07 novembro 2007

MAÇONARIA E AMBIENTE - Demografia: Infecção ou nem por isso?


Existe um sítio na Rede, em inglês, que mostra, de maneira particularmente impressiva, o ritmo de crescimento da população humana no Mundo e todo um conjunto de dados, quer inerentes à população (número de infectados por HIV, número de doentes com cancro, quantidade de pessoas que passam fome), quer inerentes ao estado do planeta, poluição e exploração dos seus recursos (temperatura média global, emissão de CO2, espécies extintas, área de floresta perdida e área de floresta replantada, área desertificada, petróleo extraído, petróleo derramado nos oceanos, reservas de petróleo, sua duração, resíduos nucleares). É o Relógio da Terra.


A consulta dos dados deste sítio é elucidativa. No que a este texto respeita, fiquemo-nos pelos dados demográficos: existem presentemente mais de seis mil, seiscentos e trinta milhões de seres humanos à face da Terra, dos quais mais de quarenta e cinco milhões infectados com o vírus HIV e mais de sete milhões sofrendo de cancro. Só desde o princípio do corrente ano de 2007, a população mundial foi aumentada em mais de sessenta e cinco milhões de indivíduos.

A questão demográfica pode ser vista por dois modos, o catastrofista e o optimista.

Quem segue a via de análise catastrofista, antevê para depois de amanhã o caos, o apocalipse. Para esses, a espécie humana está para o planeta como a bactéria para o corpo humano: prolifera tão desregradamente que acabará por o destruir e, com ele, destruir-se-á a si própria.

Para os optimistas não há crise: naturalmente tudo se comporá, o planeta tem capacidade para albergar mais gente do que se julga e a Natureza é mais perfeita do que a julgamos e saberá desencadear o mecanismo de contenção do crescimento da espécie quando a capacidade do planeta estiver a ser atingida.

Para os catastrofistas, a Humanidade é uma infecção que só não destruirá o planeta se este não a destruir primeiro, com um qualquer equivalente cósmico do antibiótico.

Para os optimistas, a Natureza é mãe que acomodará seus filhos até ao limite do possível e, entretanto, providenciará a estes os meios de se auto-regularem e não ultrapassarem o limite da capacidade do planeta.

Para os catastrofistas, a infecção está já actuando e o aquecimento global é o planeta em febre, primeiro sintoma de doença que, se não for rapidamente debelada, levará à morte da doença (a Humanidade) ou do doente (o planeta), com a consequente destruição também daquela.

Para os optimistas, a responsabilidade humana no aquecimento global é uma treta (conferir a posição, aliás com fundamentação que impressiona, que Rui G. Moura apresenta no seu interessante blogue Mitos Climáticos).

Que o crescimento demográfico é um problema, parece que ninguém põe isso em causa. Que não pode ou não deve ser atalhado com medidas de força ou restritivas dos direitos e da dignidade humanas é um princípio que a Maçonaria não pode deixar de proclamar. Como não deve ceder à tentação de se deixar instrumentalizar por uma das teses.

É evidente que o acelerado crescimento da Humanidade coloca problemas cada vez mais urgentes e ingentes. Mas não se deve cair nas tentações dos presságios de catástrofe mais ou menos iminente, caucionando pretensas medidas correctivas que não respeitem a dignidade da pessoa humana.

Por outro lado, não devem também os maçons enfiar a cabeça na areia e pensar e agir como se nenhum problema houvesse, infantilmente confiantes que a Mamã-Natureza resolverá por nós o problema. Porque assim proceder pode levar a que a Mãe-Natureza efectivamente resolva o problema, quiçá por modo menos agradável...

A sobrepopulação deve ser por nós entendida como um problema sério, com que se deve lidar com seriedade, mas também ponderação.

Duas pistas penso que, para já, podemos apontar.

Verifica-se que, nos países economicamente mais desenvolvidos, a taxa de natalidade decresce. Dir-se-ia que o desenvolvimento económico é um bom meio de controlo populacional. Onde não há já grande taxa de mortalidade infantil, as pessoas não sentem a necessidade de ter mais filhos, para garantir que não fiquem sem nenhum. Onde as necessidades básicas são consideradas como asseguradas, as pessoas não sentem a necessidade de ter filhos para auxiliar na obtenção do sustento da família. Devemos, creio, defender o desenvolvimento económico EQUILIBRADO E AMBIENTALMENTE SUSTENTÁVEL também como meio de controlo do excesso de população.

Por outro lado, não devemos deixar passar em claro os receios contrários: a quebra da natalidade, dizem alguns, deve ser atalhada, porque causa envelhecimento da população, sobrecarrega os sistemas de protecção social, faz definhar as sociedades. Devemos ajudar a manter os nossos concidadãos e os nossos decisores com a cabeça fria. Primeiro, apontando que o envelhecimento da população nos países mais desenvolvidos não resulta só da quebra de natalidade, resulta também do facto de os frutos da explosão de nascimentos que ocorreu após o fim da II Guerra Mundial estarem agora no declinar da vida, conjugado com o sucesso das técnicas da medicina moderna no prolongar do tempo médio de vida. Mais vivem mais tempo e portanto daí resulta a alteração da relação entre o número de idosos e o de jovens. Aqui, estamos a ser aparentemente vítimas do nosso sucesso... Mas este é, creio, um problema que naturalmente se resolverá com o tempo: o tempo de vida, mesmo aumentado, dos frutos da explosão de nascimentos chegará ao fim e, tão naturalmente como a relação idosos-jovens se alterou, paulatinamente retomará o sentido da normalidade.

Acresce que o problema conjuntural da alteração do envelhecimento da população nos países economicamente mais desenvolvidos se resolve facilmente com uma medida que, simultaneamente, ajudará a debelar alguns dos problemas resultantes do excesso de natalidade dos países mais pobres: regular os fluxos migratórios, não "fechando portas", mas permitindo um adequado fluxo migratório, que permita manter a quantidade de força de trabalho adequada para o normal funcionamento de cada sociedade, melhorar a relação idosos-jovens e aliviar a pressão sobre os sistemas de segurança social.

É também devido ao facto de ser, ao longo do tempo, um país de imigração que os Estados Unidos são uma potência económica...

Simplesmente, tolerar o Outro, o Diferente, o Imigrante, é, por vezes, difícil. Conviver com culturas diferentes, costumes diversos, não é fácil.

É aqui que a Maçonaria deve intervir: Tolerância é algo de que sabemos muito bem o significado!

Rui Bandeira

06 novembro 2007

O décimo quinto Venerável Mestre


Miguel R. foi 1.º Vigilante do Quadro de Oficiais de Alberto R. S. e, como é usual na Loja Mestre Affonso Domingues, sucedeu-lhe na Cadeira de Salomão, em Setembro de 2004, após ter visto, em Julho anterior, confirmado o costume da Loja, através da indispensável eleição.

Miguel R. fora o responsável técnico pela criação e colocação em Rede da página na Internet da Loja Mestre Affonso Domingues e manteve-se responsável pela sua manutenção até muito recentemente. No ano em que exerceu o ofício de Venerável Mestre, poder-se-ia cognominá-lo de "Triplo Mestre", pois que, então, acumulou o seu grau de Mestre com a qualidade de Venerável Mestre da Loja e com o encargo de Webmaster (Mestre da Rede) do sítio da Loja...

Miguel R., um homem simpático e tímido, chegou ainda bastante jovem à direcção dos destinos da Loja. Jovem em idade e jovem em antiguidade. A sua indefectível assiduidade, o seu interesse, o seu equilíbrio, fizeram com que, mal tivesse sido elevado ao grau de Mestre, lhe tivessem sido atribuídas funções de responsabilidade e tivesse sido logo integrado na "linha de sucessão".

Exerceu o ofício na altura certa, beneficiando de uma conjuntura de águas mansas, que se coadunava bem com o seu perfil calmo e discreto, com o seu temperamento cordato, com a sua timidez, aresta da sua pedra que o tempo e a experiência o ajudarão a polir.

Miguel R., bom conhecer do estado administrativo da Loja, geriu-a com competência e suavidade. Foi especialmente criterioso na gestão dos tempos e momentos de progressão de Aprendizes e Companheiros e nas iniciações. Como resultado desse seu cuidado, passou ao seu sucessor uma Loja quase que milimetricamente equilibrada, com um número de Aprendizes, nem excessivo, nem pecando por defeito, com tempos de evolução diferentes, e - o que, até agora, é raro na Loja Mestre Affonso Domingues, que, no meu entender, tem como seu ponto menos forte a formação dos Companheiros (uma vez que o problema está identificado, vai seguramente ser resolvido...) - uma coluna de Companheiros bem guarnecida e composta por elementos de boa qualidade. Miguel R., muito bem, na minha opinião, resistiu à tentação, recorrente na Loja, de considerar o grau de Companheiro um mero ponto de passagem para o acesso à Mestria e preocupou-se com os Companheiros, a sua formação e o seu tempo de evolução, com isso logrando que o seu sucessor recebesse jovens Mestres especialmente aptos e tivesse, ainda, na coluna de Companheiros, gente de muita qualidade em condições de serem elevados a curto prazo.

Se bem ajuízo, esta sua capacidade de bem gerir a formação e os tempos de formação resultaram da seu próprio processo de crescimento maçónico. Miguel R., a meu ver, foi muito influenciado pelas concepções de Luís P., que assegurou a direcção da formação dos Aprendizes e, depois, dos Companheiros, em períodos que abrangeram os tempos da formação do próprio Miguel R.. Na minha opinião, Miguel R. foi o melhor produto dessa escola...

Foi-o porque, com o seu sentido de equilíbrio, sabiamente aproveitou o espírito de aperfeiçoamento que Luís P. indubitavelmente sabia transmitir, o rigor que ele imprimia, sem, no entanto, cair em excessos místicos e crísticos.

Miguel R. tem uma visão pessoal da Maçonaria muito equilibrada, assente na fraternidade e no esforço individual, no espírito de grupo e na profundidade do juízo pessoal, no trabalho eficaz e na meditação necessária. Soube sempre levar a água ao moinho da Loja com calma, persistência e discrição.

Quer pelas suas características pessoais, quer pela influência recebida na sua formação, quer pelo exemplo do seu antecessor, Miguel R. foi sempre extremamente cuidadoso em reservar pequenos espaços em todas as reuniões para apresentar, ele próprio, pequenas pranchas traçadas de Mestre, fragmentos de sabedoria que deixava à disposição dos obreiros da Loja, com a naturalidade das coisas simples.

Não sei como reagiria Miguel R. se tivesse tido que enfrentar tempos de maior turbulência. Provavelmente, enfrentá-los-ia bem, como outros, antes dele, fizeram. Mas Miguel R. aproveitou bem o período bonançoso de que dispôs para fazer bem o seu papel: organizou, formou, actuou. E, com ele, assim também fez a Loja

Na cadeia de União dos Veneráveis Mestres da Loja Mestre Affonso Domingues, Miguel R. não terá sido, porventura, o seu elo mais vistoso; mas não foi, de certeza absoluta, dos seus elos menos fortes.

Do trabalho discreto que Miguel R. realizou, os frutos ver-se-ão a longo prazo. Os quadros que ele ajudou a formar estão aí, prontos para o que preciso for. Durante muitos anos a Loja beneficiará do trabalho de Miguel R. e do trabalho daqueles que Miguel R. ajudou a saberem trabalhar.

Na minha definição de êxito, o mandato de Miguel R. encaixa perfeitamente. E fico muito contente por poder aqui deixar esse reconhecimento.

Rui Bandeira

05 novembro 2007

O maçon e os filhos

O simple colocou a questão que se segue:

Contaram-me o caso de um maçon que toda a vida ocultou a sua condição à família, e de quem só durante o velório os filhos e os netos souberam, por uns senhores que nunca tinham visto mas que mostraram conhecer muito bem o falecido, que o pai de uns e avô de outros fora maçon a vida toda...
A minha questão - que não é, certamente, nem nova nem original - é esta: como consegue um maçon manter oculta dos profanos a sua condição, e ao mesmo tempo envolver a família nesses eventos, se tiver filhos ainda pequenos - e naturalmente pouco sensibilizados para a discrição? Recorre-se à grande Instituição que são as baby-sitters?!
A partir de que idade é comum revelar-se à respectiva prole a condição de maçon - especialmente quando se preveja um anátema por parte da família alargada caso tal fosse conhecido?
Ah, e não vale responder "cada pai sabe dos seus"... até aí já eu discorri. :)

Nos termos e condições que o simple coloca, a questão é irrespondível, precisamente porque a única resposta correcta é a que ele não quer que lhe seja dada: "cada pai sabe dos seus"...

Mas o desafio foi feito e, mal ou bem, merece resposta. Como todos os problemas de difícil resolução, a melhor abordagem é a sua divisão em pequenas questões, de resposta mais acessível. No final, teremos a resposta possível.

O ponto de partida é o caso - hipotético, lendário ou real - de um maçon que escondeu de sua família chegada essa condição, a ponto de seus filhos e netos só no seu velório virem a ter conhecimento dessa faceta do seu parente, através, retira-se do texto, de maçons que ao velório compareceram.

A situação de partida, nos termos em que está colocada, se bem que não impossível, afigura-se-me de difícil verificação, a não ser que se refira a um indivíduo com um núcleo familiar atípico e com um relacionamento atípico com esse núcleo familiar. Só por notável ausência de intimidade ou por presença de inesperada distância entre ascendente e descendentes se pode entender o absoluto desconhecimento, ao ponto da surpresa, de que o ascendente "fora maçon a vida toda". Porque ser maçon é ter e viver e transmitir princípios. Se um maçon não vive segundo os princípios inerentes à condição de maçon, só de nome poderá sê-lo - mas seguramente não será "maçon a vida toda", pela simples razão de que nem a vida como maçon viveu! Se um maçon não educa os seus filhos nesses princípios, ou é mau maçon ou péssimo educador! Se os filhos de um maçon não são capazes de reconhecer no comportamento de seu pai a aplicação dos princípios de um maçon, ou estavam muito distantes do seu progenitor ao ponto de não o conhecerem verdadeiramente, ou não foram educados por um verdadeiro maçon. Este deve distinguir-se perante os que o rodeiam pelo seu comportamento. E, mesmo que não diga que é maçon, se e quando os que o rodeiam vierem a saber que o é ou o foi, mau será se esse conhecimento não vier a confirmar o juízo que fazem da pessoa - seria sinal de que não fora digno de usar o avental que um dia lhe foi imposto...

A situação descrita, a não ser assim, só podia ocorrer num quadro de - para mim - impensável distância entre um homem e sua família mais chegada. Teria implicado a vivência em dois mundos estanques e absolutamente sem pontos de contacto. Isso não é vida real, é argumento de filme da guerra fria... Aliás, pelo menos um ponto de contacto entre esses dois mundos, um dos quais ignorava o outro, necessariamente tinha que haver: um amigo ou conhecido da família (a quem esta informou do óbito...) teria de ser maçon não menos discreto que o falecido, pois só assim poderia dar conhecimento aos maçons que compareceram no velório do passamento do Irmão...

E, das duas, uma: ou esse amigo ou conhecido levou a sua discrição ao ponto de não comparecer ao velório ou de aí comparecer separado dos maçons que se identificaram como tal, anónimo e secreto, ou, ao fim de tantos anos quebrou abrupta e incompreensivelmente a sua discrição...

Tal como a questão foi contada ao simple, parece-me, pois, mais um mito urbano, no caso, o mito do secretismo absoluto da Maçonaria, que só os anti-maçons alimentam. Contra este mito, em ambiente democrático, no século XXI, devemos combater, mostrando que discrição não é secretismo, esclarecendo e divulgando os nossos princípios.

Com este ponto de partida, pergunta simple como consegue um maçon manter oculta dos profanos a sua condição, e ao mesmo tempo envolver a família nesses eventos. Estando assente que "profano" é todo aquele que não é maçon e que, portanto, a família do maçon necessariamente que inclui profanos, a resposta a esta questão é simples: NÃO CONSEGUE. Ou mantém oculta da sua família a sua condição de maçon, ou não envolve a família nos eventos da Maçonaria... Ser e não ser não pode ser, já na Antiguidade dizia Sócrates, o filósofo...

Comer o bolo e continuar com o bolo não é possível, digo na actualidade eu, despretensioso escrevinhador... Com filhos pequenos ou grandes, discretos ou indiscretos, a dualidade secretismo/envolvimento simplesmente não é possível e, portanto, não é um problema.

Pergunta ainda o simple a partir de que idade é comum revelar-se à respectiva prole a condição de maçon.

A resposta depende, a meu ver, mais do pai do que dos filhos... Depende essencialmente de como o pai vive a sua condição de maçon, do seu grau de envolvimento com a Ordem, do seu relacionamento mais próximo ou mais distante com a sua prole, da sua forma de educar, do seu conceito de transmissão dos seus valores - e também das circunstâncias e das oportunidades.

Eu diria que, mais do que cada um sabe dos seus, a resposta correcta é cada um sabe de si...

Porque a resposta a essa questão só pode ser dada a cada um por si mesmo, o melhor que posso fazer é contar como é que eu fiz.

Sempre eduquei as minhas filhas segundo dois princípios: os valores passam-se primeiro pelo exemplo e só depois pela palavra; as informações devem ser dadas quando quem as recebe está preparado para as receber.

Assim sendo, sempre me comportei como eu próprio, com os meus valores, os meus amigos, os meus Irmãos. A minha filha mais nova nasceu já eu era Mestre Maçon. Desde o berço que conhece os meus Irmãos, e de entre estes, que lida mais assiduamente com aqueles com quem estabeleci mais apertados laços da amizade, que me acompanha nas viagens que a Loja organiza para serem efectuadas pelos maçons e suas famílias, que me acompanha aos jantares brancos. Em toda a sua vida viu, com naturalidade, que havia dias em que o seu pai não estava em casa, porque "ia à reunião".

E, durante vários anos, a bebé cresceu, a menininha medrou, sem se preocupar em catalogar os amigos do pai, sem estranhar almoços e jantares em grupo, mais interessada em saber que outras crianças estariam presentes.

Muitas vezes me viu sair e me perguntou "vais à reunião?" e eu confirmei que sim, sem que houvesse a necessidade de acrescentar que reunião era aquela onde eu ia. Um dia, finalmente, perguntou de que era a reunião a que eu ia. E eu respondi que era da Loja. E, não muito tempo depois, tendo percebido que a Loja de que eu falava, não era uma loja de se ir comprar coisas, um belo dia lá me perguntou de que era essa Loja. E eu respondi que era da Maçonaria. E passaram mais uns tempos até que perguntou o que é que se fazia na Maçonaria - e eu respondi e esclareci...

No fundo, educar é transmitir aos nossos filhos os nossos Valores. e isso não se faz escondendo esses valores deles, ou dando a noção de que esses Valores são para ser vividos clandestinamente. Pelo menos, quando se vive em Liberdade!

Mas também temos que ter a noção de quando é que a criança está preparada para receber e processar uma determinada informação. Não faz sentido dar uma conferência sobre "Simbolismo, Esoterismo, Moralidade e Axiologia da Visão Imanente ao Entendimento do Universo, Criação, Criador e Criaturas na Maçonaria Contemporânea" a uma criança (nem sequer a certos adultos, diga-se de passagem)... Convém antes responder ao que é perguntado, certificando-nos do que é efectivamente perguntado, não vendo nós complexos problemas em questões, por vezes muito simples e básicas, que são o objecto, naquele momento, do interesse da criança.

Rui Bandeira

02 novembro 2007

Reincidência... reincidente



Tive 2 dias muito complicados em termos de ocupação de tempo e tive que desleixar a atenção ao nosso “A-Partir-Pedra”.
Agora que recuperei o “estado do blog” li o comentário do nosso Amigo e atento Simple Aureole.
Bem, meu caro, obviamente que Lhe devo uma explicação.
Tentarei, pois…

1- Não fiz, ou pelo menos não quis fazer, qualquer comparação entre coisas que, para mim, são incomparáveis, como sejam “um Pai”, ou candidato a tal, e os monstros que referi no post.
Trata-se, meu caro Simple, de uma ilação que não tem qualquer correspondência com a minha cabeça e se o que escrevi o levou àquela conclusão, então peço-lhe desculpa pela falta de capacidade na expressão das ideias.

2- Não faço qualquer confusão entre controlo da natalidade, solidariedade e truques para obtenção de apoios sociais.

3- Os Pais têm, entre outros, o direito inalienável de decidir sobre ter ou não ter filhos, quantos e quando, competindo aos políticos de serviço a decisão sobre os apoios à natalidade que, do ponto de vista exclusivamente político, deve ser orientada no sentido de incentivar ou não o aumento da natalidade de acordo com critérios de manutenção do nível etário da população e suas consequências na economia do país.

4- Não aceito a intromissão de quaisquer normas, de carácter religioso, político, ou outro, que não sejam dependentes da vontade dos principais e mais directos interessados, que são os Pais. E estes saberão que procedimentos adoptar de acordo com as suas próprias escolhas e essas sim, poderão ser de carácter religioso ou outro qualquer.

5- Os Pais deverão saber quais as obrigações para com os seus descendentes, de carácter educativo, económico, social,… e decidir ter ou não filhos de acordo com a sua capacidade de cumprir aquelas obrigações. De resto penso ter percebido que são essas as preocupações que atrapalham o “pai preocupado” a que se refere.

6- Quanto à solidariedade também não me parece que se possa concluir, do que eu escrevi, qualquer confusão com os apoios sociais aos mais “desfavorecidos”.

7- Não, não tem nada a ver uma coisa com a outra. O que eu refiro tem a ver apenas com atitudes pessoais e não com o que quer que seja de institucional. Ser solidário tem de ser uma atitude interior em cada um de nós. Não se inventa, não se compra e não se impõe, ou se é ou não se é ! E é a esse sentimento que recorro quando insisto em que o bem estar da humanidade não é conseguido pela diminuição da natalidade, muito menos ainda se imposta justamente com esse objectivo.

8- Os apoios sociais institucionais poderão ser entendidos, também, como uma atitude solidária, mas apenas dentro do conceito do Estado Social que é tão só uma das variantes de organização social das nações. A Solidariedade a que recorro é pessoal e, existindo, não está dependente da organização do Estado. E não vejo nenhuma possibilidade de ser confundida com qualquer “direito à asneira”. Ela tomará o seu lugar com o acordo do Estado, ou sem ele. Não é o subsídio de sobrevivência (rendimento mínimo ou outra denominação qualquer) que alguns recebem e que outros dizem que não deve existir, talvez por causa do direito à asneira. Mas não é a dessa solidariedade que falo.

9- Meu Caro Simple, pelo menos uma coisa importante temos em comum. É a ideia de que o grande responsável pelos problemas com o “verde” é o homem. Pois o grande e único ! Que outro responsável poderia haver ? E é o homem porque no seu incomensurável egoísmo partiu do princípio que é dono e senhor do universo, usando-o sem critério, sem regras e sem limites, explorando sem controlo tudo o que há a explorar, desequilibrando o sistema natural e provocando as rupturas cujas consequências estão à vista e que todos estamos a sofrer.

10- E, desculpe a insistência, não é com a diminuição pura e simples dos nascimento nem com o fim da solidariedade (nem que seja apenas a institucional), que o Homem recupera as condições equilibradas do meio-ambiente.

11- É assim que penso.

12- Quando à discussão política a que se refere no “P.S.” (não confundir com Paiva Setúbal…) também só posso falar pelo que vai na minha cabeça. A discussão dos assuntos da humanidade, a procura de soluções para as dificuldades que se nos deparam, tanto pode ser feita por políticos, como por técnicos, como… por Amigos.
JPSetúbal

31 outubro 2007

A mudança


Costuma-se dizer que um homem pode mudar de emprego, de casa, de camisa, de automóvel, de quase tudo, mas que não muda de clube.

Tenho um amigo que hoje vai demonstrar que a frase anterior não é inteiramente verdadeira: vai formalizar a sua mudança de clube!

A decisão que hoje vai ser levada à prática fora já decidida há uns tempos e era conhecida de um grupo restrito de familiares e amigos. Como todas as decisões importantes da vida, há já algumas semanas que andava a ser preparada, tendo-se tomado todas as cautelas e preparado tudo o que havia a preparar, no sentido de que tudo corra bem com esta mudança.

A preparação necessária para que tudo corra bem determinou mesmo que esse meu amigo tivesse tido que limitar fortemente algumas das suas actividades, designadamente uma de carácter público: a publicação de textos no A Partir Pedra!

Esse meu amigo – já perceberam – é o José Ruah. E não, não muda a sua afeição pelo Glorioso... A mudança decidida e agora formalizada é outra: hoje gloriosamente abandona o clube dos solteiros e vem reforçar o clube dos casados!

A formalização do acto vai ocorrer a partir das 18 horas e dará direito a festa até às tantas!

Neste dia, que auguro benfazejo, para além da expressão da minha alegria, aqui deixo ao José Ruah, com um significado que ele bem entenderá, apenas um voto:

Estrela feliz te acompanhe e te dê merecida felicidade!

Rui Bandeira

Reincidência abelhuda

HANDBAG € 32.- / Food for a week € 4.-

A culpa não é minha !
Obrigam-me a isto…
Quero estar sossegado a pensar em coisas simpáticas e vêm pôr-me debaixo do nariz artigos ou a expressão de opiniões que me fazem “comichão”.
Não chegava o caríssimo “Simple Aureole” quando aparece o Expresso e o seu colaborador Fernando Madrinha, a moer-me o juízo com “fotografias” da realidade mais triste, brutal e incompreensível que podemos encontrar no nosso dia a dia.
E vêm mesmo a propósito do tema que o R.B. pôs em foco no blog.

Bom, mas antes de me virar para o outro lado deixem-me terminar o meu ponto do post passado.
Não estou, nem um bocadinho, de acordo com aquela cena do pessoal deixar de ter filhos !
Meus Caros, deixem lá esse controlo dos excedentários para aqueles que se dedicam por inteiro a essas tarefas.
Ao longo do tempo muito tem sido feito pelo “controlo dos excedentes humanos”, desde o tempo dos gregos e dos romanos, dos suecos que invadiram quase toda a Europa à espadeirada, ao Hitler, Mussolini, Lenine e Estaline, japoneses e americanos, indianos e paquistaneses, árabes e israelitas, iraquianos e iranianos, Pinochet, Franco, e … e… e…

Deixem para eles esses cuidados, porque na verdade são profissionais da matança, bem ciosos das suas capacidades e que não gostam de deixar os créditos por mãos alheias.
Tratemos de dividir bem o que está mal dividido e vamos ter a surpresa do tanto que vai sobrar !

PINT OF BEER € 4,50 / 50 liters of fresh water € 1,50

E quanto a este "pormaior" estou conversado.

JPSetúbal

30 outubro 2007

Meter o bedelho

Procurava eu uma boa razão para trazer ao blog algumas imagens que tenho em reserva, e eis que o nosso bom Amigo “Simple Aureole” a proporciona com o comentário que nos deixou à última intervenção do Rui.

E aqui estou eu a meter o bedelho no post/comentário do Rui/Simple !



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Caro “Simple”, o seu pensamento final, deixou-me com uma certa “comichão” espiritual.
Indiscutivelmente parece haver falta de muita coisa (de tudo, diz o “Simple”) só que interessa analisar se de facto as coisas faltam ou se apenas estão mal distribuídas.
Uma coisa é haver falta de muita coisa e outra é haver falta de muita coisa (tudo ?)… a alguns !

E estou de acordo que esta questão é, absolutamente, uma questão de ambiente.

Meu Caro, ambiente é tudo, tudo o que produzimos e não produzimos, aproveitamos e não aproveitamos, usamos ou não usamos.
Tudo isso é ambiente porque é disso tudo que o ambiente é feito.
E não só da chuva, do vento ou do Sol.

Mesmo mais, a influência (boa hoje, má amanhã) da chuva, do vento e do sol até está condicionada exactamente pela maneira como utilizamos as tais coisas que “parece” faltarem.

Ora bem, acontece que não acredito que resolvamos o problema produzindo menos filhos.

Se há zonas do globo onde a população é excedentária, a verdade é que noutras zonas a população é fortemente deficitária.
E acredito que há meios mais que suficientes para alimentar e vestir toda a gente.
Teremos certamente que rever toda a distribuição da riqueza mundial, mas seguramente chega para todos.
Não há falta de tudo… o que há é uma péssima distribuição de tudo.
E pouca vontade de resolver esta questão.
O egoísmo individual impede-nos de deitar mãos à obra da distribuição.
A questão é que teríamos de dispensar também algumas das nossas próprias “coisas” e isso é uma chatice.


SUNGLASSES € 24.- Access to water € 8.-

Mas garanto-lhe meu Amigo que o que há chega para todos, e talvez sobre.

JPSetúbal