seu lado original e à altura negativo, pois avançou silenciosamente e sobretudo sem pressa alguma e como eu tinha pressa, queria ser maçom, queria aprender e crescer, quando na realidade, já com o processo em andamento estava já a fazer tudo isso e de uma forma instintiva, sem ter essa perceção.
Tanto tempo faz-nos, por vezes, desiludir e pensar em desistir, mas na realidade é apenas o ponto de partida para o que vem a seguir.
Já iniciado, o tempo, sempre ele, começou uma interior e dura batalha comigo, onde impera o silêncio e a incerteza do passo a dar em seguida.
A (minha) verdade é afinal tão simples.
O tempo passa e a integração vai surgindo de uma forma racional, de novo rosto desconhecido de todos, a forma como se é recebido entre os demais irmãos é acolhedora, afável, alegre e natural.
A batalha interior continua diariamente, onde a regra do silêncio imposta começa a revelar toda a sua essência, ou seja, quero falar e não posso e logo eu que tenho tanto a dizer.
Não sou dos que nada têm para dizer, nunca fui, quando tinha oportunidade falava sem qualquer problema de consciência e sempre com a certeza do que estava a dizer…como estava eu enganado, isto de falar só para não estar calado é realmente uma grande asneira e revela-se quando percebemos a diferença entre ouvir e falar.
Não falar é inicialmente algo penoso, no entanto, ao fim de algum tempo começamos a perceber que o fato de não falar nos permite um exercício mental bastante útil, pensar.
O local preveligiado do aprendiz e do companheiro, é isso mesmo, o local ideal para ouvir todas as opiniões e sobre elas pensar, fazendo algo que raramente se faz de forma natural, que no fundo é tão só isto, “caso eu pudesse falar, que diria eu sobre isto?”.
O tempo fez o que tinha a fazer, até que um dia, inesperadamente e de forma informal, ou seja, extra sessão, um irmão que por acaso era o VM desse ano maçónico, me questiona de forma direta:
- Então meu irmão, que tens tu a dizer sobre tudo isto, qual a tua opinião?
E em três segundos lá se foi o tapete debaixo dos pés, eu, logo eu, que tanto tinha para dizer e queria dizer, não articulei uma só frase, limitei-me a responder, “não tenho ainda opinião formada, afinal estou cá para aprender”.
Na realidade desenrasquei uma atribulada e apressada resposta e o que escrevi acima pareceu-me ser a melhor forma de lidar com aquele momento, é sempre assim, quando não estamos à espera as coisas acontecem.
E este era, afinal, o caminho certo, pois finalmente percebi que de tanto querer falar e não poder, se me pedem opinião e não a consigo articular de forma conveniente é porque me falta todo um percurso para fazer.
É um percurso sem fim, é um caminho a percorrer e sempre sem pressa alguma de o caminhar, seguramente é mais firme um passo exato a avançar na direção certa que um passo amedrontado numa direção qualquer.
Escrever hoje aqui é para mim, algo especial, era e é aqui que passo algum do meu tempo livre, foi e é aqui que me vou “perdendo” em leituras e nas minhas interpretações, logo, a possibilidade de aqui escrever é mais que natural, é um dever para comigo mesmo e para quem me acolheu.
Se esta foi a minha porta de entrada na M:., que esta seja agora, depois de elevado a M:.M:., uma das variadas formas de poder contribuir com tudo aquilo que me falta aprender.
Daniel Martins
Publicado por Daniel Martins às 08:00 8 comments
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21 agosto 2011
Parabéns!
Publicado por Paulo M. às 23:25 6 comments
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17 agosto 2011
Maçonaria e Poder (V)
Publicado por Rui Bandeira às 12:00 2 comments
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10 agosto 2011
Maçonaria e Poder (IV)
As Lojas maçónicas eram pontos de encontro de todos, independentemente dos lados dos conflitos em que se situassem, fossem católicos ou anglicanos, leais aos Stuarts ou aos Hanovers, adeptos do Parlamento ou fieis ao Rei. Por isso se instituiu na Maçonaria inglesa a regra de que em Loja não se discute política nem religião.
Esta regra, a admissão, permanência e convívio mútuo de pessoas que defendiam ideias diferentes, que, mesmo, batalhavam por conceções diversas, teve uma consequência benéfica para a Maçonaria inglesa: os detentores do Poder, em cada momento, estavam nela inseridos - tal como os derrotados desse momento... Mas, se os ventos sopravam diferentemente e os derrotados de ontem eram os vencedores de hoje, e vice-versa, a situação, em relação à Maçonaria, mantinha-se.
Quando, em 1717, foi criada a Premier Grand Lodge, em Londres, por quatro Lojas desta cidade, o primeiro Grão-Mestre designado foi um burguês, Anthony Sayer, gentleman não particularmente abonado de meios materiais (existem registos de que solicitou e obteve auxílio financeiro da Grande Loja em 1724, 1730 e 1741, ano do seu falecimento). Anthony Sayer era membro da Loja da Apple Tree Tavern, que não era aristocrática. Na época, os aristocratas reuniam-se na Loja Rummer & Grapes.
Em 1718, o Grão-Mestre foi George Payne, também burguês, que mais tarde veio a ser Secretário da Repartição de Impostos. Em 1719, o Grão-Mestre foi o filósofo huguenote francês John Theophilus Desaguliers, também membro da Royal Society, a sociedade inglesa onde se juntaram os melhores cérebros e cientistas da época, verdadeiro alfobre do Iluminismo em Inglaterra. Sucedeu-lhe de novo George Payne, em 1720.
Em 1721, foi eleito Grão-Mestre o primeiro membro da alta nobreza britânica a assumir o cargo: John Montagu, 2.º Duque de Montagu, anteriormente Visconde e depois Marquês Monthermer, que, em 1745, veio a ser nomeado Par do Reino. Foi o primeiro de uma longa lista de nobres, incluindo o Príncipe de Gales entre 1792 e 1812, que dirigiram a Premier Grand Lodge até à sua fusão com a Grande Loja dos Antigos e criação da Grande Loja Unida de Inglaterra, em 1813, realizada sob a égide do seu último Grão-Mestre, o Príncipe Augustus Frederick, Duque de Sussex, que viria a ser o primeiro Grão-Mestre da Grande Loja Unida de Inglaterra (UGLE).
A Grande Loja Unida de Inglaterra só teve como Grão-Mestres membros da alta nobreza - e mesmo da família real - desde a sua fundação até à atualidade. Repare-se na lista dos seus Grão-Mestres:
- Príncipe Augustus, Duke de Sussex (1813–1843)
- Thomas Dundas, 2.º Conde de Zetland (1844–1870)
- George Robinson, 3.º Conde de Grey e 2.º Conde de Ripon (1.º Marquês de Ripon a partir de 1871) (1870–1874)
- Albert Edward, Príncipe de Gales (1874–1901)
- Príncipe Arthur, Duque de Connaught e Strathearn (1901–1939)
- Príncipe George, Duque de Kent (1939–1942)
- Henry Lascelles, 6.º Conde de Harewood (1942–1947)
- Edward Cavendish, 10.º Duque de Devonshire (1947–1950)
- Lawrence Lumley, 11.º Conde de Scarbrough (1951–1967)
- Príncipe Edward, Duque de Kent (1968–presente), neto de Jorge V e primo da Rainha Isabel II.
A Maçonaria inglesa insere-se, desde o seu início, na esfera do Poder, é uma organização claramente integrante da estrutura social britânica - ao contrário do que sucedeu, como iremos ver, noutras paragens, mas também a exemplo do que sucederia noutros tantos lugares.
Qual o seu papel na sociedade, a sua autonomia em relação ao Poder político e económico - já que, quanto ao Poder social britânico é inequívoca a sua pertença - é matéria que será objeto do próximo texto.
Fontes:
http://en.wikipedia.org/wiki/Premier_Grand_Lodge_of_England
http://en.wikipedia.org/wiki/Anthony_Sayer
http://en.wikipedia.org/wiki/George_Payne_%28Freemason%29
http://en.wikipedia.org/wiki/John_Montagu,_2nd_Duke_of_Montagu
http://en.wikipedia.org/wiki/United_Grand_Lodge_of_England
http://en.wikipedia.org/wiki/Prince_Edward,_Duke_of_Kent
Publicado por Rui Bandeira às 12:00 4 comments
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06 agosto 2011
Niny Sequeira - Maçon de corpo inteiro
Publicado por Jose Ruah às 19:41 7 comments
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03 agosto 2011
Maçonaria e Poder (III)
Esse desiderato, porém, só era possível de atingir e manter, com o beneplácito dos senhores detentores do Poder - a nobreza -, que assegurava as condições e práticas legais que garantissem o quase monopólio das Lojas operativas nas grandes construções. Em troca, os construtores tinham de bem servir os senhores que lhes encomendavam os trabalhos, executando-os segundo a sua vontade, utilizando as suas técnicas e conhecimento em benefício de quem os contratava.
Também os detentores do
Durante séculos, subsistiu esta relação simbiótica, mas subordinada, entre as Lojas operativas e os detentores do Poder - político, económico e religioso.
Mas os tempos iam, primeiro lentamente, depois cada vez mais aceleradamente, mudando. O obscurantismo da Idade Média começou a ser rompido pelo Renascimento, regressando o interesse pelos conhecimentos que a Humanidade obtivera já na Antiguidade. A cultura da Antiguidade Clássica voltou a ser estudada. E muito se descobriu que, mesmo já se sabendo, afinal não se sabia durante séculos e séculos. Os postulados e teoremas da Geometria foram uns dos aspetos redescobertos. E, da redescoberta, em termos públicos e não apenas reservado a uns quantos, poucos, cultores de conhecimentos oralmente transmitidos, necessariamente que resultou a divulgação geral das técnicas de construção que anteriormente só os maçons operativos detinham e guardavam para si.
A Imprensa foi descoberta. Os morosos e caros livros copiados à mão foram, a pouco e pouco, dando lugar a livros impressos, mais baratos, abundantes e dedicados às mais variadas matérias. Conhecimentos e técnicas incluídos...
O que dantes era reservado e monopólio, ou quase, das Lojas passou, num espaço de tempo relativamente curto, a ser habilidade acessível a muitos mais. Era já possível aprender-se as técnicas da construção sem ser no seio de uma Loja operativa. Era já possível trabalhar-se na construção fora da tutela de uma Loja operativa. Surgiam e espalhavam-se os que, nas Ilhas Britânicas, eram depreciativamente denominados pelos maçons operativos de "cowans".
As Lojas operativas lentamente declinavam. A concorrência de profissionais a elas alheios diminuía-lhes o trabalho e os rendimentos. Os construtores em pedra integrados em Lojas operativas deixavam de ser os únicos operadores no mercado. Para procurar manter a sua supremacia, ou simplesmente a sua presença no mercado, dependiam cada vez mais dos senhores terratenentes e das suas encomendas. A relação entre os construtores agrupados em Lojas operativas e os detentores do Poder deixou de ser simbiótica, passou, claramente, a ser subordinada e, com o prosseguir do declínio - os ventos da História não se mudam pela mera vontade de grupos ou indivíduos... - , chegou mesmo a ultrapassar o umbral da subserviência.
As Lojas operativas declinaram economicamente, feridas pela perda da sua exclusividade no mercado. Mas, centenárias, mantendo tradições próprias e um espírito de união resultante de gerações de transmissão de conhecimentos e de vivência em comum, não deixavam de ser atrativamente misteriosas para quem estava de fora (há coisas que, pelos vistos, não mudam...). Os senhores podiam escolher dar os seus trabalhos de construção a Mestres de Lojas operativas ou a "cowans". Mas continuavam a interrogar-se que conhecimentos exclusivos seriam esses que os operativos reservavam para si mesmos. Se outros sabiam também construir, que fazia os operativos manterem-se em Lojas? Que algo mais, ou algo de diferente, havia?
Durante séculos,o que havia no interior das Lojas operativas era só para quem nelas estava. Mas os tempos foram mudando e eram cada vez mais difíceis. Primeiro um senhor, depois outro, logo mais uns quantos, começaram a pôr condições para dar trabalho aos maçons das Lojas e para os continuar a proteger: queriam ter acesso aos conhecimentos próprios deles. Ou então, acabar-se-ia a proteção e havia agora mais quem quisesse trabalhar na construção...
Pouco mais havia a salvar do que a dignidade. Se os senhores exigiam saber o que eles sabiam, não havia já meios de o impedir. Mas podiam e deviam manter os seus compromissos de gerações e não revelar fora de Loja o que à Loja era reservado. A solução foi evidente: admitiram-se os senhores nas Lojas!
Entrou-se assim na transição - mais rápida do que seria de supor - entre a estrita Maçonaria Operativa e o que viria a ser a Maçonaria Especulativa.
Os senhores estavam já nas Lojas. Mais cultos, mais sofisticados, rapidamente se terão apercebido de que os segredos das técnicas de construção não eram já nada de especial nem de domínio exclusivo. Mas toda uma Tradição, toda uma Ética, todo um particular espírito de convivência estratificara ao longo de gerações e de séculos nas Lojas operativas. Esse era o verdadeiro acervo, próprio e único, que, insuspeitadamente, guardavam as Lojas operativas. Afinal, não eram já os segredos das técnicas de construção que interessavam - era tudo o resto!
Os senhores atraíram outros senhores, intelectuais, burgueses, para esse até aí oculto mundo, de antigas tradições, embalsamadas ideias prontas para serem desenvolvidas, notáveis formas de relacionamento a serem prosseguidos. Porventura em menos de um século, os operativos, engolidos pelo progresso, viram as suas Lojas tomadas por dentro e a Maçonaria operativa transformar-se na Maçonaria Especulativa.
O primeiro embate entre a Maçonaria e o Poder começou por ser simbiótico, passou a dependente e subordinado, raiou mesmo a subserviência, transpôs os limites da capitulação... para levar a um inesperado rumo: o Poder conquistou, pacificamente, a Maçonaria por dentro, mas, a partir desse momento, como tantas vezes na História sucedeu com fortes conquistadores, conquistado o Poder interno, podendo-se pôr e dispor... foi seduzido (afinal conquistado) pelas ideias que encontrou.
No primeiro embate entre a Maçonaria e o Poder, os homens do Poder ganharam... mas foram as ideias da Maçonaria que convenceram os vencedores!
Assim mudou a Maçonaria e mais um elemento de mudança se juntou à evolução dos poderosos e do Poder.
Era tempo do Iluminismo alumiar o caminho!
Rui Bandeira
Publicado por Rui Bandeira às 12:00 5 comments
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