Como encontrar a Pedra Filosofal
Nos finais do último milénio, um jovem feiticeiro de nome Harry Potter viveu uma aventura que reacendeu o fascínio por um dos maiores mistérios da tradição esotérica, a Pedra Filosofal. Guardada nos subterrâneos da escola de magia de Hogwarts, protegida por encantamentos, dizia-se que essa pedra podia curar qualquer mal, conceder vida eterna e transformar metais comuns em ouro.
Ao longo dos séculos, alquimistas desde as margens do Nilo até às bibliotecas da Europa medieval dedicaram-se incansavelmente à busca da Pedra Filosofal. Uns diziam que era um pó vermelho, outros um cristal brilhante, mas todos acreditavam que, uma vez descoberta, mudaria o mundo. Se alguém a encontrou, guardou muito bem esse grande segredo. pois o que resistiu ao tempo dos tempos foi a ideia. Um símbolo de algo maior, uma promessa de transformação total, não da matéria, mas do próprio ser humano.
Hoje, há quem a procure noutras oficinas, já não se usam caldeirões, colheres de pau ou retortas de vidro, mas malhetes, esquadros e compassos, não para manipular matéria, mas para trabalhar o espírito. Onde antes se fundiam metais, hoje talha-se o carácter, a pedra a encontrar não está fora, está dentro. É a nossa natureza bruta, imperfeita, que precisa de ser moldada com esforço, consciência e perseverança. E os instrumentos, embora simbólicos, são reais naquilo que exigem, silêncio, reflexão, disciplina e vontade.
Nesse processo, há quem siga um método, um caminho estruturado, transmitido por gerações, onde o simbolismo das ferramentas e dos gestos não serve para construir catedrais de pedra, mas para erguer um templo interior. Cada grau representa uma etapa da sua grande obra, o Aprendiz aprende a calar e a observar, o Companheiro investiga e explora, o Mestre assume a responsabilidade da sua própria transformação. É um processo exigente, mas claro, um mapa espiritual codificado em linguagem de construtores.
O caminho faz-se por etapas. Aprende-se a escutar, a duvidar, a reconhecer o erro.
Cada avanço é uma pequena transmutação da ignorância em lucidez, do egoísmo em fraternidade, da vaidade em humildade.
A pedra cúbica, símbolo de equilíbrio e perfeição, é o ideal a alcançar não para brilhar aos olhos dos outros, mas para integrar o edifício interior de quem somos.
A Pedra Filosofal não é algo que se possui, mas sim algo que se procura. É um caminho de aperfeiçoamento constante, onde cada gesto consciente nos aproxima do que podemos ser. Os antigos resumiram essa jornada numa fórmula enigmática: V.I.T.R.I.O.L. Visita Interiora Terrae Rectificando Invenies Occultum Lapidem. Visita o interior da terra, e rectificando encontrarás a pedra oculta, essa Pedra Filosofal é o melhor de nós, ainda por revelar.
João B. M∴M∴
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