Dignidade desportiva
Refiro o momento exacto em que passo estas ideias ao papel (ao ecran…) porque é importante que se relacione com o tempo ainda anterior ao espectáculo desportivo do Portugal-Roménia em râguebi.
Temos, aqui, feito referência aos êxitos de Vanessa Fernandes e Nelson Évora nos campeonatos do mundo de Atletismo, tal como se referiu a participação da Selecção Nacional de Basquetebol, modesta mas a melhor possível face aos meios disponíveis, tal como têm que ser referidas as 7 (SETE) medalhas que os nossos judocas trouxeram de Birmingham e Tallin.
E os heróis do Desporto para Pessoas Diferentes ?
Quantas medalhas, quanta honra, quanta dignidade…
E agora no topo do podium, para nós, a Selecção Nacional de Râguebi.
Verdadeiramente amadores batendo-se de igual para igual (mesmo quando perderam por 101-13 com a Nova Zelândia) com profissionais de um desporto de força, sem dúvida, mas de enorme exigência técnica, também.
E bateram-se de igual para igual porque, quem assistiu aos jogos já disputados, constatou que em muitos momentos dos jogos os nossos foram melhores, mesmo perdendo sempre, viu-se que foram melhores.
Não se trata da apologia das vitórias morais.
Trata-se da verificação de que a Selecção Portuguesa de Râguebi é, de facto, um David a ousar desafiar um Golias, sem medo e com a força anímica dos heróis, quiçá, daqueles ao longo dos quase 900 anos de história justificaram que, como diz o nosso Templuum Petrus, ser português é “muito mais do que em solo pátrio ter nascido. Ser Português é um estado de alma, de espírito, é no fundo vestir a camisola incondicionalmente”.
É neste aspecto que estou 900 por cento de acordo com Templuum Petrus.
Infelizmente só nesse, porque os exemplos dados não têm nada a ver nem com o estado de alma, nem de espírito nem com a camisola incondicional.
Os exemplos do nosso querido Amigo Templuum Petrus confundem, a nosso ver, estado de alma com estado de conta bancária, espírito com Lamborguini, e Ser Português com “o não interessar ser brasileiro”(Deco, Liedson, …).
Adoro o Brasil e os brasileiros, cá e lá !
Quando por lá (Brasil) passei encontrei a minha casa, também.
Mas Scolari na Selecção Nacional de Futebol ainda não justificou os muitos milhares de euros (só Gilberto Madail sabe quantos) que lhe são pagos mensalmente.
Mas a imagem da Fénix é gira. Eu achei piada.
Em Futebol (exceptuando o jogo com a Inglaterra no Europeu) só ganhou o absolutamente indispensável para ir andando, sem brilho, sem classe.
E no entanto o treinador/seleccionador tem tido à disposição alguns dos melhores jogadores do mundo, não um ou dois, vários dos melhores jogadores do mundo, tal como o próprio mundo do futebol os classifica.
Figo, Rui Costa, Cristiano Ronaldo, Deco, Ricardo Quaresma, Ricardo Carvalho, … constituem quase uma equipa completa de melhores jogadores do mundo, dizem.
Em 1964 havia só um (Eusébio) e Portugal conseguiu muito melhor, foi 3º num Campeonato do Mundo.
E por acaso também com um brasileiro à frente, só que esse brasileiro (Otto Glória) antes de ser Seleccionador Nacional fez por merecer a escolha, organizando todo o futebol nacional, dando-lhe estrutura, incutindo profissionalismo a todos os niveis, ensinando o que é jogar futebol e conquistando internamente títulos atrás de títulos, mostrando que era o melhor.
Foi escolhido para Seleccionador Nacional apenas porque era o melhor na altura.
No Europeu (e era só europeu) não conseguimos mais do que o 4º lugar.
Jogadores melhores do mundo são mais que muitos.
Já só faltava mesmo uma cena de pugilato, que o próprio boxeur só reconheceu quando a televisão lhe retirou qualquer possibilidade de fuga.
Não foi uma retratação honrosa como se quer fazer passar (especialmente essa outra Fénix extraordinária que é “presidente” da Federação), foi uma confissão de pobreza de espírito quando a única atitude digna teria sido a demissão.
Honra, dignidade, “vestir a camisola incondicionalmente” sim senhor !
Estou à espera das 19h para ver “OS LOBOS”.
Qualquer que seja o resultado !!!
No futebol, não !