21 janeiro 2008

MAÇONARIA E AMBIENTE- Conclusão: Fazer diferença

Apelar às boas práticas de poupança e protecção do ambiente há muito quem faça. Ele é o grupo que trata das espécies ameaçadas, ele é a associação que denuncia as duzentas e cinquenta e sete mil e quinhentas maneiras de poluir a água, o ar, o solo e as mentalidades, ele é a organização que pugna pelos parques naturais...

Para chamar a atenção sobre a causa da protecção do ambiente existem muitas e variadas associações, organizações, comissões. Uns mais fundamentalistas, outros mais pragmáticos. Uns pugnando pelas energias renováveis, entre as quais a energia hídrica, outros lutando contra a construção de barragens produtoras de energia hídrica, em nome da preservação da Natureza mais natural, verde mais verde não há...

A conservação do ambiente está na moda! O aquecimento global parece que está aí e agora todos acordaram, despertados pelo toque do despertador da urgência do aqui-del-rei que o efeito de estufa vai estragar isto tudo, somos todos uns inconscientes que estamos a dar cabo dos futuros dos nossos netos e dos netos deles e o pior de tudo é que até mesmo o nosso futuro parece que não é brilhante...

A protecção do ambiente já está, mesmo, a servir de pretexto para grandes novos negócios, que a seu tempo irão substituir o declínio dos velhos negócios poluidores do ambiente. O ambiente, sua protecção e conservação é hoje pretexto para tudo e mais alguma coisa, disto e do seu contrário, daquilo e das perspectivas que aqueloutro abre. Reconhecê-lo não é minimizar o tema, é simplesmente ser realista.

No entanto, o certo é que, com ou sem fundamentalismos, com ou sem exageros, com ou sem negócios, com ou sem modas, é efectivamente necessário proteger o ambiente, propiciar a manutenção da maior diversidade biológica possível, procurando evitar a extinção de espécies, tentar não agravar e, se possível, diminuir o efeito de estufa, trabalhar para não agravar e, de preferência, diminuir a poluição aérea, aquática, dos solos e, sobretudo, das mentes. Não por causa do lince da serra da Malcata ou do tigre siberiano, mas por causa de um bicho muito mais problemático: o Homem! Não por causa da defesa da floresta pela floresta, mas pelo que ela representa para a manutenção possível do nosso modo de vida e da Civilização Humana. Não porque a Natureza é bonita e a Terra é um Planeta Azul, mas porque a Natureza é o nosso meio natural de sobrevivência e a Terra o nosso único porto de abrigo em todo o Universo - pelo menos por enquanto e por muito mais tempo, tanto quanto podemos prever.

A protecção e conservação do ambiente é, pois, mais do que a moda ou o negócio, uma necessidade.

Muitos - cada vez mais - vão disso estando conscientes e, por isso, muitas associações, fundações, comissões, organizações, grupos, comités, enfim, todo este mundo e mais um par de botas, tudo e todos, estão despertos e actuantes (ou, pelo menos, falantes...) sobre o tema.

Estando o tema na ordem do dia, havendo tantos e tão variados contributos sobre ele, que mais-valia neste campo pode afinal trazer a Maçonaria?

O que procurei demonstrar foi que, no meu entender, o contributo que a Maçonaria pode utilmente dar não é engrossar o caudal dos voluntarismos, das actuações avulsas ou organizadas, dos activismos. Esse caudal é já importante e importa, aliás, que não se transforme, por causa dos fundamentalismos militantes que aqui e ali nele flutuam, em torrente destruidora de tudo e de todos, em homenagem a um bacoco bucolismo.

O contributo que a Maçonaria pode dar é procurar identificar os grandes temas enformadores dos principais problemas ambientais, procurar para eles chamar a atenção, propiciar a investigação das soluções possíveis para a sua resolução.

Na minha muitíssimo modesta opinião, os três reais campos em que se impõe que a Humanidade trabalhe e encontre as soluções para a doença de que as alterações ambientais são apenas sintomas são a Demografia, a Energia e a Economia. Sem resolvermos o problema demográfico, sem resolvermos a dificuldade de suprir as necessidades energéticas da nossa civilização sem delapidarmos os recursos naturais, sem cumprirmos o verdadeiro objectivo da economia, que é o de suprir as necessidades de todos, podemos fazer todas as campanhas que quisermos, ter todos os voluntarismos de que formos capazes, mas não resolvemos o problema do Equilíbrio Ambiental.

Em meu entender, o papel da Maçonaria, neste como noutros planos, é o de deixar campo livre e aberto a quem olha, analisa, vê, cuida, protege e acarinha as árvores, dedicando-se antes a olhar para a floresta e a cuidar da sua preservação global.

Que os muitos outros que se preocupam com o ambiente cuidem dos detalhes, das minudências, das urgências, que também se impõe sejam cuidados. A Maçonaria deve congregar à identificação, estudo e resolução dos problemas que estão a montante da questão do ambiente e que, por isso, são a verdadeira causa da existência de um problema de Equilíbrio Ambiental

Assim se ganhará o Futuro. O Futuro que começa já amanhã!

Rui Bandeira

19 janeiro 2008

Millôr01

Neste Sábado que já é Domingo deu-me para pôr uma pitada de loucura no blog.

Já deixei aqui algumas indicações de que sou um fã do Millôr Fernandes e tenho coleccionado alguma documentação onde o "Velho" Millôr bota os seus conceitos e "definições definitivas".
Ora bem, aos fins de semana virei ao blog trazer-Vos um cheirinho deste humor implacável, meio louco (como o humor deve ser), meio filosófico, meio anarca, meio justiceiro, assim mesmo com quatro meios !

Arranjem-se como quiserem com a matemática.
Para os "velhos" que acompanharam as publicações revisteiras nos idos dos 50 e 60 do século passado recordar-se-ão de "O Cruzeiro" (existiu de 1928 a 1975), revista brasileira que teve grande divulgação, e onde durante muitos anos Millôr Fernandes manteve uma colaboração que era a página onde eu ia assim que abria a revista, juntamente com o "Amigo da Onça", criação de outro grande humorista e cartonista brasileiro, Péricles de Maranhão.
Se me der na gana algum dia trarei também o "Amigo da Onça", mas por agora será o Millôr.
Aqui fica o primeiro da série.
.
DEFENDAMOS A ROSCA !
Com razão ficou indignada
quando, na confeitaria,
lhe deram rosca quadrada.
Ah, num mundo de vasta tecnologia
está bem que tirem o peso ao homem
substituam a função da clorofila
e descubram a antimatéria,
- onde ? –
na própria matéria.
.
Mas madame tem razão
de se mostrar indignada
se lhe dão rosca quadrada.
Não se respeita nada ?
Vão endireitar o gancho ?
Rectificar o anzol ?
Fazer âncoras em bola ?
Bolas pentagonais ?
Bananas, tão bacanas,
serão corrigidas em fôrmas especiais
sem atenção à sua específica condição bananoplástica
que é a tortuosidade ?
.
Em que mundo pisamos
que não podemos confiar mais
nem mesmo
na estabilidade emocional da padaria ?
.
Em que mundo estamos
se o padeiro já não acredita mais
que uma rosca é redonda, is round, é rotunda ?
.
Devemos reagir, salvar a rosca a todo o custo.
Se deixamos que a façam quadrada logo a farão estrelada,
hexagonal, triangular,
indefinida, informal, concreta,
até tachista.
Negarão Proust com as suas Madeleines bizantinas.
E a busca
será feita em esquinas.
.
Fixemos definitavamente:
UMA ROSCA É REDONDA.
Abaixo os exegetas dos paralelogramas culinários
e os fãs das tangentes fermentadas com perpendiculares.
Morte aos que apregoam doces sinusoidais,
pastéis secantes, bombons piramidais.
Se não os detivermos nessa paranóia geométrica
Dentro em breve nem lembraremos mais
os limites da rosca:
Forma, côr, tostagem, liquefacção,maciez e doçura.
E, perdida a rosca,logo teremos, na cozinha,
feijões quadrangulares,
porcos octogonais
e galinhas multiplanas
misturadas a ovos... nunca ovais !
.
Mas esse pesadelo dietético
poderá ser detido facilmente
se todas as donas de casa reagirem
trazendo sempre,
na boca e na memória,
esta imagem tosca, mas obrigatória:
“Uma rosca é uma rosca,
é uma rosca,
é uma rosca... !!!”.
.
MILLÔR FERNANDES – Cruzeiro, 24/11/1962
(Repetido do post de 15/06/2006).
.
Definições definitivas do Millôr:
.
E comerás o pão com o suor do teu rosto, condenou o Senhor.
Mas Adão e Eva, assim que puderam, começaram a comer o pão com o suor do padeiro.

Se o reino dos Céus é dos pobres de espírito, então meu Deus, já estamos no Paraíso.

Está bem que Israel é a terra prometida.
Mas por que Deus não prometeu logo os Estados Unidos ?

Nosso nível ético anda tão baixo que qualquer conversa política já vem protegida em envelope plástico de corrupção.

Estava jantando com três amigos jovens, bem sucedidos e simpáticos, os três acompanhados pelas suas belas mulheres, quando subitamente comecei a passar mal.
A princípio pensei que fosse indigestão.
Logo depois percebi que era inveja.

Quando você casa com a amante, bem…, o adultério não valeu a pena.

Se a gente vivesse de trás para a frente, hi!, a juventude ia ser ainda mais sacana!

Erudito é um sujeito que põe os ii nos nossos pingos.

Apesar das aparências os morangos e o chantilly não nascem na mesma árvore.

Sem níquel na algibeira
Vivo minha vida financeira
Só quero que alguma autoridade
Me responda com sinceridade:
Eu sou patriota
Ou sou só idiota ?

A esta altura da vida estou pensando seriamente em pedir ao Grande Editor uma segunda edição de mim mesmo, revista e aumentada.
E, claro, também com uma encadernação melhor, em pele de “Xuxa” marroquim.
(“Xuxa” é uma apresentadora/modelo da TV brasileira)

Vocês aí que sempre economizaram tanto para os dias piores, podem começar a gastar; os dias piores já chegaram.

Os dez mandamentos nunca impediram nada.
Mas deram cada ideia !

Há ânsia em todas as fisionomias, embora os que tentam ajudar procurem fingir tranquilidade diante da violência do acontecimento.
O Pai treme, a Mãe grita de dor, enquanto o garoto, todo sujo de sangue e fezes, chorando desesperadamente, tenta, angustiado, respirar.
O médico lhe dá algumas palmadas fortes.
Agora me digam: isso é lá jeito de começar a vida ?

Os homens são moralmente piores do que as mulheres.
Há homens que nem assistem ao nascimento dos filhos.
Não conheço uma mulher que tivesse esse deplorável comportamento.
.
JPSetúbal

18 janeiro 2008

O saldo


Ontem, as circunstâncias impediram-me de publicar aqui no blogue. Parti de madrugada para o Algarve, para um julgamento, que durou até ao final da tarde, só cheguei a Lisboa noite dentro e tive de ir de imediato para uma reunião com clientes que se prolongou até de madrugada. Enfim, um dia totalmente preenchido. E, a propósito de dia bem preenchido, eis mais um texto inspirado numa mensagem de correio electrónico que recebi, cuja origem desconheço e que eu adaptei.

Imagine que havia um Banco que todas as manhãs adicionava à sua conta 86.400 euros.

Esse estranho Banco, porém, não transfere o saldo de um dia para o outro: todas as noites apaga da conta o saldo que não foi gasto.

Que faria? Calculo que retiraria todos os dias a quantidade de dinheiro que não tinha gasto, não?

Pois bem, esse Banco existe mesmo: é o TEMPO!

Todas as manhãs, esse Banco adiciona à conta pessoal de cada um 86.400 segundos.

Todas as noites, esse Banco retira da conta de cada um, e dá como perdida, qualquer quantidade desse saldo que não foi transformada em algo de proveitoso.

Esse Banco não transfere saldos de um dia para o outro. Não permite acumulações.

Todos os dias abre a cada um uma nova conta. Todas as noites elimina o saldo do dia que findou.

Quem não utilizar o seu saldo diário, fica a perder: não tem uma segunda hipótese de utilizar o que sobra.

Não existe reforço do saldo diário. Cada um deve viver o presente com o saldo de hoje!

Cada um deve utilizar o seu tempo da melhor forma possível. O que não utilizar, ou utilizar mal, está perdido ou gasto para sempre.

Para se entender o valor de um ano, pergunte-se a um estudante que reprovou e tem de repetir o ano escolar...

Para se entender o valor de um mês, pergunte-se a uma mãe que olha para o seu bebé prematuro...

Para se entender o valor de uma semana, pergunte-se ao editor de um semanário...

Para se entender o valor de uma hora, pergunte-se ao enamorado que espera pela sua amada...

Para se entender o valor de um minuto, pergunte-se ao viajante que perdeu o comboio...

Para se entender o valor de um segundo, pergunte-se a uma pessoa que esteve à beira de ter um acidente...

E, para se entender o valor de um milésimo de segundo, pergunte-se ao atleta que recebeu a medalha de prata dos 100 metros planos dos últimos Jogos Olímpicos...!

Devemos dar valor a todos os momentos que vivemos. O tempo não espera por ninguém.

Eu aproveitei algum do meu saldo de hoje a escrever e publicar este texto.

Espero que achem que aproveitei bem o saldo que usei e que dêem por bem empregue o saldo que gastaram a lê-lo!

Rui Bandeira

16 janeiro 2008

Medula Ossea

Este tema tem sido recorrente aqui no Blog.

Li no Expresso desta semana que o Numero de dadores inscritos já é de quase 110 000. Em finais de 2006 estava pelos 60 000.

O mesmo artigo informava que POrtugal "forneceu" medula para varios países, e que recebeu também do Estrangeiro.

O numero de pessoas que receberam transplantes de medula de dador anónimo em POrtugal também aumentou .

Creio que este é um motivo para ficar MUITO SATISFEITO.

A todos os que colaboraram, ao CEDACE que coordenou - Obrigado.


José Ruah

Mais Memoria de Loja

Tem sido designio do actual Veneravel Mestre que se compile o espolio da Loja e que se faça a História da Loja.
Ha dois dias fui finalmente ao sitio onde tinha guardado todo o espolio que tinha na minha posse e tirei-lhe a poeira.
Muita coisa ja entreguei ao arquivista, mas alguns documentos estão ainda na minha posse. São documentos relativos às reuniões de discussao sobre o futuro da Loja aquando da cisão de 1996.
Sobre este assunto já falei, mas depois de reler os documentos comecei a digitalizar alguns. E se uns permitem a utilizaçao de OCR e pude passa-los a ficheiros de textos outros ficarao ficheiros de imagem.
Porque estes textos têm, na minha opinião, valor historico suficiente para serem publicados, mas sobretudo porque mesmo passados 11 anos ainda estao actuais decidi começar a publicaçao aqui mesmo.
Alguns deles, por serem manuscritos terei que os passar para ficheiro e isso levará tempo mas... valerá a pena.
O texto de hoje é a minha alocução inicial proferida em 18 Janeiro de 1997 no Hotel Plaza em Lisboa, perante cerca de 40 membros da Loja Mestre Affonso Domingues, ali reunidos para decidirem sobre o futuro da LOja.


ALocuçao Inicial
Rudes golpes atingiram esta casa, a fraternidade não imperou e o diálogo ou não existiu ou foi transformado em monologo.

Foram ditas e feitas coisas indignas de um Maçon, que queira ser digno desse nome.

Em nome de uma bandeira chamada regularidade esconderam-se seguramente os verdadeiros motivos que levaram os actuantes a fazer o que bem conhecemos.

Regularidade: Conceito esquisito
Regularidade: Aquilo que todos reclamam ter
Regularidade: Bandeira para guerras santas
Regularidade: Simplesmente a crença no GADU , a não discussão de política ou religião entre nós, o respeito pelos Landmarks e pelas constituições de Andersen.

Não sei qual das definições preferem, eu opto pela ultima.

Os protagonistas da crise esqueceram-se destes princípios, pois segundo a minha opinião esqueceram-se do GADU, envolveram-se em questões de ordem política , revelaram identidades seja explicita ou implicitamente, usaram da força

A cobiça dos Homens substituiu a sabedoria da tradição alicerçada nos landmarks . O homem quis ser Deus.

As paixões sobrepuseram-se às virtudes. Perverteu-se a Maçonaria.

Rudes golpes para atordoar, para ferir, para matar.


Quem é o responsável ?

Uns dizem Fernando Teixeira
Outros dizem Luís Nandim de Carvalho
Outros ainda afirmam que foram os dois e seus acólitos
Eu digo-vos NÓS.

Nós II, Nós Lojas, Nós Indivíduos.

Nós porque não fomos capazes de prever, antecipar e consequentemente evitar.

Nós Lojas nunca quisemos o poder por pensarmos que tínhamos coisas mais importantes para fazer.

Virámo-nos para dentro esquecendo o exterior.

Por nossa não actuação pagamos agora a factura. Factura que é elevada demais para as nossas posses.

Podemos argumentar, não não temos culpa, não destituímos ninguém, não fomos para a imprensa, não.

É verdade. Mas isso não impede que a factura nos seja dirigida.

Como Aconteceu?

Uns dizem que o início da crise foi há muito tempo, outros que foi apenas há umas semanas atrás.
Provavelmente têm todos razão ou não tem nenhum.

Como aconteceu também não é importante.


O que aconteceu?

Falar do sucedido sem tecer juízos de valor é difícil.
Sabem todos que o dom da palavra não tenho, o da pena julgarão depois de me ouvirem.

Tentarei citar factos, se porventura incorrer em algum juízo de valor é porque talvez não fosse possível descrever o facto tal qual aconteceu, ou porque também sou humano, embora a tendência seja de considerar o VM extra-humano pois falhas não lhe são normalmente admitidas.

Cingir-me-ei aos factos mais marcantes.

Segunda-feira, 25 Nov. 1996

É posto a circular um documento do tipo abaixo assinado que promove a destituição do Grão Mestre Luís Nandim de Carvalho.
Nunca vi este documento na sua forma original, mas informações recebidas de II em quem deposito a máxima confiança garantem a existência do mesmo nesta data.


Sexta-feira, 29 Nov. 1996

Publicação de um artigo no jornal” A Capital” referenciando esse mesmo movimento e incluindo uma fotografia de LNC e outros II durante o juramento prestado pelo
primeiro em sessão de GL de 28 Setembro de 1996 , aquando da sua instalação enquanto GM


Sábado 7 Dez 1996

Um grupo de IIocupa a sede da GLRP em Cascais, autodenominando-se governo interino.

Foram as suas acções seguintes a destituição do Grão Mestre LNC, do SCO ( nota introduzida – Soberano Colégio de Oficiais órgão deliberativo à época) , nomeação de novo SCO e envio de um comunicado à imprensa.
( permitam-me agora uma interrogação. Teria sido absolutamente necessário recorrer a forças de segurança privadas? )


Domingo 8 Dez 1996

Reunião de informação e debate promovida por LNC nas instalações da Associação Cultural Albert Pike, onde também funciona o Templo dos Altos Graus do REAA. Para este efeito a sala foi despojada de todos os adornos Maçónicos do REAA e as cadeiras dispostas em plateia.
Desta reunião saiu nomeado um secretariado de crise.


Segunda-Feira 9 Dez 1996

Reunião do SCO nomeado no dia 7, em Cascais , com o objectivo de ratificar as decisões tomadas no Sábado anterior.

Ratificação essa que segundo as minhas informações foi unânime entre os presentes.


Dias 7 - 8 - 9 - e seguintes


Profusão de comunicados e artigos na imprensa e na TV.

Todos os actos posteriores são consequência destes referidos e sobre eles não falarei, mas incluíram reuniões de VM, sessões de G.Loja, reuniões de SCO, reuniões várias. Decretos, Decretos anti-Decretos e Decretos anti-Decretos anti- Decretos.

E não falarei pelo seguinte:

Dos factos que relatei apenas um contou com a minha presença, sobre os demais recebi relatos de fontes de confiança como já referi.

Dos posteriores não vos falo, como disse acima, porque tudo o que sei deles foi o que ouvi a terceiros. Não estive presente em qualquer deles com o fito único de não comprometer a Loja que dirijo e que nos pertence.

Fi-lo na esperança que o GADU incutisse bom senso onde faltava e os II apertassem as mãos retomando a Cadeia de União.

Até hoje, isso não aconteceu e tanto quanto sei os caminhos divergem.


Outros acontecimentos dignos de registo

Tentei honestamente promover dialogo. As portas não se abriram.

Tentei conjuntamente com alguns II incutir bom senso nas bases, isto é nas Lojas. Não sei se tive sucesso.

Outras Lojas tentaram promover a conciliação. Não tiveram Sucesso.

Pergunto-vos

O que aconteceu à Tolerância?
O que aconteceu à Fraternidade ?
O que aconteceu ao Amor Maçónico?
O que aconteceu .....

Será que temos que rescrever o catecismo do grau de Aprendiz e à pergunta


DE ONDE VENS MEU IRMÃO ?

a resposta passe a ser

DE UMA LOJA DE TREVAS

Volto a dizer-vos as Paixões sobrepuseram-se à virtude.

Quando fui eleito para este cargo confidenciei àqueles que escolhi para oficiais desta Loja que pretendia apenas continuar o trabalho iniciado anteriormente, e que tentaríamos manter a nossa Loja em posição de relevo Maçónico mas sem sobressaltos exteriores.

Era só o que eu queria, e depois de acabar o mandato passar o malhete ao I que fosse eleito, acompanhá-lo com conselho se fosse pedido, para posteriormente ser GIe finalmente ocupar um lugar nas colunas, em posição cómoda e seguramente menos trabalhosa.

Foi um bom sonho, até porque o se tinha começado a concretizar. Acordei num pesadelo que infelizmente não o é por ser real.

Não gosto de conflitos, são normalmente desgastantes e consomem muito tempo.

Ninguém ganha uma guerra. E quem disser que ganhou é tolo. Com certeza não contabilizou os seus custos, excepto claro se o conceito de ganhar for “ganha o que ficar de pé” e então não é tolo é muito tolo para mais não dizer.

Tenho consciência que entre nós, obreiros desta Loja, existem múltiplas posições, algumas declaradamente assumidas, outras apenas assumidas, outras por assumir.

É minha esperança que nesta casa de tradição a não união não signifique a desunião e que o confronto de opiniões não seja uma guerra.

Respeito, como aliás sempre respeitei as posições de cada um enquanto indivíduo, e logo exercendo a sua prerrogativa de livre arbítrio.

Espero que a minha posição enquanto indivíduo seja respeitada, aquando do seu anuncio formal, ou seja se a concórdia não for possível.

A minha posição enquanto VM obriga-me à total imparcialidade e à luta pela paz e concórdia entre os II .

Durante este período , pareceu-me que a melhor política era a de deixar a poeira assentar. Não tomei, portanto, qualquer posição publica que pudesse comprometer a Loja Affonso Domingues.

Infelizmente até numa Loja em que a tradição tem um peso de respeito, em que entre os Irmãos constam ou constaram gentes vindas de muitos países, de várias confissões religiosas, cores e opiniões políticas, que permitiu chegar até hoje sem mácula, a divisão teima em aparecer.

Estou desgostoso porque esta divisão é causada por razões e motivos intra­Obediência.

Somos Fortes para fora e fracos do lado de dentro.

Foi-nos dado a acreditar que sendo respeitados e reconhecidos pelos países A; B; C; etc. o nosso futuro estava assegurado.

Pobre arquitecto que desenha uma cúpula de Prata e uma fundação de papelão.

Pobre do seu segundo que não o chamou à realidade.

E por fim pobres de nós que apanhamos com o tecto na cabeça.

Disse-vos já que os responsáveis da crise tínhamos sido nós.

Talvez não seja tanto assim.

Não vou assacar responsabilidades a A ou B nem dizer-vos que são todos farinha do mesmo saco.

Mas é obvio que a História um dia atribuirá responsabilidades, nós saberemos então de quem foi a culpa.

Até a Historia nos informar sobre quem foram os responsáveis, teremos que tomar uma posição enquanto indivíduos e enquanto Loja.

Eu pessoalmente preferiria que a Loja decidisse por se manter unida na procura da união entre os II

Não sou no entanto D. Quixote e saberei quando desistir.

Antes de concluir e consequentemente passar a palavra peço-vos encarecidamente que se lembrem dos seguintes conceitos:

- Respeito
- Tolerância
- Educação
- Decoro
- Amor

O debate é aberto a todos os presentes.
Que o GADUilumine os trabalhos que se vão seguir.

Lisboa, 18 de Janeiro de 5997


Após esta alocuçao decorreram quase 8 horas de debate em dois dias.
Ficam para publicaçao breve e para vos aguçar o apetite:
As propostas entradas ; os resultados das votaçoes ; As propostas que estavam preparadas mas que nao entraram; O discurso final.

José Ruah
Afastado mas sempre por perto !

15 janeiro 2008

A Maçonaria X Ambiente

Estive estes últimos dias completamente fora do A-Partir-Pedra (claro, já sei que bem podia continuar, obrigado !) mas como o tema Maçonaria versus Ambiente se mantém resolvi incluir mais um apontamento.
De facto tenho mais algumas coisas que gostaria de preparar para ajudar à discussão, mas as coisas têm estado demasiadamente animadas cá pró meu lado, fazendo com que não tenha tido nem disposição, nem concentração, para acompanhar os nossos queridos colaborantes blogueiros (o Rui, o Bandeira, o R.Bandeira, o RB, … uma data deles!).

Entretanto apanhei alguns vídeos sobre a participação dos Maçons brasileiros na defesa da Amazónia.

A Maçonaria Regular do Brasil, organizada sob o Grande Oriente do Brasil não é de capinar sentada no que se refere à participação política e todos os dias recebo notícias sobre intervenções do GOB e/ou de Lojas estaduais (como eles dizem) em assembleias, comissões de estudo, participação em iniciativas legislativas, sendo que na maioria dos casos a participação é por convite como conselheiros.

As iniciativas de carácter filantrópico são mais que muitas, no ensino, na saúde, no apoio social de toda a ordem sendo responsáveis pela recuperação e manutenção de muitas pequenas povoações onde a vida seria degradante, não fosse a intervenção daqueles nossos Irmãos organizando e mantendo escolas, postos de saúde, pequenas indústrias e pólos de desenvolvimento artesanal.

A intervenção na defesa da Amazónia, que os vídeos retratam, tem uma face de defesa ambiental mas tem, também, uma clara e confessada faceta de defesa da independência territorial.
Para nós e para o tema presente interessa-me a luta declarada pela manutenção da selva amazónica, pulmão de um mundo que está com uma tosse cada vez mais cavernosa e com os pulmões todos infectados.
Vamos a ver se este “antibiótico” ainda vai a tempo.

JPSetúbal

14 janeiro 2008

MAÇONARIA E AMBIENTE: O paradigma do Valor

Para se trocar um bem por outro, há que calcular quanto vale cada um. Para facilitar o processo de troca, criou-se a moeda. A moeda é a referência do valor de todos os bens. A moeda, a troca, o mercado são os pés do tripé que sustenta a economia global.

Mas não é a moeda que estabelece o valor de um bem. É suposto que uma dada quantidade de moeda represente o valor de um bem. O Valor dos bens é intrínseco e logicamente anterior à sua expressão monetária.

O problema é que a nossa Civilização criou um paradigma de Valor que não é perfeito. O paradigma do valor que estabelecemos respeita à QUANTIDADE de algo que nele está inserido: quantidade de matéria, quantidade de trabalho nele introduzida, quantidade de custos necessários para o produzir e comercializar. Exemplificando: o valor de uma jarra corresponde ao valor da quantidade de material de que ela é composta, mais o valor do trabalho necessário para a fabricar, mais os custos de produção e comercialização da mesma (lucro dos diversos intervenientes no processo incluído). Por sua vez, o valor do material que compõe a jarra depende do valor unitário que é atribuído à respectiva substância: o ouro vale mais do que a prata, esta mais do que o cristal e este mais do que o vidro. Mais uma vez, a atribuição deste valor intrínseco depende da QUANTIDADE do material disponível. Há menos ouro do que prata, daí que aquele valha mais do que esta; o cristal incorpora mais substâncias (chumbo, designadamente) que o vidro e, portanto vale mais do que este, mas pode-se fabricar muito mais quantidade de cristal do que é possível obter de prata e muitíssimo mais do que existe de ouro, daí que o cristal valha menos do que a prata e muito menos do que o ouro.

Toda a economia se baseia no conceito de valor e o paradigma deste presta tributo essencialmente à QUANTIDADE, não tanto à QUALIDADE.

Mesmo nos campos em que aparentemente o valor das coisas depende da sua qualidade, se analisarmos bem, assim não é. O quadro dos Girassóis de Van Gogh vale o preço absurdo que vale não propriamente pela sua qualidade intrínseca, mas pela raridade de telas pintadas por Van Gogh e pela enorme desproporção entre a quantidade de pessoas que gostaria de ser proprietária desse quadro (eu incluído!) e o número de exemplares do mesmo: UM! Mas, se fosse apenas uma questão da QUALIDADE da imagem, então não se justificaria a enormíssima diferença de valor entre o original, cópias e reproduções...

Similarmente, assim se entende porque, quando morre um pintor famoso, aumenta exponencialmente o valor dos seus trabalhos. É que, enquanto o artista está vivo, pode continuar a produzir trabalhos e não se sabe quantos mais irá criar; quando morre, fica certo o número exacto de obras que produziu, que será sempre inferior ao número de pessoas que gostaria de possuir uma dessas obras. E, previsivelmente, no futuro, ocorrerá o fenómeno inverso: aumentará o número dos que almejam a possuir uma obra do artista e o número destas só pode variar no sentido da diminuição, na medida em que ocorra a destruição de algum trabalho. A QUANTIDADE de potenciais compradores é superior e aumenta; a QUANTIDADE de obras é inferior e é estável ou diminui; o VALOR das obras aumenta!

Ao basear-se o paradigma do Valor na QUANTIDADE, negligencia-se na incorporação do valor dos bens elementos que vamos colectivamente verificando que deveriam ser considerados. Qual a sustentabilidade, em termos ambientais, da produção desse bem? Quais os custos, em termos de poluição, de gasto energético, de biodiversidade, de..., de..., de..., que a produção e comercialização desse bem acarreta?

Ou, por outra via: QUANTO VALE O AR PURO?

Nem o valor do ar puro, nem o da biodiversidade, nem o da sustentabilidade energética, nem, de forma geral, os componentes, eminentemente QUALITATIVOS, dos valores ambientais incorporam o paradigma do Valor dos bens.

Para bem da saúde ambiental do planeta, convém que o paradigma do Valor mude, de forma a incorporar também estes elementos.

Também aqui a Maçonaria e os maçons podem ajudar. Os maçons interessam-se precisamente por temas e assuntos e matérias que não têm valor económico, mas apenas racional, moral ou espiritual. E prezam muito estes valores. E estão habituados a ponderá-los em todos os actos da sua vida. E devem procurar transmiti-los aos demais membros da Sociedade e, por essa via, contribuir para a melhoria desta. É também tempo de nos habituarmos a considerar também os valores ambientais, a apreciá-los, a ponderá-los em todos os actos da nossa vida, em transmiti-los aos outros membros da Sociedade.

Por essa via, ajudaremos à necessária mudança do paradigma do Valor. E esta mudança será uma das mais profundas que a Humanidade conseguirá. E vale um tesouro incalculável: a sobrevivência das espécies - no limite, a sobrevivência da NOSSA ESPÉCIE - em ambiente saudável e equilibrado.

Claro, um tesouro QUALITATIVAMENTE muito valioso! Mas, em bom rigor, só poderemos determinar exactamente quanto depois da mudança do paradigma do Valor...

Rui Bandeira